Peças para o próximo leilão

215 Itens encontrados

Página:

  • GUSTAV EILERS (1834-1911) O REI DE ROMA (NAPOLEÃO II)L  FILHO DE NAPOLEÃO BONAPARTE . BELISSIMA PINTURA APRESENTANDO RETRATO DO REI DE ROMA PINTADO EM ESMALTES SOBRE PORCELANA. EXCEPCIONAL PINTURA COM LINDA MOLDURA EM BRONZE. ASSINADA POR EILERS. ALEMANHA, SEC. XIX. 11 CM DE ALTURA   NOTA: Imperador dos franceses por pouco mais de 10 anos, Napoleão Bonaparte torcia para que sua segunda esposa, Maria Louise da Áustria, desse à luz um herdeiro para o trono. Ele pedia por um filho inteligente e destemido, que pudesse seguir seus passos.Em 20 de março de 1811, então, nasceu o pequeno Napoleão François Joseph Charles Bonaparte. Dono de finos cabelos loiros, o menino foi batizado na imponente Notre Dame de Paris e, desde então, foi considerado o príncipe imperial.Sob os cuidados de Louise Charlotte Françoise Le Tellier de Montesquiou, a governanta dos filhos da França, o menino recebeu uma educação filosófica, militar e bastante religiosa. Nenhum livro, no entanto, foi capaz de prepará-lo para o que viria a seguir.Aos três anos de idade, o pequeno príncipe sequer imaginava que o Império Francês estava entrando em colapso, em meados de 1814. Ele viu seu pai pela última vez em janeiro daquele ano, quando Napoleão partiu para seu exílio em Elba.Três meses mais tarde, o imperador dos franceses abdicou do trono em favor de seu filho. Assim, François tornou-se regente em tenra idade e recebeu o título de Napoleão II  conquista que durou apenas dois dias, já que Napoleão também abriu mão dos direitos de seus descendentes ao trono francês.Isolados da elite e sem rumo, Maria Louise e seu filho foram mandados para um exílio na Áustria, deixando a França para sempre, em abril de 1814. No ano seguinte, Napoleão chegou a abdicar pela segunda vez em nome de seu herdeiro que, aos quatro anos, nunca chegou a governar. Uma vez instalado na Áustria, Napoleão II passou a ser tratado como Franz por seus amigos e empregados. Aos 8 anos, o menino já era apaixonado pelas artes militares e, vestindo uniformes parecidos com o de seu pai, orquestrava manobras no palácio. Em meados de 1820, o herdeiro concluiu seus estudos e passou a receber treinamento militar de verdade. Assim, aprendeu alemão, italiano e matemática, além de uma rotina rígida de exercícios para treinar seu físico.Com apenas 12 anos, Napoleão II iniciou sua carreira no exército austríaco, atuando como cadete, em 1823. Apesar de focado, inteligente e temido pelos exércitos europeus, entretanto, o menino nunca teve qualquer papel político de importância.Após a morte de Napoleão, em 1821, Maria Louise casou-se novamente, agora com Adam Albert von Neipperg, que também faleceu enquanto Franz era criança. De luto e bastante decepcionado com sua mãe, que teria gerado dois filhos ilegítimos, o jovem Napoleão II distanciou-se da mulher. Minha mãe é gentil, mas fraca, disse à época.Em meados de 1831, Franz finalmente foi convidado para servir em um batalhão austríaco, mas nunca teve a chance de servir. Isso porque, no ano seguinte, foi acometido por uma pneumonia e, enfermo, ficou de cama por meses.Em julho de 1832, já bastante debilitado, o herdeiro de Napoleão Bonaparte faleceu, vítima de tuberculose. Franz tinha apenas 21 anos quando deu seu último suspiro, no Palácio de Schönbrunn, em Viena.Durante a juventude, Napoleão II mantinha uma amizade bastante íntima com Sophie, princesa bávara da Casa de Wittelsbach. Na época, rumores afirmavam um caso de amor adúltero entre os dois herdeiros.Tais boatos, inclusive, determinam que Franz chegou a ter um filho com Sophie, que era casada com outro homem. Segundo a teoria, Maximiliano I do México, nascido em 1832, foi o fruto do relacionamento infiel. No entanto, eram apenas rumores, nada nunca foi comprovado.Sem quaisquer filhos legítimos de Napoleão II, no entanto, o trono francês foi reivindicado pelo primo de Franz, Louis-Napoleon. Herdeiro de Louis I, rei da Holanda, o novo regente assumiu o nome de Napoleão III, em homenagem aos familiares falecidos.
  • IMPÉRIO NAPOLEÃO BONAPARTE  PASSAPORTE DE PAR LEMREIUR ET ROI (DA PARTE DO IMPERADOR E REI. CONCEDIDO EM 1810 COM ESTANDARTE DE NAPOLEÃO BONAPARTE. EMITIDO EM NOME DE LOUISE MICHEL BRUNET CONSTA AINDA NO DOCUMENTO O NOME DE SEU MARIDO. VÁRIOS CARIMBOS ALFANDEGÁRIOS.  FRANÇA NAPOLEONICA, 1813.
  • BRASIL COLÔNIA  CAPITÃO MÓR PEDRO TAQUES DE ALMEIDA (1640-1724 CAVALEIRO FIDALGO DA CASA REAL, CAPITÃO-MOR GOVERNADOR, FILHO DE LOURENÇO CASTANHO TAQUES, O VELHO E DE MARIA DE LARA. CASADO COM ANGELA SIQUEIRA  MORADOR DA VILA DE SÃO PAULO. PETIÇÃO DE 16/03/1703 EM QUE O CAPITÃO SOLICITA AO CARDEAL ARCEBISPO DO RIO DE JANEIRO  D. FRANCISCO DE SÃO JERÔNIMO DE ANDRADE (1638-1721) POR MOTIVO DE DISCÓRDIA  COM O VIGÁRIO E SACERDOTE DA VILA  BENTO CURVELO MACIEL, DISPENSA DA QUARESMA E LICENÇA DE FAZER BATIZAR E CASAR OS DE SUA FAMÍLIA COM OUTRO SACERDOTE QUE NÃO O VIGÃRIO MACIEL. O CARDEAL ARCEBISPO CONCEDEU DESPACHO FAVORÁVEL AO CAPITÃO MÓR PEDRO TAQUES.  OS ANAIS DE CORRESPONDÊNCIA OFICIAL INDICAM QUE A QUESTÃO ENTRE O VIGÁRIO E O CAPITÃO-MÓR NÃO SE LIMITOU A SIMPLES ESFREGA PAROQUIAL POUCOS ANOS DEPOIS DA  CARTA ENDEREÇADA AO CARDEAL ARCEBISPO A OFERNSIVA DE PEDRO TAQUES CONTRA O VIGÃRIO BENTO CURVELO MACIEL. SE DEU POR UMA  CORRESPONDENCIA ENVIADA AO CONSELHO ULTRAMARINO EM LISBOA EM 15 DE JULHO DE 1706 ACUSANDO O VIGÁRIO DE CONTENDER COM OS MISSIONÁRIOS QUE RESIDIAM NAS ALDEIAS DO TERMO DAQUELA VILLA.. BRASIL, SEC. XVIII, 31 CM DE ALTURA. NOTA: Sobre o VIGÁRIO BENTO CURVELO MACIEL outra ruidosa notícia levantamos: Aos seis dias do mês de fevereiro de 1708, o licenciado Francisco da Costa Maciel entrou com uma petição junto à Câmara Eclesiástica do bispado do Rio de Janeiro, solicitando que se lhe fizessem as investigações quanto às suas origens com o objetivo de receber todas as ordens sacras. O mesmo apresentou um breve apostólico que lhe dispensava para os defeitos da ilegitimidade e da cor.  O habilitando declarou ser filho natural do licenciado Bento Curvelo Maciel, sacerdote e vigário colado da matriz da vila de São Paulo que o tivera no estado secular com uma preta chamada Madalena da Conceição, que fora escrava e encontrava-se liberta. Pelo lado paterno Francisco era neto do capitão Antônio Curvelo Escudeiro e de dona Joana do Souto, pelo lado materno os avós foram identificados como pretos de Angola.
  • THEODORE GODEFROY (1580-1649)  HISTORIÓGRAFO DA FRANÇA, CONSELHEIRO DE ESTADO SOB O REINADO DE LOUIS XIII (1610-1643). MANUSCRITO ÚNICO DE THEODORE GODEFROY ENTITULADO: LA GALERIE CURIEUSE CONTENANT LABREGE DE LHISTORIRE ET LA VIE DES ROIS ET REINES DE PORTUGAL ENSEMBLE LEURS PORTRAITS DE LORIGINE DES ROIS DE PORTUGAL ISSUS EM LIGNE MASCULINE DE MAISON DE FRANCE (A CURIOSA GALERIA CONTENDO O RESUMO DA HISTÓRIA E DA VIDA DOS REIS E RAINHAS DE PORTUGAL JUNTOS OS SEUS RETRATOS DA ORIGEM DOS REIS DE PORTUGAL DA LINHA MASCULINA DA CASA DA FRANÇA). COM GRAVURAS A BURIL COM OS RETRATOS DOS REIS E RAINHAS GRAVADAS POR MELCHIOR TAVERNIER (1564-1641) EM 1630. A BIOGRAFIA INICIA COM DOM HENRIQUE CONDE DA BORGONHA, FILHO DO REI DOS FRANCOS ROBERTO II DE SUA ESPOSA DONA THEREZA, INFANTA DE LEÃO A QUEM COUBE COMO DOTE O CONDADO DE PORTUCALE. ESTES FORAM PAIS DO PRIMEIRO REI DE PORTUGAL DOM AFONSO HENRIQUES (1106-1185)  CASADO COM A RAINHA DONA MAFALDA DE SABOYA (1125-1157) CHEGANDO A DOM HENRIQUE I  (1578 -1580)  E DOM ANTONIO PRIOR DE CRATO 1531-1595). ESSE ESTUDO GENEALÓGICO É UMA POLÍTICA DE ESTADO, A CRISE DINÁSTICA PORTUGUESA CAUSADA PELO DESAPARECIMENTO  DE DOM SEBASTIÃO I DURANTE A  BATALHA  DE ALCÁCER-QUIBIR, NO MARROCO EM 1578 DEIXAR DESCENDENTES. DOS MUITOS PRETENDENTES AO TRONO EM DECORRENCIA DESSA CRISE DINÁSTICA A DINASTIA FILIPINA DA ESPANHA PREVALESCEU. CLARO QUE QUALQUER REINO EUROPEU SE ENCANTARIA EM ASSUMIR O TRONO DE PORTUGAL QUE POSSUIA UM VASTO IMPÉRIO ULTRAMARINO NA ÁFRICA, ORIENTE E NA AMÉRICA. A FRANÇA, ATRAVÉS DE CATARINA DE MÉDICE, RAINHA MÃE, ALEGOU PRETENSÃO AO TRONO PORTUGUÊS REMONTANDO AO SÉCULO XIII, POR ALTURA DO CASAMENTO DE D. AFONSO III COM MATILDE DE BOLONHA DE QUEM ELA SE CONSIDERAVA LEGÍTIMA DESCENDENTE. ESSE PRECIOSO MANUSCRITO É UMA ENCOMENDA GENEALÓGICA PARA NESSE PERÍODO AGITADO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL BUSCAR ARGUMENTOS PARA REIVINDICAÇÃO FRANCESA. FRANÇA, , PRIMEIRA METADE DO SEC. XVII.
  • HARTMANN SCHEDEL (NUREMBERG 1440  1514)   PORTUGALIA -  MANUSCRITO DE HARTMAN SCHEDEL ENTILULADO PORTUGALIA ASSINADO POR HARTMANN SCHEDEL, MÉDICO, HUMANISTA, HISTORIADOR E UM DOS PRIMEIROS CATÓGRAFOS A FAZER USO DA IMPRESSÃO DE GUTENBERG. SCHEDEL FICOU CONHECIDO POR TER REDIGIDO O TEXTO DA CRÓNICA DE NUREMBERGA, TAMBÉM CONHECIDA COMO SCHEDELSCHE WELTCHRONIC (A CRÓNICA DO MUNDO DE SCHEDEL), PUBLICADA EM LATIM E EM ALEMÃO NA CIDADE DE NUREMBERGA NO MESMO ANO DE 1493. A OBRA APRESENTA MAPAS E ILUSTRAÇÕES DE CIDADES E PAÍSES, CONSTITUINDO, EM ALGUNS CASOS, A MAIS ANTIGA DOCUMENTAÇÃO DO GÉNERO SOBRE TAIS LOCAIS. NESSE PRECISO MANUSCRITO Hartmann Schedel APRESENTA AS IMPRESSÕES SOBRE SEUS ESCRITOS RELATIVOS A PORTUGALIA PUBLICADOS NA CRONICA DE NUREMBERG DE 1493. SEC. XV (41 CM DE ALTURA, VIDE NOS CREDITOS EXTRAS DESSE LOTE IMAGEM DE HARTMANN CHEDEL. )NOTA: Hartmann Schedel (Nuremberga, 13 de fevereiro de 1440  Nuremberga, 28 de novembro de 1514) foi um médico, humanista, historiador e um dos primeiros cartógrafos a fazer uso da impressão, desenvolvida por Johannes Gutenberg.1 Teve como tutor o humanista Matheolus Perusinus. Schedel ficou conhecido por ter redigido o texto da Crónica de Nuremberga, também conhecida como Schedelsche Weltchronic (a Crónica do Mundo de Schedel), publicada em latim e em alemão na cidade de Nuremberga no mesmo ano de 1493. A obra apresenta mapas e ilustrações de cidades e países, constituindo, em alguns casos, a mais antiga documentação do género sobre tais locais. Com a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, em 1447, tornou-se possível imprimir livros e mapas para uma base mais alargada de leitores, já que por serem manuscritos e desenhados à mão, tais obras eram raras e muito dispendiosas. Schedel foi também um coleccionador notável de livros, arte e estampas dos mestres clássicos da gravura. Um álbum que Schedel encadernou em 1504 continha cinco gravuras da autoria de Jacopo de' Barbari, fornecendo uma importante evidência para a datação dos trabalhos de' Barbari. Hartmann Schedel nasceu em Nuremberga no ano de 1440, filho do rico empresário Hartmann Schedel e de sua esposa Anna Grabner. Sua mãe morreu 1445 e o seu pai em 1451, pelo que ficou órfão com apenas 11 de idade. Tinha dois irmãos, Georg Schedel, que continuou a tradição paterna e foi mercador, e Johannes Schedel, que ingressou num mosteiro dominicano.Coube a Herrmann Schedel, um primo 30 anos mais velho, assumir a educação de Hartmann Schedel. Herrmann Schedel era médico, com consultório inicialmente em Nuremberga, mas que durante alguns anos fora o médico pessoal de Frederico II de Brandeburgo. Por razões climáticas, voltou para o sul da Alemanha fixando-se, mais tarde, na sua cidade natal de Nuremberga. Foi Herrmann Schedel quem conduziu Hartmann Schedel para a profissão médica e o introduziu ao humanismo e ao amor pelos livros.Com 16 anos de idade, em 1456, Hartmann Schedel matriculou-se na Universidade de Leipzig, onde completou um mestrado em artes liberais e assistiu a palestras de direito e direito canónico. Em 1461 aderiu ao círculo de intelectuais e estudantes liderado pelo humanista Peter Luder, mudando-se em 1463 para Pádua. Na Universidade de Pádua, estudou Medicina, Anatomia e Cirurgia, concluindo a sua formatura em Medicina no ano de 1466. Paralelamente ao estudo da Medicina, frequentou palestras sobre Física e grego clássico, sendo um dos primeiros alemães a ter acesso à língua grega e aos escritos da Grécia Antiga. Neste período, teve como tutor o humanista Matheolus Perusinus.Em 1466 retornou a Nuremberga, mas passou grande parte dos anos seguintes viajando e a coleccionar e copiar livros. Nos anos de 1470 a 1477, estabeleceu-se como médico municipal da cidade de Nördlingen e entrou para a irmandade cartuxa do Mosteiro de Christgarten (a Kartäuser im Christgarten). Em 1475 casou com Anna Heugel, de Nuremberga (1485).A sua carreira médica levou a fixar-se em Amberg, mas em 1482 regressou a Nuremberga, onde se casou em 1487 com Magdalena Haller (1505), sua segunda esposa. Dos 12 filhos que teve nos dois casamentos, seis morreram em tenra idade.Hartmann Schedel pertencia ao grupo dos cidadãos ricos de Nuremberga, sendo proprietário de vários imóveis, foros e renda. Também herdou a casa de seu primo Hermann Schedel, na Burgstrae (rua do Castelo), via na qual viveram Albrecht Dürer e as famílias patrícias dos Scheurl von Defersdorf e dos Haller von Hallerstein. Foi incluído no registo das 92 famílias mais ricas e honoráveis da cidade e em 1482 foi nomeado membro do Grande Conselho (Gröeren Rates), uma assembleia composta por representantes da classe patrícia, bem como dos comerciantes, intelectuais e artesãos. Não fez parte do Conselho Privado (o Innere Rat) pois a sua segunda esposa, apesar de pertencer pelo lado materno à família patrícia dos Ebner von Eschenbach, descendia pelo lado paterno da linha dos Haller de Bamberg que embora se tivessem mudado para Nuremberga não pertenciam ao patriciato local.Na fase final da sua vida Hartmann Schedel era um dos cidadãos mais respeitados da cidade de Nuremberga e mantinha uma florescente prática médica. Com os seus colegas médicos, formou um influente círculo médico e humanista, com objectivos intelectuais ambiciosos. A sua reputação foi estabelecida, não apenas pela sua profissão e sua posição social, mas também pela reputação que granjeou com a publicação da sua obra-prima literária, a Crónica de Nuremberga.A Crónica do Mundo de Schedel, hoje considerada um dos mais importantes monumentos da arte tipográfica alemã e europeia, apareceu pela primeira vez em livro no ano de 1493, em Nuremberga, numa versão em alemão e outra em latim.A obra segue a tradição das crónicas medievais, apresentando a história do Mundo dividida em "idades" ou "eras":1.ª Era do Mundo  desde a Criação ao Dilúvio;2.ª Era do Mundo  até ao nascimento de Abraão;3.ª Era do Mundo  até ao reinado do rei David;4.ª Era do Mundo  até ao Exílio na Babilónia;5.ª Era do Mundo  até ao Nascimento de Cristo;6.ª Era do Mundo  do Nascimento de Cristo ao presente (esta era do mundo é a mais completa da Crónica);7.ª Era do Mundo  antevisão do Apocalipse e do Juízo Final.A tiragem da primeira edição é desconhecida, mas a edição em latim, que foi distribuído por toda a Europa, terá tido uma tiragem muito maior do que a versão alemão.A edição em latim compreende 656 páginas e a alemã 596 páginas. Ambas as versões foram impressas por Anton Koberger, na sua oficina tipográfica de Nuremberga.A obra contém 1809 ilustrações em xilogravura executadas na oficina de Michael Wolgemut, que se repetem em parte. Esta abundância de gravuras torna a Crónica no livro mais amplamente ilustrado que se conhece do século XV. Entre as ilustrações estão 29 panoramas de cidade impressos em duplas páginas e dois mapas também em dupla página: um mapa do mundo e um mapa da Europa. Michael Wolgemut, com o seu enteado William Pleydenwurff, iniciou em 1487 o trabalho de concepção das xilogravuras. É provável que também o jovem Albrecht Dürer tenha contribuído para o trabalho, pois por volta de 1490 Dürer foi aprendiz na oficina de Wolgemut.A edição da Crónica, que terá envolvido enormes custos, não foi um sucesso comercial, pois em 1509 ainda existiam 571 exemplares por vender. Quase nada se sabe em relação aos preços de venda da primeira edição da Crónica, mas uma cópia vendido em Londres no ano de 1495 custou 66 xelins e 8 pence.Em Abril de 2011, foi descoberta uma cópia da Crónica armazenada num sótão no Utah (USA), que proprietário tinha herdado do seu tio-avô. No entanto, o livro está em mau estado, faltando muitas páginas, tendo os eu valor sido estimado em cerca de  35 000.2 Em 2010, um espécime bem preservado foi vendido num leilão em Londres por  570 000. Num um leilão em Munique uma cópia ligeiramente danificado obteve um preço de 105 000 euros. A cópia manuscrita de Hartmann Schedel está guardada na Biblioteca Estadual da Baviera e pode ser vista numa versão digitalizada disponível na Internet.
