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  • IRMANDADE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO  RARA CRUZ PROCESSIONAL OU CRUZ GUIÃO SETECENTISTA DE FORNITURA DO ALTO BARROCO MINEIRO. VARA TAMBÉM EM PRATA DE LEI. ESSA MAGNIFICA CRUZ REMONTA AO PERÍODO JOSEPHINO, O ALTO BARROCO MINEIRO, DE MEADOS  DO SEC. XVIII, COINCIDENTE COM O EXPLENDOR DA EXPLORAÇÃO DE OURO E DIAMANTE NAS GERAIS. TRAZ GRAVADO EM CINZEL NO CENTRO NAS DUAS FACES UM OSTENSÓRIO ENTRE RAIOS INDICANDO TRATAR-SE DE UM OBJETO LIGADO A IRMANDADE DO SANTISSIMO SACRAMENTO OU CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA. O CENTRO DA CRUZ EM TODA EXTENSÃO É DESTACADO COM REBAIXO TEXTURIZADO. OS OSTENSÓRIOS ESTÃO BEM NO CENTRO DA JUNTÃO DAS TRAVES DE ONDE PARTEM NOS QUATRO ANGULOS RESPLENDORES COM FIGURAS DE ANJOS ADORADORES VOLTADOS PARA OS OSTENSÓRIOS. AS EXTREMIDAS DA CRUZ SÃO MAGNIFICAS  COM CARTELAS REMATADAS POR FLORES E RAMAGENS. NA BASE DA CRUZ UM BOJO SIMULANDO VASO COM FORMIDÁVEL DECORAÇÃO FLORAL EM RELEVO ASSIM COMO SUNTUOSA GUIRLANDA DE PANOS E BORLAS A TODA VOLTA. DOIS ANJOS GUARDIÕES COM ASAS ABERTAS SÃO APRESENTADOS NAS DUAS EXTREMIDADES DO BOJO A GUISA DE ALÇAS. TODA A VARA É DECORADA COM CINZELADOS VEGETALISTAS. TRATA-SE DE UMA CRUZ SUNTUOSA, MUITO CARACTERÍSTICA DO BARROCO BRASILEIRO E POR ISSO EXTRAMAMENTE IMPORTANTE. MINAS GERAIS, CIRCA DE 1750. 98 CM DE ALTURA (SOMENTE A CRUZ) COM A VARA TEM 2,25 M.NOTA: A cruz processional, como o próprio nome diz, é uma cruz que possui uma haste e é conduzida nas procissões por um acólito ou coroinha denominado cruciferário. Para a Celebração Eucarística, o cruciferário conduz a cruz processional elevada na procissão de entrada, ladeado pelos acólitos ou coroinhas com castiçais de velas acesas. Se houver incenso, este precede a cruz. Do contrário, a cruz guia a procissão. À procissão de saída, se feita com solenidade, proceda-se da mesma forma. Chegando à frente do altar, o cruciferário faz uma reverência breve (inclinando apenas a cabeça). Nas demais celebrações em que há procissão, sempre deve haver o cruciferário que leva a cruz processional elevada à frente da procissão, precedida ou não pelo incenso. A procissão religiosa mais célebre a ocorrer no Brasil pelo fausto, riqueza e aparato foi a procissão do triunfo eucarístico as cruzes processionais de fina prata que participaram desse inusitado evento do Brasil Colonial permanecem como registro desse singular evento na sala do Triunfo Eucarístico no Museu da Inconfidência em Ouro Preto. TRIUNFO EUCARÍSTICO: Nos idos de 24 de maio de 1733 realizou-se a solene transladação do Santíssimo Sacramento da Igreja de Nossa Senhora do Rosário para a nova Matriz de Nossa Senhora do Pilar, na antiga Via Rica, hoje Ouro Preto. Nenhum outro acontecimento celebrado em Minas Gerais teve tal esplendor, requinte de luxo e pompa, em plena opulência do ouro. Ele representou grande demonstração do profundo espírito religioso, conjugado a festividades populares, que se observava no Brasil do século XVIII. A comemoração preliminar começou vários dias antes. Desde o final de abril, dois grupos de pessoas ricamente vestidas, com bandeiras de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora do Pilar, tendo na outra face a custódia do Santíssimo Sacramento, percorriam as ruas da cidade e arredores, anunciando a futura solenidade. No dia marcado para a procissão, a cidade amanheceu engalanada. No percurso entre as duas igrejas, as ruas foram atapetadas com flores e folhagens. Como homenagem dos moradores, nas janelas foram colocadas sedas e damascos, em meio a adornos de ouro e prata. Nas ruas, cinco arcos ornamentais, um deles de cera, e um altar para descanso do Santíssimo Sacramento. Antes da saída do cortejo foi celebrada uma Missa, durante a qual o Divino Sacramento esteve colocado em um braço de Nossa Senhora, em lugar do Menino Jesus. Iniciaram a procissão 32 cavaleiros vestidos como cristãos e mouros, com dois carros de músicos instrumentistas e vocalistas. Vinham depois romeiros ricamente trajados, e músicos com alegorias diversas. A seguir, quatro figuras a cavalo, representando os ventos dos pontos cardeais. Todas ricamente revestidas com diamante, ouro, renda, seda e plumas. A comemoração preliminar começou vários dias antes. Desde o final de abril, dois grupos de pessoas ricamente vestidas, com bandeiras de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora do Pilar, tendo na outra face a custódia do Santíssimo Sacramento, percorriam as ruas da cidade e arredores, anunciando a futura solenidade. No dia marcado para a procissão, a cidade amanheceu engalanada. No percurso entre as duas igrejas, as ruas foram atapetadas com flores e folhagens. Como homenagem dos moradores, nas janelas foram colocadas sedas e damascos, em meio a adornos de ouro e prata. Nas ruas, cinco arcos ornamentais, um deles de cera, e um altar para descanso do Santíssimo Sacramento. Antes da saída do cortejo foi celebrada uma Missa, durante a qual o Divino Sacramento esteve colocado em um braço de Nossa Senhora, em lugar do Menino Jesus. Iniciaram a procissão 32 cavaleiros vestidos como cristãos e mouros, com dois carros de músicos instrumentistas e vocalistas. Vinham depois romeiros ricamente trajados, e músicos com alegorias diversas. A seguir, quatro figuras a cavalo, representando os ventos dos pontos cardeais. Todas ricamente revestidas com diamante, ouro, renda, seda e plumas. Seguia-se um personagem representando Ouro Preto, bairro de Vila Rica onde estava situada a Nova Matriz do Pilar, para onde se dirigia o cortejo. Ele trajava vestes de tecidos finos, ornamentados com ouro e diamantes. Seu cavalo era igualmente ajaezado com ouro, prata, esmeraldas e veludo. Vinham depois as esplendorosas figuras representando os corpos celestes: Lua, Marte, Mercúrio, Sol, Júpiter, Vênus e Saturno, todas com deslumbrantes indumentárias e fartamente escoltados. A seguir aparecia a figura que representava a Igreja Matriz do Pilar, com exuberantes ornamentos, portando um estandarte com a inscrição Nossa Senhora do Pilar em um dos lados, do outro o desenho da custódia eucarística. Após essas figuras, sumariamente descritas, vinham as irmandades, conduzindo andores com seus santos padroeiros e cruzes de prata. Entre essas confrarias estavam as do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora do Rosário, de Santo Antonio, de Nossa Senhora da Conceição e de Nossa Senhora do Pilar. Todos os participantes portavam trajes esplendorosos com acabamento em veludo e seda, ouro, prata e pedrarias. Fechando a procissão, o Santíssimo Sacramento, conduzido pelo vigário da Matriz do Pilar, debaixo de um pálio de tela carmesim com ramos e franjas de ouro, sustentados por seis varas de prata. Logo atrás o Conde de Galvêas, Governador de Minas Gerais, com autoridades civis e militares da Província e do Município. Com toda a população de Ouro Preto e arredores presente, foi uma grande apoteose: sinos tocando, bandas musicais, fogos e cânticos em homenagem ao Santíssimo Sacramento. Os festejos prolongaram-se por três dias, com Missas solenes, cavalhadas, corrida de touros e fogos de artifício. O Triunfo Eucarístico foi sem dúvida a maior festa barroca de todos os tempos e um dos eventos religiosos e sociais mais exuberantes da América Portuguesa. Em seu livro O Triunfo Eucarístico Exemplar da Cristandade Lusitana, publicado em 1734, Simão Ferreira Machado, português residente em Minas Gerais, se refere aos seus compatriotas como sendo os senhores dos mais finos diamantes de todo o mundo, em um momento ao qual referiu não ter tido lembrança que visse no Brasil, nem consta, que se visse na América ato de maior grandeza. Na Minas Gerais barroca, um Brasil autêntico que infelizmente se foi Mas nessas fulgurações da nacionalidade encontra-se a luz que ainda pode nos indicar o caminho a retomar com vistas ao futuro. Luz que brilha na constelação do Cruzeiro do Sul. Luz que se chama Civilização Cristã.( O triunfo eucarístico em Minas Gerais Por Carlos Sodré Lanna)
  • A VISÃO DE SÃO FRANCISCO  MESTRE PEDRO FERREIRA  SINGULAR IMAGEM EM MADEIRA POLICROMADA ESCULPIDA PELO GRANDE ESCULTOR BAIANO MESTRE PEDRO FERREIRA. MUITO PROVAVELMENTE ESSA É UMA DAS MAQUETES PRODUZIDAS PELO ARTÍFICE PARA EXECUTAR A MONUMENTAL OBRA DO ALTAR MOR DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE SALVADOR, NA BAHIA EXECUTADA EM TAMANHO MAIOR DO QUE O NATURAL. "A VISÃO DE SÃO FRANCISCO" É A OBRA MAIS CONHECIDA DE PEDRO FERREIRA. FOI CONCEBIDA PARA O ALTAR MOR DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO, UM DOS TEMPLOS MAIS RICOS E SUNTUOSOS DO BRASIL EREGIDO AINDA NO SEC. XVIII. (VIDE IMAGEM DO ALTAR DE SÃO FRANCISCO COM A TALHA DO MESTRE PEDRO FERREIRA).   A IMAGEM FOI ENTALHADA E POLICROMADA PELO AUTOR QUE RESTAUROU A IGREJA NO INICIO DA DÉCADA DE 30 QUANDO EXECUTOU ESSA TALHA. CRISTO É REPRESENTADO CRUCIFICADO E OLHA FIXAMENTE PARA SÃO FRANCISCO QUE  ABRAÇA SEU TRONCO. CRISTO POR OUTRO LADO DESCE SEU BRAÇO ESQUERDO DA CRUZ E ABRAÇA A SÃO FRANCISCO. O OLHAR DE COMPAIXÃO DE SÃO FRANCISCO PARA A FACE DE CRISTO É EMOCIONANTE! SÃO FRANCISCO AINDA PISA SOBRE UMA ESFERA REPRESENTANDO O SACRIFÍCIO DE CRISTO PARA SALVAR O MUNDO. SOBRE A CABEÇA DE CRISTO A PLACA DE INFAMIA CONTENDO AS INSCRIIÇÕES: IESUS NASARENUS REX IUDAEORUM (JESUS NAZARENO REI DOS JUDEUS) NA EXATA DISPOSIÇÃO DA PLACA FEITA PELO MESTRE PEDRO FERREIRA NA IMAGEM DA IGREJA DE  SÃO FRANCISCO DE SALVADOR.  HÁ MUITO TEMPO JÁ PERDI A CONTA DE QUANTAS IMAGENS DESCREVI, E QUANTAS VI, MAS CONFESSO NÃO LEMBRAR DE OUTRA QUE IMAGEM SACRA QUE TENHA ME TOCADO  EMOCIONALMENTE COMO ESSA. SALVADOR, FINAL DA DECADA DE 1920, 51 CM DE ALTURANOTA:  Na década de 1920-30 foram feitas grandes reformas na Igreja franciscana, embora, muito tenha ficado para ser restaurado. Em 1926, eleito guardião, frei Philotheo Stepnam, arrecadando esmolas entre os fiéis, e com complemento de verba dada pelo Governador do Estado, Francisco Marques de Góes Calmon, tentou iniciar as obras, mas as finanças não eram suficientes. Pretendendo inaugurar o altar-mor em 1º de outubro daquele ano, recorreu ao recém-empossado Presidente da República, Washington Luís Pereira de Souza, em busca de mais recursos.  Foram os frades, e alguns mestres leigos, que promoveram e fizeram essa reforma, que durou de 1926 e 1930, estudando os estilos arquitetônicos antigos numa tentativa de conservar o monumento com seus detalhes originais. Na ficha técnica, coube a Pedro Ferreira a restauração das cariátides5 e a encarnação de imagens não designadas 6. É, nesse período, que ele se ocupou do conjunto do altar-mor, ali colocado em 1930. Mesmo sem terminar a reforma total, a 2 de fevereiro desse ano, foram re-inaugurados a parte direita da nave e o altar do Sagrado Coração de Jesus,7 com missa solene, às 21 horas, com pregação, coral. Pelas informações da família, o artista era um profundo admirador de alguns artistas espanhóis, especialmente Bartolomé Esteban Murillo. Percebe-se que o conjunto teve influência direta de duas de suas pinturas principais. O Cristo se espelha na figura de São João Batista, da obra "O batismo de Cristo", de cerca de 1655, e a figura de São Francisco na imagem central da obra "A cozinha dos anjos"  de 1646., além de sua obra principal, com o mesmo título, do Museu de Belas Artes de Sevilha. Mário Cravo Junior, artista baiano moderno e contemporâneo, testemunhou que Pedro Ferreira tinha contato com diversas publicações. Dizia Mario Cravo que ele próprio "paradoxalmente foi procurando técnicas e escultores que atuavam numa área tradicional e conservadora da escultura baiana de então, que recebeu os primeiros impulsos e incentivos no sentido da nova escultura internacional". Segundo declaração de Pedro Ferreira, dada ao Diário de Notícias, em agosto de 1930, o guardião franciscano, Frei Philotheo Stepnam, imaginou um concurso de maquetes, para a elaboração de imagem do orago da Igreja do Convento franciscano, e escreveu a Pedro Ferreira, afirmando que estava preferindo um artista nacional, visto que poderiam concorrer, também, artistas estrangeiros. Completou: quis corresponder a esse appello e metti mãos à obra. O concurso aceitou a minha proposta e eu logo iniciei os trabalhos preliminares alli naquelle venerando convento, servindo de modelos dois religiosos. A partir de modelos e do estudo de pinturas do artista espanhol citado, Pedro Ferreira fez a maquete, e uma vez aprovada, levou dez meses, em Santo Amaro, de trabalho acurado, dia e noite, para concluí-la, depois dos estudos preliminares, trabalhando o cedro, encarnando e policromando o conjunto por ele idealizado. Antes de ser entronizado no altar, o conjunto foi exposto ao público, no mesmo ano de 1930, na Chapelaria Mercury, na rua Chile, então centro comercial, social e político de Salvador, que funcionou como local de exposição por falta de galerias especializadas na cidade. O jornal Diário de Notícias informava que essa exposição estava "provocando grande curiosidade e elogios, sendo o facto da cidade mais em evidencia", naquele ano15, afirmando que uma multidão se sucedia diante da vitrine e completava: "Pedro Ferreira foi o mestre que operou esse milagre". O escultor contou com a apreciação popular e de mestres da Escola de Belas Artes, como Agrippiniano Barros, Olavo Baptista, Presciliano Silva, embora este último não tivesse comparecido à abertura da exposição ao público. A exposição teve repercussão até no Rio de Janeiro. Por mais que fosse perguntado sobre o pagamento, sempre se esquivava e se referia, modestamente, as suas diminutas qualidades de artista baiano e, sobretudo, dizia que o que devia contar era que ele tinha contribuído para a remodelação "desse formidável museu de arte que é o Convento de S. Francisco", acrescentando enfaticamente "não visei lucros". Pelo fato de ter realizado sua aprendizagem à maneira tradicional - ensino de mestre para discípulo -, e uma rápida passagem pela Escola de Belas Artes, sem ensino formal, Pedro Ferreira é considerado como um autodidata. Estudou desenho naquela Escola, porque a cadeira de escultura estava, então, sem professor. Foi aluno de Alberto Valença, pintor, no Liceu de Artes e Ofícios. Mostrou habilidade pela escultura desde a infância, quando copiava santinhos católicos, que sempre reproduziram imagens de artistas espanhóis do século XVII e pelos quais Pedro Ferreira se apaixonaria. Aos 21 anos já era premiado com medalha de ouro, na exposição do Liceu de Artes e Ofícios, de 1917, com uma imagem de São Sebastião, adquirida por Teodoro Sampaio, de cujo