  • PHILLIPPE I REI DA ESPANHA E PORTUGAL  LINDO E HISTÓRICO PERGAMINHO MANUSCRITO E ASSINADO PELO REI  PHILLIPPE I  EM 1594 CONCEDENDO AO DUQUE DA AVEIRO DOM ÁLVARO DE LENCASTRO E SUA ESPOSA A DUQUESA DONA JULIANA DE LENCASTRO A CONFIRMAÇÃO DA ALCAIDERIA MOR DA CIDADE DE COIMBRA COM TODOS OS DIREITOS SOBRE A DITA CIDADE. EXCERTOS DO TEXTO: DOM PHILIPPE PER GRAÇA DE DEOS REI DE PORTUGAL E DOS ALGARVESDAQUEM E DALEM MAR SENHOR DE GUINÉ E DA CONQUIESTA NAVEGAÇÃO DE ETHIOPIA, ARÁBIA, PÉRSIA E DA ÍNDIA ETC... FAÇO SABER AOS QUE ESTA MINHA CARTA DE CONFIRMAÇÃO VIREM QUE POR PARTE DE DOM ALVARO DE LENCASTRO DUQUE DE AVEIRO MEU MUITO AMADO E PREZADO SOBRINHO E DA DUQUESA DONA JULIANA DE LENCASTRO SUA MULHER MINHA MUITO AMADA E PREZADA SOBRINHA ME FOI APRESENTADA UMA CARTA DO SENHOR DOM JOÃO O TERCEIRO MEU TIO QUE SANTA GLÓRIA HAJA POR ELE ASSINADA E PASSADA POR SUA CHANCELARIA COM UM ALVARÁ AO PÉ DELA ASSINADO PELO DITO SENHOR DE QUE ATRESTADO HUM APÓS OUTRO ...CONFIRMAÇÃO DESTA CARTA AO DUQUE DE AVEIRO DOM ALVARO DE LENCASTRO E DA DUQUESA DONA JULIANA SUA MULHER DA ALCAIDARIA MOR DA CIDADE DE COIMBRAE DE TODOS OS MAIS DIREIROS DA DITA CIDADE. ANO DO NASCIMENTO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO DE MIL QUINHENTOS E NOVENTA E QUATRO. A CASA DE AVEIRO FOI UMA CASA ARISTOCRÁTICA DO PORTUGAL  CUJA ORIGEM REMONTOU A UM FILHO BASTARDO DO ENTÃO PRÍNCIPE E LOGO DEPOIS REI D. JOÃO II. EM 1491, APÓS O FALECIMENTO DO SEU IRMÃO E ÚNICO FILHO LEGÍTIMO DE D. JOÃO II, O PRÍNCIPE D. AFONSO, E NO CONTEXTO DO PROCESSO SUCESSÓRIO QUE OPORIA O MONARCA À RAINHA CONSORTE, D. LEONOR, À CASA DE BEJA E AOS REIS CATÓLICOS, D. JORGE DE LENCASTRE COMEÇOU A SER DOTADO COM UMA SÉRIE DE BENS CUJO CAPITAL SIMBÓLICO O COLOCAVA NA LINHA DE SUCESSÃO NO TRONO: PRIMEIRO, UM CONJUNTO DE COUTOS, HONRAS, BEETRIAS QUE HAVIAM PERTENCIDO AO SEU IRMÃO; E, LOGO DE SEGUIDA, O GOVERNO DAS ORDENS DE AVIS E SANTIAGO, QUE HAVIAM ESTADO QUASE SEMPRE NA POSSE DE MEMBROS DA FAMÍLIA REAL DESDE A FUNDAÇÃO DA DINASTIA DE AVIS. CONFORME SE SABE, ESTE PROJETO SUCESSÓRIO NÃO VINGOU E À MORTE DE D. JOÃO II, EM 1495, SUCEDEU A COROAÇÃO DE D. MANUEL. ANTES DE FALECER, PORÉM, O REI D. JOÃO II SOLICITOU AO SUCESSOR QUE DOTASSE O FILHO SOBREVIVO COM O PATRIMÓNIO QUE, NO INÍCIO DO SÉCULO XV, HAVIA SIDO DO INFANTE D. PEDRO, PRIMEIRO DUQUE DE COIMBRA, O QUE INCLUÍA A CIDADE, SEGUNDO REFERE O TESTAMENTO JOANINO, EM DUCADO. A DOAÇÃO DO CONJUNTO DE VILAS, ALCAIDARIAS-MORES, PADROADOS, DIREITOS REAIS E JURISDIÇÕES (AVEIRO, LOUSÃ, MONTEMOR-O-VELHO, PENELA, PEREIRA ENTRE OUTRAS TERRAS) REQUERIDOS PELO REI D. JOÃO II EFETUOU-SE APENAS A 27 DE MAIO DE 1500. NESTE DOCUMENTO, D. JORGE É JÁ IDENTIFICADO COMO DUQUE DE COIMBRA, TÍTULO CUJO ASSENTAMENTO  LHE HAVIA SIDO OUTORGADO POR D. MANUEL NO DIA IMEDIATAMENTE ANTERIOR  EM TODO O CASO, A DOAÇÃO DO TÍTULO E DOS BENS DESTA CIDADE FOI ADIADA POR NOVE ANOS. D. MANUEL CONCEDEU A D. JORGE O TÍTULO DE DUQUE DE COIMBRA, A ALCAIDARIA-MOR, OS DIREITOS REAIS E DEMAIS RENDAS DA CIDADE, NO DIA 26 DE MARÇO DE 1509. NO MESMO DIPLOMA PELO QUAL RECEBEU O TÍTULO DE DUQUE DE COIMBRA E A ALCAIDARIA-MOR, D. MANUEL FEZ-LHE IGUALMENTE MERCÊ DOS PADROADOS DAS IGREJAS QUE NA DITA CIDADE E SEU TERMO TEVERMOS  E DOS TABALLIAES  FICANDO A NOSSA SIC CONFIRMAÇÃO DOS DITOS TABALLIAES. O PADROADO DAQUELAS IGREJAS JAMAIS FOI INCORPORADO NA CASA DE AVEIRO E ALGUNS OUTROS DIREITOS REAIS E BENS, DOADOS QUE ESTAVAM A OUTROS DONATÁRIOS LEIGOS, DEMORARAM ALGUNS ANOS ATÉ SEREM INCORPORADOS POR D. JORGE E SEUS DESCENDENTES O FATO DE O TÍTULO DE DUQUE DE COIMBRA E OS DEMAIS BENS OUTORGADOS EM 1509 TEREM SIDO DOADOS A D. JORGE POR SUA VIDA APENAS NÃO SIGNIFICA QUE OS DUQUES DE AVEIRO, SEUS SUCESSORES, À EXCEÇÃO DO TÍTULO DUCAL DE COIMBRA, NÃO TENHAM RECEBIDO A ALCAIDARIA-MOR E DEMAIS BENS DESTA CIDADE, ENTRE OS QUAIS A PRERROGATIVA DE APRESENTAÇÃO DE TABELIÃES. EM 1526, D. JORGE RECEBEU MAIS TRÊS VIDAS NA POSSE DESTES BENS, O QUE BENEFICIAVA DIRETAMENTE O SEU FILHO, NETO E BISNETO  SUCEDERAM-LHE, PORTANTO, OS PRIMEIRO E SEGUNDO DUQUES DE AVEIRO, D. JOÃO E D. JORGE. DEPOIS, UM PRIMO DESTE ÚLTIMO SENHOR, D. ÁLVARO, QUE CASOU COM A SUA FILHA D. JULIANA E SERIA, POR ISSO, TERCEIRO DUQUE DE AVEIRO, USOU DA QUARTA VIDA. SUCEDEU-LHE O NETO D. RAIMUNDO, EM 1636, E DEPOIS O SEU FILHO D. PEDRO. EM 1733, O DUQUE D. GABRIEL RECEBEU FINALMENTE OS BENS DE COIMBRA DE JURO E HERDADE, BENEFICIANDO DEPOIS D. JOSÉ DE MASCARENHAS DESTA MERCÊ ATÉ 1759. VIDE NOS CREDITOS EXTRAS DESSE LOTE A IMAGEM DE DOM FHILIPI  IO REI MAIS PODEROSO NA TERRA NO SEU TEMPO NOTA: Entre os muçulmanos, na Península Ibérica, a palavra alcaide significava aquele  que  governava  uma  praça  ou  um  território.  Entre  os  cristãos,  que  incorporaram  o  termo  no  seu  léxico  jurídico-feudal,  o  alcaide,  geralmente  recrutado no seio da nobreza, era o homem de confiança do rei que o nomeava para governar e defender uma povoação fortificada. O alcaide assumia funções sobretudo militares, mas também administrativas, judiciais e, até, de controle da segurança pública dos vizinhos da terra. Acompanhava o monarca quando este o chamava, na guerra ou noutras missões, liderando a guarnição militar sujeita ao seu mando por ocasião de apelidos e fossados. Tinha no alcaide-menor um auxiliar sobremodo para as ações de natureza jurídica, civil ou criminal.O alcaide-mor representa o rei no território que tem a responsabilidade de defender e manter. O castelo onde o alcaide-mor tem residência, com a sua torre de menagem, pode interpretar-se como a representação simbólica mais acabada da  sociedade  de  ordens,  medieval,  hierarquizada  por  cadeias  de  lealdades,  do rei para com os seus vassalos, que tem nos alcaides e suas alcaidarias um modelo e manifesto de afirmação territorial de uma estrutura político-social de natureza feudal.Nos  forais  outorgados  aos  principais  concelhos  do  reino  de  Portugal,  ao  longo  dos  séculos  XII  e  XIII,  tempo  maior  da  guerra  de  Reconquista,  entre  expedições militares ofensivas e reações defensivas, que expandiu o território sujeito  ao  rei  dos  portugueses,  a  defesa  da  cidade  ou  da  vila,  geralmente  protegida por cercas ou muralhas, com as suas portas de trânsito para entrada e saída do centro urbano, era objeto de um articulado normativo1. Defender uma vila, acastelada ou não, tinha custos financeiros que cumpria suportar pelo senhor do lugar e pela comunidade dos seus vizinhos. Cavaleiros e  peões,  devidamente  comandados,  preparados  e  armados,  velavam  pela  segurança das portas desses aglomerados urbanos, circulando pelos passadiços das muralhas, observando o território envolvente por entre merlões ameados, posicionando-se  nas  suas  torres,  controlando  as  respetivas  portas,  lavradas  de  forte  madeiramento  chapeado,  ou  gradeadas  em  ferro,  que,  geralmente  levadiças,  eram  antecedidas,  em  lugares  de  maior  dimensão,  por  uma  ponte  amovível  sobre  a  cava  envolvente  das  muralhas  e  barbacãs.  castelo  lembrando que os castelos em cidades como Coimbra, Santarém ou Lisboa foram construções algo tardias, levantados sobretudo nos finais do século XII e começo do XIII  a segurança das vilas e cidades, e das populações que albergavam, naturalmente, robustecia-se.A organização da vigilância e da defesa de uma cidade ou vila, a atalaia no léxico da documentação foralenga desses séculos, era responsabilidade direta do alcaide, termo de etimologia árabe, como se sabe, por vezes referido, também, na documentação latino-medieval desses séculos, por pretor, um nobre escolhido pelo senhor da terra, o rei ou um seu donatário, ao qual cumpria comandar a guarnição militar  do  castro,  fosse  nos  fossados  ou  nas  saídas  militares  por  apelido  ou  chamada do rei, fosse em ocasião de cerco inimigo à povoação fortificada2. Tenha-se presente que o alcaide recebia, das mãos do rei ou do rico-homem (nobilis  homo)  senhor  da  vila  ou  cidade,  as  chaves  do  castelo  ou  das  portas  amuralhadas da povoação em cerimónia de juramento de fidelidade, a clássica investidura dos cenários de honra e cavalaria feudais que tanto identificavam o grupo social da nobreza, com os ritos de preito e menagem próprios do foro da Espanha, ou seja, colocando o vassalo ou alcaide-mor, ajoelhado diante do rei, as suas mãos postas entre as do seu senhor, prometendo-lhe fidelidade absoluta, defendendo o castelo ou fortaleza que lhe era cometida com o empenho e risco da própria vida se necessário, após o que selava a promessa feita beijando a mão ou o anel do suserano3.Os  forais  do  século  XII  referem  sobretudo  o  alcaide  ou  pretor  não  o  apelidando nem de alcaide-maior, nem de menor, ou de vice-pretor. A distinção entre  o  alcaide-mor  e  o(s)  alcaide(s)-menor(es)  surge  na  documentação,  sobretudo ao longo do século XIII e, mais particularmente, na segunda metade desta centúria.
  • PHILLIPPI REI DE PORTUGAL (1527-1598)  GRAVURA DO SEC. XVII EM METAL DO DO REI FILIPE II DA ESPANHA E PORTUGAL. HERMA CINGINDO ARMADURA. DO PESCOÇO PENDE O TOSÃO DE OURO. PERTENCE A UMA SÉRIE DE RETRATOS DO REI DE PORTUGAL GRAVADA NA ANTUÉRPIA PARA PHILLIPPUS PRUDENS DE CARAMUEL (PHILIPPUS PRUDENS CAROLI V. IMP. FILIUS LUSITANIAE, ALGARBIAE, INDIAE, BRASILIAE, LEGITIMUS REX DEMONSTRATUS / D. IOANNE CARAMUEL LOBKOWITZ) . LEGENDA: 'PHILIPPVS PORTVGALLIAE REX XVIII. / VIXIT AN. LXXI. OBIIT AO.MDXCVIII.' EXEMPLAR DESSA GRAVURA COMPÕE A COLEÇÃO DO BRITISH MUSEUM (MUSEU BRITÂNICO) VIDE EM: https://www.britishmuseum.org/collection/object/P_1878-0112-158Região Flamenga, Antuérpia. 1639. NOTA: Filipe II & I (em castelhano: Felipe II; 21 de maio de 1527  13 de setembro de 1598) foi Rei da Espanha (1556-1598), Rei de Portugal e Algarves (1580-1598), Rei de Nápoles, Sicília e Sardenha (ambos de 1554) e jure uxoris Rei da Inglaterra e Irlanda (durante seu casamento com Maria I de 1554 a 1558). Ele também foi Duque de Milão, e a partir de 1555, Senhor dos Países Baixos.Filho do Imperador Romano-Germânico e rei dos reinos espanhóis Carlos V e Isabel de Portugal, Filipe foi chamado Felipe el Prudente ("Filipe, o Prudente") nos reinos espanhóis; seu império incluía territórios em todos os continentes então conhecidos pelos europeus, incluindo seu homônimo nas Filipinas. Durante seu reinado, os reinos espanhóis alcançaram o auge de sua influência e poder. Isso às vezes é chamado de Século de Ouro Espanhol.Filipe liderou um regime altamente alavancado por dívidas, tendo falido em 1557, 1560, 1569, 1575 e 1596. Esta política foi em parte a causa da declaração de independência que criou a República Holandesa em 1581. Em 31 de dezembro de 1584, Filipe assinou o Tratado de Joinville, com Henrique I, duque de Guise, em nome da Liga Católica; consequentemente, Filipe forneceu uma considerável concessão anual à liga durante a década seguinte para manter a guerra civil na França, com a esperança de destruir os calvinistas franceses. Católico devoto, Filipe se considerava o defensor da Europa católica contra o Império Otomano islâmico e a Reforma Protestante. Ele enviou uma armada para invadir a Inglaterra protestante em 1588, com o objetivo estratégico de derrubar Isabel I de Inglaterra e restabelecer o catolicismo lá; mas foi derrotado em uma escaramuça em Gravelines (norte da França) e depois destruído por tempestades enquanto circulava as Ilhas Britânicas para retornar à Espanha. No ano seguinte, o poder naval de Filipe conseguiu se recuperar após a falha da invasão da Armada Inglesa na Espanha. Sob Filipe, cerca de 9 mil homens por ano, em média, eram recrutados da Espanha; em anos de crise, o total pode subir para 20 mil. Entre 1567 e 1574, quase 43 mil homens deixaram a Espanha para lutar na Itália e nos Países Baixos (atualmente Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos). Ele foi descrito pelo embaixador veneziano Paolo Fagolo em 1563 como "De leve estatura e rosto redondo, com olhos azuis pálidos, lábio um tanto proeminente e pele rosada, mas sua aparência geral é muito atraente". O embaixador continuou dizendo: "Ele se veste com muito bom gosto, e tudo o que faz é cortês e gracioso".Além de Maria I, Filipe se casou três vezes e ficou viúvo quatro.Filho do sacro imperador romano-germânico Carlos V (Carlos I de Espanha) e da sua esposa, Isabel de Portugal, Filipe nasceu na capital castelhana de Valladolid em 21 de maio de 1527 no Palácio de Pimentel, de propriedade de Bernardino Pimentel (o primeiro Marquès de Távara). A cultura e a vida cortesania de Castela foram uma influência importante em seus primeiros anos de vida. Ele foi orientado por Juan Martínez Silíceo, o futuro arcebispo de Toledo. Filipe demonstrou aptidão razoável em artes e letras. Mais tarde, ele estudou com tutores mais ilustres, incluindo o humanista Juan Cristóbal Calvete de Estrella. Embora Filipe tivesse um bom domínio sobre o latim, o espanhol e o português, ele nunca conseguiu igualar seu pai, Carlos V, como poliglota. Enquanto Filipe também era um arquiduque alemão da Casa de Habsburgo, ele era visto como estrangeiro no Sacro Império Romano. O sentimento era mútuo. Filipe sentiu-se culturalmente espanhol; ele nasceu em Castela e foi criado na corte castelhana, sua língua nativa era o espanhol, e ele preferia viver nos reinos espanhóis. Isso acabaria por impedir sua sucessão ao trono imperial. Em abril de 1528, quando Filipe tinha onze meses, recebeu o juramento de fidelidade como herdeiro da coroa das Cortes de Castela. Desde então, até a morte de sua mãe Isabel, em 1539, ele foi criado na corte real de Castela, sob os cuidados de sua mãe e de uma de suas damas portuguesas, Dona Leonor de Mascarenhas, a quem ele era devotadamente ligado. Filipe também estava perto de suas duas irmãs, Maria e Joana, e de seus dois pajens, o nobre português Rui Gomes da Silva e Luis de Requesens y Zúñiga, filho de seu governador Juan de Zúñiga. Esses homens serviriam a Filipe durante toda a vida, assim como Antonio Pérez, seu secretário de 1541. O treinamento marcial de Filipe foi realizado por seu governador, Juan de Zúñiga, um nobre castelhano que serviu como comendador de Castela. As lições práticas de guerra foram supervisionadas pelo duque de Alba Fernando Álvarez de Toledo durante as guerras italianas. Filipe esteve presente no cerco de Perpignan em 1542, mas não viu ação, pois o exército espanhol de Alba derrotou decisivamente as forças francesas sitiantes sob o delfim da França. No caminho de volta a Castela, Filipe recebeu o juramento de lealdade das cortes aragonesas em Monzón. Seu treinamento político havia começado um ano antes, sob seu pai, que havia achado seu filho estudioso, grave e prudente além de seus anos, e decidiu treinar e iniciá-lo no governo dos reinos espanhóis. As interações do rei-imperador com seu filho durante sua estada em Castela o convenceram da precocidade de Filipe na condição de estadista, então ele decidiu deixar em suas mãos a regência dos reinos espanhóis em 1543. Filipe, que havia sido nomeado duque de Milão em 1540, começou a governar o mais extenso império do mundo aos dezesseis anos.Carlos deixou seu filho com conselheiros experientes  especialmente o secretário Francisco de los Cobos e o general duque de Alba. Filipe também recebeu instruções escritas extensas que enfatizavam "piedade, paciência, modéstia e desconfiança". Esses princípios de Carlos foram gradualmente assimilados por seu filho, que cresceria e se tornaria grave, possesso e cauteloso. Pessoalmente, Filipe falava baixo e tinha um autodomínio gelado; nas palavras de um de seus ministros, "ele tinha um sorriso que foi cortado por uma espada".Depois de morar na Países Baixos nos primeiros anos de seu reinado, Filipe II decidiu retornar a Castela. Embora às vezes descrito como um monarca absoluto, Filipe enfrentou muitas restrições constitucionais à sua autoridade, influenciadas pela crescente força da burocracia. O Império Espanhol não era uma única monarquia com um sistema legal, mas uma federação de reinos separados, cada um zelosamente guardando seus próprios direitos contra os da Casa de Habsburgo. Na prática, o rei frequentemente achava sua autoridade anulada pelas assembleias locais e sua palavra era menos eficaz que a dos senhores locais. Filipe levou vários títulos como herdeiro dos reinos e impérios espanhóis, incluindo o Príncipe das Astúrias. O mais novo reino constituinte do império era Navarra, um reino invadido por Fernando II de Aragão principalmente com tropas castelhanas (1512) e anexado a Castela com status ambíguo (1513). A conquista de Navarra continuou até 1528 (Tratados de Madri e Cambrai). Carlos V propôs terminar as hostilidades com o rei Henrique II de Navarra  o legítimo monarca de Navarra  casando seu filho Filipe com a herdeira de Navarra, Joana III de Navarra. O casamento forneceria uma solução dinástica para a instabilidade em Navarra, tornando-o rei de toda a cidade de Navarra e príncipe do independente do Bearne, além de senhor de grande parte do sul da França. No entanto, a nobreza francesa sob Francisco I se opôs ao acordo e terminou com sucesso as perspectivas de casamento.Carlos recomendou que seu filho devolvesse o reino. Tanto o imperador Carlos quanto seu filho Filipe II falharam em respeitar a natureza eletiva (contratual) da coroa de Navarra e consideravam o reino garantido. Isso provocou uma tensão crescente não apenas com o rei Henrique II de Françae a rainha Joana III, mas também com o Parlamento da Navarra espanhola (Cortes, Os Três Estados) e a Diputación por violar as leis específicas do reino (fueros)  violação do pactum subjectionis ratificado por Fernando II. As tensões em Navarra vieram à tona em 1592, após vários anos de desacordos sobre a agenda da sessão parlamentar pretendida.Em novembro de 1592, o parlamento de Aragão se revoltou contra outra violação das leis específicas do reino, de modo que o Procurador Geral do reino, Juan de Lanuza, foi executado por ordem de Filipe II, com seu secretário Antonio Perez tendo que partir em exílio para a França. Em Navarra, as principais fortalezas do reino foram guarnecidas por tropas alheias ao reino (castelhanos), em violação conspícua das leis de Navarra, e o parlamento há muito se recusava a prometer lealdade ao filho e herdeiro de Filipe II sem uma cerimônia adequada. Em 20 de novembro de 1592, uma sessão fantasmagórica do parlamento foi convocada, pressionada por Filipe II, que havia chegado a Pamplona à frente de uma força militar não especificada e com um único ponto em sua agenda  a participação na sessão ficou em branco na ata: nomeações ilegais de oficiais castelhanos de confiança e imposição de seu filho como futuro rei de Navarra na Catedral de Santa Maria. Uma cerimônia foi realizada diante do bispo de Pamplona a 22 de novembro, mas seu procedimento e termos costumeiros foram alterados. Os protestos eclodiram em Pamplona, mas foram reprimidos.Filipe II também enfrentou o problema da grande população de mouriscos nos reinos espanhóis, que às vezes eram convertidos à força ao cristianismo por seus antecessores. Em 1569, a Rebelião das Alpujarras eclodiu na região de Granada no sul, desafiando as tentativas de suprimir os costumes mouros. Filipe ordenou a expulsão dos moriscos de Granada e sua dispersão para outras províncias.Apesar de seus imensos domínios, os reinos espanhóis tinham uma população escassa que rendia uma renda limitada à coroa (em contraste com a França, por exemplo, que era muito mais populosa). Filipe enfrentou grandes dificuldades em aumentar os impostos, e a coleta foi em grande parte destinada aos senhores locais. Ele conseguiu financiar suas campanhas militares apenas tributando e explorando os recursos locais de seu império. O fluxo de renda do Novo Mundo provou ser vital para sua política externa militante, mas mesmo assim seu tesouro várias vezes enfrentou falência.A cultura espanhola floresceu durante o reinado de Filipe, começando o "Século de Ouro Espanhol", criando um legado duradouro na literatura, na música e nas artes visuais. Uma das artistas mais notáveis da corte de Filipe II foi Sofonisba Anguissola, que ganhou fama por seu talento e seu papel incomum como mulher artista. Ela foi convidada para a corte de Madri em 1559 e foi escolhida para ser uma funcionária de Isabel Clara Eugênia (15661633). Anguissola também se tornou uma dama de companhia e pintora da corte da rainha Isabel de Valois. Durante seu tempo como pintora da corte, Anguissola pintou muitos retratos oficiais da família real, um afastamento dos seus retratos pessoais anteriores.Carlos V havia deixado seu filho com uma dívida de cerca de 36 milhões de ducados e um déficit anual de 1 milhão de ducados. Essa dívida causou a inadimplência de Filipe em empréstimos nos anos de 1557, 1560, 1575 e 1596 (incluindo dívida com a Polônia, conhecida como somas napolitanas). Os credores não tinham poder sobre o rei e não podiam forçá-lo a pagar seus empréstimos. Esses padrões foram apenas o começo dos problemas econômicos da Espanha, uma vez que seus reis falhariam mais seis vezes nos próximos 65 anos. Além de reduzir as receitas estatais para expedições no exterior, as políticas domésticas de Filipe II sobrecarregaram ainda mais os reinos espanhóis e, no século seguinte, contribuiriam para o seu declínio, segundo alguns historiadores. Os reinos espanhóis estavam sujeitos a diferentes assembleias: as Cortes em Castela, a assembleia em Navarra e uma para as três regiões de Aragão, que preservavam os direitos e as leis tradicionais da época em que eram reinos separados. Isso fez com que os reinos espanhóis e seus bens fossem difíceis de governar, ao contrário da França, que embora dividida em estados regionais, possuía um único Estado-Geral. A falta de uma assembleia suprema viável levou à falta de poder nas mãos de Filipe II, especialmente como gerente e árbitro final do conflito constante entre autoridades diferentes. Para lidar com as dificuldades decorrentes dessa situação, a autoridade era administrada por agentes locais nomeados pela coroa e vice-reis, executando as instruções da coroa. Filipe II achou necessário envolver-se nos detalhes e presidiu conselhos especializados em assuntos estatais, finanças, guerra e Inquisição.Filipe II jogou grupos um contra o outro, levando a um sistema de freios e contrapesos que administrava os negócios de maneira ineficiente, até o ponto de prejudicar os negócios estatais, como no caso de Perez. Após um incêndio em Valladolid, em 1561, ele resistiu aos pedidos de mudança de sua corte para Lisboa, um ato que poderia ter restringido a centralização e a burocracia no mercado interno, bem como um governo relaxado no Império como um todo. Em vez disso, com a tradicional sede real e primazia de Toledo agora essencialmente obsoleta, ele mudou sua corte para o reduto castelhano de Madri. Exceto por um breve período sob Filipe III de Espanha, Madri permaneceu a capital da Espanha. Foi nessa época que Filipe II converteu o Alcázar Real de Madri em um palácio real. As obras, que duraram de 1561 a 1598, foram realizadas por comerciantes vindos dos Países Baixos, Itália e França.O rei Filipe II governou um momento decisivo na história da Europa em direção à modernidade, enquanto seu pai Carlos V havia sido forçado a um regime itinerante como rei medieval. Ele dirigiu principalmente assuntos de Estado, mesmo quando não estava na Corte. De fato, quando sua saúde começou a falhar, ele trabalhou em seus aposentos no Palácio-Mosteiro-Panteão de El Escorial que ele havia construído em 1584, um edifício construído como um monumento ao papel da Espanha como um centro do mundo cristão. Mas Filipe não desfrutou da supremacia que o rei Luís XIV de França teria no século seguinte, nem essa regra era necessariamente possível em sua época. As ineficiências do estado espanhol e a indústria restritamente regulamentada sob seu governo eram comuns a muitos países contemporâneos. Além disso, a dispersão dos mouriscos de Granada  motivada pelo medo de apoiar uma invasão muçulmana  teve sérios efeitos negativos sobre a economia, particularmente nessa região.Um dos seus triunfos políticos foi obter a União Ibérica, fazendo valer seus direitos de sucessão em 1581 nas Cortes de Tomar, que tiveram lugar no Convento de Cristo. A política matrimonial prévia das dinastias reinantes facilitara esta união.Depois da morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, ao ser aclamado rei o cardeal D. Henrique, decrépito, investiu os meios e dinheiro para ganhar ao seu partido a corte de Portugal.Sete pretendentes disputavam a posse do reino quando morreu o rei em 1580, mas apenas cinco baseavam as suas pretensões em fundamentos aceitáveis:D. Catarina de Portugal, duquesa de Bragança, filha legítima do infante D. Duarte de Portugal;D. Filipe II filho da primogênita do rei D. Manuel, com seu marido Carlos V;Emanuel Felisberto, Duque de Saboia, duque de Saboia, filho da infanta Beatriz de Portugal (filha do mesmo rei D. Manuel) e de seu esposo, Carlos III de Saboia;António, prior do Crato, filho do infante D. Luís, sendo este filho do mesmo rei D. Manuel;Rainúncio I Farnésio, duque de Parma, neto por parte de mãe do infante D. Duarte, filho do mesmo rei D. Manuel.Os que menos direito mostravam eram Catarina de Médici, rainha da França, que reclamou descendência de D. Afonso III e da sua primeira esposa a condessa Matilde da Bolonha,30 e o papa, herdeiro natural dos cardeais, que entendia portanto dever usufruir o reino que um cardeal governava assim como podia usufruir uma quinta de que fora possuidor. Dos cinco que apresentavam títulos valiosos, só três disputavam seriamente a coroa: Filipe II, o prior do Crato e a duquesa de Bragança.O reino de Portugal ficara entregue a cinco governadores dependentes dos Habsburgos, os quais hesitavam em reconhecer Filipe como rei. Este se dispôs a conquistar Portugal pelas armas. O prior do Crato se fizera aclamar em Santarém, mas dispunha de poucas tropas. Filipe reuniu exército, entregou-o ao Duque de Alba; confiou ao Marquês de Santa Cruz o comando da esquadra, e conservou-se próximo da fronteira de Badajoz. Alba marchou sobre Setúbal; conquistando o Alentejo, atravessou para Cascais na esquadra do Marquês de Santa Cruz, marchou sobre Lisboa, derrotou o prior do Crato na Batalha de Alcântara a 4 de agosto de 1580, perseguiu-o até à província do Minho, e preparou enfim o reino para receber a visita do seu novo soberano.Filipe procurou não intervir muito na política interna de Portugal e entregou o governo do país a um homem de sua confiança, o Duque de Alba. Além de ser filho de mãe portuguesa, Filipe fora educado por cortesões portugueses durante os primeiros anos de vida. Filipe, em 9 de dezembro de 1580, atravessou a fronteira, entrou em Elvas, onde se demorou dois meses recebendo os cumprimentos dos novos súditos. Dos primeiros que o veio saudar foi o duque de Bragança. A 23 de fevereiro de 1581 Filipe II saiu de Elvas, atravessou triunfante e demoradamente o país, e a 16 de março de 1581 entrou em Tomar, para onde convocara cortes. Distribuiu recompensas, ordenou suplícios e confiscos, e recebeu a noticia de que todas as colônias haviam reconhecido a sua soberania, exceptuando a Ilha Terceira, onde se arvorara a bandeira do prior do Crato, ali foi jurado rei de Portugal a 16 de abril de 1581.Nas cortes, prometeu respeitar os foros e as isenções e nunca dar para governador ao país senão um português ou um membro da Família Real. Expediu de Lisboa tropas que subjugaram a Ilha Terceira, em que D. Antônio fora auxiliado pela França, e partiu para Espanha depois da vitória naval de Vila Franca, em que o Marquês de Santa Cruz destroçou a esquadra francesa em 26 de julho de 1582, obtendo a submissão da ilha. Nomeando para vice-rei de Portugal seu sobrinho, o cardeal-arquiduque Alberto da Áustria, e depois lhe ter agregado um conselho de governo e de ter nomeado os membros do conselho de Portugal, partiu finalmente a 11 de fevereiro de 1583.No Brasil português, a "Cidade Real de Nossa Senhora das Neves", fundada em 1585 e hoje denominada João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, em 1588 adquiriu o nome de "Filipeia de Nossa Senhora das Neves", em homenagem ao rei Filipe II.Sob Felipe II, a Espanha atingiu o pico de seu poder. No entanto, apesar das grandes e crescentes quantidades de ouro e prata que fluíam para seus cofres das minas americanas, as riquezas do comércio português de especiarias e o apoio entusiástico dos domínios de Habsburgo para a Contrarreforma, ele nunca conseguiu suprimir o protestantismo ou derrotar a rebelião holandesa. No início de seu reinado, os holandeses poderiam ter largado suas armas se ele desistisse de tentar reprimir o protestantismo, mas sua devoção ao catolicismo não lhe permitiria fazê-lo. Ele era um católico devoto e exibia o típico desdém do século XVI pela heterodoxia religiosa; ele disse: "Antes de sofrer o menor dano à religião a serviço de Deus, eu perderia todas as minhas propriedades e cem vidas, se as tivesse, porque não desejo nem desejo ser o governante dos hereges".Enquanto ele se esforçava para reforçar a ortodoxia católica através da intensificação da Inquisição, os estudantes foram impedidos de estudar em outros lugares e os livros impressos por espanhóis fora do reino foram proibidos. Até um clérigo altamente respeitado como o arcebispo Carranza de Toledo foi preso pela Inquisição por 17 anos, por publicar ideias que pareciam simpatizantes com o protestantismo. Essa aplicação estrita da crença ortodoxa foi bem-sucedida e a Espanha evitou os conflitos de inspiração religiosa destruindo outros domínios europeus.A escola de Salamanca floresceu sob seu reinado. Martín de Azpilcueta, altamente homenageado em Roma por vários papas e considerado um oráculo da aprendizagem, publicou seu Manuale sive Enchiridion Confessariorum et Poenitentium (Roma, 1568), um texto clássico nas escolas e na prática eclesiástica.Francisco Suárez, geralmente considerado como o maior escolástico depois de Tomás de Aquino e considerado durante sua vida o maior filósofo e teólogo vivo, estava escrevendo e dando palestras, não apenas na Espanha, mas também em Roma (1580-1585), onde o Papa Gregório XIII participou a primeira palestra que ele deu. Luis de Molina publicou sua De liberi arbitrii cum gratiae donis, divina praescientia, praedestinatione et reprobatione concordia (1588), na qual ele apresentou a doutrina que tentava reconciliar a onisciência de Deus com o livre arbítrio humano que passou a ser conhecido como molinismo, contribuindo assim ao que foi um dos mais importantes debates intelectuais da época; O molinismo tornou-se a doutrina jesuíta de fato sobre esses assuntos, e ainda hoje é defendido por William Lane Craig e Alvin Plantinga, entre outros.Como Filipe II foi o monarca europeu mais poderoso em uma era de guerra e conflito religioso,avaliar tanto seu reinado quanto o próprio homem se tornou um assunto histórico controverso. Mesmo antes de sua morte em 1598, seus apoiadores começaram a apresentá-lo como um cavalheiro arquetípico, cheio de piedade e virtudes cristãs, enquanto seus inimigos o descreviam como um monstro fanático e despótico, responsável por crueldades desumanas e barbárie. Essa dicotomia, desenvolvida posteriormente nas chamadas Lenda Negra Espanhola e Lenda Branca, foi ajudada pelo próprio rei Filipe. Ele proibiu que qualquer relato biográfico de sua vida fosse publicado enquanto ele estivesse vivo e ordenou que toda a sua correspondência privada fosse queimada pouco antes de morrer. Além disso, Filipe nada fez para se defender depois de ser traído por seu ambicioso secretário Antonio Perez, que publicou calúnias incríveis contra seu antigo mestre; isso permitiu que os contos de Perez se espalhassem por toda a Europa sem contestação. Dessa maneira, a imagem popular do rei que sobrevive até hoje foi criada na véspera de sua morte, numa época em que muitos príncipes e líderes religiosos europeus se voltaram contra a Espanha como um pilar da Contra-Reforma.