destino não se tem notícia. Logo depois ganhou outra medalha de ouro, no Rio de Janeiro, em 1922, na Exposição da Comemoração do Centenário da Independência do Brasil, com um "Cristo Agonizante", que tinha em sua composição uma caveira aos pés. Esse Cristo foi adquirido por Carlos Martins Vianna, para a capela de sua propriedade, segundo consta, junto com um "Coração de Jesus" e uma "Santa Terezinha", do mesmo artista. Sem se conseguir identificar o ano, consta que seu irmão, Caetano Ferreira, acompanhou, pelo navio Itaberá, cinco obras do escultor que foram expostas na Feira Internacional de Amostras no Rio de Janeiro. Pedro Ferreira firmava-se, cada vez mais, como escultor. Definiu-se pela escultura aos 24 anos. Segundo Mario Cravo Júnior conhecia todos os processos de modelagem, cópia e reprodução em gesso, além das técnicas de manuseio da madeira ou pedra. Na descrição desse seu discípulo "era um mulato gordinho, baixo, meio-troncudo, cabelo curto e crespo, nariz achatado, olho severo, sobrancelhas espessas e muito simplório". E tímido. Recebeu uma bolsa do Governo Estadual para estudar na Europa, mas, para sua profunda frustração, não pode usufruí-la. No Senador Estadual, Pedro Maia, tinha apresentado, nesse mesmo ano, um projeto àquela casa, no sentido de se conceder um auxílio de 800$000 mensais, a fim de que o artista fosse aperfeiçoar seus estudos fora do País. A Revolução de 1930, que estourou no eixo Rio-São Paulo e esse projeto não pode ser concretizado. Francisco Vieira de Campos confirmava a idéia de que o Governo deveria mandá-lo aperfeiçoar-se na Europa e desafiava... "E eu quebraria a minha palheta dentro de dez annos" se Pedro Ferreira, com um aperfeiçoamento, não chegasse a ser "uma glória Universal". Apesar desse contratempo, especializou-se em esculpir imagens sacras e tornou-se conhecido como "Pedro Santeiro", muito embora suas obras tenham se caracterizado muito mais pela monumentalidade do que por simples imagens de pequeno porte. E ficou conhecido no Sul do Pais, enquanto vivo, como representante típico da escultura nordestina. O artista, além de escultor, foi policromador e restaurador 20 e "modernizou" imagens, como a de Nossa Senhora da Graça, padroeira da Igreja do mesmo nome, considerada uma das primeiras igrejas construída no Brasil. A partir dos 13 anos aprendeu a encarnar imagens e a modelar o cedro com o mestre santamarense, João Dalmácio de Brito. Em 1934 se propôs, apresentando orçamento, como pessoa jurídica - pela firma Pedro Ferreira & Irmão -, para a restauração da Sacristia da Ordem 3ª de São Francisco, desde o douramento do teto, retoque e envernizamento das telas dos painéis, portas, retoque do douramento dos altares, etc. que permitiu, em 11 de abril de 1935, ao bispo franciscano, D. Eduardo Herberhold, benzer o local recém-reformado. Com pouco estudo artístico, teve certo prestígio e reconhecimento profissionais, no período em que viveu, muito embora esse reconhecimento não tivesse agregado o correspondente reconhecimento econômico. Foi mestre de grandes escultores da Bahia, como Alfred Buck, Ismael de Barros e o mais conhecido deles, Mário Cravo Júnior. Tinha oficina própria e nela teve como auxiliar e aprendiz, a partir de 1945, o já referido Mário Cravo Júnior. A oficina ficava na Rua Carlos Gomes, 61. Um outro freqüentador da oficina, mas como amigo, era Couto Cardoso (Fig. 5), de quem Pedro Ferreira modelou um busto em gesso, depois o fundiu em bronze, acrescentando-lhe uma base de mármore, com 45 cm. de altura. Datava de 1943. Diferentemente do uso dos séculos XVIII e XIX, em que o escultor apenas desbastava a madeira e o pintor encarnava e policromava as imagens, Pedro Ferreira dominava todas essas técnicas, o que possibilitou, além de trabalhar suas próprias obras, restaurar várias imagens sacras de coleções dos monumentos eclesiásticos. E aventurou-se também, esporadicamente, na restauração de algumas pinturas. Restaurou, reencarnou e policromou várias imagens. Segundo o professor e restaurador José Dirson Argolo, essas obras são facilmente reconhecíveis "pelo fato de seu estilo ser influenciado pelas pinturas de imagens de gesso, que começaram a invadir o comércio local a partir do final do séc. XIX e primeiras décadas do séc. XX". Segundo o mesmo autor, as imagens policromadas por esse escultor possuem carnação delicada, mas as túnicas ou mantos têm, quase sempre, uma larga barra dourada, com motivos florais ou geométricos, bem típicos da policromia francesa.Como exemplos de imagens restauradas, além da imagem de Nossa Senhora da Conceição, do altar colateral da Igreja de São Francisco, interveio nas de Nossa Senhora da Pena, padroeira da matriz de Porto Seguro, e várias peças da matriz de Feira de Santana, como o Sagrado Coração de Jesus, e outras da igreja da Piedade de Salvador. José Dirson Argolo, no processo de restauração da Igreja do Recolhimento de São Raimundo, identificou a sua intervenção na imagem de São Raimundo e no dossel dos retábulos, esta pelos anos de 1940. Desse profissional foram tiradas outras informações, noticiadas pelo Padre Sales Brasil, sobre a intervenção na igreja desse Recolhimento, que utilizou "Presciliano Silva para as sugestões, Pedro Ferreira para as famosas encarnações de imagens"...Esporadicamente também, como se disse, modernizou imagens. Isso se passou na década 1920-1930, quando não se desenvolvera ainda na Bahia, a noção de valor cultural e patrimonial dos objetos artísticos herdados do passado, nem tampouco se exercia a profissão de restaurador.Essa tarefa era praticada, segundo Argolo, por pintores, como Presciliano Silva, Robespierre de Farias, José Antônio da Cunha Couto, e escultores, como o próprio Pedro Ferreira. Essa intervenção incluía a reforma das imagens, mudando, muitas vezes a sua forma e a pintura, atendendo ao gosto e modismo de época. Como foi dito, se tem notícias da reforma, ou modernização, da imagem de Nossa Senhora das Graças, por um ofício em resposta, dada pelo Diretor Regional do DPHAN, Godofredo Filho, ao Diretor Geral do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1954, Rodrigo Melo Franco Andrade, que investigara, a pedido deste, a autenticidade da imagem principal da Igreja da Graça. Pessoalmente, Pedro Ferreira declarou a Godofredo Filho que (...) a imagem do altar-mor da Graça e a velha. Logo no começo de minha carreira artística, quando ainda não tinha e em geral não se dava entre nós apreço às coisas antigas, cometi o erro, de que hoje me penitencio, de havê-la desbastado e restaurado, privando-a da rusticidade primitiva, suavizando-lhe as feições e compondo-lhe outra roupagem. Esse trabalho, realizei-o a pedido e insistência de certo Prior da Graça e, diga-se por amor à justiça e à verdade, com reprovação do falecido Abade, que se mostrou profundamente contrariado com o ocorrido. É esta, infelizmente, a verdade, frutificando meu arrependimento em jamais repetir essa falta no tratamento de outras imagens, em múltiplas oportunidades que me ofereceram.Tem-se apenas notícia dessa imagem modernizada.29 Segundo Frei Agostinho de Santa Maria, essa imagem era de vestir, datava do século XVII. Verifica-se que a intervenção de Pedro Ferreira, quando nada, retirou-lhe volume. Adquirindo uma certa fama, Pedro Ferreira foi chamado à cidade de Bonfim para encarnar a imagem do Senhor do Bonfim, protetor da cidade do sertão baiano. Na oportunidade, aproveitou para "reformar" outras imagens da Igreja. Na sua estadia restaurou, também, obras de particulares. Por outro lado, Pedro Ferreira, contradizendo, por sua vez, aos que o chamavam de santeiro, tomando como modelo ao mesmo Murillo, e fez duas imagens de Nossa Senhora da Conceição, uma estava na igreja matriz de São Pedro, a pedido do cônego Cristiano Muller e, uma segunda, que trabalhou na mesma época do conjunto franciscano, com cerca de 2,20m de altura, na época em que foi premiada, ainda estava de posse do artista (A TARDE, 16 ago. 1930). Foi o escultor das imagens de Cristo. Já foi citado o "Cristo Agonizante", que pertencia ao coronel Carlos Martins Vianna. Tanto esculpiu Cristos para o interior de igrejas, quanto para logradouros públicos de cidades, como o de Ilhéus e de Amargosa. O mais fantástico deles, entretanto, foi uma cópia perfeita, feita da imagem do Senhor do Bonfim, em 1941, e dado ao Estado de São Paulo, como agradecimento do presente dado pelos paulistas aos baianos, a imagem de Nossa Senhora da Aparecida. Ficou abrigada na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, enquanto não se construía uma igreja nova, pois se pretendia erguer uma paróquia ao Senhor do Bonfim na capital paulista. Consta pertencer hoje ao Santuário dos franciscanos conventuais, do Parque das Nações, em Santo André, São Paulo. Essa imagem do Bomfim foi esculpida fielmente, medindo 2,75m de altura, com cruz de jacarandá, não faltando os ornatos, estes em cedro. Reuniu multidões, tanto em sua partida de Salvador, quanto sua chegada em São Paulo. A cópia da imagem foi benta na Basílica do Bonfim, na Bahia, sendo trasladada em procissão para a Igreja da Conceição da Praia, onde ficou exposta à visitação pública até seu embarque. Antes disso, foi promovido o encontro, as 19,15h, entre a Imagem do Bonfim com N. Sra. da Conceição, na altura do Pilar, devidamente acompanhados pelas irmandades. A imagem do Senhor do Bonfim foi transportada pelo navio Grarangua, acompanhada pelo Monsenhor Paiva Marques e padre Manoel Barbosa, comitiva organizada pelo antigo proprietário da "Era Nova", Ricardo Pereira. Aportaram no Rio de Janeiro, fazendo uma visita ao jornal "O Globo". Nesse meio tempo foi exposta e aberta a visitação pública ao navio. É de sua autoria um Cristo da Cidade de Cajazeiras, oferta de um paraibano, Silvino Bandeira de Melo, através de seu Governador, para ser colocado no ponto mais alto da cidade. Com 4 metros de altura, somados aos 6 metros de pedestal, o monumento alcançava 10 metros de altura. Representava Cristo com braços abertos, como o Redentor do Rio de Janeiro e alguns dos outros Cristos do próprio Pedro Ferreira. Consta ter feito um "Cristo Morto", inspirado em uma obra de Diego Velazquez, junto com o Cristo Agonizante, já referido, e "O Mestre", este último tido pela família como a obra mais perfeita do escultor. Também esculpiu uma "capela gótica" (indefinida), uma Conceição "de Murillo", já citada, São Vicente de Paulo, da freguesia de Santa Bárbara/BA, entre outras. Entre outras obras feitas pelo artista conta Santa Isabel. Consta que Santa Isabel, rainha de Portugal, foi uma cópia da Santa Isabel de Teixeira Lopes, e hoje está no Asilo de Santa Isabel, da Ordem Terceira de São Francisco, onde também se encontra uma Ceia de Cristo, em gesso, no refeitório, cuja maquete pertence à família e uma terceira no Abrigo São Francisco. A Igreja de São Pedro abrigou as imagens da Conceição, inspirada em Murillo, a de Santa Mônica e de Santa Margarida Maria. Realizou outras imagens de santos, como Santa Isabel, São José uma das menores imagens do escultor, São Pedro. A Imaculada Conceição foi exposta com obras de outros artistas, como Alberto Valença, Presciliano Silva, Paulo Lechenmayer, cujo tema era Exposição de Arte Religiosa, na Igreja de Santo Antonio da Mouraria, em 1939. A Conceição, de Pedro Ferreira, conta como um dos trabalhos de maiores proporções já feitas em oficinas baianas. Foi apresentada ao público no Ponto da Elite, ainda sem pintura. Tomou oito meses de trabalho. Como se costumava fazer na época, muitas de suas obras foram conhecidas pelo povo através de sua exposição em vitrines de lojas comerciais. Além da Chapelaria Mercury, Pedro Ferreira teve obras expostas na Galeria T. Dias, em São Pedro, em lojas de moda na Rua Chile, Ponto da Elite, na Avenida Sete, 51, São Pedro, em Salvador. Em 1933 expôs trabalhos no Armarinho São José, na praça do Comércio, de Amargoza, promovida por uma comissão local. Expôs, também na Casa Pio X, na Rua Direita, 255, em São Paulo. Foi autor de túmulos existentes no Campo Santo. Fez bustos de pessoas ilustres: a cabeça de Ruy Barbosa, de propriedade de seu filho Pedro, o busto do Dr. Eurico Freitas, ex-prefeito de Mata de São João, cidade onde se encontra num monumento. Fez, também o busto do Governador Landulpho Alves, hoje na Escola de Agronomia, em Cruz das Almas, o busto do Dr. Pedreira Maia, fundido em bronze e que foi, também, exposto na Chapelaria Mercury. Entre todas as obras são de destacar a cabeça de Cristo, feita em madeira e de propriedade da Senhora Joselita Ferreira Pinho e o Monumento ao Soldado Desconhecido, de 1,40m de altura, em bronze, feito a pedido do Comando da Polícia Militar, das poucas esculturas com caráter leigo feita por Pedro Ferreira. Sua última obra, inacabada, foi um Cristo Morto (1939-1940), em tamanho natural, que foi exposto numa casa de moda na Rua Chile. Passou por algum tempo no Palácio do Governo, sob a promessa de que seria adquirido pelo então Governador, Antônio Carlos Magalhães, fato que não se concretizou, voltando para a posse da família e é de propriedade de seu filho homônimo. Pedro Ferreira sempre se sentiu injustiçado. Desiludido, mostrava constantemente vontade de retornar a Santo Amaro da Purificação, sua terra natal. Enfermo, tornou-se inativo e pouco foi lembrado por seus contemporâneos, a exceção de um seu conterrâneo famoso, o Dr. José da Silveira, criador do IBIT - Instituto Baiano de Investigação do Tórax - que, já em cadeiras de rodas, com o auxílio da Professora Maria Mutti, diretora do Núcleo Cultural de Incentivo Cultural de Santo Amaro, lhe prestou uma comovente homenagem, no dia 17 de setembro de 1996, por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento. Na ocasião foi feita uma exposição de seus trabalhos, com a presença da família e de representantes da sociedade santamarense.Mas, não se pode esquecer algumas homenagens pontuais que lhe foram prestadas, como a feita pela poeta Maria Gonçalves Machado Torres, que chegou a dedicar-lhe o poema "Loiros ao Gênio, o artista é immortal". Como essa singela homenagem, um grupo de admiradores montou um álbum de recortes, em poder da família, ornado com graciosos desenhos coloridos a lápis de cor, mas sem indicação de datas ou outros pormenores. Mereceu também, além das palavras finais de Heitor Dias, referências de Teodoro Sampaio, Anísio Melhor e, claro, Mário Cravo Júnior. Mas, ao terminar esta investigação, volta-se ao início. Pedro Ferreira foi o autor do conjunto mais impressionante da igreja franciscana e está no lugar mais privilegiado do altar-mor. Só essa obra perpetua seu nome.