  • FILIPE III DE PORTUGAL E IV DA ESPANHA (1605-1665) DITO O GRANDE. FORMIDÁVEL E CURIOSA   CARTA DE PRIVILÉGIO E CONFIRMAÇÃO CONCEDIDA A DONA ANA DE CEVALLOS, FIDALGA ESPANHOLA, A ELA E SEUS DESCENDENTES. EM 1561 O REI FILIPE II MUDOU A CORTE ESPANHOLA DE SEVILHA PARA MARDIR, TORNANDO ASSSIM ESSA CIDADE CAPITAL DA ESPANHA COMO É ATÉ OS DIAS DE HOJE. OCORRE QUE ESSA MUDANÇA DO GRANDE ESTADO ESPANHOL PARA MADRID GEROU UMA CRISE IMOBILIÁRIA SEM PRECEDENTES LEVANDO O REI A UMA SOLUÇÃO NADA CÔMODA PARA OS MADRILENHOS, RESGATOU UMA LEI MEDIEVAL CHAMADA REGALIA DE APOSENTO, NA PRÁTICA CONSISTIA NA OBRIGAÇÃO DE CEDER METADE DA CASA PARA ABRIGAR TEMPORARIAMENTE FUNCIONÁRIOS REAIS . NA IDADE MÉDIA E NO INÍCIO DA MODERNIDADE, SENDO A CORTE CASTELHANA ITINERANTE, ESTA CARGA ERA GERALMENTE BREVE, POIS AFETAVA UMA DETERMINADA POPULAÇÃO APENAS DURANTE O TEMPO EM QUE ALI PERMANECIAM O REI E A CORTE. QUANDO FILIPE II DECIDIU ESTABELECER A CORTE EM MADRID EM 1561 , O ÓNUS DA ACOMODAÇÃO PASSOU A SER SUPORTADO EXCLUSIVAMENTE PELO POVO DE MADRID. ASSIM  TODOS OS RESIDENTES NÃO ISENTOS DA CIDADE DE MADRID A ALOJAR UM FUNCIONÁRIO DO REI EM METADE DA SUPERFÍCIE ÚTIL. HAVIA PARA DETERMINAÇÃO DAS CASASQUE RECEBERIAM OS HÓSPEDES REAIS UM VISITADOR REAL QUE  ERA RESPONSÁVEL POR FISCALIZAR A CASA E SEU INTERIOR. PARA ESCAPAR DO INCOMODO OS MADRILENHOS MUDARAM NO SEC. XVII SEU ESTILO ARQUITETÔNICO NAS RESIDÊNCIAS FAZENDO SURGIR AS CASAS DE MALÍCIA, ou na linguagem do  século XXI casas-armadilha. ASSIM OS PROPRIETÁRIOS PEDIAM AOS CONSTRUTORES DE NOVAS CASAS , para enganar a autoridade Real, o Visitador. Os imóveis picarescos encenados apresentavam características exteriores que sugeriam falsos interiores estreitos, desconfortáveis e, em última análise, inadequados para serem incluídos no conjunto de edifícios que deviam cumprir a lei da REGALIA DO APOSENTO , ou seja: ceder metade da casa a Funcionário do tribunal sem ter que pagar alojamento. Os truques e artimanhas arquitetônicas mais comuns eram cobrir a construção com grandes telhados que não permitiam adivinhar quantos andares havia no interior da casa, e apresentar pequenas aberturas ou janelas em absoluta desordem arquitetônica como se fossem os buracos de luz. a fachada de um casarão antigo - quando na verdade serviam de respiradouro de dois ou mais andares para apartamentos fáceis de especular pelos proprietários.  Esta e outras armadilhas arquitetónicas, como a conversão de pátios, currais ou vielas em superfícies habitáveis, fizeram com que os edifícios, pela sua aparência exterior, escapassem ao controlE municipal, passando a ser classificados como casas com divisórias desconfortáveis e, portanto, isentos de serem incluído na referida lei de REGALIA DE APOSENTO. NESSA CARTA DE PRIVILÉGIO O REI FILIPE III CONCEDE A DONA ANA DE CEVELLOS O PRIVILEGIO DE PARA SEMPRE EM SUAS DUAS CASAS EM MADRID DE SER ISENTA DE RECEBER OS HÓSPEDES REAIS COMO DETERMINAVA A LEI. PARA TANTO FOI DETERMINADO PELO MONARCA UMA TAXA DE ISENÇÃO. O DOCUMENTO ESCRITO EM PERGAMINHO COM DIVERSAS PÁGINAS TEM PASSAGENS BASTANTE INTERESSANTES E É ASSINADO PELO REI FILIPI III E POR SEU SECRETARIO. EXCERTOS DO TEXTO: DON PHELIPPE POR LA GRACIA DE DIOS REY DE CATILLA DE LEON DE ARAGON, DE LAS SICILIAS DE JERUSALEM DE PORTUGAL DE NAVARRA DE GRANADA DE TOLEDO DE VALENCIA DE GALICIA MALLORCAS DE SEVILLA DE CERDENA DE CANTONA DE CORCEGA DE MURCIA DE ALLEM DE LOS ALGARVES, DE ALGECIRA DE GIBRALTAR DE LAS ISLAS DE CANARIA E DE LAS INDIAS ORIENTALES Y OCIDENTALES ISLAS Y TIERRRA FIRME DEL MAR OCEANO ARCHIDUQUE DE AUSTRIA DUQUE DE BORNONA, DE BRAVANTE Y MILAN CONDE DE ABSPURG DE FLANDRES TIROL Y BARCELONA SEOR DE BISCAYA Y DE MOLINA ETX.. POR QUANTO HAVIENDO ENTENDIDO DQUE SISE CONCEDIESEN ALGUMAS ISENCIONES PERPETUAS, PARA LAS CASAS DE MALICIA E INCOMODA PARTICION, Y OUTROS EXEMPLOS DE HUESPEDE DE APOSENTO...DONA ANA DE CERVELLOS VICINA DE LA VILLA DE MADRID A PEDIDO ESEMPTION PERPETUA DE HUSPEDES DE APOSENTO DE CORTA PARA DOS CASA QUE TIENA NA CALLE DE LA MAGDALENA  EM FRENTE A LA PUERTA REGLAR DEL MONASTERIO DE MONJAS QUE SE ALINDA POR MANO DERECHA COM CASASDE LA MARQUESA DE CERRALUO Y PORM MANO YSQUIERDA ACESSORIAS DE LA DUQUESA DE PASTRAMA. Y LA OTRA CASA EM LA CALLE QUE LLAMAN DE LA CAUEZA. ASSINA O REI FILIPE IV DA ESPANHA EM MADRID A 25 DE MAIO DE 1622. 30 X 22 CM ESCELENTE ESTADO DE CONSERVAÇAO!! NOTA: Filipe IV (em castelhano: Felipe IV; Valladolid, 8 de abril de 1605  Madrid, 17 de setembro de 1665), também chamado O Grande e O Rei Planeta por seus apoiantes, e "O Opressor" por seus detractores, foi rei da Espanha, de Portugal (POR CONSEGUINTE TAMBÉM DO BRASIL)  e dos Países Baixos Espanhóis, durante a União Ibérica. Subiu ao trono em 1621 e reinou na Espanha até 1665, ano de sua morte. É lembrado pelo seu grande patrocínio às artes e pelo seu domínio sobre a Espanha durante a Guerra dos Trinta Anos.Apesar de o Império Espanhol ter alcançado aproximadamente 12,2 milhões de quilômetros quadrados de área na época de seu falecimento, o reino estava em declínio em outros aspetos, reflexo das inúmeras reformas fracassadas das políticas Filipinas. Filipe IV nasceu no Palácio Real de Valladolid em 8 de abril de 1605 como o filho mais velho de Filipe III e sua esposa, Margarida da Áustria. Aos 10 anos, casou-se com Elisabeth da França, de 13 anos, e teve sete filhos com ela. Entretanto, o único homem, Baltasar Carlos, morreu aos 16 anos, em 1646.Após a morte de sua primeira esposa, casou-se novamente com Marianna da Áustria, a fim de fortalecer as relações com os Habsburgo, na Áustria. Em seu segundo casamento, teve cinco filhos, porém apenas dois deles - Margarita Teresa e o futuro Carlos II da Espanha - atingiram a idade adulta.Apesar de ter sido retratado durante muito tempo pela História como um monarca fraco, que dominava uma corte barroca debochada e delegava excessivas atribuições a seus ministros, os historiadores, a partir do século XX, passaram a considerá-lo mais enérgico - tanto física quanto mentalmente - do que seu pai. Filipe IV era um bom cavaleiro, um caçador afiado e um devoto das touradas. Em particular, parecia ter uma personalidade mais leve. Quando era mais jovem, dizia-se que ele possuía um senso de humor agudo e um "grande senso de diversão".Ele frequentou academias particulares em Madri durante todo o seu reinado - eram salões literários alegres que tinham por objetivo analisar literatura e poesia contemporâneas com um toque humorístico. Apaixonado por teatro, às vezes era criticado pelos contemporâneos por seu amor a esses entretenimentos "frívolos".Outros contemporâneos capturaram sua personalidade privada como "naturalmente gentil e afável". Aqueles próximos a ele alegaram que era academicamente competente, com uma boa noção de latim e geografia, além de saber falar bem francês, português e italiano.12 Como muitos na sua época, Filipe IV tinha um grande interesse em astrologia.13 Sua tradução manuscrita dos textos de Francesco Guicciardini sobre história política ainda existe.O monarca teve inúmeras amantes, principalmente atrizes. A mais famosa delas foi María Inés Calderón (La Calderona), com quem teve um filho em 1629, João José, criado como príncipe real. No final do reinado e com a saúde de Carlos José em dúvida, havia uma possibilidade real de que seu filho bastardo visse a reivindicar o trono, o que contribuiu para a instabilidade dos anos da regência. FILIPI III E O BRASIL: A ligação entre o Brasil e a Coroa Espanhola, assim como a monarquia de Filipe IV, estabeleceu-se de forma sutil e secundária. A marginalidade atribuída à área se expressou nos escritos dos próprios moradores do território entre os séculos XVI e XVII quando mencionaram a falta de ajuda da coroa da Espanha, assim como a ausência de registros das atividades que foram desenvolvidas ali na América e a curta menção do território nos documentos que relacionavam o peso da monarquia de Filipe no resto do mundo. Para além disso, o testamento de seu pai, Filipe III, apesar de numerar suas diversas possessões territoriais, não incluía as terras brasileiras. Inclusive, era compreendido pela Coroa portuguesa e por aqueles que realizavam a ocupação das terras que, antes e durante o domínio Habsburgo, o Brasil era pouco importante. O processo de expansão espanhol, iniciado a partir de 1560 se estendeu até a segunda década do século XVII, consolidou-se com a expulsão de franceses e holandeses, em decorrência de inúmeros conflitos como a famosa Batalha de Guararapes e com a derrota dos grupos indígenas que resistiram. Como herança do governo de Filipe IV, em comparação aos anteriores, obteve-se o domínio de boa parte da faixa litorânea brasileira, ou seja, as terras desde a capitania de São Vicente no Sul até a capitania do Pará no Norte; dobrou-se o número de centros urbanos; houve significativo crescimento dos engenhos de cana-de-açúcar e por fim, a facilidade inicial em obter terras e escravos indígenas, coisa que, posteriormente, se complicara devido a necessidade de substituir a mão de obra indígena pela negra, que era mais lucrativa. Foi um período de grande desenvolvimento para a colônia e prosperidade para os senhores de engenho. A demanda europeia pelo açúcar, um dos grandes produtos comerciais da época, garantia mercados e preços crescentes para a produção. A fase de combate contra os holandeses, a intensificação do tráfico de escravos da África e o acirramento da carga fiscal são exemplos de situações que contribuíram para o fim da prosperidade espanhola vivenciada pouco antes da Guerra dos Trinta Anos, que viria a propiciar o desvio das riqueza de Portugal pela monarquia dos Habsburgo para sustentar o lado católico no conflito, criando tensões dentro da União Ibérica
  • DOM AFONSO VI (1643-1683). LINDA  CARTA PATENTE EM PERGAMINHO  DO REI  DATADA  DE 4 DE SETEMBRO DE 1666, COM SELO SECO  CHANCELA DO MONARCA COM AS ARMAS DE PORTUGAL E ASSINATURA DESTE E SELLO PRIMEIRO DE 1666, NOMEANDO A JOÃO DE SANCLA COMISSÁRIO DE CAVALLARIA. JOÃO DE SANCLA FOI NO CONFLITO DA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL HERÓI NAS BATALHAS CONTRA O EXÉRCITO ESPANHOL. EXCERTOS DO TEXTO: DOM AFFONSO PELA GRAÇA DE DEOS REY DE PORTUGAL E DOS ALGARVES DE AQUEM E ALEM MAR EM AFRICA SENHOR DA GUINÉ E DA CONQUISTA NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO DA ETIÓPIA, ARÁBIA, PÉRSIA E DA ÍNDIA FAÇO SABER AOS QUE A ESSA MINHA CARTA PATENTE VIREM  QUE TENDO RESPEITO A QUALIDADE E AO MERECIMENTO QUE SE REUNEM NA PESSOA DE JOÃO DE SANCLA E AOS SERVIÇOS QUE ME TEM FEITO NO EXÉRCITO DE ALENTEJO DEPOIS QUE DE FRANÇA PASSOU A ESTE REINO QUE HÁ SEIS ANOS OCUPANDO OS POSTOS DE CAPITÃO DE CAVALLARIA LIGEIRA E DE COURAÇAS ACHANDO-SE COM ELAS NAS CAMPANHAS DE ARRONCHES, ALMANSA E  ÉVORA PARTICULARMENTE NA MESMA CIDADE ENQUANTO O INIMIGO USOU DE SÍTIO, DPOIS NA BATALHA DE AMEIXAL NA QUAL RECEBEU DUAS BALAS DE QUE FICOU ALEIJADO DE SUA PERNA E MELHORADO CONTINUA A ME SERVIR ATÉ O PRESENTE SEGUINDO NDO COM SUA COMPANHIA ATÉ A PRAÇA DE VALENÇA DE ALCANTARA ASSISTIR A TUDO O QUE SE OFFERECEU NO SÍTIO DELA ATÉ SE RENDER A MINHAS ARMASE FINALMENTE SE ACHAR NA BATALHA DE MONTES CLAROS   NELLA  NAS DEMAIS OCASIÕES REFERIDAS COMO EM OUTRAS MUITAS EM QUE CONCORREU COM GRANDE VALOR E SATISFAÇÃO E  POR ESPERAR DELE JOÃO DE SANCLA QUE EM TUDO O MAIS QUE O ENCARREGAR ME SIRVA MUITO A MEU CONTENTAMENTO COMO ATÉ AGORA O FEZ POR ASSIM O DEVER TAMBÉM  A CONFIANÇA E A ESTIMAÇÃO DO ZELLO COM QUE PROCEDE HEY POR BEM E ME COMPRAZ O NOMEAR COMO POR ESTA CARTA O NOMEIO PARA COMISSARIO GERAL DA CAVALARIA DO EXÉRCITO DA PROVINCIA DO ALENTEJO QUE VAGOU DE BARTOLOMEU DE BARROS CAMINHA...DADO NA CIDADE DE LISBOA EM QUATRO DE SETEMBRO DE 1666. ASSINA EL REY. 41 CM DE COMPRIMENTO.NOTA: Após o aumento da insatisfação com a Dinastia Filipina, homens da nobreza de Portugal liderados por Dr. João Pinto Ribeiro, D. Miguel de Almeida e D. Antão de Almada; planejaram um conspiração contra Filipe III de Portugal no ano de 1640. Este grupo foi responsável pela morte de Miguel de Vasconcelos, que era Secretário de Estado, e pelo aprisionamento da prima do rei Filipe III, a Duquesa de Mântua, a quem ele confiara o governo português. Outro fator que colaborou com a conspiração foi que a Espanha estava com grande parte de suas forças armadas envolvidas na Guerra dos 30 Anos, na qual tentava acabar com a revolta de Catalunha. Era o início da Guerra da Restauração.Depois de restaurada a independência, D. João IV tornou-se o novo rei português e, junto a seus apoiadores, preocupou-se em consolidar a autonomia alcançada na Guerra da Restauração. Primeiramente, D. João IV precisava de reconhecimento internacional como rei autêntico de Portugal. Dentro do reino português, esse status foi alcançado em 1641 após o juramento ante as Cortes de Lisboa. Para disseminar a ideia pelo resto do continente, o rei mandou embaixadores no intuito de angariar apoio de outras monarquias e obteve sucesso.Obviamente, esperava-se que Espanha rechaçasse a ação portuguesa com ataques militares para conseguir a plena soberania sobre o território novamente. Como o ataque da Espanha não foi imediato, D. João IV conseguiu organizar suas forças bélicas para proteger o território conquistado na Guerra da Restauração.Após o aumento da insatisfação com a Dinastia Filipina, homens da nobreza de Portugal liderados por Dr. João Pinto Ribeiro, D. Miguel de Almeida e D. Antão de Almada; planejaram um conspiração contra Filipe III de Portugal no ano de 1640. Este grupo foi responsável pela morte de Miguel de Vasconcelos, que era Secretário de Estado, e pelo aprisionamento da prima do rei Filipe III, a Duquesa de Mântua, a quem ele confiara o governo português. Outro fator que colaborou com a conspiração foi que a Espanha estava com grande parte de suas forças armadas envolvidas na Guerra dos 30 Anos, na qual tentava acabar com a revolta de Catalunha. Era o início da Guerra da Restauração.Depois de restaurada a independência, D. João IV tornou-se o novo rei português e, junto a seus apoiadores, preocupou-se em consolidar a autonomia alcançada na Guerra da Restauração. Primeiramente, D. João IV precisava de reconhecimento internacional como rei autêntico de Portugal. Dentro do reino português, esse status foi alcançado em 1641 após o juramento ante as Cortes de Lisboa. Para disseminar a ideia pelo resto do continente, o rei mandou embaixadores no intuito de angariar apoio de outras monarquias e obteve sucesso. Começava aí a Dinastia de Bragança. Obviamente, esperava-se que Espanha rechaçasse a ação portuguesa com ataques militares para conseguir a plena soberania sobre o território novamente. Como o ataque da Espanha não foi imediato, D. João IV conseguiu organizar suas forças bélicas para proteger o território conquistado na Guerra da Restauração.Embora a documentação retrate a insatisfação persistente dos comandantes em relação ao funcionamento da tropa, a verdade é que as forças portuguesas venceram todas as batalhas que se sucederam entre o início de 1659 e 1665, logrando impedir sempre a aproximação do exército espanhol a Lisboa.A batalha das Linhas de Elvas, travada em 14 de Janeiro de 1659, pondo fim ao cerco da cidade, que durava há três meses, é paradigmática do modo como Portugal se preparou para a guerra. Toda a cidade de Elvas estava rodeada por uma muralha abaluartada, ainda hoje visível em torno do seu centro histórico e destacou-se a recém-construída fortaleza de Santa Luzia, num outeiro a sul, que ajudou a suster o assédio das forças de Dom Luís de Haro. As forças portuguesas, por sua vez, puderam concentrar o seu potencial no contra-ataque que teve efeitos devastadores sobre os sitiantes.Em 1663, deu-se a invasão mais perigosa, em que os espanhóis obtiveram mesmo a rendição da cidade de Évora, mas o exército português, reforçado com cerca de dois mil soldados ingleses, obteve nova vitória, no Ameixial, em 8 de Junho de 1663. Nesse dia, enfrentaram-se quase 50.000 homens (22.000 por Portugal e 26.000 pela Espanha) número nunca atingido até então num campo de batalha em território português, o que demonstra quer o empenho de Filipe IV em recuperar o reino rebelde quer o dos portugueses em perseverar independentes.A batalha de Montes Claros, no dia 17 de Junho de 1665, assinalou a evidência da incapacidade espanhola de vergar a causa independentista portuguesa.A morte deFilipe IV dois meses mais tarde pôs fim à disputa. Depois de ambas as cortes resolverem os seus problemas internos (o afastamento de Dom Afonso VI pelo seu irmão Dom Pedro e a definição da regência do pequeno Carlos II, nascido em 1661) o tratado de paz através do qual Madrid reconheceu finalmente a independência de Portugal foi assinado a 13 de Fevereiro de 1668. Terminava a Guerra da Restauração.
  • CARTA DO REI  D. JOÃO III (1502-1557)  O PIEDOSO DIRIGIDA A D.  PEDRO DE MENEZES, AMADO SOBRINHO E CAPITÃO DA CIDADE DE CEUTA DATADA DE 1552. EXCERTOS DO TEXTO: DOM PEDRO SOBRINHO AMADO DE EL REY VOS ENVIO MUITO SAUDAR COMO AQUELE QUE MUITO AMO I COMO CREO QUE SEREYS SABIDO EL REY DE VELEZ VEO ME DAR CONTA DE SUAS COUSAS POR QUE SEMPRE DO SUCEDIMENTO QUE RECEBI EU O DESCONTENTAMENTO QUE SE DEVIA A SUA PESSOA E A SEUS TRABALHOS.  ME PEDIO PARA SEU FAVOR E PARA QUE IMPEÇAM QUE DELE E DE SUAS COUSAS ... MOUROS A TOMASSEM QUIZESSE MANDAR LEVAR NOSSAS CARAVELAS ARMADAS ATÉ AS ILHAS DE BUZEIMA (?)  E JUNTAMENTE LHE MANDAR DAR CARAVELA PARA SE LHE FOSSE NECESSÁRIO DESEJANTO A RESTITUIÇÃO DE SUA HONRA E ESTADO. SENDO INFORMADO QUE AS CARAVELAS LEVADAS AS DITAS ILHAS NÃO CORRERIAM PERIGO LHE CONCEDI O QUE ME PEDIA ...E PORQUE PODE SER QUE CHEGUE A ESTA CIDADE AS NOVAS SOBR3E OS NAVIOS DE MOUROS QUE NA DITA PARAGEM PODEM ANDAR SEJAM OUTRAS E MUY DIFERENTES DAS QUE AGORA TENHO. SE ASSIM FOR E AS DITAS CARAVELAS NÃO PODEM IR AS DITAS ILHAS SEM CORRER PERIGO DE NAVIOS DE MOUROS AS PODEREM TOMAR NÃO AS DEIXAREIS HIR. E ASSIM MANDO POR ESTA QUE OS CAPITÃOES DELAS QUE EM TAL CASO O FAÇAM. El REY SE PODERÁ IR EMBORA NA DITA CARAVELA QUE DE QUE LEVA. E O QUE NISSO FIZERDES ME ESCREVEREIS. ESCRITA EM JULHO DE 1552. ASSINA O REI DOM JOÃO III.VIDE NOS CRÉDITOS EXTRAS DESSE LOTE PAINEL DE AZULEJOS ILUSTRATIVO DA CONQUISTA DE CEUTA. NOTA: A presença portuguesa no Algarve d´além-mar(possessões na África principalmente  Marrocos)  enfrentava uma grave crise na primeira metade dos anos 1500 sob o governo do Rei Dom João III filho de Dom Manuel o Venturoso. Logo no início de 1540, D. Francisco de Portugal, 1º conde do Vimioso e vedor da Fazenda, em carta a D. João III, mostrava-se preocupado com o estado de Ceuta e alertava para a urgente necessidade de socorro1. E, de fato, naquele ano os rumores da vinda da armada de Khair-ed-Din não cessariam até que, em Setembro, foi obtida confirmação de que a armada turca, que se julgava andar a pilhar a costa de Gibraltar, afinal havia retirado. D. Francisco não se enganou ao afirmar que Ceuta precisava de reparações urgentes, pois o Governador daquela possessão dom Nunes Alvares de Noronha queixou-se que não tinha artilharia nem munições e que se achara com tam pouqa gemte que numqa ousey de ha comtar nem fazer alardo pelos nam afracar. Apesar disso, não deixava de reconhecer que a constante presença das armadas turcas era maior ameaça que estar el rei de Fez aqui as portas. Mas, por essa altura, os Turcos não eram o único motivo de preocupação: D. Afonso, já em 1539, se queixara ao monarca de que o sultão oatácida de Fez não cumpria as pazes assinadas por D. João Coutinho, em 1538, as quais deveriam durar 11 anos.  Na verdade, a morte do alcaide de Tetuão, em 1539, com quem os Portugueses mantinham uma guerra constante, e a sua sucessão por Sit al Hurra, que viria a casar-se com o sultão de Fez em 1541, foi a grande fonte de preocupação para D. Afonso nos anos seguintes. A partir do porto de Tetuão, os corsários do sultão de Fez atuavam nas  águas de Ceuta causando grandes dificuldades à navegação cristã e temia-se que, a qualquer momento, atacassem Ceuta, visto esta estar tão desprovida. Entretanto, Sebastião de Vargas, em negociações na corte de Fez, noticiava ao monarca que o motivo da indisposição dos muçulmanos seria um alegado ataque de D. Afonso a Tetuão, mas que este não tinha dirigido. O ataque havia sido concretizado por habitantes de Ceuta. O desejo de desforra islâmico manifestou-se logo no ano seguinte quando D. Afonso recebeu tantas notícias dos Turcos que não sabia em quais acreditar. A cidade, já sem mantimentos, foi atacada a 18 de Março de 1541. D. Afonso conseguiu defender a praça, e no ano em que se decidiu o abandono de Safim e de Azamor, o capitão de Ceuta apresentava ao rei aquela que ficou conhecida como A Grande Vitória . Contudo, o triunfo cristão teve um sabor algo amargo pois, dias antes do cerco, os Franciscanos fugiram da cidade após terem enviado missivas ao rei acusando D. Afonso de os manter presos. O zelo religioso de que o Noronha tantas provas daria acabaria entretanto esquecido, em prol de novas preocupações. Ao problema dos atrasos nos abastecimentos e consequente fome e seus efeitos era o que D. Afonso procurava constantemente acorrer. Com a chegada dos arquitectos Benedito de Ravena e Miguel de Arruda, em Junho de 1541, o capitão empenhou-se em controlar de perto as diversas obras e reparações que tornariam Ceuta numa cidade inexpugnável a partir da segunda metade do século XVI. Foi neste pano de fundo que emergiu uma das causas que D. Afonso defendeu acerrimamente junto a DOM JOÃO III até 1549: a aliança com o rei de Velez. Sempre vigilante e bem informado, o capitão de Ceuta enviou pouco depois ao soberano novas da guerra entre Fez e os Saádidas, recomendando o favorecimento do rei de Velez e lamentando não ter o ensejo de aproveitar plenamente o bom clima, que então se advinhava, para entrar na guerra dadas as crónicas dificuldades financeiras. Por seu lado, o rei de Velez procurava agradar aos Portugueses, acenando com o auxílio no resgate aos cativos cristãos. Aproveitando uma derrota episódica do saádida, D. Afonso foi por essa época chamado a Lisboa,  pugnando ainda pela necessidade da aliança com o rei de Velez, deu ordens a D. Antão de Noronha, seu sobrinho, para ir com alguns navios assaltar Tetuão . Chamado ao Reino por D. João III, em Dezembro de 1547, D. Afonso aí permaneceu até Julho de 1548. Por ordem régia, a capitania de Ceuta foi entregue à sua esposa D. Maria de Eça, que foi coadujvada por D. Antão. A circunstância de D. Maria ser a primeira mulher a assumir uma capitania norte-africana demonstrava não só o seu valor guerreiro, provado nas batalhas ao lado do marido, como um padrão de excepcionalidade que apenas a confiança do soberano em D. Afonso pode explicar. É provável que D. Afonso tenha debatido com o monarca a situação política das praças norte-africanas e que, em particular, tenha insistido na aliança com o rei de Velez a qual o Piedoso acabou mesmo por prosseguir nos anos de 1548 a 1550, como bem provam a embaixada de Lourenço Pires de Távora junto de Carlos V ou, mais tarde, as diligências de D. Pedro Mascarenhas junto do próprio rei de Velez com vista à efetivação de uma aliança militar. Tal ocorrência, aliada aos insistentes pedidos de auxílio aos cativos, poderão ter contribuído para a criação ou reforço da imagem de positiva de Dom Afonso junto ao Rei Dom João III. Em 1549 novamente Dom Afonso foi convocado a presença do Rei desta feita para ser nomeado Vice Rey da India e em seu lugar assumiu a posição de Capitão de Celta o sobrinho do Rei Dom Pedro de Menezes.
  • DOM SEBASTIÃO (1554-1578)   O DESEJADO  RARO DOCUMENTO ASSINADO POR DOM SEBASTIÃO CONCEDENDO LICENÇA/SALVO CONDUTO  A GASPAR DE ARGUISO PARA EM 90 DIAS PASSAR LIVREMENTE EM TODAS AS AMEIAS DO ESTADO RÉGIO. DATADO DE QUATRO DE OUTUBRO DE 1560. EXCERTOS DO TEXTO: POR A PRESENTE LICENÇA A VOS GASPAR DE ARGUISO ...". VIDE NOS CREDITOS EXTRAS DESSE LOTE IMAGEM DE DOM SEBASTIÃO REI DE PORTUGAL. NOTA: EXIStiram muitos reis odiados através da História: eram tiranos, insanos ou simplesmente péssimos governantes que conquistaram o desprezo de seus súditos. Dom Sebastião, no entanto, que governou Portugal entre 1557 e 1578, não foi um deles. Seu nascimento e crescimento foram acompanhados com expectativa pelo povo português. Era um período em que filhos muitas vezes "não vingavam" e a monarquia se encontrava em uma situação instável pois havia somente um herdeiro em linha direta. Na época, o rei era João III, o avô de Sebastião, que se encontrava doente. Seu herdeiro  o único sobrevivente de nove irmãos  era D. João Manuel, que faleceu enquanto seu filho ainda estava no ventre da mãe.  Assim, Dom Sebastião nasceu já órfão de pai, encarou o trono com apenas três anos, quando João III acabou sucumbindo à doença. Ele cresceu saudável, mas, infelizmente para a situação política de Portugal, acabou não se casando e faleceu aos 24 anos sem deixar herdeiros, o que gerou uma verdadeira crise de sucessão.  Este é parte do contexto por trás do sebastianismo, nome dado à lenda popular que defendia que o monarca continuava vivo. Existiu, inclusive, mais de um farsante que apareceu nos holofotes públicos afirmando ser o rei que havia falecido. Para compreender melhor as narrativas por trás deste curioso fenômeno é  preciso reiterar que não existe margem para dúvidas a respeito da morte do monarca. D. Sebastião pereceu ao combater os mouros em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir, que se deu no norte da África. A morte é confirmada pelos relatos históricos de uma série de testemunhas oculares que participaram do conflito.  Sua grande obstinação era a ideia de fazer uma cruzada no Marrocos, onde Portugal tinha interesses e onde ele queria fazer também os seus feitos de cavalaria e se provar o problema é que não considerou os riscos de sua aventura para a dinastia. O seu corpo foi reconhecido no dia a seguinte à batalha pelos nobres portugueses, e por um juiz português que tinha como função enterrar o Dom Sebastião na cidade mais próxima, e certificar sua morte. Foi ele também que enviou uma carta oficial para Lisboa, para oficializar a morte do rei. Portanto, digamos que entre as autoridades não houve dúvidas, a partir desse momento, que o rei tinha morrido. A próxima pessoa a assumir a Coroa foi Dom Henrique, um tio-avô do jovem governante. O homem, no entanto, era um clérigo idoso, um Cardeal o Prior de Crato  Após seu falecimento  que ocorreu apenas dois anos mais tarde , aconteceu o que todos temiam: a pessoa mais próxima na linha de sucessão era Filipe II da Espanha. Até então, Portugal vivia um período de realçado patriotismo, e passar a ser governado pelo monarca de um reino rival foi uma reviravolta difícil de engolir para muitos portugueses em um país que era um dos mais ricos do mundo. Foi um período muito conturbado também porque a batalha teve consequências  negativas para o reino de Portugal, com muitos mortos (membros da nobreza, membros dos combatentes mais populares), muito dinheiro que se perdeu. Foi preciso pagar os resgates dos presos, muitas pessoas estiveram presas na África, e tudo isso teve grandes custos. Portanto, na memória portuguesa, é uma das derrotas mais célebres e mais catastróficas.  Esses detalhes tornam ainda mais curioso que, a seguir, tenha se desenvolvido o sebastianismo, essa negação coletiva da realidade dura em que o rei de Portugal não estava mais entre os vivos. Havia duas motivações principais por trás do reforço dessa lenda popular pelas pessoas da época. A primeira é política, na tentativa de evitar a reivindicação do trono por Filipe II: Houve quem alimentasse, em meios próximos do poder, a dúvida e o rumor de que o rei estaria vivo, como forma de adiar a decisão sobre a sucessão, uma forma de ganhar tempo: houve um aproveitamento político do rumor, da falsa notícia. A segunda motivação, por sua vez, é mais sentimental, e apareceu entre indivíduos que perderam seus entes queridos na batalha de Alcácer-Quibir. Acreditar que Dom Sebastião ainda estava vivo e poderia retornar, a partir desta perspectiva, poderia oferecer conforto: se ainda havia esperança para o monarca, também havia para seus amigos e familiares que foram para a África e não voltaram.  Começou a haver casos de impostura, de gente que se fez passar por D. Sebastião, ou que se dizia que era D. Sebastião. As histórias acabaram mal, em geral com condenação à morte, porque era um crime grave dizer-se que era um monarca que se dava por morto, portanto, era uma usurpação de identidade, e, em geral, o que acontecia nessa época era uma condenação à morte". O chamado "Sebastião Italiano", em particular, foi um homem que ganhou notoriedade apesar de sua mentira ser óbvia: ele não falava português e era fisicamente diferente do monarca falecido (com cabelos escuros em vez de claros, por exemplo). Além disso, vale mencionar que a farsa do impostor de Veneza teve uma duração muito maior do que poderia ser esperado. Para tentar explicar esse episódio aparentemente desprovido de lógica, deveria haver interesses políticos na continuidade da fraude. Uma história desprovida de lógica como esta, se arrastou em um processo que durou cinco anos. O falso rei  esteve preso em várias prisões. Curiosamente séculos depois da morte do monarca o Sebastianismo, a crença na volta do Rei Dom Sebastião encontrou guarida também no Brasil. O sebastianismo t influenciou certos movimentos brasileiros em todo o país, desde o Rio Grande do Sul até ao norte do Brasil, principalmente no início do século XX.No nordeste destacam-se dois movimentos sebastianistas no interior do estado de Pernambuco, que, segundo a crítica aos movimentos na época, tiveram um caráter político-religioso violento e com líderes fanáticos, que ludibriavam a população de boa fé, já vítima dos problemas da seca. O primeiro, A Tragédia do Rodeador, foi liderado por Silvestre José dos Santos que, em 1819, criou um arraial em um local denominado Sítio da Pedra. Ele foi destruído em 1820 pelo governador do estado, Luiz do Rego. Esta destruição, conhecida como Massacre de Bonito, matou 91 pessoas e feriu mais de 100. Depois disso, mais de 200 mulheres e 300 crianças foram aprisionadas e mandadas para Recife.O segundo movimento é conhecido como A Tragédia da Pedra Bonita. Foi criada uma espécie de reino na localidade de Pedra Bonita, na Serra Formosa, por João Antonio dos Santos. Como o sucessor de João Antonio, João Ferreira, pregava que o rei D. Sebastião só voltaria se a Pedra Bonita fosse banhada de sangue, foi promovido um grande massacre no qual morreram 87 pessoas. Este arraial foi destruído pelo major Manoel Pereira da Silva.Este último movimento inspirou o escritor José Lins do Rego a escrever o romance Pedra Bonita, além do romance A Pedra do Reino de Ariano Suassuna.No Maranhão, há uma crença, especialmente na ilha dos Lençóis, no litoral do estado, de que o Rei D. Sebastião viveria nesta ilha, havendo muitas lendas em torno de sua figura, como se transformar em um touro negro encantado, com uma estrela na testa. O couro do boi do Bumba-meu-Boi, principalmente os de sotaque de zabumba e de pandeiros de costa de mão, das regiões de Cururupu e Guimarães, costuma ter a ponta dos chifres em metal dourado e traz, bordada na testa, uma estrela de ouro e jóias, em alusão à lenda. Religiões de matriz africana no estado, como o tambor de mina e o terecô, também tem especial relação com o rei Sebastião, que figura como um encantado.
  • DOM SEBASTIAO  O DESEJADO   (1554-1578) GRAVURA EM BURIL  POR ANDRÉ TREVET (1565-1590) DATADA DE 1584 EM PARIS. APRESENTA O REI DOM SEBASTIÃO NA CRUZADA CONTRA OS MUÇULMANOS SEGURANDO ESCUDO COM AS ARMAS DE PORTUGAL CRIVADAS DE FLECHAS. LEGENDA "SEBASTIEN, I. DU NOM, ROY DE PORTUGAL" FRANÇA, ANO DE 1584. NOTA:  DOM SEBASTIÃO - "Rei de Portugal (1557-1578) nascido em Lisboa, que desapareceu na África gerando o sebastianismo, uma espécie de crença messiânica no seu retorno ao país. Neto e sucessor de D. João III, herdeiro do trono português, foi coroado rei aos três anos de idade e durante a menoridade ficou sob a tutela do cardeal D. Henrique, seu tio-avô paterno, e da avó, D. Catarina. Educado austeramente pelos jesuítas, logo demonstrou concentrar seus interesses nas artes da guerra e da conquista e ter como grande ambição a vitória sobre os muçulmanos para a glória do cristianismo. Assumindo o trono (1568) deu início ao projeto de criar um império português no norte da África e combater os mouros em nome de Cristo.Comandou uma primeira expedição contra o Marrocos (1574) e numa segunda, à frente de um exército de mais de 15.000 homens, desembarcou novamente no litoral marroquino (1578). Seu projeto terminou tragicamente, pois na batalha de Alcácer-Quibir, no dia 4 de agosto, os portugueses foram esmagados pelas forças superiores do sultão Abd al-Malik e o rei desapareceu misteriosamente em combate, quando tinha apenas 24 anos de idade. Com seu sumiço e por não ter herdeiros, foi proclamado rei o velho cardeal D. Henrique, seu tio, que reinou dois anos. Esgotada a linha masculina da casa de Avis, recorreu-se à feminina, mediante várias manobras da nobreza e dos espanhóis.Assim se facilitou a anexação de Portugal pela Espanha (1580), que deixaria o país sob o domínio espanhol, ao mesmo tempo que evoluía o mito sebastianista de que o jovem rei sobrevivera e voltaria para libertar seu povo. Essa crença sobreviveu por três séculos como símbolo do nacionalismo português. Subiu ao trono de Portugal (1581), contra a vontade popular, Filipe II, rei da Espanha, viúvo de uma filha de D. João III e o reino só readquiriu a independência sessenta anos depois (1640) quando teve início o reinado de D. João IV, fundador da dinastia de Bragança."