  • CONDE DEU -  MEDALHA TRIPLA  EM PRATA COM VERMEIL E ESMALTE EM GRAU DE GRAN CRUZ REPRESENTATIVA DAS ORDEM MILITARES DO IMPÉRIO DO BRASIL: IMPERIAL ORDEM DE CRISTO, IMPERIAL ORDEM DE AVIS E IMPERIAL ORDEM DE SÃO TIAGO DA ESPADA. A MEDALHA TRIPLA ERA UTILIZADA PARA DISTINGUIR O CARATER DAS HONRAS MILITARES DAS COMENDAS CIVIS. ASSIM CONFERIA DESTAQUE DA CARREIRA MILITAR DO TITULAR. A COMENDA É BELISSIMA. TEM NO ALTO DE CADA MEDALHA O EMBLEMA ADOTADO PELO IMPÉRIO DO BRASIL PARA DIFERENCIAÇÃO DAS MEDALHAS DA MESMA ORDEM DISTRIBUÍDAS EM PORTUGAL, UM SAGRADO CORAÇÃO FLAMEJANTE. O CONJUNTO PENDE DE COROA IMPERIAL BRASILEIRA. A CONDECORAÇÃO É DUPLA FACE, EXATAMENTE IGUAL DOS DOIS LADOS, INDICANDO QUE PENDIA DE BANDA (A FAIXA QUE ATRAVESSA O TORSO DE UM LADO AO OUTRO VIDE IMAGEM DO CONDE DEU TRAJADO COMO MARECHAL DO EXERCITO BRASILEIRO COM A BANDE DE  GRAN CRUZ DAS ORDENS MILITARES DE ONDE PENDE A CONDECORAÇÃO). O USO DA BANDA ERA DESTINADO SOMENTE AOS AGRACIADOS COM O GRAU MÁXIMO DA ORDEM, A GRAN CRUZ. O DECRETO DE 17 DE OUTUBRO DE 1829 QUE DISPÕE SOBRE O USO DAS ORDENS E CONDECORAÇÕES DETERMINA: RT. 4. OS GRAN-CRUZES EFFECTIVOS USARÃO DE BANDAS DA REFERIDA COR, COM UM COLAR POR CIMA DA CASACA OU FARDA, NOS DIAS DE CORTE E DE GRANDE GALA. NOS MAIS DIAS TRARÃO SÓ AS BANDAS POR CIMA DA VESTE, ASSIM EM TODAS AS ORDENS.OS DOIS LADOS DA COMENDA SÃO MAGNIFICAMENTE TRABALHADOS COM FLORES, RAMAGENS E LAURÉIS. AS DUAS FACES SÃO EXATAMENTE IGUAIS POR ESTAREM ATADAS A BANDA. OS ÚNICOS GRAN CRUZES DAS TRÊS ORDENS DE CAVALARIA NO PERÍODO DO SEGUNDO IMPÉRIO FORAM DOM PEDRO II E O CONDE DEU (POR SUA PARTICIPAÇÃO NA GUERRA DO PARAGUAI). BRASIL, SEGUNDA METADE DO SEC. XIX. 10 CM DE ALTURA.  52,5 G.
  • CHARLES SCHINEIDER (1881-1953) LINDO FLOREIRO EM VIDRO ARTÍSTICO DE GRANDE DIMENSÃO NA TONALIDADE AMARELA E ROXA. ESTILO E ÉPOCA ART DECO.  ASSINADA PELO ARTISTA. PEÇA MAGNÍFICA. FRANÇA, PRIMEIRA METADE DO SEC. XX.  28 X 19 CM.NOTA: Charles Schneider nasceu em Chateau-Thierry, perto de Paris, em 23 de fevereiro de 1881. Em tenra idade mudou-se com sua família para Nancy, o centro artístico da França. Seu irmão, Ernest Schneider (1877-1937), começou a trabalhar para Daum em 1903 como funcionário. Charles tinha iniciado uma carreira artística e já estava ativo em Daum desde 1898. Realizou seu treinamento prático na oficina de gravura e decoração, mas também fez lições de desenho e modelagem com Henri Berge. Ao mesmo tempo, ele estudou a Ecole des Beaux-Arts em Nancy. Em 1904, ele foi à Ecole Nationale des Beaux-Arts de Paris e estudou pintura e gravação. Durante este período, ele fez objetos de arte de bronze no estilo Art Nouveau puro, todos assinados "CH. SCHNEIDER Nancy". A partir de 1906, ele exibiu regularmente na seção Gravação do Salon de la Société des Artistes Francais e foi premiado duas vezes. Em 1913, os irmãos decidiram começar seu próprio negócio e comprar uma pequena fábrica de vidro, especializada em lâmpadas elétricas, em associação com um amigo Henri Wolf, em Epinay-sur-Seine. Esta fábrica era conhecida como 'Schneider Freres & Wolf'. A nova produção de vidro começou com, um grupo de cerca de vinte trabalhadores seduzidos pela fabricação de Daum. No início da Primeira Guerra Mundial, a atividade da empresa teve que ser interrompida e ficou fechada até o final de 1914. Ernest e Charles foram desmobilizados em 1917 e a fábrica reabriu sob o nome de "Societe Anonyme des Verreries Schneider". Neste momento, o gosto público ainda favorecia o estilo Art Nouveau, e a fábrica produzia principalmente vidro "cameo" com projetos florais e animais e vasos com alças e bolhas aplicadas. Além da introdução do vidro artístico, metade da produção era de copos comerciais. Em 1918, o fogo destruiu os estúdios de Galle e um grupo de artistas foi para Schneider's para continuar sua produção para Galle. Este período foi de grande importância para Charles Schneider porque adquiriu a técnica de "marqueterie de verre" dos artistas de Galle. As grandes taças de pé preto são um dos primeiros tipos de arte de vidro fabricados pela fábrica Schneider. Esses projetos dão apenas uma idéia parcial, no entanto, da variedade de tigelas desse tipo que foram produzidas pelo menos nos próximos seis anos. Durante o primeiro período, eles tiveram um acabamento acetinado (1918-1921). Mais tarde, eles foram polidos para uma superfície lisa e brilhante. Nesse período, a Schneider começou a produzir peças topo de linha com motivos intercalares ou com padrões aplicados que requerem um domínio completo da técnica de execução por parte do glassmaker. Deve-se mencionar as peças com padrões esculpidos nas rodas, como a série "Raisins noirs" e as séries de medalhões "Pavots" ou "Camelias". Alguns dos modelos mais interessantes da fábrica durante o período inicial foram projetados por Gaston Hoffman entre 1918 e 1921. Suas peças não foram assinadas com o nome, já que ele era um empregado assalariado da empresa. A maioria dos seus modelos está no topo da produção da fábrica. Em 1920, a fábrica estava trabalhando em plena capacidade fazendo principalmente vidro artistico. Em 1921, a Schneider iniciou novas marcas comerciais para o seu vidro cameo, assinando o 'Le Verre Français' ou 'Charder'. Às vezes, um vaso ou lâmpada suportaria ambas as assinaturas. A idéia era popularizar o vidro de arte e torná-lo mais acessível ao público. Le Verre Français foi vendido principalmente em lojas de departamento como Galeries Lafayette, Le Printemps e Le Bon Marche. As peças assinadas 'Schneider' foram vendidas por lojas de arte especializadas como Delvaux, Rouard, La Vase Etrusque e Le Grand Depot. O Le Verre Français foi feito exclusivamente com a técnica de corrosão ácida, que fornecia boa qualidade a baixo preço. A técnica de gravação da roda através de diferentes camadas de vidro foi usada apenas para peças especiais (como esta apresentada no lote). Após a exposição de 1925, vários novos projetos foram criados e a fábrica expandiu para empregar cerca de 500 trabalhadores. O vidro em branco também foi fornecido a lojas de arte (Delvaux etc.) a serem decoradas (esmaltadas, pintadas etc.) por seus próprios artistas, e as comissões foram recebidas de Coty, uma empresa de perfumaria. Neste momento, a empresa estava em seu pico devido aos bons projetos dos anos anteriores, como o novo estilo criado em 1920 usando novas formas e cores contrastantes, aplicando pé preto e alças para vasos de cores vivas, dando-lhes assim um efeito dramático. Sempre inovador, a Schneider criou uma nova técnica de "pós coloridos", pelo qual o vidro pulverizado foi misturado com óxidos metálicos para obter diferentes cores e, em seguida, espalhar sobre uma superfície plana . A maioria dos vasos e lâmpadas de arte da Schneider foram exportados para a América
  • JÓIA DE CRIOULA  MAGNIFICA PULSEIRA EM OURO COM TRINTA BALANGANDÃS DIVERSOS EM MINERAIS GUARNECIDOS TAMBÉM EM OURO: CORAIS, VIDRO DO MAR, CRISTAL DE ROCHA, CHEVRON, AMETISTA, TURMALINAS. FORMATOS DIVERSOS. UMA JÓIA VIBRANTE, CHEIA DE CORES E MUITO BONITA! BRASIL, SEC. XX. 19 CM DE COMPRIMENTO. 127,2 GNOTA: Durante o Período Colonial Brasileiro e até o Período Imperial, as mulheres que aqui chegaram pelo tráfico negreiro, mesmo diante de privações de toda ordem, conseguiram materializar e fazer circular símbolos que expressavam resistência ao regime a que eram submetidas ao trazerem consigo suas culturas e seus saberes, que foram gradualmente mesclados e absorvidos, possibilitando a criação de peças icônicas de joalheria, as chamadas Joias de Crioulas AfroBrasileiras. Seu uso é observado em diversas obras pictóricas do período, por artistas documentalistas como Carlos Julião e Jean Baptiste Debret que resgataram das ruas, mercados, festas populares e manifestações religiosas, uma ampla iconografia dos costumes sobre o Brasil africano dos séculos XVIII e XIX. As joias de crioulas, enquanto objetos da cultura material possuíam uma estética peculiar quanto à dimensão, ao peso, ao formato e à decoração, pois são joias de grandes proporções, embora geralmente sejam ocas, além de serem profusamente decoradas e usadas em quantidade pelas suas portadoras. Tais joias se opunham das utilizadas pelas senhoras brancas, que geralmente preferiam peças importadas da Europa ricamente decoradas com diamantes, pérolas e outras gemas. Aos escravos não era dado o direito da propriedade, porque não se pertenciam eles eram propriedade de seus senhores. Mas tal era permitido com a expressa autorização desses senhores. Assim escravos domésticos se vestiam muitas vezes de forma a ostentar a riqueza de seus senhores e lhes era permitido muitas vezes ostentar jóias, geralmente presentes de gratidão da família. Outro grupo que se vestia com dignidade diferente eram as escravas de ganho. Os escravos de ganho saíam para trabalhar, em tempo parcial ou integral e deviam entregar ao senhor uma parte previamente acertada entre ambos do dinheiro que recebiam por dia ou por semana. Alguns desses cativos não moravam na casa do seu proprietário. Os exemplos mais marcantes desses escravos ganhadores são os mascates de ambos os sexos, os carregadores que trabalhavam em grupo, os artesãos e as quitandeiras Nas novas condições, a melhor estratégia era acumular em jóia, os valores, que um dia, seriam suficientes para a compra de sua alforria, de seus filhos, de parentes e amigos, ou seja, a compra da sua liberdade e também, a dos seus entes queridos. Ou ainda, participando da rede de solidariedade estabelecida pelos escravos, doando suas jóias para caixa de alforrias (fundos comuns para a libertação de escravos). Esta é a principal razão de se classificar estas peças como um design de resistência, por estes adornos de corpo significarem a sobrevivência ao sistema escravocrata. Assim, a joalheria escrava simboliza a resistência destas mulheres a condição de mercadoria. Usar jóias como acessório era imprescindível à elegância da mulher negra, sendo um fato tão pujante que vários viajantes de passagem pela Bahia foram uníssonos em apontar esta peculiar característica. Além disso a posse dessas joias representava para essas mulheres um indicativo de prosperidade, clientela numerosa e, portanto, sinal de que a ganhadeira vendia produtos de qualidade. O impacto visual e social era tão grande, que a ostentação no trajar, de algumas escravizadas, incomodava diretamente a classe dominante, tanto que em 1636, foi estabelecida uma portaria real em que limitava este luxo: El-Rei, tendo tomado conhecimento do luxo exagerado que as escravas do Estado do Brasil mostram no seu modo de vestir, e a fim de evitar este abuso e o mau exemplo que poderia seguir-se-lhe, Sua Majestade dignou-se decidir que elas não poderiam usar vestidos de seda nem de tecido de cambraia ou de holanda, com ou sem rendas, nem enfeites de ouro e de prata sobre seus vestuários. No entanto, essas leis suntuárias não foram respeitadas, e os senhores encontravam mais um meio para demonstrar sua riqueza ao adornar suas escravizadas, tornando-as como símbolos moventes de ostentação. Quando, por exemplo, nas poucas vezes em que a senhora de família abastada saía às ruas, era acompanhada de suas escravas, vestidas de sedas e enfeitadas de joias. Se as senhoras brancas desfilavam em um cortejo reluzente em que tilintavam ouro e pedras preciosas, as escravas eram adornadas com várias vezes o próprio valor de sua alforria, mostrando o status de seu senhor. É bem possível que tenham existido ourives especialistas na elaboração dessas jóias- amuletos consumidos em larga escala. Vários desses ourives tinham aprendizes escravos e forros, alguns artesãos eram, eles próprios, ex-escravos e quase todos eram iniciados em cultos afrobrasileiros ou conheciam os signos e símbolos agregados às manifestações religiosas de escravos, forros e seus descendentes. Não foram poucos os africanos artífices do ouro que entraram escravizados e trabalharam em varias regiões da Colônia. O trabalho de todos eles possibilitou a injeção de valores culturais, de objetos e de material africanos e afro-brasileiros na ourivesaria colonial e facilitou, também, a apropriação de emblemas, representações e estéticas europeias pela população negra e mestiça.
  • LEITÃO & IRMÃOS  PRATEIROS DA CASA REAL PORTUGUESA E BRASILEIRA. MONUMENTAL PAR DE TOCHEIROS DE GRANDE DIMENSÃO EM PRATA DE LEI BATIDA.  MARCAS PARA PORTUGAL INICIO DO SEC. XX. FEITIO DE BALAUSTRE.  LARGA BASE COM FEITIO OCTAVADO. ALMA EM MADEIRA. ESSES GRANDIOSOS TOCHEIROS SÃO PEÇAS ÚNICAS FEITAS SOB ENCOMENDA PARA UMA ARTISTA QUE DESEJAVA REUNIR A TRADIÇAO DOS GRANDIOSOS TOCHEIROS LITURGICOS COM O MODERNISMO DOS ANOS 60. SÃO PEÇAS QUE CHAMAM A ATENÇÃO NÃO SÓ PELA BELEZA E DIMENSÃO MAS TAMBÉM PELO INUSITADO DA PROPOSTA.  PORTUGAL, DEC. 60. 64 CM DE ALTURA. 13,5 KG
  • DOM PEDRO I E DOM PEDRO II - SERVIÇO DE GALA  FORMIDÁVEL MEDALHÃO EM PORCELANA DO SERVIÇO DE GALA, PRIMEIRO SERVIÇO IMPERIAL BRASILEIRO; ABA VERDE ENTRE FILETES DOURADOS E QUATRO RESERVAS COM FLORES EM POLICROMIA; NO CENTRO O BRASÃO IMPERIAL CINCUNDADO POR FRISO DOURADO; NO REVERSO MARCA DO IMPORTADOR B. WALLERSTEIN E CO - A PARIS / RUA DO OUVIDOR 70 - RIO DE JANEIRO. PEÇA DO MESMO SERVIÇO REPRODUZIDA NA PÁGINA 209 DO LIVRO LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL, POR JENNY DREYFUS. FRANÇA, SÉC. XIX. 33 CM DE DIÂMETRONOTA: Existem para esse serviço duas marcas de encomendantes o que faz concluir que este era utilizado pela família imperial desde o primeiro reinado com encomenda para reposição no segundo reinado. Portanto serviu Dom Pedro I e Dom Pedro II.