  • D. JOÃO PEREIRA MATTOS EMBAIXADOR DO REI DE PORTUGAL DOM SEBASTIÃO I NA CORTE DE CARLOS IX DA FRANÇA (1550-1574). CURIOSA CARTA DATADA DE OITO DE ABRIL DE 1568 EM QUE O EMBAIXADOR D. JOÃO PEREIRA MATTOS DIRIGE-SE AO REI CARLOS IX PEDINDO REPARAÇÃO DE UMA INJÚRIA FEITA A ELE POR UM CIDADÃO PORTUGUÊS NA FRENTE DE TODA A CORTE FRANCESA. ASSINA D. JOÃO PEREIRA MATTO EMBAIXADOR DE PORTUGAL. FRANÇA, 1568.  VIDE NOS CRÉDITOS EXTRAS DESSE LÇOTE IMAGEM DE UM RETRATO DE CARLOS IX A QUEM ESSA CARTA FOI ENDEREÇADA. NOTA: CARLOS IX, era filho de CATARINA DE MÉDICIS passou para história por ser junto com sua mãe incentivador do MASSACRE DE SÃO BARTOLOMEU. O reinado de Carlos foi dominado pelas guerras francesas da religião, que colocaram várias facções umas contra as outras. Os huguenotes, os adeptos franceses do calvinismo, tinham um número considerável de seguidores entre os nobres, enquanto seus inimigos, posteriormente organizados na Liga Católica, eram liderados pela Casa de Guise, um ramo de cadetes da Casa de Lorena. A rainha Catarina, apesar de nominalmente católica, tentou inicialmente estabelecer um curso intermediário entre as duas facções, tentando manter (ou restaurar) a paz e aumentar o poder real. As facções se envolveram em violência antes mesmo da ascensão de Carlos: em 1560, um grupo de nobres huguenotes em Amboise planejava tentar sequestrar o rei Francisco II e prender os líderes católicos Francisco, Duque de Guise e seu irmão Carlos de Lorena-Guise. O enredo foi descoberto antes do tempo, e os Guises foram preparados, executando centenas de huguenotes. Isto foi seguido por casos de iconoclasmo protestante e represálias católicas.A regente Catarina tentou promover a reconciliação no Colóquio de Poissy e, depois disso, fez várias concessões aos huguenotes no Édito de Saint-Germain em janeiro de 1562. No entanto, eclodiu a guerra quando alguns servidores da Casa de Guise, na esperança de vingar a tentativa de Amboise. Em Wassy, França, em 1 de março de 1562, Francisco, Duque de Guise e suas tropas atacaram e mataram ou feriram mais de 100 fiéis huguenotes e cidadãos. A tragédia é identificada como o primeiro grande evento nas Guerras religiosas na França.Luís I de Bourbon-Condé, irmão do tenente-general e suspeito de ser o arquitecto da Conjuração de Amboise , já se preparara para a guerra e, tomando Wassy como pretexto, assumiu o papel de protetor do protestantismo e começou a apoderar-se da guarnição. cidades estratégicas ao longo do Vale do Loire. Em troca, a monarquia revogou as concessões dadas aos huguenotes. Depois que os líderes militares de ambos os lados foram mortos ou capturados em batalhas em Rouen, Dreux e Orleães, o regente mediou uma trégua e emitiu o Edito de Amboise (1563). Após a conclusão da Paz de Saint-Germain-en-Laye em 1570, o rei ficou cada vez mais sob a influência do almirante Gaspar II de Coligny , que sucedeu o príncipe morto de Condé como líder dos huguenotes após a batalha de Jarnac em 1569. Catarina, no entanto, tornou-se cada vez mais temerosa do poder descontrolado de Coligny, especialmente desde que ele estava buscando uma aliança com a Inglaterra e os holandeses. Coligny também foi odiado por Henrique, duque de Guise, que acusou o almirante de ter ordenado o assassinato de seu pai Francisco, Duque de Guise durante o cerco de Orléans em 1562.Durante o acordo de paz, um casamento foi arranjado entre a irmã de Carlos, Margarida de Valois, e Henrique de Navarra, o futuro rei Henrique IV, que na época era herdeiro do trono de Navarra e um dos principais huguenotes. Muitos nobres huguenotes, incluindo o almirante de Coligny, invadiram Paris para o casamento, que foi marcado para 18 de agosto de 1572. Em 22 de agosto, uma tentativa fracassada da vida de Coligny deixou a cidade em estado de apreensão, tanto os huguenotes como os católicos parisienses. temia um ataque do outro lado.Nesta situação, no início da manhã de 24 de agosto de 1572, o duque de Guise mudou-se para vingar seu pai e assassinou Coligny em seus aposentos. Quando o corpo de Coligny foi jogado na rua, os parisienses mutilaram o corpo. A ação da massa irrompeu no massacre da noite de São Bartolomeu , um massacre sistemático de huguenotes que duraria cinco dias. Henrique de Navarra conseguiu evitar a morte prometendo converter-se ao catolicismo. Nas próximas semanas, a doença se espalhou para mais cidades na França. No total, até 10 000 huguenotes foram mortos em Paris e nas províncias.Embora os massacres enfraquecessem o poder huguenote, eles também reacenderam a guerra, que só cessou depois que o Edito de Boulogne, em 1573, concedeu anistia aos huguenotes e limitou a liberdade religiosa. No entanto, no ano de 1574, houve um fracassado golpe huguenote em Saint-Germain e revoluções huguenotes bem-sucedidas na Normandia, no Poitou e no vale do Ródano, preparando o terreno para outra rodada de guerra.. No rescaldo do massacre, a frágil constituição mental e física do rei enfraqueceu-se drasticamente. Seus humores variavam de jactância sobre a extremidade do massacre a exclamações que os gritos dos huguenotes assassinados continuavam a soar em seus ouvidos. Freneticamente, ele culpou alternadamente a si mesmo - "Que sangue derramado! Que assassinatos!", Ele gritou para sua enfermeira. "Que conselho maligno tenho seguido! Ó meu Deus, perdoa-me ... Estou perdido! Estou perdido!" - ou sua mãe - "Quem além de você é a causa de tudo isso? O sangue de Deus, você é a causa de tudo!" Catarina respondeu declarando que ela tinha um lunático por um filho.A condição física de Carlos, tendendo à tuberculose, deteriorou-se a ponto de, na primavera de 1574, sua tosse rouca se tornar sangrenta e sua hemorragia se tornar mais violenta.Em seu último dia, 30 de maio de 1574, Carlos chamou Henrique de Navarra, abraçou-o e disse: "Irmão, você está perdendo um bom amigo. Se eu acreditasse em tudo o que me disseram, você não estaria vivo. Mas eu sempre Amei você ... Eu confio em você sozinho para cuidar de minha esposa e filha. Ore por Deus para mim. Adeus".Carlos IX morreu no Château de Vincennes, com 23 anos de idade. Como seu irmão mais novo, Henrique, Duque de Anjou, havia sido recentemente eleito rei da Polônia e estava fora da França, sua mãe Catarina retomou a regência até o retorno de Henrique da Polônia.
  • DONA CATARINA DA ÁUSTRIA (1507-1578)  RAINHA CONSORTE DE PORTUGAL, ESPOSA DE DOM JOÃO III E REGENTE DO REINO NA MENORIDADE DE DOM SEBASTIÃO I. CARTA PATENTE DE DONA CATARINA DA ÁUSTRIA CONCEDENDO O TÍTULO DE CIDADÃO DO PORTO A DUARTE DE TOMAZ  EXCERTOS DO TEXTO: FAÇO SABER A QUANTOS MEU ...VIREM VINDO EM RESPOSTA AS QUALIDADES DE DUARTE DE TOMAZ E DE SEU PAI JERONIMO DE TOMAZ E GRÁCIA RODRIGUES SUA MÃE MORADORES NA CIDADE DO PORTO....ME APRAZ FAZER O DITO DUARTE TOMAZ CIDADÃO DA DITA CIDADE DO PORTO....POSTO QUE NÃO PASSAM PELA CHANCELARIA MALGRADO DA ORDENAÇÃO EM CONTRÁRIO. EU CATARINA FIZ ESCREVER.ASSINA DONA CATARINA DA ÁUSTRIA. INICIO DA DÉCADA DE DE 1560. NOTA: D. Catarina de Áustria nasce em Espanha, na cidade de Torquemada, a 14 de janeiro, de 1507. É filha de Joana, rainha de Castela, Leão e Aragão, e de Filipe I, rei consorte de Castela e Leão. Teve cinco irmãos, de entre os quais o imperador Carlos V. Durante os seus primeiros anos de vida, os tempos eram de profunda incerteza política. O seu pai morre no ano anterior ao seu nascimento, e a sua mãe, D. Joana, que ficou conhecida como A Louca, é encarcerada, em 1509, no paço régio de Tordesilhas, às ordens do rei Fernando, o Católico. D. Catarina vai partilhar o cativeiro com a mãe, fazendo a sua formação confinada ao Paço. Em 1518, ocorre um episódio que lhe altera significativamente a vida - é libertada pelo seu irmão, o imperador Carlo V que, embora não autorize a sua saída de Tordesilhas, lhe providencia condições de vida mais abonatórias. Dado o histórico de diferendos diplomáticos entre Castela e Portugal, Carlos V encarrega-se de atribuir um papel politicamente ativo à sua irmã, neste caso, para estabilizar as relações ibéricas. Assim, autoriza o casamento da irmã com D. João III, rei de Portugal, casando-se ele próprio com Isabel, filha de D. Manuel I. O casamento de D. Catarina com D. João III dá-se em 1525. Nesta altura, grande parte da população de Lisboa padecia de peste, sendo que o próprio rigor invernoso não permitiu que o recente casal real chegasse mais cedo à cidade. Segundo documentação da biblioteca da Ajuda, a festa da entrada régia registou a sua ocorrência no dia 24 de janeiro, depois de uma travessia do respetivo séquito em pequenos batéis, entre Alcochete e Lisboa, assistindo-se a grandes honras à nova rainha quer em mar como em terra. Com um temperamento vigoroso e dotada de uma inteligência pouco vulgar, exerceu forte influência nos negócios portugueses internos e externos, sendo admitida em todos os conselhos de Estado, uma honra conferida apenas excecionalmente. A morte de D. João III, em 1557, fez com que a sucessão transitasse para o neto, D. Sebastião. Note-se que o casal real teve nove filhos, mas todos faleceram ainda em vida do rei D. João III. Nesta medida, D. Catarina assume a regência do reino durante a menoridade do neto, convocando o cardeal D. Henrique para seu conselheiro. Mostrou-se permanentemente atenta com a educação do neto, procurando chamar à Corte os melhores mestres para formarem um príncipe digno do trono e das virtudes associadas a um responsável máximo de Estado. Nos assuntos externos, focalizou o seu empenhamento na conservação da conquista de territórios orientais, ordenando o envio de armada com o objetivo não só de mantê-los sob a alçada portuguesa, mas também para os submeter às leis do reino. No Norte de África, continuavam as tentativas de expulsão dos portugueses, cuja posse territorial era vista como uma afronta. Neste sentido, o rei de Marrocos veio a estabelecer cerco em Mazagão com um exército numeroso. A praça marroquina foi defendida pelo capitão Rui de Sousa que, depois do apoio militar concedido pela rainha, conseguiu finalmente repelir a ameaça. Relativamente à política administrativa interna, a rainha regente mostrou-se pragmática, atuando com prudência, ao escolher como ministros personalidades ativas e desinteressadas, como foi o caso de Gil Eanes. Tinha por hábito premiar os beneméritos, promovendo, por exemplo, na mitra primacial de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires. Fundou em Lisboa, em 1519, o Colégio dos Meninos Órfãos, dotando-o de mestres para que educassem e instruíssem os órfãos. Mandou também construir os mosteiros do Vale Bem-feito, da ordem de São Jerónimo, de Pedrogão dos Dominicanos, e a igreja de Santa Catarina, entre outros. Enlevada pelo sucesso da sua política regencial manda, por carta de 11 de agosto, de 1560, que todos os estudantes portugueses das universidades de Paris, Lovaina e Salamanca, regressassem para estudar na Universidade de Coimbra, o que seria uma grande demonstração de respeito pela memória de D. João III. Consegue junto do Papa, a elevação da igreja de Santa Catarina de Goa a arcebispado, e a criação dos bispados de Santa Cruz, Cochim, Assunção e Malaca. Em 1560, agastada pela continuidade do esforço exigido pela regência, tenta transferir este papel para o cardeal D. Henrique, mas as manifestações em prol da sua continuidade revelam-se frutíferas, continuando a assumir esse encargo por mais dois anos. Posto isto, retira-se em 1562, passando a regência para o cardeal. Contam-se algumas divergências com o neto, o infante D. Sebastião, principalmente por este demonstrar, desde muito cedo, um certo fascínio das artes bélicas do espírito de cavalaria. Acaba por se retirar para o convento de Xabregas, onde vem a falecer a 6 de fevereiro, de 1578, apenas alguns meses antes de D. Sebastião desaparecer na batalha de Alcácer-Quibir.
  • BRASIL COLÔNIA  BELISSIMO PERGAMINHO DE DOM ANTONIO DA CUNHA SOTTOMAIOR OUVIDOR GERAL DA COMARCA DE GOYAS EM VILLA BOA DE GOYAS DATADO DE 28 DE JUNHO DE 1759 CERTIFICANDO A ELEIÇÃO DO CAPITÃO SALVADOR JORGE BUENNO PARA EXERCER MANDATO NO SENADO DA CÂMARA DE VILLA BOA DE GOYAS DE ACORDO COM CERTIDÃO ASSINADA PELO ESCRIVÃO DA CÂMARA JOSÉ FRANCISCO RAYMUNDO. EXCERTO DO TEXTO: DOM ANTONIO DA CUNHA SOUTO MAYOR CAVALEIRO PROFESSO DA ORDEM DE CHRISTO FIDALGO DA CASA DE SUA MAGESTADE E DO SEU DESEMBARGO OUVIDOR GERAL DA COMARCA DE GOYAS... SECULO XVIII,  43 X 32 CMNOTA: DOM ANTONIO DA CUNHA SOTTOMAIOR, era um alto funcionário de carreira da coroa portuguesa no Brasil, em 1751 vamos encontra=lo exercendo o ofício  de Chanceler da Relação da Bahia onde integrou a comissão criada para promover uma devassa investigativa sobre a invasão francesa no Brasil.  Um oficio de sua lavra participa ter enviado preso a Lisboa o ex Tesoureiro Geral Domingos Cardoso dos Santos acusado de corrupção. Esse era pelo visto um crime frequente no Brasil Colonial, pois o próprio DOM ANTONIO DA CUNHA SOTTOMAIOR foi igualmente preso por malversação após investigação conduzida a mando do Rei Dom José I pelo Ouvidor Geral de Goiás Francisco de Atouguia Betencourt e Lira , que subistituiu o investigado na função, a fim de proceder a averiguação das extorsões e atos corruptos praticados pelo governador e capitão-general de Goiás, conde de São Miguel, D. Álvaro José Xavier Botelho de Távora e o ex-ouvidor-geral de Goiás, António da Cunha Sotomaior. Um desses escândalos ruidosos foi que  o Ouvidor foi acusado de falsificar o testamento do Tenente José Gomes Curado, com quem em sociedade havia trazido um comboio de negros provenientes da Bahia. DOM ANTONIO DA CUNHA SOTTOMAIOR era implacável no exercício de seu ofício. Por exemplo como com o argumento de conter a violência e as inúmeras fugas da prisão, António da Cunha Sottomaior, Ouvidor-geral,  em 1757, solicita junto ao rei permissão para execução de brancos na capitania. Utilizando do regimento dos ouvidores do Rio de janeiro, na carta, diz que além das execuções permitidas dos negros, mulatos e tapuios, devem executar sentença aos brancos, uma vez que a capitania está em linha reta mais de 500 léguas do Rio de Janeiro. Como dito acima, no ano de 1742, o antigo ouvidor Manuel da Fonseca havia feito a mesma solicitação, na época, para execução de indivíduos de qualidade inferior, ou seja, 15 anos mais tarde a solicitação inclui os brancos, o que nos leva a pensar que a lei não era realmente seguida e o aumento do poder punitivo era considerado como solução viável para combater os desmandos e a violência. Na carta, o Ouvidor envia um relatório do escrivão em que se afirma que as fugas das cadeias são constantes, que em dado momento houve fuga de mais de 20 presos, isto desde 1750.  Em outra ocasião quando o Rei Dom José I ordena que sejam feitas cartas e mapas da Capinania de Goyas Cunha Soutto Mayor expressa as dificuldades que encontrou: E cuidando eu logo, em executar o que Vossa Majestade me ordena, achei grande dificuldade em o conseguir, pela imperícia de que são dotados os camaristas desta comarca. Pois, um sem mais atividades do que para mineiros, outros sem mais sabença que a de criar gados nos Sertões. Rústicos por nascimento e criação, ignorantes por natureza. Não sabem que coisa é o Levante Leste ou o Poente Oeste, Norte ou Sul, nem tem inteligência alguma dos rumos para que com certeza se fizessem o mapa.
  • DOM PEDRO II (1648-1706) REGENTE EM LUGAR DE SEU IRMÃO  DOM AFONSO VI (1643-1683). CARTA DO REGENTE PRÍNCIPE PEDRO (FUTURO DOM PEDRO II DE PORTUGAL) DATADA DE 5 DE NOVEMBRO DE 1670 E DIRIGIDA AO REITOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA D. ANDRÉ FURTADO DE MENDONÇA (1600-1676), BISPO DE MIRANDA,  COMUNICANDO A NOMEAÇÃO PARA LENTE DA INSTITUIÇÃO DO FREI THEODORO DO AMARAL. EXCERTOS DO TEXTO: DOM PEDRO PRÍNCIPE COM REGENTE GOVERNADOR DO REINO DE PORTUGAL E ALGARVES E COMO PROTETOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA FAÇO SABER AO DOUTOR ANDRÉ FURTADO DE MENDONÇA, DO MEU CONSELHO, REITOR DA MESMA UNIVERSIDADE, QUE MANDO VISTO SUA CONSULTA QUE PRECEDENDO INFORMAÇÃO E PARECER NOSSO, SOMOS PELO NOSSO TRIBUNAL DA MESA DE CONSCIENCIA SOBRE O PROVIMENTO DA CADEIRA QUE NO MOMENTO ESTÁ VAGA E TENDO RESPEITO AS LETRAS BOAS E PROVIMENTO QUE CONCORRE NA PESSOA DO MESTRE THEODORO DO AMARA, RELIGIOSO DA CONGREGAÇÃO DE SÃO BERNANDO E POR TAMBÉM CONFIAR NELE QUE A TUDO QUE LHE ENCARREGAR DARA DEVIDA ADMINISTRAÇÃO, HEY POR BEM E ME COMPRAS LHE FAZER MESTRE DA DITA CADEIRA DE GABRIEL. ASSINA PRINCIPE A UNIVERSIDADE DE COIMBRA, UMA DAS MAIS ANTIGAS DO MUNDO E TINHA ADMINISTRAÇÃO DIRETAMENTE LIGADA AO REI. DOM ANDRE FURTADO DE MENDONÇA A QUEM A CARTA DE NOMEAÇÃO FOI DIRIGIDA ERA , MESTRE EM ARTES E DR. TEÓLOGO, NATURAL DE LISBOA, FILHO DE JOÃO FURTADO DE MENDONÇA, COMENDADOR DE BORBA GOVERNADOR DO ALGARVE E DE ANGOLA, PRESIDENTE DA CÂMERA DE LISBOA E DO CONSELHO DAS ÍNDIAS E CONSELHEIRO DE ESTADO, E DE D. MAGDALENA DE TÁVORA, D PRIOR DE GUIMARÃES E DEPUTADO DA JUNTA DOS TRÊS ESTADOS E TINHA SIDO DEÃO DE LISBOA SENDO UM DOS TRÊS NOMEADOS PELA UNIVERSIDADE FOI PROVIDO NO LUGAR DE REITOR POR ELREI D AFONSO O VI DE QUE SE LHE PASSOU PROVISÃO EM 19 DE JULHO DE 1667 E TOMOU POSSE E JURAMENTO EM 6 DE OUTUBRO DO MESMO ANO. EL-REI D. PEDRO NOMEOU O REITOR PARA BISPO DE MIRANDA E DA PRIMEIRA VEZ QUE SE ACHA COM O TÍTULO DE BISPO ELEITO É EM 6 DE MAIO DE 1662, E GOVERNOU AINDA ATÉ 24 DE FEVEREIRO DE 1663, FALECEU EM MIRANDA, A 21 DE JULHO DE 1676, E ESTÁ SEPULTADO NA SÉ. NESSA ÉPOCA PORTUGAL PASSAVA POR UM PERÍODO QUE A HISTÓRIA CARACTERIZOU COMO UM GOLPE DE ESTADO DADO PELO PRÍNCIPE PEDRO CONTRA SEU IRMÃO O REI DE DIREITO DOM AFONSO VI. PORTUGAL, 1670, 31 CM DE ALTURANOTA: Afonso VI (Lisboa, 21 de agosto de 1643  Sintra, 12 de setembro de 1683), apelidado de "o Vitorioso", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1656 até à sua morte, o segundo monarca português da Casa de Bragança. Era filho do rei João IV e a sua esposa Luísa de Gusmão, com sua mãe servindo como regente desde sua ascensão até 1662, quando foi removida por Afonso e seu favorito Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º Conde de Castelo Melhor. O seu reinado viu o final da Guerra da Restauração e o reconhecimento pela Espanha da independência de Portugal. Afonso também negociou alianças com a França através de seu casamento com Maria Francisca de Saboia. No entanto, era física e mentalmente fraco, o que fez com que seu irmão mais novo Pedro, Duque de Beja, conspirasse em 1668 para o declarar incapaz. Pedro tornou-se regente do reino, anulou o casamento de Afonso e casou-se com a princesa Maria Francisca de Saboia, Rainha de Portugal. Afonso passou o resto de seu reinado praticamente como prisioneiro. Nascido apenas como infante de Portugal, Afonso não estava destinado a reinar nem foi preparado para tal, em virtude de o herdeiro da coroa ser o seu irmão mais velho, o príncipe Teodósio de Bragança. A sua formação foi pouco cuidada, à semelhança dos restantes irmãos. Ao contrário dos seus irmãos, Afonso passou a sua infância e juventude em Lisboa, num ambiente tenso e mergulhado em preocupações políticas, governativas, militares, entre outras. Com 3 ou 4 anos de idade, foi atingido por uma febre maligna, que lhe afetou o lado direito do corpo, e que se repercutirá na sua vida em variados aspectos, desde políticos a familiares e sexuais. Uma doença do sistema nervoso central, pensa-se hoje, talvez uma meningoencefalite, uma doença de foro nervoso, como propõe Montalvão Machado A morte do irmão mais velho, Teodósio, sucede a 13 de maio de 1653 e, a 17 de novembro do mesmo ano, morre Joanam passando Afonso a ser o novo herdeiro do trono de Portugal. Poucos anos antes de falecer, D. João IV de Portugal dispensa em benefício do infante Pedro, que mais tarde se tornaria rei de Portugal, um vasto património de senhorios, grande parte deles expropriados a nobres contrários à Restauração, e que haviam partido para Espanha. Estes senhorios estendiam-se por todo o território português, do norte ao sul do Alentejo, e estão na origem da Casa. Garantia-se assim, não só o mantimento dos filhos segundos da coroa, nas palavras de Veríssimo Serrão, mas também o suporte da descendência, de forma a perpetuar o Sangue Real Português o mais que se pudesse. Porém, alguns historiadores interpretam esta medida de forma diferente: com a debilidade da Monarquia Portuguesa, que nem sequer era reconhecida internacionalmente, e a insegurança que representava da incapacidade do herdeiro, inclusive a gerar descendentes, esta medida conseguia colocar nas mãos da Família Real um vasto património, que garantiria a sua importância senhorial.A Casa do Infantado e a Casa do Cadaval, com quem a Monarquia mais tarde contraiu alianças, formavam com a família real a trindade da Nobiliarquia Portuguesa e, embora tivessem todas elas ligações à Coroa, as suas possessões estavam segregadas do património do Estado.Volvidos três anos, morre D. João IV, deixando como sucessor Afonso, cuja idade ainda não lhe permitia governar e com capacidade mental duvidosa para assumir a função. Foi aclamado e jurado rei a 15 de novembro de 1656. O boato de que sofria de alguma doença mental levou a que se levantasse a questão do adiamento da cerimónia. No entanto, a data manteve-se por entendimento da rainha. O discurso de praxe coube ao doutor António de Sousa Macedo, jurisconsulto e diplomata, o qual destacou não a figura de Afonso mas a de seu pai, a quem definiu como hum sugeito quasi divino. Não deixou de invocar os feitos dos reis anteriores, provavelmente com o propósito de despertar o brio do jovem monarca, cuja nação se preparava para o recomeço da ofensiva espanhola, que já se fazia anunciar, e ao qual incumbia o dever de juntar todas as forças para, ao fim de dezasseis anos de guerra, não comprometer a independência face ao país vizinho e todo o processo de restauração. Este era o dia em que se iniciava também a regência da sua mãe, Luísa de Gusmão. A regência de Luísa centrou-se, inicialmente, na organização do governo de modo a impor-se às facções palacianas em jogo. Nomeia então, Francisco de Faro, Conde de Odemira, para aio de Afonso e mantém os oficiais da Casa Real que exerciam tais funções no tempo do seu marido. Francisco, filho do segundo Conde de Faro, Estêvão de Faro, e de Guiomar de Castro, filha do quarto Barão do Alvito, João Lobo da Silveira, e neta, por parte da mãe, do segundo Senhor de Lavre e Estepa, João Mascarenhas. Através dos matrimónios das suas filhas, Maria e Guiomar, traçou relações com o sétimo Conde da Feira e com o primeiro Duque de Cadaval, o célebre Nuno Álvares Pereira de Melo, e com o terceiro conde de Vila Nova de Portimão, respectivamente. Francisco, como se constata, pertencia a uma das famílias mais poderosas e de maior tradição em Portugal, e com ligações de parentesco diretas com outras casas de suma importância, como é o caso da Casa de Cadaval. A Pedro Vieira da Silva e Gaspar Faria Severim, comendador de Moura, coube o Conselho de Estado. Porém a rivalidade entre Francisco e o Conde de Cantanhede dificulta a regência da mãe de Afonso. Esta vê-se obrigada a nomear a Junta Noturna, assim conhecida por ter reuniões à noite. Para além dos dois nobres em disputa, constavam nela outros oficiais de confiança, como o marquês de Nisa, Pedro Fernandes Monteiro, o conde de São Lourenço e frei Domingos do Rosário, diplomata experiente. Esta Junta teve bastante utilidade e agilidade aos comandos dos negócios públicos. Com 13 anos, narra Veríssimo Serrão, divertia-se observando de uma janela do paço real rapazes de baixa condição nas suas brincadeiras, que incluíam lutas e outras arruaças. O rei não se coibia de aplaudir tais lutas, incitando o grupo seu favorito. Nas arcadas do pátio para onde dava a dita janela, reuniam-se mercadores e outros negociantes. Entre eles estava António Conti, "que tinha tenda de fitas, meias e mais adornos femininos". Este astuto genovês soube insinuar-se nas boas graças do monarca, aplaudindo os seus protegidos e ofertando-lhe bugigangas condizentes com o seu pouco apurado gosto, sempre que o rei descia ao pátio para conversar com ele.7 Conti tratou de lhe apresentar o seu irmão e também outros rapazes, incluindo negros, lacaios, mouros e outros do que era tido então como de ínfima estirpe. Divertiam-se todos em combates de lebreus, primeiro no paço, depois no próprio terreiro, em público. Aquele bando ignóbil não abandonava nunca o rei; percorriam todos a cidade, de noite, apedrejando janelas, arremetendo contra os transeuntes. A incapacidade física de D. Afonso tornava ainda estes espectáculos mais repugnantes. Atirando-se por bazófia a empresas atrevidas, sempre se saía mal, obrigando-se a fazer-se reconhecer, para não ser maltratado pelas pessoas que provocava. Por vezes enchia o paço de mulheres perdidas, também por bazófia, porque não era menos incapaz para as lutas amorosas que para as lutas guerreiras.  