  • RARO PAR DE CASTIÇAIS EM PRATA DE LEI MODELO ESQUELETO. MARCAS PARA CIDADE DO PORTO JOSÉ MARQUES GUEDES, REGISTRADA NA CAMARA DO PORTO EM 1856 (MOITINHO PAG. 251).  FUSTE EM ESPIRAL VAZADO. BASE COM BELAS FLORES E RAMAGENS RELEVADAS. ASSENTE SOBRE QUATRO PÉS EM GARRA. 27 CM DE ALTURA. 1250 G
  • REGENTE FEIJÓ   IMPORTANTE PEÇA REPRODUZIDA NA PAGINA 174 (PÁGINA INTEIRA)  DO LIVRO: OS OURIVES NA HISTÓRIA DE SÃO PAULO POR MARIA HELENA BRANCANTE (VIDE FOTO DA PUBLICAÇÃO NOS CRÉDITOS EXTRAS DESSE LOTE). AUTORIA DO MIGUEL ARCANJO BENICIO DE ASSUNÇÃO DUTRA, O MIGUELSINHO DUTRA (1812-1835). FORMIDÁVEL PINTURA SOBRE PLACA DE MARFIM ENGASTADA COM PEDRAS BRASILEIRAS COMO ÁGUAS MARINHAS TOPÁZIOS. A MOLDURA É EM OURO E O CONJUNTO ESTÁ ACOMODADO EM RICO ESTOJO SIMULANDO LIVRO EM COURO PROFUSAMENTE REMATADO EM OURO. O ARTISTA MIGUELSINHO DUTRA NÃO APENAS PINTOU O RETRATO MAS TAMBÉM CONFECCIONOU A RICA MOLDURA EM OURO E PEDRARIAS. EM DOBRADURA NO INTERIOR DO ESTOJO ATESTADO DE AUTENTICIDADE DE ARQUIMEDES DUTRA, BISNETO DO ARTISTA. A MINITAURA É ASSINADA E DATADA DE 4 DE SETEMBRO DE 1837. BRASIL, 1837, 6,5 X 5,5 CMNOTA: Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra (Itu, 15 de Agosto de 1812  Piracicaba, 1875), mais conhecido como Miguelzinho Dutra, foi um pintor, escultor, ourives, arquiteto, poeta, entalhador, decorador de igreja, musicista e aquarelista brasileiro que se afirmou pelo seu estilo que conjuga um carácter naïf de gosto popular com um realismo espontâneo e original, entrelaçado com soluções formais tradicionalmente barrocas. Foi um artista multifacetado, com interesses que foram da escultura à música, à ornamentação festiva, à escultura religiosa em madeira, à engenharia de edificações, à poesia, ao desenho e à pintura. Da vasta obra, restou pequena parte, com destaque para numerosas aquarelas retratando paisagens, cidades, igrejas, fazendas, tipos humanos de todas as classes sociais e cenas de rua comuns na vida rural brasileira da primeira metade do século XIX, hoje de grande importância iconográfica. O REGENTE FEIJÓ - Diogo Antônio Feijó, também conhecido como Regente Feijó ou Padre Feijó (São Paulo, batizado em 17 de agosto de 1784  São Paulo, 10 de novembro de 1843), foi um sacerdote católico e estadista brasileiro.Considerado um dos fundadores do Partido Liberal. Pode-se resumir bastante sua vida afirmando que exerceu o sacerdócio em Santana de Parnaíba, em Guaratinguetá e em Campinas. Foi professor de História, Geografia e Francês. Estabeleceu-se em Itu, dedicando-se ao estudo da Filosofia. Em seu primeiro cargo político foi vereador em Itu. Foi deputado por São Paulo às Cortes de Lisboa, abandonando a Assembleia antes da aprovação da Constituição. Era adversário político de outro paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva. Criança rejeitado, fora da casa do reverendo Fernando Lopes de Camargo, seu padrinho de batismo. Batizado na Sé, foi sua madrinha a viúva Maria Gertrudes de Camargo, irmã do reverendo. O reverendo e sua irmã, descendentes do bandeirante Fernão de Camargo, teriam acolhido o enjeitado por ser filho ilegítimo de sua outra irmã, de 25 anos, solteira, Maria Joaquina Soares de Camargo, o que foi confirmado pelos estudos de Ricardo Gumbleton Daunt, em 1945 (Cf. Diogo Antônio Feijó na Tradição da Família Camargo  Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo  1945). Feijó foi criado pela própria Maria Joaquina, na casa dos tios. Embora se desconheça o nome de seu pai, alguns biógrafos apontam o cônego Manuel da Cruz Lima, de Curitiba, nomeado para o cabido da Diocese de São Paulo em 1788; outros, um parente próximo do falecido esposo de Maria Gertrudes, Félix Antônio Feijó. Todos concordam, entretanto, que Diogo Feijó sofreu com isso durante toda a vida e, em seu testamento, assinado a 3 de março de 1835, declarou: Para desfazer a maledicência, a calúnia e a infâmia, declaro que sou filho de Maria Gertrudes de Camargo e Félix Antônio Feijó. Levado para Cotia, foi educado em Santana de Parnaíba pelo padre João Gonçalves Lima, seu padrinho de crisma. Sempre em contato com os Camargos, acompanhou-o para Guaratinguetá, de onde retornaram a Parnaíba em 1798, onde Feijó permaneceu até ser ordenado presbítero. Essa era a carreira recomendada para quem, na sociedade colonial, se sentisse predisposto à vida do espírito e à atividade intelectual. Feijó iniciou o processo de habilitação de genere et moribus em 1804. Em 14 de setembro desse ano, já feito subdiácono, voltou para São Carlos  (como se chamava então a cidade de Campinas) onde tinha uma aula particular de Gramática e vivia em estado de pobreza, pois o recenseamento da cidade indica que vivia de esmolas. Só se ordenou presbítero, isto é, se tornou realmente padre, em 1808, depois de concluir o curso de Filosofia em São Paulo. Passou então a poder rezar missas e administrar os Sacramentos, e em 1809 o recenseamento de São Carlos (atual cidade de Campinas)já indicava vive de suas ordens. Nesse mesmo ano obteve o lugar de escrivão juramentado da Câmara Eclesiástica em São Paulo, mas retornou a São Carlos, (atual cidade de Campinas) onde vivia de sua horta, plantava mantimentos e possuía doze escravos (herdara alguns recursos, por morte de Marta de Camargo Lima, sua avó). Nesse período compôs uma gramática latina, um compêndio de retórica, rezava missas e era benquisto no lugar. Em 1813 é citado no recenseamento como senhor de engenho, com 13 escravos, produzindo açúcar e aguardente, além de milho, feijão e arroz para os gastos da casa.Em 1818, aos 34 anos de idade, partiu para Itu, atraído pelo exemplo austero do padre Jesuíno do Monte Carmelo. Habituado a ensinar, recebeu do Bispo autorização para abrir uma aula de Filosofia Racional e Moral. Como outros padres brasileiros à época, era um liberal. Frequentavam Itu Nicolau de Campos Vergueiro, Álvares Machado, Costa Carvalho, e a eles se juntou o padre Feijó, certamente para comentar a Revolução Liberal do Porto de 24 de agosto de 1820. Quando D. João VI jurou, em 26 de fevereiro de 1821, a Constituição que estava sendo elaborada, os eleitores de Itu, desassombrados, reunidos para elegerem os membros da Junta Provincial para a eleição dos deputados às Cortes, intimaram o Ouvidor a deferir ao colégio eleitoral o juramento da futura Constituição portuguesa. Foi para Lisboa para tomar parte na elaboração do contrato social que deveria reger os destinos do Brasil, diz Octávio Tarquínio de Sousa, implicava implicitamente a aceitação do regime da monarquia luso-brasileira, isto é, demonstrava uma posição política isenta de intransigência nativista, ou de exaltação republicana. Tal seria a posição de Feijó, que se concretizou no grande documento em que se sente José Bonifácio: as Instruções para os deputados de São Paulo feitas pelo Governo provisório da província. Tratavam dos negócios da União, dos negócios do Reino do Brasil, dos negócios da província de São Paulo. Logo de início, falavam na integridade e indissolubilidade do reino unido, com a igualdade dos direitos políticos e  dos civis quanto permitir a diversidade dos costumes e territórios e das circunstâncias estatísticas. A intenção era assim manter a união do Brasil com Portugal, num espírito de salvaguarda da soberania brasileira mas dentro do Império Lusitano. Já o programa com relação ao Brasil era alto e vasto - mas as Cortes não permitiram sequer que fosse exposto. Embarcaram os deputados paulistas em 13 de novembro de 1821 para Lisboa, e a galera Maria Primeira aportou na capital do império a 5 de fevereiro de 1822. Em 11 de fevereiro Feijó tomou assento nas Cortes e teve impressão desoladora. As causas (sobretudo econômicas) da revolução de Portugal de 1820 não permitiam que à forma liberal de que ela se revestiu pudesse corresponder coerentemente um fundo liberal, abrangendo também o Brasil e suas necessidades mais prementes. A situação do país era de miséria, os gêneros escasseavam, a concorrência inglesa esmagava o comércio, o tesouro público estava exaurido e nem se honravam pensões de montepio. Enquanto isso o Brasil alçara-se a reino unido, era o centro da monarquia. O constitucionalismo português nascia assim carregado de ressentimentos contra o Brasil pela decadência a que Portugal fora arrastado pela mudança da família real. Os liberais portugueses podiam não querer propriamente reduzir o Brasil a colônia mas queriam alegremente esfacelar sua unidade - franquias constitucionais às províncias ultramarinas na América, nunca à nação brasileira, a um reino do Brasil. Mas o Brasil queria continuar a união em pé de igualdade. As Cortes logo passaram da proclamação aos irmãos brasileiros de 13 de julho de 1821 a uma atitude irritante e violenta. Ao chegarem os paulistas, estava consumado há quase um mês o episódio do Fico, no Brasil. O ambiente era tão desalentador, cheio de insultos, motejos e zombarias, que Feijó ficou calado, e altivo. Fez o primeiro discurso em 22 de abril de 1822, num tom quase de desafio. Em face da atitude das Cortes, nenhuma acomodação seria possível sem sacrifício dos interesses brasileiros. Conciliação, aliás, não era mais possível, pois no Brasil a opinião mudara e a ruptura com Portugal se tornara inevitável. Quando chegou a hora de assinar a Constituição, em 14 de setembro, Fernandes Pinheiro apresentou declaração de que não a assinaria por estar em contradição com a vontade de sua província, subscrevendo-a Antônio Carlos, Silva Bueno, Costa Aguiar e Feijó. Fernandes Pinheiro acabou voltando atrás mas não os outros, e não a votaram ainda Vergueiro, Cipriano Barata, Muniz Tavares e muitos outros. Feijó participou desse grupo, em que Antônio Carlos e Vergueiro seriam as figuras mais brilhantes. A fuga lhes pareceu depois o melhor desfecho, diante de ameaças. Embarcaram diversos como clandestinos num paquete inglês, em 5 de outubro e desapareceram, o que Fernandes Pinheiro considerou uma rapaziada. Quando retornou ao Brasil, havia assinado o Manifesto dos Cinco, mas não a proclamação escrita por Antônio Carlos em 20 de outubro. Feijó chegou a Pernambuco a 21 de dezembro de 1822, quando estava há muito proclamada a Independência. Só ao chegar ao Rio, em 20 de março de1823, soube com minúcias o que ocorrera no Brasil. Estavam no governo os Andradas, que lhe pareciam extremamente antipáticos. Havia então três comarcas em São Paulo: São Paulo, Itu, e Paranaguá e Curitiba. A Junta Eleitoral de Itu, secretariada pelo padre Feijó, se reuniu e compareceram 34 eleitores, sendo eleitos Nicolau de Campos Vergueiro, Rafael Tobias de Aguiar, o próprio Feijó, Paula Sousa, Antônio Pais de Barros e José de Almeida Leme. Foi sua iniciação política e, em breve, partiria para São Paulo, a tomar parte da Junta Eleitoral da Província, instalada a 6 de agosto de 1821. pesar de ter feitio enérgico e autoritário, Feijó era um liberal completo, cheio de sentimentos democráticos. Mas José Bonifácio, realista, não transigia com idealismos, combatendo-os com excessos próprios a tempos despóticos. Feijó escreveu ao imperador advogando um governo monárquico representativo (abomino a democracia pura e a aristocracia, dizia). E partiu para sua província onde chegou em 12 de junho de 1823, indo para Itu e São Carlos e mais tarde internando-se num sítio. José Bonifácio nele não confiava e mobilizara, pela Secretaria do Império, contra ele e sua perniciosa influência, a espionagem política (por todos os meios ocultos, conservar debaixo da maior vigilância...). Em 12 de novembro de 1823 foi dissolvida a Assembleia Constituinte; Feijó teve de Itu a notícia da queda dos Andradas. Elaborou-se às pressas uma Constituição, projeto enviado às Câmaras. Convocado pela de Itu a dar parecer, coube a sua redação a Feijó. Suas emendas revelavam apego aos princípios básicos do liberalismo, fidelidade aos direitos do homem, um sentido mais democrático das instituições do Estado. Trabalho inútil, pois a adoção do texto do projeto era coisa resolvida, e a Constituição foi jurada. Feijó, suspeito de tramar com Vergueiro e Paula Sousa contra a ordem pública, estava apenas desencantado. Seguiu com carreira politica sendo eleito deputado e senador do Império. Mas seus ímpetos liberais se chocaram com o auge da crise do reinado de Dom Pedro I. Após a abdicação do imperador, em 1831 o Brasil seguiu um período turbulento com a regência trina do Marques de Caravelas, Nicolau Vergueiro e o futuro Duque de Caxias, e o padre foi chamado para ocupar a pasta da Justiça. Em 1832 as correntes partidárias estavam arregimentadas em três grupos: o moderado, no poder, a que pertenciam Feijó, Evaristo da Veiga e Bernardo Pereira de Vasconcelos; o exaltado, e o restaurador a que pertenciam agora os Andradas. Seus partidários eram, respectivamente, os chimangos ou chapéus redondos; os farroupilhas ou jurujubas e os caramurus. Tramava-se por toda a parte contra a ordem pública e até nas rodas do paço, no círculo do tutor José Bonifácio de Andrada e Silva, o governo era combatido. Havia conspirações na Bahia pela volta do imperador, e em abril de 1832 notícia de conluio pelo assassinato de Feijó para a tomada do poder de uma regência caramuru-exaltada composta por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, João Pedro Maignard e Manuel de Carvalho Pais de Andrade. Dias depois estourou outro levante, de caráter francamente restaurador. Feijó sentia-se só, sem apoio de seus colegas de Ministério e pediu demissão. Com a proclamação do Ato Adicional, em 1834, que transformava a Regência Trina em Una, foi eleito pela Assembleia Geral Regente do Império, ou seja, podemos afirmar que Diogo Antônio Feijó foi o primeiro chefe do Poder Executivo devidamente eleito na história do Brasil, aproximando-se do cargo atual ocupado pelo Presidente da República. Foi empossado a 12 de outubro de 1835. Escolheu com dificuldade um ministério, formado dois dias após a posse, em 14 de outubro. inha um belo programa, mas sua regência foi malograda. Porque, tal como D. Pedro I, o governo das maiorias lhe parecia absurdo e subversivo de toda a ordem no Brasil, além de inconstitucional, como declarou em discurso no senado em 29 de maio de 1839. Durante sua regência novos ministérios eram formados em intervalos de alguns meses. De acordo com Oswaldo Rodrigues Cabral, "... Os ministros não aturavam o regente - ou este não os suportava por muito tempo - não tendo havido, desde que se estabelecera a regência una, a menor estabilidade nas pastas ..."  Em 1836  eram evidentes os sinais de mudança profunda no quadro político e social do Brasil, numa transformação que, diz Octávio Tarquínio de Sousa, fazia de Feijó um homem de outra latitude ou de outra época. Mas nas eleições daquele ano se haviam lançado as bases do futuro partido conservador do Segundo Reinado. Feijó organizou um ministério pífio em novembro de 1836. No início de 1837, generalizara-se a opinião de que Feijó era homem inadequado ao cargo e mesmo seus amigos estavam desapontados. Sua Fala, por ocasião da abertura da Assembleia em 3 de maio de 1837, foi irônica. Desamparado, declarou-se gravemente enfermo e ofereceu sua renúncia em 19 de setembro, pensado o problema de a quem passar a regência - nomeara seu adversário político, Pedro de Araújo Lima, como ministro do Império, em 18 de setembro de 1837. Regressou à sua chácara da Água Rasa em São Paulo, pressionado pela oposição conservadora e pelas revoltas nas províncias, sobretudo após o fracasso de uma tentativa de golpe dos moderados, que tentou articular sem sucesso. Via-se livre da Regência e ao mesmo tempo do clima do Rio de Janeiro. Ressurgiu o lavrador. Ao mesmo tempo, fez publicar uma retratação religiosa em 10 de julho de 1838 no Observador Paulistano: (...) revogo e me desdigo de tudo quanto pudesse direta ou indiretamente ofender a disciplina eclesiástica pois tudo fizera persuadido de que zelava da mesma Igreja de quem era filho e ministro e a bem da salvação dos fiéis.. Voltou ainda mais uma vez ao Senado do Império assumindo como presidente da casa em 1839.  Ao ser eleito presidente do Senado, tinha 55 anos e não podia mais confiar em sua saúde. Já sofrera um acidente vascular em outubro de 1835, na véspera de assumir a Regência. Comprou outro sítio em Campinas, onde decidiu passar a viver e ali, no fim do ano, uma paralisia do lado esquerdo do corpo obrigou-o a permanecer em São Paulo. Era o começo de uma decadência rápida que lhe viria em três anos. Sem orgulho, doente e pobre, escreveu a Antônio Carlos, ministro do Império, para pedir uma pensão, que lhe foi concedida em 23 de dezembro de 1840 no valor de 4:000$000 anuais (4 contos de réis). Voltou ao Rio de Janeiro para assistir à coroação de D. Pedro II em 1841 e pouquíssimas outras vezes. Na Corte, raras vezes ia ao Senado, onde permanecia silencioso. Foi agraciado com a grã-cruz da Ordem do Cruzeiro por decreto de 18 de julho de 1841. Desde 1841 estava em seu sítio em São Carlos (atual cidade de Campinas), prematuramente envelhecido, mas intacto seu dom de apaixonar-se, de indignar-se. Os meses iniciais de 1842 foram inquietos, urdia-se grande trama no Rio, em São Paulo e Minas, antes da reunião da nova Câmara, de maioria liberal, em maio. Mas os homens no Governo não eram incautos, tinham levado a cabo o movimento do regresso (ultimação das leis de 9 de novembro e 3 de dezembro de 1841) e não iriam perder o jogo quando tinham na mão os trunfos. Participante da articulação da Revolução de 1842 (ler o verbete sobre suas causas), hemiplégico, na cadeira de rodas, Feijó seguiu para Sorocaba, manifestando-se ao lado dos rebeldes. Feijó, que sempre clamara contra a fraqueza do poder público, contra a debilidade das leis; posto que liberal, que sempre preconizara a necessidade de prestigiar e dar força à autoridade. Que em 1823, na representação contra os vexames que o Ministério dos Andradas lhe infligira, dissera:  Amo mais o governo absoluto de um só que o chamado liberal de muitos, sejam democratas, sejam aristocratas. Que em 1831, na pasta da Justiça, fora o defensor maior da autoridade constituída e da ordem pública, que recomendara a suspensão das cartas de seguro (o habeas corpus da lei de então) e ao tempo de regente mais de uma vez proclamara a urgência que havia em armar o governo de meios de ação, baixara o decreto de 18 de março de 1836, restritivo da liberdade de imprensa, que toda sua vida se revelara homem de medidas fortes, de debelar revoluções a ferro e fogo! Feijó, à espera dos acontecimentos e certo que o ministério de 23 de março, apoiado por Bernardo Pereira de Vasconcelos e Honório Hermeto, não hesitaria diante de qualquer medida para se manter no poder, era dos que julgavam indispensável o recurso à revolução. Arrastava-se assim para Itu e Sorocaba, a fim de organizar a resistência, conspirar, aliciar adeptos. Em fins de maio o senador estava em Sorocaba, e com isso se assentara o rompimento das hostilidades, sendo colocado pelo barão de Monte Alegre, presidente da província, sob vigilância. Reza a tradição que, ao ver a fuga dos rebeldes, bradou: Correi, correi, corja de sem-vergonhas; eu aqui fico para vos defender! Sua participação consta do verbete próprio, Revolução de 1842. O Barão de Caxias o colocou sob custódia de um primeiro tenente. Escreveria Caxias a esse respeito: Diversas visitas me tem feito, e pelos disparates que diz, estou capacitado de que sofre desarranjo mental (...). O Barão de Monte Alegre não pensava como o barão de Caxias, de modo que Feijó acabaria preso, de verdade, e levado para São Paulo, de lá para Santos, chegando ao Rio de Janeiro em 23 de julho de 1842. Tinha Vergueiro em sua companhia. O governo determinou que os dois senadores seriam desterrados em Vitória, no Espírito Santo e para lá seguiram. De Vitória Feijó escreveu em 11 de agosto de 1842 carta ao padre Geraldo Leite Bastos, deportado para Lisboa, em que narra peripécias de seu desterro. O desterro durou cerca de cinco meses e Feijó por vezes se recolhia ao convento da Penha, dos franciscanos. Foram dadas ordens para que retornasse e ele reapareceu na tribuna do Senado em 12 de janeiro de 1843. Apresentou sua defesa no Senado, quando mal se sustinha de pé, na abertura da sessão legislativa em 15 de maio de 1843. Obteve licença para voltar à sua terra em 14 de julho, quando Honório Hermeto abandonou sua intransigência. A morte de Diogo Antônio Feijó foi acarretada por uma série de fatores, passava por uma crise nervosa, durante uma recaída, decidiu sair para caminhar. Durante a caminhada escorregou e caiu com a cabeça numa pedra. Foi para o hospital com sérios problemas, e morreu de parada cardiorrespiratória. Morreu depois de terríveis crises em agosto e em setembro, aos 59 anos, em 10 de novembro de 1843, antes da promulgação da sentença no processo movido contra ele no Senado. Foi levado em 14 de novembro, num dos enterros mais pomposos jamais vistos em São Paulo, apesar de ter pedido para ser sepultado sem acompanhamento nem ofício, para a igreja dos Terceiros de Nossa Senhora do Carmo. Não lhe faltaram as honras militares prestadas pela tropa de todas as armas, na qualidade de grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro. Anos depois seus parentes o fizeram transladar para a igreja da Ordem Terceira de São Francisco. Está sepultado na Catedral Metropolitana de São Paulo, este grande brasileiro.
  • FAMÍLIA ALTINO ARANTES  PIANO DE CONCERTO  DE CAUDA C. BECHSTEIN   A JÓIA DOS PIANOS - FORMIDÁVEL PIANO DE CONCERTO DA MANUFATURA C. BECHSTEIN, 3/4 DE CAUDA. ACERVO FAMÍLIA ALTINO ARANTES. ESTÁ EM ÓTIMAS CONDIÇOES, ABAFADORES E CRAVILHAS SÃO NOVAS. A PARTE MECÂNICA FOI REVISADA. A MELHOR MARCA DE PIANOS DO MUNDO. ESSE PIANO TEM 225 CM DE COMPRIMENTO É PRÓPRIO PARA GRANDES ESPAÇOS, ESTÚDIOS OU ATÉ MESMO PEQUENAS SALAS DE CONCERTO. POSSUI DOIS ABAFADORES E CORDAS CRUZADAS. 88 TECLAS. TRATA-SE ENFIM DE UMA VERDADEIRA JÓIA FABRICADO NA SEGUNDA METADE DO SEC. XIX, DURANTE O PERÍODO ÁUREO DA EMPRESA. UM PIANO NOVO COM ESSE CUSTA ATUALMENTE MEIO MILHÃO DE REAIS. VIDE VÍDEO DO PIANO EM PREGÃO SENDO TOCADO PELO MAESTRO LUIZ ANTONIO  KARAN. ALEMANHA, SEGUNDA METADE DO SEC. XIX. NOTA: Fundada em 1853 por Carl Bechstein em Berlin, a empresa é uma das mais antigas em existência até hoje. Considerado um visionário, Carl quis produzir um instrumento de altíssima qualidade com inovaçoes técnicas e após um início difícil conseguiu conquistar fama e renome em função dos inúmeros pêmios obtidos, além de ter como garoto propaganda ninguém menos que Franz Liszt, e também ter sido fornecedor da Rainha Victoria e vários membros da realeza britânica. Carl faleceu em 1900 mas seus três filhos deram sequência ao negócio que teve altos e baixos ao longo do séc. XX (em função das duas guerras mundiais e crises econômicas). Outro admirador foi Hitler, quem Helene Bechstein (casada com Edwin, filho de Carl) tinha grande estima. Muitos famosos também tocaram e gravaram em um Bechstein, entre eles, Bob Dylan, Beatles "hey jude", Elton John "your song",George Harrison ";All tings must pass", David Bowie "Life on mars", até Fred Mercury com "Bohemian Raphsody".
  • IMPERADOR DOM PEDRO I (1798-1834)  EX COLEÇÃO SENADOR JOSÉ DE FREITAS VALLE (CASADO COM A NETA DA VISCONDESSA DE CAMPINAS ARREMATANTE NOS LEILÕES DO PAÇO IMPERIAL EM 1891) VILA KYRIAL.  PRECIOSO PAR DE CAIXAS DE ESPECIARIAS EM PRATA DE LEI COM INTERIOR EM VIVIDO VERMEIL. MARCAS PARA CIDADE DE VIENA DEC. 1820, PRATEIRO BAUER. FEITIO DE URNAS TEM O CORPO DECORADO COM MONOGRAMA P.1 SOB COROA. ESSAS REQUINTADAS CAIXAS DE ESPECIARIAS ERAM EMPREGADAS NAS MESAS SENHORIAIS CONTENDO DESDE CARISSIMAS ESPECIARIAS DO ORIENTE ATÉ HERVAS CONDIMENTARES EUROPEIAS QUE NÃO EXISTIAM NA AMÉRICA. 6 X 7 X 7,5 CMNOTA: Na Europa medieval, meio quilo de açafrão custava o mesmo que um cavalo. As especiarias foram uma força econômica que abriu antigas rotas comerciais sobre a terra e a circunavegação marítima do século 16. Das Índias Ocidentais e além, especiarias chegaram as colonias da América para serem vendidas aos ricos. A partir do sec. XVII temperos valiosos costumavam ser guardados em caixas de especiarias.Como eram estrelas dos grandes jantares de cerimonia as caixas de especiarias passaram a ser produzidas com materias preciosos como ouro e prata. Também investiu-se no design e habilidade técnica considerável foi necessária para criar essas peças de caixa em miniatura.Eram verdadeiras caixas de tesouro. Quanto ao formato havia uma grande variedade  desde caixas quadradas simples de estilo Georgiano ou Queen Mary em pés esféricos  até caixas extremamente rebuscadas  com pés em forma de bola e garra. À medida que o preço das especiarias diminuía, as caixas de especiarias foram perdendo seu propósito e já no final do sec. XIX eram peças de colecionismo. Pela importancia e relevancia do que continham recebiam as inicias de seu proprietário. JOSÉ DE FREITAS VALLE -  Casado com Antonieta Egídio de Souza Aranha, neta de Maria Luzia de Souza Aranha, viscondessa de Campinas, sendo filha de Martim Egydio de Souza Aranha e Talvina do Amaral Nogueira e irmã de Euclides de Souza Aranha, que veio a ser pai do chanceler Oswaldo Aranha, portanto, herdeira dos maiores produtores de café na região de Campinas. Foi seu filho o embaixador Cyro de Freitas Vale. O Senador Freitas Valle participou dos leilões do Paço de São Cristovão em 1891.
  • ESPADA PERÍODO IMPERIAL REINADO DOM PEDRO II  MARCAS DO FABRICANTE DE SOLINGEN WKC (ELMO DE CAVALEIRO) - PRESTE ATENÇÃO A ESSA ESPADA, NUNCA VI ESSE MODELO, RARA E MAGNIFICA! O COPO VAZADO TEM  RESERVA COM DÍSTICO RELEVADO COM INICIAIS DPII (DOM PEDRO II) SOB BRASÃO COMPLETO DO IMPÉRIO DO BRASIL (COM A COROA E ESCUDO ENTRE OS RAMOS DE CAFÉ E FUMO). AS INICIAS E O BRASÃO FICAM ENTRE LAURÉU REMATADO POR LAÇO. NA LAMINA ADAMASCADA HÁ DE UM LADO ENTRE ROCAILLE VEGETALISTAS A FRASE VIVA DOM PEDRO II IMPERADOR DO BRASIL, NA FACE OPOSTA DA LAMINA ENTRE ROCAILLE IDENTICAS ESTÁ A FRASE VIVA A CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO. PUNÇAO DO FABRICANTE DA LAMINA KIRSCHBAUM SOLINGEN PRODUZIDA A PARTIR DE 1854, UM ELMO DE CAVALEIRO. A LAMINA DESSA ESPADA LEMBRA EM MUITO A DECORAÇÃO DOS RAROS SABRE  REIÚNOS DE OFICIAIS MODELO 1831, FRUTO DA NACIONALIZAÇÃO DAS ARMAS DO EXÉRCITO IMPERIAL BRASILEIRO. AS ROCAILLES VEGETALISTAS DAQUELES SABRES SE REPETE NO  MODELO DESSE EXEMPLAR APREGOADO NO LOTE E O PRÓPRIO LEMA GRAVADO NA LAMINA EXALTANDO A FIGURA DO IMPERADOR MAS AO MESMO TEMPO GLORIFICANDO A CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO, ECOAM  A VISÃO LIBERAL DA REGÊNCIA DE FEIJÓ SOBRE A LIMITAÇÃO DO PODER IMPERIAL. DEC. 1850.  98 CM DE COMPRIMENTO.