Tomando posse da sua casa, a 7 de abril de 1660, deliberadamente, consegue Afonso um alojamento no paço para António Conti, um quarto com porta para a câmara do rei, atitude que provocou escândalo na corte. Atribui-lhe igualmente o foro de moço do guarda-roupa do rei. Assim, tinha o privilégio de assistir ao vestir e despir da real pessoa, que o designou também moço das chaves. António consegue ainda do rei que este o tornasse fidalgo, lhe concedesse uma comenda e ainda o hábito da Ordem de Cristo. O monarca dispensa-lhe ainda uma capela cujo rendimento se acercava dos 1 000 Cruzados. Nestas saídas noturnas, de acordo com as descrições do Conde da Ericeira, que documentou grande parte da Restauração, o rei não se poupava a esforços para conquistar a afeição tanto das mulheres mais expostas, quanto das mais recatadas, crescendo de sorte, que, passando do rebuço da noite à manifesta claridade do dia, não perdoava nem ao sagrado das igrejas De fato, Ana de Moura e Feliciana de Milão, duas freiras do convento de Odivelas (já frequentado pelos monarcas desde D. Dinis e onde floresciam casos amorosos), disputavam do favor régio. Provavelmente para impressionar alguma das duas senhoras, Afonso quis tourear no pátio daquele convento, acabando por cair e magoar-se. Segundo a tradição, foi sangrado e Ana de Moura sangrou-se também, não tanto pela necessidade, mas para fazer fineza a Sua Majestade. A regente, de início, tentou apaziguar estas atitudes e impedir que o rei mantivesse contacto com estes rapazes, aconselhando-o. Porém, Afonso não a escutava, nem tão pouco aos conselheiros, entre os quais o conde de Odemira, Francisco. As brincadeiras de mau gosto continuavam, eram motivo de preocupação na corte e no reino e Luísa teve que tomar uma medida drástica. É implementada a pena de açoites e degredo a quem, com mais de quinze anos, jogasse pedradas. António Conti é afastado da corte. Francisco de Faro aproveita o mote e expulsa o grupo do paço, que ali entrava a seu bel-prazer. Quem não gostou foi, obviamente, Afonso, que, ao ver-se impedido de contactar com os seus amigos, volta a sua ira contra a mãe e contra os membros do conselho de estado, incluindo Francisco. Surgem então na vida do jovem rei dois jovens cortesãos que lhe restituem as amizades perdidas, Jerónimo de Ataíde, filho de Filipa de Vilhena, e Luís de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor. Como diz Veríssimo Serrão, não se aproximaram de D. Afonso porque lhes conviesse a vida escandalosa deste mas porque sentiam que o favor régio estava a seu alcance logo que ele tomasse o poder.. Mereceu Afonso o epíteto de O Vitorioso, por no seu reinado Portugal ter vencido a Espanha em várias batalhas da Guerra da Restauração. Em dez anos, mais ou menos o tempo em que combateu o país vizinho, diz António Pereira de Figueiredo, que alcançou tão grande nomeada, que ninguém se pode comparar com ele no número de vitórias e na glória que delas resultou. Foram cinco as vezes em que os portugueses combateram os castelhanos durante o seu reinado, por ocasião da Guerra da Restauração, sempre em menor número que os adversários. Logo no início do ano de 1657, a regente é informada pelo Conde de Soure que os espanhóis reuniam tropas para  invadir Portugal na primavera. Pouco tempo depois André de Albuquerque, general português, precisa o local de ajuntamento das tropas: Badajoz. Constava ainda que o próprio monarca vizinho viria dirigir um poderoso exército a Mérida. Substituído o conde de Soure no comando das operações militares nacionais no Alentejo, é o conde de São Lourenço que se encarrega de tal tarefa. Providencia a nomeação de capitães nas praças de Castelo de Vide, Marvão e Vila Viçosa e chama reforços de Trás-os-Montes, das Beiras e do Algarve. A zona do Guadiana é, em princípios do mês de Abril, dominada pelos espanhóis. Não resistiram as praças de Olivença e Mourão. Já em 1658, sabe-se então da pretensão das tropas de Filipe em ocupar Vila Viçosa. Eis que surge um dos grandes generais da Restauração, Sancho Manoel, governador da Praça de Elvas. Luis de Haro e as suas tropas, de cerca de 20 mil homens e muita artilharia, cercam Elvas, cerco este que se mantém durante três meses. Dentro das muralhas, resistiram os portugueses sob diário fogo de artilharia. Trezentos mortos por dia foi o resultado da peste que também se abateu sobre os militares. Esperavam-se os reforços vindos de todo o país, comandados pelo conde de Cantanhede, António Luís de Menezes, que não tardaram a chegar. A batalha era decisiva, pois estava em causa o controlo de Lisboa. É a 14 de janeiro de 1659 que se dá a batalha nos campos de Elvas, ganha pelos portugueses. Sancho recebe em troca da sua valentia em Elvas, o título de Conde de Vila Flor. Porém, a batalha - viriam os portugueses a perceber mais tarde - não foi definitiva, pois o Tratado dos Pirenéus deixa a Espanha sem outros encargos militares. (...) em breve, o Rei voltaria a sentir os efeitos de uma ameaça, porventura mais grave. Antes, todavia, deflagra uma crise política no seio da corte, que opõe Luísa a Afonso, mãe e filho, pelas rédeas do Poder. A rainha chegou a encarar a hipótese de o infante Pedro, seu 3.º filho, vir a ser jurado herdeiro do trono, para o que recebeu a Casa do Infantado, ainda no tempo de D. João. Mas tendo falhado o golpe palaciano de 1662, que visava o desterro de António Conti no Brasil ou, talvez mesmo, a prisão do monarca, abriu-se o processo que levou ao termo da regência em 23 de junho de 1662, à entrega do poder efetivo ao rei.Foi a regente, Luísa de Gusmão, quem nomeou os condes de Castelo Melhor e Atouguia como aios do jovem monarca, mas essa nomeação iria voltar-se contra as suas pretensões e afastá-la definitivamente do poder do reino.Não oferece dúvida que foi o conde de Castelo Melhor o cérebro da manobra que afastou a rainha da vida pública, tendo nela participado o conde de Atouguia e Sebastião César de Meneses. Ambos levaram o rei para Alcântara, para onde convocaram a nobreza, retirando-se ao Paço da Ribeira o centro de decisão política. Para alcançar o poder, foram dois os argumentos de Afonso: a busca de meios para defrontar a ameaça que representava Castela e poupar a sua mãe do contínuo trabalho que lhe cabia como regente. Por Ordem Régia de 22 de junho de 1662, invoca-se um princípio jurídico inabalável, a que todos deveriam obedecer.A rainha, tratada com o maior respeito pelo grupo de Castelo Melhor, manteve-se no paço até março de 1663, recolhendo-se então ao convento dos Agostinhos Descalços (ou dos Grilos). Em carta à ausente filha Catarina, rainha de Inglaterra, define o ocorrido como uma conspiração. Na mesma carta, não chega sequer a referir o nome de Pedro, o seu segundo filho, irmão de Afonso, devido à sua tenra idade, que não lhe permitia a participação nesta disputa de poder. O país ficar-lhe-ia em dívida pela coerência e pulso firme com que garantiu a nova dinastia e as condições de independência de Portugal face ao país vizinho. A inclinação que teve pelo filho segundo terá provavelmente sido fruto da incapacidade que Luísa via no legítimo herdeiro e que poderia comprometer os vinte anos de luta que se travaram até ali. Morreu ela a 27 de fevereiro de 1666, no convento dos Grilos em Xabregas. Em testamento, lavrado a 26 de fevereiro de 1666, declara Afonso como seu herdeiro e testamenteiro. Ao outro filho deixou as dívidas, a proteção dos criados que a serviam e pede-lhe ainda que proteja as obras de caridade às quais o seu nome se encontrava ligado. O golpe palaciano que a depôs é assim descrito: O conde de Castelo Melhor, auxiliado por alguns fidalgos, conseguiu que o monarca saísse para Alcântara, e daí fizesse saber a sua mãe que resolvera assumir o poder. A rainha tentou resistir por boas razões e conselhos, porém nada conseguiu, porque o conde de Castelo Melhor, disposto a subir ao poder, não desistia por caso algum. A 29 de junho de 1662, el-rei assumiu definitivamente o governo do reino, ou antes, em seu nome o conde de Castelo Melhor, que se fez nomear escrivão da puridade. O conde empregou sua astúcia em afastar de junto do rei as pessoas que podiam ofuscar-lhe o seu valimento; até conseguiu que a própria rainha se afastasse, acolhendo-se ao convento do Grilo. É certo porém, que se o conde se serviu de meios nem sempre dignos para subir ao poder, mostrou-se digníssimo em exercê-lo. O reinado de D. Afonso VI deveu-lhe a glória que o iluminou, e o inepto soberano pôde alcançar na história o epíteto de o vitorioso.Luís de Vasconcelos e Sousa, terceiro conde de Castelo Melhor, com apenas 26 anos vivera exilado em França durante dois anos, devido a suspeitas do seu envolvimento na morte do conde de Vimioso. Quando regressa a Portugal, combate em defesa do Minho, Em 1667, um grupo de nobres que incluía o marquês de Marialva, o conde de Sarzedas e o conde de Vila Flor, conseguiu derrubar o conde de Castelo Melhor. A 27 de outubro a Câmara de Lisboa pediu a convocação imediata das Cortes, enquanto Castelo Melhor se exilava num mosteiro de arrábidos perto de Torres Vedras, exilando-se depois nas cortes de Saboia, França e da Inglaterra (sua situação só se desanuviou depois da morte da Rainha em 1683). A Rainha deixou o Paço em 21 de Novembro, recolhendo-se ao convento da Esperança em clausura com suas damas e oficiais, no que se considerou grande escândalo.Após seu afastamento em 1667 Afonso foi compelido por sua mulher, Maria Francisca, e irmão, Pedro, a abdicar do trono no dia 22 de Novembro. O infante Pedro justificou a tomada do governo pela exigência do Senado lisboeta. Guardou apenas o título de curador e governador do Reino. Desde 26 de novembro de 1667 os documentos vêm assinados pelo Infante e só depois de Cortes em 1668 passaram a sê-lo pelo Príncipe. Fez membros do Conselho de Estado o duque de Cadaval, Nuno Álvares Pereira de Melo, D. Vasco Luís da Gama, marquês de Nisa. escolheu como Presidente da Mesa do Desembargo do Paço o marquês de Gouveia, João da Silva, e como vedor da Fazenda o velho general António Luís de Meneses, marquês de Marialva. Eram todos elementos ligados ao partido francês, vitoriosos sobre a facção inglesa comandada por Castelo Melhor.Afonso foi banido para a ilha Terceira, nos Açores. Tais actos foram sancionados pelas Cortes de Lisboa de 1668.Instalado na ilha Terceira, ali permaneceu ao longo de cinco anos. Viveu caprichoso, em turbulência constante e com grande violência física, nem mesmo poupava os criados. Em fins de 1673 descobriu-se em Lisboa uma conspiração para favorecer seu regresso. Diversos conspiradores foram mesmo enforcados no Rossio. O Rei, mandado vir, chegou a Lisboa em 14 de setembro de 1674, sendo conduzido ao Palácio de Sintra. Durante nove anos viveu ali, fechado em seus aposentos, com servidores da inteira confiança do duque de Cadaval. No início de 1683 foi sangrado, tomou purgas, em 30 de maio teve agastamentos, com dores, na manhã de 12 de setembro teve um acidente apoplético e ficou sem fala, morrendo logo. Montalvão Machado, em Causas de Morte dos Reis Portugueses, Lisboa, 1974, diz que o rei morreu de tuberculose pulmonar, como outros filhos de João IV de Portugal e a princesa Luísa de Gusmão. A sua morte suscitou suspeitas de envenenamento, nunca provadas.O rei morreu após 9 anos de prisão no quarto a que foi dado o seu nome do Palácio Real de Sintra. A morte ocorreu quando o prisioneiro saía do quarto para se dirigir à capela do Palácio.Está sepultado, juntamente com o seu irmão Pedro II de Portugal e Maria Francisca, no Panteão dos Braganças, na cidade de Lisboa.ficando ferido com gravidade. Retornado à corte, recebe em 1659 o ofício de reposteiro-mor do Paço, e já em 1662 exercia funções de camareiro de serviço, estando constantemente em contato com as figuras régias e a família real, o que o tornava uma das personalidades mais distintas na corte portuguesa. Hoje equivaleria às funções de um Primeiro-Ministro. Terá encabeçado o golpe que destituiu a regente, e colocou o soberano à cabeça do poder do reino, juntamente com o Conde de Atouguia e outros fidalgos de nobreza média. Todos veriam no rei um espaço para a sua ascensão social e política.Após a crise de 1662 que lhe concede o poder efetivo, Afonso VI logo reconheceu os préstimos do conde Luís ao nomeá-lo criado de escrivão da puridade, fiando-lhe os maiores negócios do reino Este cargo, ao longo da segunda dinastia, tinha sido quase sempre destinado ao funcionário régio de maior confiança. Portanto, com este ofício, à mercê da centralização do poder que a Restauração impunha, era-lhe confiada a máquina de administração pública. Se o reino usufruiu da eficiente regência de Luísa de Gusmão, também nada perdeu com a troca, pois Luís, aos comandos da administração pública demonstrou a garra de um verdadeiro estadista, como refere Veríssimo Serrão. Essa firmeza política demonstrou-a na condução das grandes batalhas que se seguiriam à tomada de posse de Afonso. Em 1652 falhou o casamento com a filha do príncipe de Parma, o mesmo sucedendo pouco depois com Mademoiselle de Montpensier, e tampouco resultou o plano de o casar com a filha do duque de Orléans, origem de uma missão de Francisco Manuel de Melo. Afinal o marquês de Sande, D. Francisco de Melo e Torres, assinou em Paris a 24 de fevereiro de 1666 o contrato matrimonial com Maria Francisca Isabel de Saboia, Mademoiselle d'Aumale. O casamento foi celebrado por procuração, em La Rochelle em 27 de junho, e a nova rainha chegou a Lisboa a 2 de agosto.  Maria Francisca alimentou esperanças de gravidez, em que pese a corrente favorável ao infante Pedro (o duque de Cadaval, o embaixador francês e outros) dizer depois que o casamento não se consumara. Pelos autos sabe-se que de facto, apenas dois dias após ter conhecido o noivo, a rainha já havia desabafado ao seu confessor, o jesuíta Francisco de Vila: "Meu padre, parece-me que não terá Portugal sucessores deste Rei." Nos meses que se seguiram, ainda em confissão, continuou a queixar-se ao religioso que o Rei era "inábil e impotente", a rainha acabou por recolher-se ao Convento de Nossa Senhora da Esperança em Lisboa, e a entrar, no dia seguinte, com um pedido de anulação do matrimónio no Cabido de Lisboa, designando como seu procurador no processo, o duque de Cadaval. Deixou ao Rei uma carta onde se justificava: "Apartei-me da companhia de Sua Majestade, que Deus guarde, por não haver tido efeito o matrimónio em que nos concertámos (...)". Desse modo, de 9 de janeiro a 23 de fevereiro de 1668, nas tardes de segundas, quartas e sábados, 55 testemunhas foram chamadas ao paço do Arcebispo de Lisboa para depor, em audiências públicas, sobre a incapacidade sexual do monarca.O processo foi julgado por três autoridades eclesiásticas e um júri com quatro desembargadores e quatro cónegos. Entre as primeiras testemunhas, encontravam-se 14 mulheres com quem o rei havia tentado envolver-se. Não compareceram quaisquer testemunhas a favor do rei. e acordo com o historiador português Joaquim Veríssimo Serrão "o processo constitui uma página lamentável da história de Portugal", mas mesmo que a tese da não consumação possa suscitar reservas, o processo contém matéria abundante para provar a incapacidade do monarca em assegurar a sucessão do Reino.Não resiste à menor crítica, segundo o mesmo historiador, a versão posta a correr de os dois cunhados terem amores incestuosos. Antes da anulação ser declarada, já as cortes de 1668 tinham sentido o grave problema e sugerido ao infante o casamento com a Rainha, "para quietação do Reino e segurança de sua real sucessão". Efetuaram-se diligências em Roma para a necessária dispensa, no impedimento publicae honestatis que pudesse haver entre os nubentes, tendo a bula de autorização chegado a Lisboa a 27 de março. Seguidamente foi deposto por decisão do Conselho de Estado. Em 1667, um grupo de nobres que incluía o marquês de Marialva, o conde de Sarzedas e o conde de Vila Flor, conseguiu derrubar o conde de Castelo Melhor. A 27 de outubro a Câmara de Lisboa pediu a convocação imediata das Cortes, enquanto Castelo Melhor se exilava num mosteiro de arrábidos perto de Torres Vedras, exilando-se depois nas cortes de Saboia, França e da Inglaterra (sua situação só se desanuviou depois da morte da Rainha em 1683). A Rainha deixou o Paço em 21 de Novembro, recolhendo-se ao convento da Esperança em clausura com suas damas e oficiais, no que se considerou grande escândalo.Após seu afastamento em 1667 Afonso foi compelido por sua mulher, Maria Francisca, e irmão, Pedro, a abdicar do trono no dia 22 de Novembro. O infante Pedro justificou a tomada do governo pela exigência do Senado lisboeta. Guardou apenas o título de curador e governador do Reino. Desde 26 de novembro de 1667 os documentos vêm assinados pelo Infante e só depois de Cortes em 1668 passaram a sê-lo pelo Príncipe. Fez membros do Conselho de Estado o duque de Cadaval, Nuno Álvares Pereira de Melo, D. Vasco Luís da Gama, marquês de Nisa. escolheu como Presidente da Mesa do Desembargo do Paço o marquês de Gouveia, João da Silva, e como vedor da Fazenda o velho general António Luís de Meneses, marquês de Marialva. Eram todos elementos ligados ao partido francês, vitoriosos sobre a facção inglesa comandada por Castelo Melhor.Afonso foi banido para a ilha Terceira, nos Açores. Tais actos foram sancionados pelas Cortes de Lisboa de 1668.Instalado na ilha Terceira, ali permaneceu ao longo de cinco anos. Viveu caprichoso, em turbulência constante e com grande violência física, nem mesmo poupava os criados. Em fins de 1673 descobriu-se em Lisboa uma conspiração para favorecer seu regresso. Diversos conspiradores foram mesmo enforcados no Rossio. O Rei, mandado vir, chegou a Lisboa em 14 de setembro de 1674, sendo conduzido ao Palácio de Sintra. Durante nove anos viveu ali, fechado em seus aposentos, com servidores da inteira confiança do duque de Cadaval. No início de 1683 foi sangrado, tomou purgas, em 30 de maio teve agastamentos, com dores, na manhã de 12 de setembro teve um acidente apoplético e ficou sem fala, morrendo logo. Montalvão Machado, em Causas de Morte dos Reis Portugueses, Lisboa, 1974, diz que o rei morreu de tuberculose pulmonar, como outros filhos de João IV de Portugal e a princesa Luísa de Gusmão. A sua morte suscitou suspeitas de envenenamento, nunca provadas.O rei morreu após 9 anos de prisão no quarto a que foi dado o seu nome do Palácio Real de Sintra. A morte ocorreu quando o prisioneiro saía do quarto para se dirigir à capela do Palácio.Está sepultado, juntamente com o seu irmão Pedro II de Portugal e Maria Francisca, no Panteão dos Braganças, na cidade de Lisboa.