  • O MARQUES DE POMBAL  SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO (1699 -  1782) POR ANTONIO TEIXEIRA LOPES EM1882 - FÁBRICA DAS DEVESAS. GRANDE E RARA HERMA EM FAIANÇA DA FABRICA DAS DEVESAS  DAQUELE QUE FOI UM DOS MAIORES GOVERNANTES DE PORTUGAL. O MARQUES É APRESENTADO CINGINDO A ORDEM DE CRISTO E FARDÃO DE CORTE. UMA ESCULTURA MAGNIFICA DE GRANDE DIMENSÃO. PORTUGAL E O BRASIL NÃO SERIAM OS MESMO SEM O GOVERNO DE SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO. PORTUGAL, SEC. XIX. 77 CM DE ALTURA.NOTA: Em 1723, o português Sebastião José de Carvalho e Melo raptou Teresa de Noronha e Bourbon Mendonça e Almada, uma formosa viúva pertencente à mais alta elite de seu país. Casaram-se contra a vontade da família dela, que não via com bons olhos sua união com um obscuro membro da pequena nobreza. O matrimônio não gerou filhos, mas foi uma amostra da ousadia do homem que mudaria o destino de Portugal. O futuro marquês de Pombal era tudo, menos um romântico sonhador. Da mesma maneira que traçou com mão de ferro as linhas de sua vida pessoal, Carvalho e Melo conduziu os portugueses após um dos mais terríveis desastres naturais da história da humanidade: o terremoto de Lisboa, que devastou a capital portuguesa em 1755. A figura do marquês entrou de modo ambíguo nos livros de história. Ora retratado como déspota esclarecido, ora como ditador sanguinário, muitos foram os adjetivos usados para descrever o poderoso ministro, que comandou Portugal durante o reinado de José I. Ninguém questiona, entretanto, o fato de que Pombal tornou-se um marco na história do império português  que, na época, incluía o Brasil. Nascido em 1699, Carvalho e Melo não deu mostras na juventude de que seria um grande líder. Por influência de seu tio Paulo de Carvalho, que dava aula na Universidade de Coimbra, ele conseguiu se matricular naquela instituição. Mas logo abandonou os estudos para entrar no exército, onde não conseguiu passar do posto de cabo. Desiludido, decidiu estudar Direito e História  o que lhe rendeu, aos 34 anos, um posto na Academia Real da História. Depois do casamento, Carvalho e Melo se mudou de Lisboa para a vila de Soure, onde a família de Teresa tinha propriedades. Em 1738, graças a uma indicação do tio, ele conseguiu o posto de embaixador português na Inglaterra. Sua esposa, muito doente, não pôde acompanhá-lo e acabou morrendo no ano seguinte. Carvalho e Melo ficou na Grã-Bretanha por cinco anos, onde se mostrou um grande negociador e aproveitou para conhecer a fundo as instituições inglesas. Retornou a Portugal e, em 1745, foi enviado como diplomata à Áustria. Lá, casou-se pela segunda vez, desposando a condessa Maria Leonor Ernestina Daun. O segundo casamento de Carvalho e Melo, abençoado pela imperatriz austríaca Maria Tereza, permitiu-lhe subir mais um degrau no complicado jogo de xadrez da corte portuguesa. Ao ver o ambicioso político se casar com uma conterrânea, a esposa de João V, Ana da Áustria, resolveu torná-lo seu protegido. Em 1749, após assumir o governo por causa do péssimo estado de saúde do rei, ela convocou Carvalho e Melo de volta a Portugal para fazer parte do ministério. Aos 50 anos, ele assistia ao início do auge de sua vida pública. Com a morte de João V, em 1750, José I assumiu o trono e tomou as rédeas de um dos maiores e mais ricos impérios da Europa. Teve medo e, em vez de encarar a tarefa, preferiu a vida fácil das óperas e das caçadas. Deixou o trabalho pesado de governar nas mãos de seus assessores. Foi quando Carvalho e Melo tomou posse no cargo de secretário dos Negócios Estrangeiros, um dos três ministérios que concentravam as decisões do reino. Seus trunfos eram a experiência diplomática e um círculo de amigos que incluía eminentes cientistas, em especial membros da comunidade de expatriados portugueses  muitos deles tinham sido forçados a deixar o país por causa da Inquisição. Quando dois terços de Lisboa ruíram com o terremoto, a situação ficou tão caótica que José I transferiu praticamente todo o poder para as mãos de seu ministro predileto. Carvalho e Melo coordenou o socorro às vítimas e rapidamente iniciou a reconstrução da cidade  afinal, era preciso que se cuidasse dos vivos e se enterrassem os mortos, conforme ele teria dito na ocasião. Em 1759, quando foi nomeado conde de Oeiras, o ministro já tinha se tornado praticamente um governante absoluto. O título sob o qual seria eternizado, marquês de Pombal, lhe foi dado por José I em 1769. Portugal dependia das riquezas brasileiras para sustentar os gastos luxuosos da corte. Em 1755, um jovem membro da Armada francesa, Chevalier des Courtils, resumiu a situação em seu diário de viagem: Portugal é mais uma província do que um reino. Pode-se dizer que o rei de Portugal é um potentado das Índias que habita em terras europeias. E prosseguiu, atribuindo a grandeza do país apenas às suas colônias: Os Estados vastos e ricos sob sua soberania no Novo Mundo, como o Brasil, o Rio de Janeiro, Bahia de Todos os Santos, Goa, a Madeira na África e os Açores na Europa, tornaram-no um príncipe considerável e colocaram-no entre as grandes potências europeias, se considerarmos o valor de suas possessões. O primeiro dia de novembro de 1755 brindou Lisboa com uma linda manhã de outono. O ar estava tépido e as igrejas, apinhadas de gente  era o dia de Todos os Santos. Súbito, um ronco vaporoso, enorme trovão subterrâneo. Cavalgada de ciclopes, que se aproxima em doida correria, arrastar de carros gigantes nos abismos da terra. Nos altares, oscilavam as imagens; as paredes bailam; dessoldam-se traves e colunas; ruem paredes, com o abafado som da caliça que esboroa, e de corpos humanos esmagados; no chão, onde os mortos repousam, aluem-se os covais para tragar os vivos. Na descrição clássica do historiador português João Lúcio de Azevedo, o terremoto de Lisboa alcança todo seu terror e magnitude. Um dos maiores desastres naturais na história, o evento intrigou filósofos e cientistas durante o século 18 e marcou a ascensão do marquês de Pombal. Acuado e com medo das hordas famintas de sobreviventes, o rei, José I, de seu palácio em Belém, deu plenos poderes ao único de seus ministros que se mostrou capaz de lidar com a tragédia. Pombal não perdeu tempo. Ordenou que os saqueadores fossem sumariamente enforcados, fixou os preços dos alimentos e do material de construção nos níveis anteriores ao desastre e fez com que os corpos das vítimas fossem amarrados a pesos e jogados no oceano. Calcula-se que entre 8 mil e 30 mil pessoas tenham morrido na tragédia. Quem sobreviveu ao tremor teve de enfrentar o maremoto que veio depois  segundo escreveu o então cônsul britânico em Portugal, Edward Hay, as águas elevaram-se de 6 a 9 metros. As perdas materiais foram incalculáveis. O Real Teatro da Ópera, terminado no mês anterior, ficou em ruínas. Trinta e cinco igrejas desabaram sobre os fiéis que rezavam  o tremor ocorreu bem no horário da missa. Em uma única mansão da cidade, perderam-se 200 pinturas (incluindo um Ticiano e um Rubens) e uma biblioteca com aproximadamente 18 mil volumes. Depois do socorro às vítimas, Pombal convocou engenheiros e topógrafos e tratou logo de reconstruir a cidade. Lisboa, depois das ações do marquês, tornou-se um exemplo da arquitetura iluminista: traçados retos substituíram as antigas vielas medievais e edificações monumentais foram erguidas para sediar a administração pública. A Biblioteca Real foi reorganizada, a partir de aquisições de livros, mapas e documentos em toda a Europa. Quando a corte portuguesa veio para o Brasil, em 1808, o acervo foi trazido para o Rio de Janeiro. A dependência da metrópole com relação ao Brasil tornou-se tão aguda no século 18 que Luís da Cunha, um dos diplomatas e pensadores políticos portugueses mais influentes no período, anteviu a transferência da corte para o Rio de Janeiro (que ocorreria no século seguinte). Segundo ele, o rei tomaria o título de Imperador do Ocidente e nomearia um vice-rei para governar Lisboa. É mais seguro e conveniente estar onde há abundância de tudo do que onde é preciso esperar pelo que se quer, escreveu. Foi Pombal, aliás, quem tirou a sede do governo-geral brasileiro de Salvador, transferindo-a para o Rio em 1763. Estava claro, portanto, que era preciso reorganizar todo o império para fazer frente à ascensão das outras potências europeias. As chamadas reformas pombalinas mudaram drasticamente a economia do reino e das colônias. Inspirado em modelos mercantilistas ingleses, franceses e holandeses, Pombal criou várias companhias de comércio a partir de 1753: da Ásia, do Grão-Pará e Maranhão, da Pesca das Baleias, das Vinhas do Alto Douro e de Pernambuco e Paraíba. Controladas pelo Estado, elas comandavam as atividades econômicas e monopolizavam os negócios. A das Vinhas do Alto Douro, por exemplo, controlava a produção e a venda do vinho do Porto  produto do qual os ingleses eram os principais compradores. No Brasil, a gestão de Pombal estimulou a diversificação agrícola. A colônia, que se dedicava essencialmente à produção de açúcar, passou a plantar mais arroz, tabaco, algodão e cacau. Ele também foi responsável pelo aumento na arrecadação de impostos sobre o garimpo  medida cada vez mais impopular, principalmente quando o ouro de Minas Gerais começou a se exaurir, a partir de 1760. Empenhado em taxar todas as riquezas que eram retiradas do solo brasileiro, Pombal aumentou a fiscalização nas capitanias (principalmente nos portos exportadores). No período em que esteve no topo, Pombal acumulou poder, riquezas e inimigos. Com seus opositores, ele foi implacável: alguns foram condenados à prisão, outros, à morte. O caso mais emblemático de sua gestão foi a execução do marquês e da marquesa de Távora e do duque de Aveiro, em 1759, acusados de tramar um atentado fracassado contra José I no ano anterior. Ao permitir que eles fossem condenados à morte, Pombal deixou claro que seu poder não se sujeitava às antigas convenções e conchavos da política de Lisboa. Diante do ímpeto de Pombal, ser nobre não significava estar seguro. Enquanto José I reinou, Pombal foi soberano. Mas, após a morte do monarca, em novembro de 1776, seu poder ruiu. Rapidamente, seus inimigos conseguiram neutralizar sua influência na corte. Demitido por decreto real no ano seguinte, acuado e sem apoio, Pombal foi forçado a abandonar a capital e partir para sua propriedade em Oeiras. A regente, a rainha dona Maria I (a mãe de João VI, que ficaria conhecida como a Louca), atendendo às solicitações do povo, proibiu o ex-ministro de sair de sua propriedade. A reclusão, entretanto, não foi suficiente para acalmar a reação dos nobres e populares que, durante anos, haviam tido que aceitar sua tirania. Muitos dos que haviam colaborado com o governo de Pombal foram exilados, presos, torturados ou mortos. Nas ruas de Lisboa, ecoavam palavras de ordem como: Patrícios meus, clamai sobre o tirano/ saiba o mundo que foi o tal marquês/ ladrão, traidor, cruel e desumano. Renegado até pelos filhos, sozinho na enorme casa semi-abandonada, não tardou para que Pombal adoecesse. Velho e com lepra, ele lutou com abnegação nos processos movidos contra ele nos tribunais. Ainda possuía forças para escrever em sua própria defesa  incluindo nos textos vários elogios à monarca, numa vã tentativa de agradá-la. Em maio de 1782, ele descreveu seu estado numa declaração pública: Presentemente me acho quase todo entrevado, sem poder pôr os pés no chão, nem sustentar-me sobre as pernas. Cheio de dores e feridas no corpo, Pombal morreu logo depois, no dia 8. Antes que seu corpo fosse embalsamado, passou por uma autópsia, assim descrita pelo historiador português João Lúcio de Azevedo em O Marquês de Pombal e a sua Época: O coração, que abrigara tantos ódios, hipertrofiado, era enorme; o cérebro, onde nasceram ambições, também era volumoso. Até a invasão napoleônica de Portugal, no início do século 19, a memória de Pombal ficou no ostracismo. Mas, após João VI e sua corte transferirem para o Rio de Janeiro a sede do reino, em 1808, muitos portugueses com orgulho ferido recuperaram a imagem do ministro  como um grande líder que fora capaz de conduzir a nação.
  • IMPERIAL ORDEM DA ROSA RARA PLACA PEITORAL GRAU DE OFICIAL GRANDE E MAGNIFICA PLACA PEITORAL DE OFICIAL DA ORDEM DA ROSA EM OURO, PRATA VERMEIL E ESMALTES. UMA ESTRELA DE SEIS PONTAS, ESMALTADA DE BRANCO E MAÇANETADA NAS BORDAS, ASSENTE SOBRE UMA GRINALDA DE ROSAS FOLHADAS EM SUA COR NATURAL APLICADAS EM ESMALTE. NO DISCO CENTRAL O MONOGRAMA A P (AMÉLIA E PEDRO), CINTURADO PELA LEGENDA AMOR E FIDELIDADE APLICADOS SOBRE ESMALTE AZUL. FREQUENTEMENTE VEMOS AS MEDALHAS NOS DIVERSOS GRAUS MAS POUCAS PLACAS PEITORAIS SUBSISTIRAM AOS NOSSOS DIAS. SEC. XIX. 5 CM DE DIAMETRO.NOTA: A Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira. Foi criada em 27 de fevereiro de 1829 pelo imperador D. Pedro I(1822 1831) para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt e tornou-se a principal ordem honorifica do país. O seu desenho ter-se-ia inspirado ou nos motivos de rosas que ornavam o vestido de D. Amélia, a segunda Imperatriz ao desembarcar no Rio de Janeiro. Trata-se entretanto de um equívoco histórico porque no dia seguinte ao desembarque da nova Imperatriz foi realizado o casamento e Dom Pedro condecorou com a ordem os primeiros titulares. Entretanto o retrato de Dona Amélia enviado ao Brasil quando das tratativas do casamento a representavam trazendo um botão de rosa pendendo do toucado e este parece ser o motivo da inspiração para a comenda. Poucas foram concedidas no 1o Reinado enquanto no 2o Reinado houve um significativo aumento - mais especificamente durante a Guerra do Paraguai. Isso se deveu ao fato de não existir uma medalha específica para atos de bravura individual durante a Guerra do Paraguai. De 1829 a 1831 D. Pedro I concedeu apenas cento e oitenta e nove insígnias. O seu filho e sucessor,D. Pedro II(1840 1889), ao longo do segundo reinado, chegou a agraciar 14.284 cidadãos. Além dos dois imperadores, apenas o duque de Caxias foi grande-colar da ordem durante sua vigência. Um dos primeiros agraciados recebeu a comenda em virtude de serviços prestados quando de um acidente com a família imperial brasileira: conta a pequena história da corte que, em 7 de dezembro de 1829, recém-casado, D. Pedro I regressava com a família do Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista. Como de sua predileção, conduzia pessoalmente a carruagem quando, na rua do Lavradio, se quebrou o varal da atrelagem e os cavalos se assustaram, rompendo as rédeas e fazendo tombar o veículo, arrastado perigosamente. O Imperador fraturou a sétima costela do terço posterior e a sexta do terço anterior, teve contusões na fronte e luxação no quarto direito, perdendo os sentidos. Mal os havia recobrado quando o recolheram à casa mais próxima, do marquês de Cantagalo, João Maria da Gama Freitas Berquó. Segundo o Boletim sobre o Desastre de Sua Majestade Imperial e Fidelíssima publicado no Jornal do Commercio, Dona Amélia foi a que menos cuidado exigiu: "não teve dano sensível senão o abalo e o susto que tal desastre lhe devia ocasionar". A filha primogênita, futura Maria II de Portugal, "recebeu grande contusão na face direita, compreendendo parte da cabeça do mesmo lado".Augusto de Beauharnais, príncipe de Eichstadt, Duque de Leuchtenberg e de Santa Cruz, irmão da imperatriz, "teve uma luxação no cúbito do lado direito com fratura do mesmo". A baronesa Slorefeder, aia da Imperatriz, "deu uma queda muito perigosa sobre a cabeça". Diversos criados de libré, ao dominarem os animais, ficaram contundidos. Convergiram para a casa de Cantagalo os médicos da Imperial Câmara e outros, os doutores Azeredo, Bontempo, o barão de Inhomirim,Vicente Navarro de Andrade, João Fernandes Tavares, Manuel Bernardes, Manuel da Silveira Rodrigues de Sá, Barão da Saúde. Ao partir, quase restabelecido, D. Pedro I condecorou Cantagalo a 1 de janeiro de 1830 com as insígnias de dignitário da Ordem e D. Amélia lhe ofereceu o seu retrato, circundado por brilhantes, e pintado por Simplício Rodrigues de Sá. Foram ainda agraciados com a Imperial Ordem da Rosa os membros da Guarda de Honra que acompanhavam o então Príncipe Regente em sua viagem à Província de São Paulo, testemunhas do "Grito do Ipiranga", marco da Independência do Brasil. Após o banimento da família imperial brasileira, a ordem foi mantida por seus membros em caráter privado, sendo seu grão-mestre o chefe da casa imperial brasileira.
  • FORMIDÁVEL FACA MINEIRA, COM LÂMINA FORJADA PROVAVELMENTE A PARTIR DE LIMA, EIS QUE APRESENTA SINAIS DE APROVEITAMENTO  EM SEU RICASSO TAMBÉM RECOBERTO EM PRATA LAVRADA. ADEQUADAMENTE A LÂMINA POSSUI CONTRA FIO EM SEU PERCO FINAL. É DE OBSERVAR-SE QUE O BOTÃO APARENTEMENTE TAMBÉM FOI RECOBERTO EM PRATA, DENOTANDO REQUINTADO TRABALHO DE OURIVESARIA. BAINHA COM DELICADOS MOTIVOS FITO MÓRFICOS EXECUTADOS COM MAESTRIA AO BURIL. OS MESMOS MOTIVOS SÃO ENCONTRADOS NA COBERTA DO RICASSO. PONTEIRA EM FORMATO DE LIRA OU VIOLA E SEGMENTO OITAVADO SUPERIOR DA EMPUNHADURA INICIAL TRONCO CÔNICA. A AGARRADEIRA OU GANCHO TRAZ A INDEFECTÍVEL MARGARIDA MINEIRA EM MACIÇA PRATA CINZELADA. EXEMPLAR MAGNIFICO PARA COLECIONADOR! COMPRIMENTO TOTAL COM BAINHA 32 CM. FACA COM 28 CM LÂMINA  COM RICASSO 18.8 CM. PERÍODO PROVÁVEL DE EXECUÇÃO ENTRE 1860/1880 (EXPERTISE TECNICA JORGE GALAFASSI)
  • IL GIURAMENTO DEI SASSONI A NAPOLEONE DOPO LA BATTAGLIA DI JENA (JURAMENTO DOS SAXÓES A NAPOLEÃO BONAPARTE DEPOIS DA BATALHA DE JENA)  OLEO SOBRE CANVAS  MONUMENTAL OBRA PICTÓRICA SEGUNDO OBRA DE PIETRO BENVENUTI EM 1812. ESSA GRANDE E IMPORTANTE COMISSÃO IMPERIAL FOI ORIGINALMENTE EXECUTADA PELO ARTISTA APÓS UMA VIAGEM A PARIS ENTRE O FINAL DE 1809 E OS PRIMEIROS MESES DE 1810. A COMISSÃO FOI DADA A ELE PELO PRÓPRIO IMPERADOR AINDA NA CAPITAL FRANCESA. A PINTURA FOI CONCLUÍDA EM 1812. EMBORA O EPISÓDIO RETRATADO TENHA OCORRIDO NO INICIO DA TARDE, BENVENNUTI AMBIENTA A CENA A NOITE NO PÁDIO DA UNIVERSIDADE DE JENA. EM UMA CENA DRAMÁTICA ANTE UM DESTROÇADO CORPO DE OFICIAIS PRUSSIANOS QUE LHE PRESTAM JURAMENTO DE CAPITULAÇÃO E OBEDIÊNCIA  ESTÁ NAPOLEÃO DE PÉ, EM POSIÇÃO MARCIAL,  DIANTE DE UM PORTAL, CERCADO PELOS OFICIAIS QUE PARTICIPARAM DA BATALHA DE JENA EM 14 DE OUTUBRO DE 1806. A SUA FRENTE ESTA O AJUDANTE GENERAL JEAN BAPTISTE BESSIERES E UM POUCO MAIS ATRÁS O GENERAL JOACHIM MURAT UNIFORMIZADO DE HUSSARDO. A FIGURA COM O TURBANTE É O FIEL MANLUK RUSTAM, TRAZIDO PARA A FRANÇA DA CAMPANHA EGIPCIA EM 1978. ATRÁS ESTÃO O GENERAL LOUIS ALEXANDRE BERTHIER E O MARECHAL JEAN LANNES, TAMBÉM COM O UNIFORME DE HUSSARDO. A TELA É ILUMINADA PELA LUZ DO LUAR E O CLARÃO DOS APOSENTOS ATRÁS DO IMPERADOR QUE LHE CONFEREM UMA AURA DE DIVINO. A COMPOSIÇÃO DA PINTURA É BASEADA NO FAMOSO JURAMENTO DO HORATII DE DAVID. É BEM PROVÁVEL QUE BENVENUTTI TENHA RECEBIDO COMO FONTES AS DESCRIÇÕES HISTÓRICAS QUE, COM TONS CELEBRATIVOS, APARECIAM NOS ESCRITOS OFICIAIS, COMO O "BULETTIN DE LA GRANDE ARMEE". O QUADRO É MAGNIFICADMENTE EMOLDURADO COM ARREMATES EM OURO. ITALIA, SEC. XIX. 102 X 140 CM (CONSIDERANDO O TAMANHO DA MOLDURA) SEM CONSIDERAR A MOLDURA TEM 78 X 118 CMNOTA: A Batalha de Jena aconteceu em 14 de outubro de 1806, onde se enfrentaram o exército francês de Napoleão contra as tropas prussianas comandadas por Frederico Guilherme III da Prússia. Esta batalha, junto com a Batalha de Auerstedt, significou a derrota da Prússia e sua saída das Guerras Napoleônicas até 1813. A orgulhosa Prussia foi esmagada e perdeu metade de seu território.. A batalha começou na manhã de 14 de outubro de 1806, nos campos gramados perto de Jena. Os primeiros movimentos do exército francês foram ataques a qualquer flanco das linhas prussianas. Isso deu aos exércitos de apoio (constituindo o ataque central) tempo para se posicionarem. As escaramuças tiveram pouco sucesso decisivo, exceto por um avanço do general francês Saint-Hilaire , que atacou e isolou o flanco esquerdo prussiano. Naquela época, o marechal Michel Ney havia completado suas manobras e assumido a posição ordenada por Napoleão. No entanto, uma vez em posição, Ney decidiu atacar a linha prussiana apesar de não ter ordens para fazê-lo, um movimento que se revelou quase desastroso. O ataque inicial de Ney foi um sucesso, mas ele se viu sobrecarregado e sob fogo pesado da artilharia prussiana. Reconhecendo a saliência angustiada, o general prussiano ordenou um contra-ataque e envolveu as forças de Ney; Ney os formou em um quadrado para proteger todos os seus flancos. Napoleão reconheceu a situação de Ney e ordenou que o marechal Jean Lannes se deslocasse do centro de ataque para ajudar Ney.Essa ação deixou o centro francês fraco. No entanto, Napoleão implantou a Guarda Imperial para segurar o centro francês até que Ney pudesse ser resgatado. Essa adaptabilidade foi um dos maiores pontos fortes de Napoleão. Ele mantinha a Guarda Imperial sob seu comando direto e podia ordenar que tomassem posições dependendo da situação que a batalha o apresentasse. O resgate funcionou e as unidades de Ney conseguiram se retirar da batalha. Embora os franceses estivessem em uma situação preocupante, os comandantes prussianos não tomaram a iniciativa de pressionar as fraquezas francesas. Posteriormente, isso foi considerado como sua ruína. A inatividade da infantaria prussiana deixou-os abertos à artilharia e ao fogo da infantaria leve. Um general prussiano escreveu mais tarde que "O marechal Joachim Murat , o mais famoso de muitos ousados e carismáticos comandantes de cavalaria francesa da época, lidera um ataque durante a batalha. Foi nessa altura, por volta das 13 horas, que Napoleão decidiu dar o passo decisivo. Ele ordenou que seus flancos empurrassem com força e tentassem romper os flancos prussianos e cercar o exército central principal, enquanto o centro francês tentava esmagar o centro prussiano. Os ataques nos flancos provaram ser um sucesso e fizeram com que muitas das divisões prussianas nos flancos fugissem do campo de batalha. Com seus flancos quebrados, o exército prussiano foi forçado a se retirar e Napoleão venceu outra batalha. No total, o exército prussiano perdeu 10.000 homens mortos ou feridos, teve 15.000 prisioneiros de guerra e 150 armas.
  • PERÍODO VITORIANO - RARO POTE DE FARMÁCIA  DE DIMENSÃO  MONUMENTAL EM VIDRO ARTÍSTICO LEITOSO FARTAMENTE DECORADO EM OURO E PINTURA EM ESMALTES COM GRANDE BRASÃO REAL DO REINO UNIDO. TAMPA DECORADA NA TONALIDADE AZUL COM RICAS ROSAS E RAMAGENS EM OURO. EXEMPLAR SEMELHANTE A ESSSE MAS COM BRASÃO DO IMPÉRIO DO BRASIL, INTEGRA O ACERVO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. O BRASÃO É O ADOTADO DURANTE O REINADO DA RAINHA VITORIA  E DE SEU FILHO ATÉ 1921 ( A ASCENSÃO DA RAINHA VITÓRIA PÔS FIM À UNIÃO PESSOAL ENTRE O REINO UNIDO E HANOVER, POIS A LEI SÁLICA IMPEDIA UMA MULHER DE ASCENDER AO TRONO DE HANOVER. O ESCUDO DE HANOVER FOI REMOVIDO E AS ARMAS REAIS PERMANECERAM AS MESMAS). .SOB O BRASÃO O NOME DA SUSTÂNCIA QUE CONTINHA: MAGNESIA,  MAGISTRAL TRABALHO DE DECORAÇÃO, PEÇA REALMENTE FANTÁSTICA POR SER MUITO GRANDE! O EXEMPLAR DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL ESTÁ REPRODUZIDO A PAGINA 379 DO LIVRO O CRISTAL NO IMPÉRIO DO BRASIL DE JORGE GETÚLIO VEIGA (VIDE FOTO NOS CRÉDITOS EXTRAS DESSE LOTE). BRASIL, SEC. XIX. 67 CM DE ALTURANOTA: Para o pensamento colonial, as causas das doenças poderiam ser agentes internos - fermentação ou excesso de humores - e externos - o ar viciado, influências de astros, alimentos e pecados. Esta medicina era baseada na harmonia dos quatro humores do corpo que seriam a bile amarela, a melancolia, o sangue e a fleuma. Quando não estavam em equilíbrio perfeito, o indivíduo adoecia. Para que os humores voltassem às mesmas proporções, era preciso retirar o excesso ou repor a falta do humor que provocou o desequilíbrio. Em 1735,  Luiz Gomes Ferreira, português radicado no Brasil que não tendo estudado medicina, recebeu Alvará Real para exercitá-la. Anos depois publicou uma série de tratados  médicos com mais de 600 páginas . Dedicado à Puríssima e Sereníssima Nossa Senhora da Conceição, o livro  com doze tratados contém a maneira de preparar, a posologia e a indicação de uma série de receitas preparadas a partir de plantas medicinais, muitas delas criadas pelo próprio autor, como ele faz questão de salientar. O  autor dedica todo um Tratado, o décimo, para mostrar que o leite era prejudicial à saúde, pois além de tirar a vontade de comer, produzia obstruções. Para ele, o sangue menstrual perverso, maligno, capaz de   fazer azedar e turvar o vinho. Ele também preconizava remédios para afugentar pulgas e piolhos, para quem come barro, para remover manchas de vestidos  e para fazer amancebados se apartarem sem que a justiça obrigue. O tal remédio se consistia em colocar o esterco do homem na sola dos sapatos da mulher, e vice-versa. De modo que não poderão ver um ao outro e se apartarão sem que ninguém os obrigue. Percevejos amassados ingeridos pela boca ou desfeitos em vinho ou caldo de galinha serviam para lançar fora a criança morta no ventre da mãe. Para nascerem cabelos era recomendado untar a cabeça raspada à navalha com sebo de homem esquartejado . Aliás a gordura  humana era rara e cara, só podia ser obtida de cadáveres de condenados esquartejados e passava por um rigoroso controle da coroa. Também gorduras de rãs e pós de lagartos para a extração indolor de dentes eram comumente utilizados nos rincões de nosso país. O primeiro boticário a trabalhar no Brasil foi contrato por Tomé de Sousa. Ele recebia 15 mil réis por ano para cuidar da caixa de botica. Fugindo da Inquisição, a maioria dos boticários eram cristãos-novos, de origem judaica, como Luis Antunes, que possuía uma botica em Recife, em frente ao Hospital da Misericórdia. Os cirurgiões, que formavam a maior parte dos profissionais de saúde, também atuavam como boticários. No século XVIII, como os boticários não tinham formação em química farmacêutica, os droguistas passaram a controlar o preparo e o comércio dos preparados químicos, como sais, tinturas, extratos e várias preparações de mercúrio. Dessa forma, os Vallabela, droguistas italianos radicados em Lisboa, enriqueceram enviando drogas para o Rio de Janeiro e Bahia. Uma importante fonte de renda para os boticários era o fornecimento para as naus de guerra e fragatas. A preparação das caixas de botica, bem sortidas para as tropas ou em socorro a capitanias com epidemias, podia render boa soma aos boticários. Em função da possibilidade de ganhos que o monopólio da fabricação e comércio de remédios lhes garantia, os boticários foram acusados de zelarem mais pelos próprios interesses que pela saúde dos seus semelhantes.Entre 1707 e 1749, 89 boticários prestaram exames no Brasil. Nas boticas jogava-se e conversava-se muito. Viajantes observaram que nos cafés e em certas boticas se reuniam, de portas cerradas, sociedades particulares para se entregarem apaixonadamente a jogos de cartas e de dados. No século XVIII, discussões políticas ou religiosas, além de simples confabulações, ocorriam nesses locais. Vários boticários eram membros da Sociedade Literária do Rio de Janeiro e usavam o espaço das suas boticas para reuniões em que se discutiam temas proibidos. Não havendo imprensa, as boticas tornavam-se um dos poucos espaços para a divulgação das idéias que viriam a ameaçar o próprio estatuto colonial, abrindo os caminhos que levariam à Independência.No Brasil, a Academia Imperial de Medicina (1829  1889) foi o principal fórum de debates sobre o ensino médico e a saúde pública imperial e a principal trincheira voltada a defender o modelo anátomo-clínico francês e as idéias higienistas. A formação médica no ambiente hospitalar se tornou fundamental.No final do Império, as reformas do ensino médico levantaram a bandeira do ensino experimental. Nesse contexto, a fisiologia experimental e a patologia celular, que viriam a produzir da medicina de laboratório, medicina sem doentes, estavam se consolidando no horizonte da clínica.
  • MEISSEN  PADRÃO PURPLE INDIAN FLOWERS (FLORES PURPURAS DE COMPANHIA DAS INDIAS). PALACIANO APARELHO DE JANTAR EM PORCELANA DE MEISSEN. ASSEMBLED DE SERVIÇO  PRODUZIDO PELA PRIMEIRA VEZ PELA MANUFATURA NO SEC. XVIII. Apesar de sua cor rosa, RECEBEU O NOME DE FLORES PÚRPURAS DA ÍNDIA, TEM INSPIRAÇÃO NITIDAMENTE NA PORCELA COMPANHIA DAS INDIAS.  As flores são pintadas em um rosa vibrante em um fundo BRANCO ABSOLUTO REMATADAS EM OURO. MARCAS DA MANUFATURA SOB A BASE RELATIVAS A PERÍODOS DIFERENTES. DOTADO DE  65 PEÇAS SENDO: 20 PRATOS RASOS, 12 PRATOS PARA SOPA, 11 PRATOS DE SOBREMESA, 11 PRATOS PARA PÃO, 1 MAJESTOSA SOPEIRA, 2 TRAVESSAS QUADRADAS, 1 MEDALHÃO PARA ARROZ, 1 TRAVESSA CRICULAR, 4 TRAVESSAS OVAIS, DUAS MOLHEIRAS COM PRESENTOIR. POUCAS VEZES SE VERÁ UM APARELHO DE JANTAR TÃO RICO, BONITO E PRECIOSO! ALEMANHA, SEC. XIX E XX. 46 CM DE COMPRIMENTO (MAIOR TRAVESSA)NOTA: Em 1708, Johann Friedrich Böttger, um alquimista até então desconhecido gabava-se pela saxônia de conhecer o segredo para produzir a pedra fundamental, uma pedra mítica que transformava tudo que tocava em ouro. Essa história chegou aos ouvidos do  Rei Augusto da Polônia e eleitor da Saxônia que encarcerou o falastrão no castelo de  castelo gótico de Albrechtburg para descobrir esse segredo. Foi então que Bottger tomou ciência do trabalho de Ehrenfried Walther von Tschirnhaus  inafortunadamente também prisioneiro do ambicioso Rei Augusto que desejava descobrir a fórmula da porcelana. Bottger juntou-se aos esforços de VonTschirnahaus para chegar a porcelana chamada na época de ouro branco, produzida até então somente nas longínquas terras da China. Naquela época, um aparelho de porcelana importado pela companhia das índias valia o preço de um pequeno palácio. Com a morte de VonTschirnahaus o alquimista Johann Friedrich Böttger avançou sozinho nas pesquisas até obter em 1710 a fórmula para produzir a porcelana na europa, graças a descoberta de minas de caulim na região de meissen. Afinal Bottger conseguiu fazer a mágica para transformar caulim em ouro, o ouro branco da pasta de porcelana. Anos se passaram e Meissen tornou-se uma manufatura real reconhecida pela excelência e beleza de suas peças. O inicio da produção tinha características ao gosto oriental como a decoração desse aparelho cujo modelo data ainda do sec. XVIII. Aos poucos foi adquirindo um gosto próprio de decoração aclamado e adorado por clientes abastados em todo mundo cabeças coroadas, nobres e grandes fortunas renderam-se ao encanto dessa louça singular produzida pela junção da ambição de um rei e da genialidade de um cientista falastrão.
  • MURANO - SUNTUOSO ESPELHO DE MURANO DECORADO COM ESMALTES NA TONALIDADE VERDE ESMERALDA COM ARREMATES EM PRATA. FEITIO OCTAVADO. ARREMATES LAPIDADOS E BIZOTADOS. PEÇA MUITO ELEGANTE EM MUITO BOM ESTADO DE CONSERVAÇÃO! ITÁLIA, PRIMEIRA METADE DO SEC. XX. 92 X 81 CM.  NOTA: A produção de vidro artístico sempre representou uma importante realidade econômica para a cidade de Veneza. O documento mais antigo disponível hoje, relativo à arte do vidro, remonta a 982, e é um ato de doação: com base na data em que este artigo foi escrito, em 1982, foram comemorados oficialmente os mil anos de atividade veneziana de fabricação de vidro. Ao longo dos séculos as técnicas foram sendo aprimoradas e a excelência da manufatura de vidros em murano ganhou o mundo. Essa tradição acabou por despertar a cobiça para os que desejavam de alguma forma roubar os segredos da República de Veneza na fabricação de seus itens preciosos e dignos da realeza. Assim o CONSELHO DOS DEZ que governava Veneza nomeou " inquisidores do estado " para manter o sigilo o máximo possível sobre as técnicas de produção. Quando a sedução econômica ou a promessa de privilégios especiais não eram suficientes para seduzir os mestres vidreiros e garantir sua fidelidade os " inquisidores do estado " recorriam a ameaças ou punições exemplares. Em meados do século de 1600, um grande grupo de vidreiros liderados pelo mestre vidreiro Giovan Domenico Battaggia havia se mudado para Pisa a serviço de Ferdinando de 'Medici . Pouco depois, os muraneses morreram e o médico da pessoal de Fernando de Médici definiu a causa da morte: " ar de Pisa, que no calor da estação é muito ruim e perigoso ". Na realidade (como atesta um documento histórico encontrado recentemente), foram vitimados pelo veneno do assassino Bastian de 'Daniel , encomendado pelos Inquisidores do Estado para enviar um sinal inequívoco aos refugiados. Os que sobreviveram, entenderam o recado e voltaram a trabalhar em Murano. A indústria do vidro era tão estratégica e lucrativa que, de 1664 a 1667 , tornou-se o gatilho da ' Guerra dos Espelhos ' entre Veneza e França. Luís XIV, o rei do sol , confiara ao ministro Colbert a tarefa de equipar o reino com a manufatura necessária para a realização do luxo suntuoso que ele desejava para sua corte. Os óculos e os espelhos de Murano foram universalmente reconhecidos por sua excelência insuperável. Colbert convenceu alguns mestres qualificados de Murano a se mudarem para a França com seus negócios. Além do ganancioso prêmio em dinheiro, o ministro astuto também favoreceu a emigração das esposas dos trabalhadores, conseguindo evitar a vigilância rigorosa a que foram submetidas após a fuga dos maridos. Para " chegar à raiz " do acordo, os inquisidores ordenaram que o embaixador Marco Antonio Giustinian matassem o mestre fabricante de vidro Antonio della Rivetta , considerado o líder do grupo. Os movimentos venezianos para conter o problema também divulgaram notícias falsas sobre a má qualidade do vidro produzido na França e espalharam o terror com ameaças e envenenamentos . Eventualmente, uma quantidade adequada de dinheiro conseguiu convencer os artífices de Murano a se repatriarem. A indústria francesa entretanto já estava em andamento e a ' Guerra dos Espelhos ' terminou com a vantagem da França que conseguiu obter os segredos para produção. Graças a esse drama de espionagem industrial podemos hoje admirar a galeria dos espelhos no Palácio de Versalhes, o orgulho do REI SOL.
  • FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA  PRINCESA ISABEL E CONDE DEU. IMPORTANTE TESTEMUNHO DO ENLACE MATRIMONIAL DE DOM LUIZ DE ORLEANS E BRAGANÇA (PETRÓPOLIS, 26 DE JANEIRO DE 1878  CANNES, 26 DE MARÇO DE 1920), O PRINCIPE PERFEITO, PRETENDENTE AO TRONO BRASILEIRO EM LINHA DIRETA COM SUA MÃE A PRINCESA ISABEL. LUXUOSA PASTA EM COURO VERDE, COR DA FAMÍLIA BRAGANÇA, COM GUARNIÇÃO EM PRATA COM VERMEIL CONTENDO MOLDURA DECORADA COM LAURÉIS E RESERVA  COM BRASÃO DA PRINCESA ISABEL E DO CONDE DEU ENTRE RAMOS DE CAFÉ E FUMO SOB COROA IMPERIAL. NA CONTRA CAPA A INSCRIÇÃO: AS PESSOAS, CUJAS ASSIGNATURAS SE SEGUEM EM FRENTE, TEM A HONRA DE OFFERECER A LEMBRANÇA QUE A ESTE ACOMPANHA, A SUA ALTEZA IMPERIAL O SENHOR DOM LUIZ DE ORLEANS E BRAGANÇA EM SIGNAL DE SATISFACÇÃO COM QUE SAÚDAMSEU AUSPICIOSO ENLACE MATRIMONIAL COM SUA ALTEZA REAL A SENHORA DONA MARIA PIA DE BOURBON-SICILIAS 4 DE NOVEMBRO DE 1908.  SEGUEM-SE ENTÃO AS ASSINATURAS DOS MEMBROS DA MAIS ALTA NOBREZA BRASILEIRA E DE PERSONALIDADES COMO ALBERTO SANTOS DUMONT (AMIGO PESSOAL DA PRINCESA ISABEL E CONDE DEU). ASSINAM O DOCUMENTO: CONDE E CONDESSA DE ARAGUAYA, CONDE E CONDESSA DE NIOAC, CONDESSA MONTEIRO DE BARROS, BRAZ MONTEIRO DE BARROS E SENHORA, BARÃO E BARONEZA DE VISÃO, ARAÚJO OLINDA E SENHORA, MARIA JÚLIA DE ANDRADE MARQUES DE SÁ, BARONESA DE ITAJUBÁ, EUFRÁSIA TEIXEIRA LEITE (A FORMIDÁVEL BRASILEIRA EMPREEDEDORA QUE ERA NETA DO BARÃO DE ITAMBÉ), BARONESA DE MATTOS VIEIRA, VISCONDESSA DE SANTA VICTORIA, BARONESA DO RIO NEGRO, FRANCISCO DO RIO NEGRO, BARÃO DE ALBUQUERQUE, ALBERTO SANTOS DUMONT (O AVIADOR), ALZIRA DE SANTA VICTORIA, CONDESSA DE MOTTA MAIA, CONDESSA MONTEIRO DE BARROS, MARQUES DE BARRAL MONTSERRAT (FILHO DA CONDESSA DE BARRAL A PAIXÃO PLATONICA DE DOM PEDRO II), VISCONDESSA DE SISTELLO, CONDESSA DE ALTO-MEARIM, BARÃO DE SÃO JOAQUIM, AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO E SENHORA, MONSENHOR FERGO OCONNOR DE CAMARGO DAUNTRE, VISCONDESSA DE CAVALCANTI, BARONESA DE MURITIBA, BARÃO DE MURITIBA. AINDA MUITOS OUTROS ASSINARAM E NÃO FORAM AQUI POR NÓS CITADOS. O DOCUMENTO ESTÁ EM FORMIDÁVEL ESTADO DE CONSERVAÇÃO ASSIM COMO A PRÓPRIA PASTA QUE O CONTÉM. 28 X 20 CM.NOTA: Luís de Orléans e Bragança era detentor da alcunha "o Príncipe Perfeito", foi o segundo filho da princesa Isabel do Brasil e do príncipe consorte Gastão de Orléans, Conde d'Eu, e neto do último imperador do Brasil, Pedro II. Príncipe do Brasil até novembro de 1889, tornou-se pretendente ao extinto trono imperial brasileiro em 30 de outubro de 1908, quando o seu irmão, Pedro de Alcântara, renunciou a seus direitos dinásticos. É o patriarca do chamado ramo de Vassouras da família imperial brasileira. Batizado Luís Maria Filipe Pedro de Alcântara Gastão Miguel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, desde pequeno revelou possuir uma personalidade forte e determinada, como quando, em viagem à Europa com sua família no dia 23 de fevereiro de 1887, em que ocorreu um terremoto logo no amanhecer e enquanto seu irmão mais velho Pedro ficara nervoso e chorava, Luís simplesmente ficou impassível, como se a situação pouco o afetasse.1 As discrepâncias entre ele e o irmão mais velho eram notórias, como seu pai descreveu em uma carta datada de fevereiro de 1889 onde revelou Pedro como "tão incapaz e descuidado nisso (jogar bilhar com dom Pedro II) quanto em tudo o mais".1 Enquanto Pedro era gentil e simpático, não gostava de estudar e se revelava normalmente desajeitado, Luís tinha força de vontade, era muito altivo e perspicaz.1 Gaston, o conde d´Eu, afirmou em uma carta em 1890 que o "Bebê Pedro sempre se destaca pela indolência e a inépcia, ao passo que "Luís faz exatamente o mesmo trabalho escolar sozinho, com um prestígio e uma capacidade admiráveis". O príncipe muito cedo revelou interesse pelas letras que, ao se tornar adulto, faria-o dedicar-se a escrever diversas obras que mais tarde publicou relatando suas experiências de viagens: Dans les Alpes, Tour d´Afrique, Onde quatro impérios se encontram, Sob o Cruzeiro do Sul. Luís, de "natureza irrequieta, a necessidade e ação que, nos anos juvenis, o impelia a esportes impulsionou-o, na maturidade, à ação política".5 Não sendo a toa que no auge da campanha abolicionista, ele e seus irmãos publicavam um jornal abolicionista no palácio de Petrópolis. Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, a princesa Isabel preferiu enviar os filhos para Petrópolis, onde mais tarde Luís recordou que "encerrados no palácio, deixaram-nos durante dois longos dias na mais completa ignorância do que se passava lá fora", até que foram entregues de volta aos seus pais e partiram para o exílio forçado.1 Como não puderam levar nada, a não ser alguns objetos pessoais de mão, a família imperial se viu numa situação financeira muito complicada, que piorou com a recusa de dom Pedro II de cinco mil contos de ajuda de custo oferecidos pelos golpistas. Tiveram que se contentar com a ajuda de amigos e até mesmo do pai de Gaston, conde d´Eu.  Resolveram fixar-se nos arredores de Versalhes em 1890, quando Pedro tinha quinze anos, Luís treze e o irmão mais novo, Antônio, apelidado de "Totó", nove. Apesar dos mais variados esforços dos monarquistas no Brasil para ressuscitarem a monarquia, após a morte de dom Pedro II em 1891, nenhum membro da família imperial colaborou com nenhum tipo de ajuda, nem mesmo com palavras de apoio explícito. Pedro, irmão mais velho de Luís e herdeiro da princesa Isabel do Brasil e, portanto, do extinto trono imperial do Brasil, tornou-se maior de idade em 1893, mas não possuía capacidade e muito menos desejo para assumir a causa. No mesmo ano Pedro partiu para Viena, capital do então Império Austro-Húngaro para estudar na escola Militar de Wiener Neustadt, pois segundo sua própria mãe, "é preciso que faça alguma coisa e a carreira militar nos parece a única que ele deve seguir". Luís e seu irmão mais novo, Antonio, logo o seguiram para a mesma escola militar. Em 1896 Pedro conheceu uma moça chamada Elizabeth de Dobrzenicz e logo se apaixonaram, tendo o casal combinado bastante em termos de temperamento e caráter. Enquanto isso, Luís Maria Filipe Pedro de Alcântara Gastão Miguel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, "era um ativista; ambicioso e voluntarioso, encarava o mundo como algo a ser conquistado. Praticante de alpinismo, escalou o Mont Blanc em 1896. A uma visita ao sul da África, seguiu-se uma longa e ousada excursão à Ásia Central e à Índia. Sobre essas três experiências ele escreveu e publicou". Não sendo a toa que era justamente Luís, que dona Isabel e o conde d´Eu viam a única pessoa entre os membros de sua família capaz de manter a causa monárquica no Brasil. Após retornar de suas aventuras em 1907, Luís planejou um projeto ambicioso que seria desafiar o decreto de banimento da família imperial, viajando para o Rio de Janeiro.1 Sua súbita chegada criou um rebuliço na antiga capital imperial, tendo sido amplamente "noticiado nos jornais, o episódio alcançou grande repercussão nos meios políticos, colocando a família imperial no centro das atenções e muitos monarquistas e curiosos vieram recebê-lo".5 No entanto, Luís foi impedido de desembarcar e não foi permitido pisar em sua terra natal pelo governo republicano. Inclusive enviou um telegrama a sua mãe dizendo: "Impedido de desembarcar pelo governo, saúdo da baía da Guanabara, na véspera do 13 de Maio, a redentora dos cativos." Algum tempo depois, relatou as experiências dessa viagem em Sob o Cruzeiro do Sul, publicado em 1913. Em 1908, Luís ficou noivo de uma prima, Maria Pia de Bourbon, sobrinha-neta de sua avó materna, Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, enquanto o seu irmão mais velho, Pedro, herdeiro da princesa Isabel, desejava casar-se com Elizabeth de Dobrzenicz. Tal casamento não seria permitido pela então chefe da casa imperial, a princesa Isabel, pois Elizabeth, ou "Elsi", como era chamada, embora nobre não fazia parte de nenhuma família reinante da Europa, mesmo que alguma deposta.1 A princesa Isabel, como mãe, não desejava o sofrimento do filho, e concordou com o casamento de Pedro contanto que ele renunciasse ao seu direito ao trono. Pedro, que não possuía interesse em tornar-se imperador, assinou a renúncia no dia 30 de outubro de 1908. Pedro renunciou solenemente, assinando um documento reconhecido por sua mãe. O casamento de Luís com Maria Pia foi celebrado em 4 de novembro, e o do Pedro com Elizabete, dez dias depois. Do matrimônio de Luís com Maria Pia nasceram três filhos: dom Pedro Henrique (1909-1981), que se tornou o sucessor direto da princesa Isabel e Chefe da Casa Imperial após o falecimento desta em 1921; Luís Gastão (1911-1931) e Pia Maria (1913-2000). A princesa Isabel não tardou a manifestar sua opinião quanto aos netos, escrevendo em 1914 uma carta dizendo: "envio-lhe uma fotografia minha com meus netos do Luís. Pedro Henrique cada vez se desenvolve mais e é criança inteligentíssima. Os avós têm um amor especial pelos queridos netinhos". Com a renúncia do irmão, Luís pôde finalmente colaborar efetivamente com o movimento monarquista brasileiro, assumindo claramente sua posição como herdeiro do trono (após sua mãe) e buscando assumir a liderança da campanha restauradora. Seu esforço para reverter todo o mal causado pela inércia da família imperial quanto à causa monárquica foi de grande valia, e em 1909 apresentou um manifesto político aos monarquistas brasileiros que tinha por objetivo retomar a campanha que estava estagnada há alguns anos. Seu intentou logrou sucesso, pois conseguiu reunir correligionários em diversos estados do Brasil. Algumas das cartas do príncipe revelam seus planos de restauração, como a escrita para Martim Francisco de Andrada III.  "quanto me custa ficar aqui, de braços cruzados, quando penso que um punhado de homens decididos bastaria para arrancar a Pátria das garras dos aventureiros que a exploram." "Ainda não sei qual será a sua atitude na questão das candidaturas. Quanto a mim, julgo ambos os candidatos 'indesejados'; mas a ter de optar, optaria pelo Rui Barbosa, cujos partidários representam o elemento mais são e de maior prestígio no país. Parece-me mesmo que poderíamos aproveitar o momento para um acordo com os próceres desse grupo, a fim de conseguirmos um esforço comum pela restauração, logo após as eleições presidenciais. Que lhe parece?" O príncipe atuou de 1907 até 1920, e defendia o federalismo, o serviço militar obrigatório e uma melhoria na qualidade de vida dos operários. No primeiro caso, era a favor de uma maior descentralização e liberdade política e econômica para os estados brasileiros. No segundo, refutava o antigo costume de alistamento das forças armadas baseado em indivíduos provenientes das camadas sociais marginalizadas em favor de uma força militar verdadeiramente profissional formada por elementos de toda a sociedade. O terceiro e mais importante caso era a pregação de uma monarquia amparada numa legislação social que possibilitasse melhores condições de vida para os operários brasileiros.11 Em carta expôs seus pensamentos: Quanto a nós, monarquistas, devemos convencer o operário da verdade de que, no caso de uma restauração, a sua situação só poderia melhorar."Luís defendia ideias muito a frente de seu tempo e a necessidade de garantir condições dignas de subsistência para os trabalhadores brasileiros seria observada somente trinta anos depois na ditadura de Getúlio Vargas. No início do século XX, tanto o governo quanto os políticos brasileiros sequer admitiam a possibilidade de existência de direitos básicos como férias, greve, horas máximas semanais de trabalho, entre outros. A visão progressista de Luís o fazia ser acusado de "radical" e "socialista" quando na realidade seu intento era justamente impedir a adesão do operariado ao socialismo, comunismo ou mesmo ao anarquismo. Em agosto de 1914 se iniciou a Primeira Guerra Mundial, que na época foi conhecida como "A Grande Guerra". A invasão da França pela Alemanha "ofereceu uma válvula de escape tanto para o idealismo como para o ativismo de Luís, que segundo suas próprias palavras, era um 'soldado no fundo do coração'. Ele e o irmão Antônio precipitaram-se a defender a pátria dos ancestrais". Como a lei os proibia de servir nas forças da nação, por serem membros da família real francesa, ambos se alistaram como oficiais do exército inglês.1Em 1915, combatendo nas trincheiras de Flandres e servindo como oficial de ligação, Luís contraiu um tipo agressivo de reumatismo ósseo que o deixou debilitado e incapaz de andar.1 Foi retirado em estado grave das trincheiras e levado para segurança, a fim de poder recuperar-se da moléstia. Em consequência de suas ações no conflito e por sua bravura, Luís recebeu diversas condecorações: Medalha Militar do Yser, pelo rei Alberto I da Bélgica; Legião de Honra, no grau de cavaleiro, e a Cruz de Guerra, pelo governo francês; a British War Medal, a Victory Medal e Star pelo Reino Unido da Grã-Bretanha. A grave doença contraída nas trincheiras resistiu a todas as formas de tratamento e sua saúde foi piorando cada vez mais, até que a morte o levasse em 26 março de 1920. Em 1918 foi publicado o Arquivo Nobiliárquico Brasileiro, obra pioneira que trata da nobiliarquia brasileira. Seus autores, os luso-brasileiros Rodolfo Smith de Vasconcelos, segundo barão de Vasconcelos, e seu filho, Jaime Smith de Vasconcelos, terceiro barão de Vasconcelos, dedicaram a obra a sua alteza imperial o Senhor Dom Luiz de Orléans Bragança. ríncipe desconhecido pelos brasileiros atualmente, tendo sido um exemplo de cavalheirismo e seu amor por sua terra natal foi demonstrado em todos os momentos possíveis, ainda mais depois que assumiu a posição de herdeiro da mãe em 1908, envolvendo-se publicamente na campanha de restauração do trono no Brasil e tomando parte ativa nos movimentos monarquistas até a Primeira Guerra Mundial. Suas ideias inovadoras, como a inclusão da questão social com maiores direitos à classe operária e melhor qualidade de vida para os brasileiros na agenda política, numa época em que era considerada "caso de polícia" pelos governantes da República Velha, lhe renderam o epíteto de "príncipe perfeito"3 ou mais precisamente como rei Alberto II dos Belgas falou a seu respeito: "homem como poucos, Príncipe como nenhum

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