  • PEDRO II REI DE PORTUGAL (1648-1706)  GRAVURA EM BURIL E ÁGUA FORTE DO SEC. XVII  GRAVÉ PAR E. DESROCHERS. - PARIS : GRAVADA POR ÉTIENNE JEHANDIER DESROCHERS, ENTRE 1687 E 1690. APRESENTA O REI COM ARMADURA EM METAL  EM UMA DAS MÃOS SEGURA COLAR COM CRUZ DE MALTA QUE LHE PENDE DO PESCOÇO. CINGE VASTA PERUCA CACHEADA QUE LHE CAI SOBRE OS OMPROS. LEGENDA: .PIERRE SECOND ROY DE PORTUGAL DE LA BRANCHE DES D. DE BRAGANCE.NOTA: D. Pedro nasceu a 26 de abril de 1648, é o sétimo e último filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. Em 1653 morre o príncipe herdeiro D. Teodósio e em 1656 morre o rei D. João IV. D. Afonso é agora o rei mas devido à sua menoridade a sua mãe assume a regência do país.Em 1662 D. Afonso assumiu e o governo, apesar da sua manifesta incapacidade física e intelectual. D. Luísa de Gusmão foi afastada da regência e o conde de Castelo Melhor é nomeado escrivão da puridade com enormes poderes. Desde logo sobressai uma enorme hostilidade entre o infante D. Pedro e o Conde.Face à manifesta incapacidade de D. Afonso VI, o infante D. Pedro centralizapou toda a oposição ao conde de Castelo Melhor que consegue afastar em 9 de setembro de 1667, o rei é deposto e enviado para Angra do Heroísmo. D. Pedro foi jurado como regente e governador do reino. A 27 de janeiro do ano seguinte, convocadas as Cortes, é jurado príncipe herdeiro e regente. Ainda nesse ano, casou com D. Maria Francisca de Sabóia, depois da anulação do casamento desta com o rei deposto. A infanta Isabel Luísa Josefa nasceu a 6 de janeiro de 1669, a sucessão está assegurada, Luís XIV de França é o seu padrinho. Nas cortes de Lisboa de 1674 é jurada herdeira legítima do trono, a infanta ficará conhecida como a Sempre Noiva devido ao número de candidatos à sua mão que vai crescendo nas várias cortes europeias. A princesa morreu a 21 de outubro de 1690.Em 5 de janeiro de 1668 foi assinado o tratado de paz com a Espanha, terminando a longa guerra da restauração. D. Pedro assina este tratado, como regente do reino, e devido a este facto o seu cognome na História é O Pacífico. D. Afonso VI morre a 12 de setembro de 1683 e D. Pedro é então aclamado rei. A rainha, D. Maria Francisca, morreu também no final desse mesmo ano. D. Pedro II casou depois com D. Maria Sofia de Neuburgo em 1687, a 22 de maio. O príncipe herdeiro, D. João, nasceu a 30 de agosto de 1688, vindo a morrer dias depois. O futuro D. João V nasceu a 22 de outubro de 1689. Ao todo os reis vão ter 7 filhos legítimos, a sucessão ao trono está assegurada. Ainda no período da sua regência, entre 1668 e 1683, Portugal envolveu-se em algumas guerras. Já como rei participa na guerra da sucessão de Espanha em 1704. Durante o seu reinado há uma diversificação das relações diplomáticas com delegações diplomáticas enviadas para Londres, Paris, Haia, Madrid, Roma, Turim e Heidelberga.Podemos destacar neste reinado a cada vez a mais importância política da Secretaria de Estado. D. Frei Manuel Pereira, Mendo de Fóios Pereira, Roque Monteiro Paim, D. António Pereira da Silva e D.Tomás de Almeida desempenharam este cargo.Ainda do seu reinado podemos destacar a importância da administração financeira do terceiro conde da Ericeira, D. Luís de Meneses, deputado da Junta dos Três Estados, vedor da Fazenda da Índia em 1675, foi-lhe atribuída a repartição da Marinha, dos armazéns, do comércio e das manufaturas. Nomeado vedor da Fazenda em 1685. São lançadas as bases da indústria portuguesa sobretudo na área dos lanifícios. O tratado de comércio com a Inglaterra, conhecido como tratado de Methuen foi assinado em 27 de dezembro de 1703. A entrada em Portugal dos lanifícios ingleses é protegida e é facilitada a entrada nesse país do vinho do Porto que passa a pagar impostos muito reduzidos nas alfândegas inglesas.A administração camarária é uma das outras áreas importantes do governo deste rei. De salientar o regimento do Senado da Câmara Municipal de Lisboa, que fixa assuntos relacionados com o provimento de cargos e também de melhoramentos na cidade, alargamento das suas ruas, de modo a facilitar o trânsito e, por exemplo, a iluminação da cidade durante a noite por questões de segurança, são alguns dos assuntos em que o rei manifestou particular interesse. Durante este reinado são descobertas no Brasil grandes reservas de ouro, diamantes e outras pedras preciosas cuja importância vai ser largamente visível no reinado seguinte.D. Pedro II morreu a 9 de dezembro de 1706 no palácio do Calvário, em Alcântara, aos cinquenta e oito anos de idade. São decretados dois anos de luto em Lisboa e nas principais cidades e vilas do reino. Sucedeu-lhe o seu filho D. João V
  • SÃO THOMAS DE AQUINO O DOUTOR ANGÉLICO  GRAVURA ITALIANA DO SEC. XVII. ANONIMA. APRSENTA SÃO THOMAS DE AQUINO COM LEGENDA ANGELICO DOCTORI. SÃO THOMAZ DE AQUINO É APRESENTADO ESCREVENDO SOB INSPIRAÇÃO DO DIVINO ESPIRITO SANTO. A GRAVURA É CIRCUNDADA POR MAGNFICA MOLDURA COM ELEMENTOS VEGETALISTAS. ITALIA, SEC. XVII. 18 X 14 CMNOTA: Para especialistas contemporâneos, Tomás de Aquino (1225-1274) foi um divisor de águas do pensamento humano. Não somente da teologia, mas também da filosofia. Em plena Idade Média, o religioso ousou beber em uma fonte pagã  os textos do sábio grego Aristóteles (384 a.C. - 323 a.C.)  para buscar explicar a existência do ser humano e a própria ideia das relações com o divino. O desejo de seu pai era que Tomás fosse abade do mosteiro de Montecassino, porém, abrindo mão de qualquer ambição e poder, ele quis se tornar um frade Dominicano, escolhendo ser apenas um mendicante. A vida de santidade de Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus. Enviado para Paris para estudar teologia, prosseguiu nos estudos sendo discípulo do mestre Alberto Magno. Estreitou com ele uma grande amizade, onde foi até convidado para ir à Colônia. A vida de Santo Tomás de Aquino foi tomada por uma forte espiritualidade eucarística, na arte de pesquisar, elaborar, aprender e ensinar pela Filosofia e Teologia os Mistérios do Amor de Deus. Na Colônia, Tomás teve contato com as obras de Aristóteles; isso contribuiu para que ele se aprofundasse em sua tese sobre aristotelismo. Em 1259, no Capítulo Geral dos Dominicanos em Valenciennes, foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos na Ordem. Entre os anos de 1261 e 1265, esteve em Orvieto, Papa Urbano IV, que nutria por ele grande estima, comissionou a ele a composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Christi. Com a alma totalmente eucarística, os hinos entoados na Liturgia para celebrar a presença do Corpo e do Sangue de Cristo na Eucaristia, foram atribuídos à sua fé e sabedoria teológica.
  • LUDOVICUS MOLINA  RETRATO DE LUIS DE MOLINA EM GRAVURA E ÁGUAR FORTE COM IMPRESSÃO DE JEAN LOUIS DAUDET E PUBLICADO POR MARC MICHEL BOUSQUET EM EM 1733. ESCOLA FRANCESA APRESENTA O RETRATADO EM MEIO CORPO OLHANDO A DIREITA VESTINDO ROBE E BARRETE DE CATED´RATICO. UMA GRAVURA IDÊNTICA COMPÕE O ACERVO DO BRITISH MUSEUM. LUIS DE MOLINA FOI UM BRILHANTE SACERDOTE JESUÍNA CRIADOR DE UMA DOUTRINA CHAMADA MOLINISMO, UMA TENTATIVA DE RECONCILIAR A PRESCIÊNCIA DIVINA COM O LIVRE-ARBÍTRIO HUMANO. SEGUNDO MOLINA, DEUS POSSUI CONHECIMENTO DE EVENTOS FUTUROS CONTINGENTES E, COM BASE NESSE CONHECIMENTO, ESTABELECE SEUS DECRETOS PREDESTINATÓRIOS. 1733,  32 X 20 CMNOTA: Luís de Molina (1535-1600) foi um proeminente teólogo jesuíta espanhol, conhecido por suas contribuições significativas à teologia e filosofia, especialmente por seu desenvolvimento da doutrina do molinismo. Nascido em Cuenca, Espanha, em 1535, ingressou na Companhia de Jesus aos dezoito anos de idade, em 10 de agosto de 1553. Na Sociedade de Jesus, destacou-se pela sua profunda aprendizagem em filosofia e teologia, bem como pela sua habilidade em ensinar essas disciplinas.Molina estudou teologia na Universidade de Coimbra, no Reino de Portugal, onde posteriormente se tornou professor. Ele ocupou o cargo de professor de teologia na Universidade de Évora durante muitos anos, destacando-se como um dos principais teólogos da academia. Além de lecionar, Molina dedicou-se intensamente à escrita, interpretando as obras de São Tomás de Aquino e desenvolvendo suas próprias teorias teológicas.Luís de Molina era amplamente conhecido e respeitado, tanto por sua virtude quanto por seu profundo conhecimento nas letras. Sua humildade e pobreza eram notáveis, e ele mantinha uma vida austera, com seu quarto possuindo apenas uma imagem pintada e livros. Molina seguia rigorosamente as observâncias religiosas e mantinha uma leitura diária do livro "A Imitação de Cristo" de Tomás de Kempis.Molina escreveu várias obras importantes, incluindo:Liberi arbitrii cum gratiae donis, divina praescientia, providentia, praedestinatione et reprobatione, concordia (1588), publicado em Lisboa. Este livro é uma tentativa de conciliar as doutrinas agostinianas de predestinação e graça com o semipelagianismo.Comentários sobre a primeira parte da "Summa" de Tomás de Aquino (1593), em dois volumes.De justitia et jure, um tratado sobre justiça e direito, dividido em seis volumes (1593-1609).Sua obra mais famosa, "Concordia", propõe a doutrina da scientia media, uma tentativa de reconciliar a presciência divina com o livre-arbítrio humano. Segundo Molina, Deus possui conhecimento de eventos futuros contingentes e, com base nesse conhecimento, estabelece Seus decretos predestinatórios.As doutrinas de Molina, que desafiavam tanto as visões tradicionais agostinianas e tomistas quanto os ensinamentos de Lutero e Calvino, provocaram intensa controvérsia, especialmente entre os dominicanos e os jansenistas. A disputa tornou necessária a intervenção do Papa Clemente VIII, que estabeleceu a "Congregatio de auxiliis Gratiae" em 1598. Apesar de numerosas sessões, a congregação não chegou a uma decisão final, e em 1607 suas reuniões foram suspensas por Paulo V, que em 1611 proibiu discussões adicionais sobre a questão "de auxiliis".Luis de Molina faleceu em Madri, em 12 de outubro de 1600, aos 65 anos de idade. Sua morte foi uma grande perda para a teologia, pois muitas de suas obras estavam em andamento no Conselho Real. Apesar das críticas e controvérsias, Molina é lembrado como um erudito que trouxe novas luzes à teologia de São Tomás de Aquino e influenciou profundamente a teologia moral e jurídica.Molina foi também um dos primeiros jesuítas a escrever extensivamente sobre economia e direito contratual. Antes de sua época, o pensamento econômico estava intimamente ligado à teologia moral católica. Molina ajudou a desenvolver uma teoria da inflação de preços e discutiu o "paradoxo diamante-água", que explora como a escassez relativa e a utilidade de um bem determinam seu preço. Ele afirmou que o valor de um bem é determinado tanto por sua escassez quanto por sua utilidade, desafiando a teoria econômica clássica e destacando a importância das percepções subjetivas de valor na determinação dos preços de mercado.O trabalho de Molina foi reconhecido por vários eruditos, incluindo Sylvester Maurolycus e Laurentius Beyerlinck. Maurolycus elogiou a pureza e a precisão de seus exames teológicos, enquanto Beyerlinck destacou como sua erudição superou a de muitos doutores contemporâneos. Embora houvesse divergências sobre suas doutrinas, especialmente no que tange à scientia media, a influência de Molina perdurou, sendo incorporada e debatida em diversos contextos teológicos ao longo dos séculos.
  • RETRATO DO PAPA CLEMENTE XIV (NASCIDO EM 1705-PONTIFICADO EM 1769). CHAMADO DE O RIGOROSO.  POR JOHANN ESAUAS NILSON (1769-1788) GRAVURA DA ÉPOCA DO PONTIFICADO FEITA EM METAL. LINDA REPRESENTAÇÃO COM HERMA DO PONTÍFICE ADORDANA POR SUNTUOSA MOLDURA CONTENDO SEU BRASÃO SOB MITRA PAPAL E ENTRE NUVENS E PÁLIO FIGURAS DE QUERUBINS. 26 X 21 CMNOTA: Clemente XIV, o Rigoroso (O.F.M.Conv. nascido Giovanni Vincenzo Antonio Ganganelli; Santarcangelo di Romagna 31 de outubro de 1705  Roma 22 de setembro de 1774). Foi Papa de 19 de maio de 1769 até a data da sua morte. Era filho de um médico. Aos 18 anos vestiu o hábito de Franciscano, sob o nome de frei Lourenço. Clemente estudou em Roma, na Itália. Pregador de grande e impressionante capacidade apostólica. Nomeado cardeal por Clemente XIII em 1759, sua eleição realizou-se num prolongado conclave de três meses com 179 escrutínios. O mais longo da história, e recordista de apurações "acaloradas".Era bem-visto pelos governos adversos aos Jesuítas. Mais certo ainda que, embora premido pelas circunstâncias, ele contemporizou quatro anos. Só em 1773 publicou o breve Dominus ac Redemptor noster, com o qual extinguiu a Companhia. Os soberanos Bourbons de França, Espanha, Nápoles e Parma não permitiam a permanência dos inacianos em seus países. Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e marquês de Pombal, já os expulsara das terras lusitanas. O Geral, Padre Lorenzo Ricci, não admitia modificações essenciais na constituição jesuítica: "sunt ut sint aut non sint". Preso no castelo San Ângelo, morreu octogenário em 1775, protestando a inocência de sua Companhia. Na Prússia protestante e na Rússia cismática foram os jesuítas acolhidos com distinção.Faleceu em 22 de setembro de 1774, de uma doença pulmonar contraída numa procissão em dia chuvoso.

215 Itens encontrados

Página: