Lote 14
Carregando...

Tipo:
Fotografia

FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA - PRINCIPE DOM PEDRO AUGUSTO DE SAXE-COBURGO E BRAGANÇA GRANDE FOTOGRAFIA EMOLDURADA COM RETRATO DO PRINCIPE D. PEDRO AUGUSTO DE SAXE-COBURGO E BRAGANÇA DATADA CANNES. 10 DE MARÇO DE 1888 E COM DEDICATÓRIA LEMBRANÇA DE D. PEDRO AUGUSTO, ASSINADA PELO PRINCIPE. NA PARTE DE TRAZ LINDO BRASÃO IMPERIAL BRASILEIRO COLORIDO MANUALMENTE E A MARCA WALERY PHOTOGRAPHIE PARIS. EXCELENTE ESTADO DE CONSERVAÇÃO. SEC. XIX. 27 CM DE ALTURA.NOTA: Pedro Augusto Luís Maria Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Saxe-Coburgo e Bragança(Rio de Janeiro,19 de marçode1866Tulln an der Donau,6 de julhode1934),príncipe do Brasile deSaxe-Coburgo-Gota, era o filho mais velho dedona Leopoldina de Bragançae do príncipeLuís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota. Neto mais velho do imperadordom Pedro II do Brasil, alcunhado de "O Preferido" e "O Predileto", dom Pedro Augusto foi, durante seus nove primeiros anos de vida, considerado o segundo na linha de sucessão ao trono brasileiro. DomPedro Augusto foi o primeiro príncipe no mundo a graduar-se emEngenharia Civil, escrevendo diversos trabalhos sobremineralogia. Tendo herdado o gosto do avô pelos estudos, foi membro doInstitut de France, doInstituto Histórico e Geográfico Brasileiroe chegou a proferir uma conferência sobre minerais na conceituadaAcadémie des Sciences, naFrança. Apesar de ser preterido pelos filhos da princesadona Isabel, o príncipe acalentou a ideia de suceder ao avô até a queda doImpério, em 1889. Teve participação ativa nas tentativas de se subverter aconstituição do Impérioem seu favor, reunindo em torno de si diversos partidários contrários a um terceiro reinado encabeçado pela tia - atitudes que lhe valeram, no parlamento, o apelido dePríncipe Conspirador. O fracasso de seus planos foi uma das principais causas dos transtornos mentais que o acometeriam desde aproclamação da república brasileiraaté sua morte. Filho mais velho do príncipeLuís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, duque de Saxe, e dedona Leopoldina de Bragança, princesa do Brasil, dom Pedro Augusto também foi o primeiro neto dedom Pedro IIe da imperatrizdona Teresa Cristina. Seus avós paternos foram o príncipeAugusto de Saxe-Coburgo-Gotae a princesaClementina de Orléans(filha do reiLuís Filipe I de França). Devido à falta de herdeiros por parte daPrincesa Imperiale a umaborto espontâneosofrido por dona Leopoldina em sua primeira gestação, havia uma grande expectativa em torno do nascimento de dom Pedro Augusto. Às vésperas do parto, oconselho de ministros, assim como representantes dolegislativo, osGrandes do Impérioe todo ocorpo diplomáticoforam avisados do grande acontecimento:"Havendo Sua Majestade o Imperador por bem que, quando S. A. a Sra. D. Leopoldina se achar próximo a dar à luz, seja de dia ou de noite, o Senhor príncipe ou princesa, cujo feliz nascimento se espera, os ministros de Estado, os conselheiros de Estado e os grandes do Império concorram ao palácio da residência de Sua Alteza, para o que lhes servirá de sinal uma girândola de foguetes soltada da Imperial Quinta da Boa Vista e correspondida por outra no morro do Castelo. De fato, às 16:10 de 19 de março de 1866, noPalácio Leopoldina,"O Preferido"veio ao mundo. O nascimento foi anunciado com três foguetes lançados a partir doPalácio Imperial de São Cristóvão, seguidos por salvas de canhões das fortalezas e dos navios ancorados na barra.O batizado realizou-se em 4 de abril naCapela Imperial,tendo o príncipe como padrinhos o imperador dom Pedro II e a rainha dos franceses,Maria Amélia de Bourbon-Nápoles(representada pela avó, dona Teresa Cristina), cuja morte tinha ocorrido dezesseis dias antes e que não fora notificada, por causa da lentidão nas comunicações.NaFala do Tronode 3 de maio daquele ano, o imperador discursava: "Cheio de prazer vos annuncio o nascimento do príncipe D. Pedro, fructo do feliz consórcio de minha muito cara filha a princeza D. Leopoldina com o meu muito prezado genro o duque de Saxe."Por força do disposto na convenção matrimonial entre a princesa Leopoldina e o duque de Saxe, o casal comprometia-se a residir parte do ano no Brasil enquanto o imperador não considerasse assegurada a sucessão da princesa Isabel.Assim, dom Pedro Augusto passou parte de sua primeira infância entre o Brasil e aEuropa. Poucas semanas após o nascimento de seu quarto e último filho, o príncipeLuís Gastão, dona Leopoldina contraiufebre tifoide, morrendo emVienaem 7 de fevereiro de 1871, aos vinte e três anos de idade. Neste mesmo ano, o casal imperial faz sua primeira visita à Europa, onde um conselho de família decide que dom Pedro Augusto e seu irmão,dom Augusto Leopoldo, devem retornar para o Brasil, para serem educados pelos avós maternos. A pedido do imperador o médicoManuel Pacheco da Silva, futuro barão de Pacheco, deixou suas funções comoreitordo Externato Dom Pedro II para tornar-sepreceptordos netos, que"(...) estão atrasados e falam pessimamente o português, apenas conhecem a língua alemã". Aos oito anos, o jovem príncipe foi matriculado noImperial Colégio de Pedro II, tornando-sebacharelem Ciências e Letras em 1881. Em 1 de abril de 1887, graduou-se emEngenharia CivilpelaEscola Polytechnica, tendo já proferido uma conferência naAcadémie des Sciences.Estudioso como o avô, Pedro Augusto foi membro doInstitut de Francee autor de várias obras sobremineralogia, tidas hoje como preciosidades. A aparente infertilidade da princesa dona Isabel elevou Pedro Augusto aostatusdeherdeiro presuntivodesde o dia de seu nascimento. Tido como neto predileto do imperador, a quem se ligou por laços de afeto e interesses comuns, o príncipe viu-se preterido na linha de sucessão ao trono aos nove anos de idade, com o nascimento do primodom Pedro de Alcântara, a quem coube o título dePríncipe do Grão-Pará. A mudança de contexto afetaria consideravelmente o comportamento de Pedro Augusto.Após o nascimento do primo e durante toda sua adolescência, o príncipe passou a sofrer de insônia, de intensas dores de cabeça, palpitações e tremores nas mãos. O recorrente medo da morte - temia estar infectado com a mesma doença que matara sua mãe - tornou-se uma preocupação para o pai e os avós. A preferência do imperador pelo neto mais velho causava ciúmes à princesa imperial e alimentava as especulações sobre uma reviravolta na linha sucessória. A correspondência diplomática e a imprensa deixavam transparecer a divisão familiar e a rejeição da elite política ao alegadofanatismo religiosode dona Isabel e às pretensões de governo deGastão de Orléans, Conde d'Eu, acabaram criando um partidarismo favorável a um III Reinado encabeçado por dom Pedro Augusto. Instalado no Palácio Leopoldina, o príncipe tornava-se bastante popular, promovendo recepções e banquetes e chegando mesmo a formar uma corte informal em torno de si a quem presenteava com grande generosidade. As somas de dinheiro que pedia ao pai aumentavam consideravelmente, levando Luís Augusto a pedir explicações ao imperador:"É incrível como gosta de gastar dinheiro e uma de suas cartas é cheia de pedidos de dinheiro e mais dinheiro. É triste porque, na sua idade, nem deve se preocupar deste assunto. Minhas ordens são para dar somente 200 réis por mês ... Venho ainda pedir um esclarecimento a Majestade para não falar disto ao Pedro. Ele me pediu para dar-lhe 500 mil para despesas da viagem. Viagem planejada ou somente de imaginação de Pedro? Ele deseja também fazer um presente de um conto de réis a seu repetidor, ano passado não fez presente deste valor." OPríncipe Conspirador, como era chamado noParlamento, teve, segundo seus contemporâneos, ativa participação na campanha que pretendia promovê-lo ao trono em detrimento da tia e do primo. Seu maior mentor nesta época e um de seus maiores entusiastas foi oconselheiro Sousa Dias, presidente doconselho de ministrosentre 1884 e 1885. Na Europa, onde esteve com os avós entre 1887 e 1888,Eduardo Pradoe obarão de Estrelaencarregavam-se de orientá-lo e de fazer propagar suas virtudes em contraste com os "defeitos" de dona Isabel. Com efeito, em suatournéeeuropeia, dom Pedro Augusto foi recebido com as pompas de sucessor de dom Pedro II em todos os países ecasas reaispor onde passou e sua popularidade crescia a olhos vistos. NaFrança, foi agraciado porSadi Carnotcom a grã-cruz daLegião de Honra; emPortugal, o reidom Luís Iconcedeu-lhe a grã-cruz daOrdem da Torre e Espada.O retorno ao Brasil aprofundou a crise silenciosa no seio da Família Imperial. O apoio ao príncipe crescia em número e em peso político: obarão de Maia Monteiro, oconde de Figueiredo, omarquês de Paranaguá- entre outros políticos de renome - e até mesmo a própria imperatriz tornaram-se seus partidários.Ao entusiasmo do príncipe fazia contraponto as palavras proféticas de seu irmão, dom Augusto:"Deixa disso, que a sucessão não é da caroladona Isabel,nem do manetao Príncipe do Grão-Pará,nem do surdoo conde d'Eu,nem tua também." Dom Pedro Augusto tomou conhecimento dogolpe militarque resultou naProclamação da Repúblicahoras depois do ocorrido, quando retornava de um passeio a cavalo. Alegando ter ido pedir orientação aos seus partidários, demorou a unir-se com o restante da família, só chegando aoPaço Imperial- que já se encontrava cercado por homens do exército - no final da tarde do dia 15 de novembro. Obrigados pelogoverno provisórioa seguir para oexíliona madrugada do dia 17 de novembro, todos os membros da Família Imperial - com exceção de dom Augusto, que encontrava-se em viagem decircunavegaçãocom aArmada Imperialno Oriente - foram embarcados novaporAlagoase escoltados peloCouraçadoRiachueloaté o limite daságuas territoriaisbrasileiras.Foi a bordo doAlagoasque o príncipe apresentou o seu primeiro surto psicótico, tentando esganar o comandante do navio, a quem acusava de ter recebido dinheiro para eliminar a todos.Contido e preso em seu camarote, foi acometido de delírios persecutórios, chegando a envolver seu corpo numa boia salva-vidas, temendo que o navio fosse bombardeado. Alternando momentos de excitação e de letargia, Pedro Augusto jogava garrafas ao mar com pedidos de socorro. Há registros de ao menos uma dessas mensagens, encontrada numa garrafa na praia deMaragogi, no litoral deAlagoas: "Bordo do Alagoas, 23 de novembro de 1889, às 11 horas da manhã.A família imperial fiada nos compromissos do Governo Provisório e coagida a partir, a pretexto de segurança, no dia 17, às 3 horas no cruzador Parnaíba, onde escrevemos várias cartas e que a conduziu à enseada do Abraão onde logo embarcou a bordo deste vapor, dirigido pelo Riachuelo, dizendo-se que iam para Lisboa, acha-se bem como sua comitiva, em posição crítica e decerto, segundo penso, está condenada toda e todos a uma morte violenta. O perigo é grande. Nas águas de Pernambuco vagando ao acaso. Meu Deus! D. Pedro Augusto de Coburgo e Bragança."Já no exílio, Pedro Augusto é levado para tratamento psiquiátrico emGraz. Poucas semanas depois recebe alta e vai ao encontro dos avós quando, então, recebe a notícia da morte de dona Teresa Cristina, a única aliada familiar em suas pretensões ao trono.Com a transferência da família paraCannes, passa a contactar antigos partidários e a planejar a restauração monárquica no Brasil. Entretanto, sua situação psicológica voltou a se deteriorar e os poucos conspiradores monarquistas ainda ativos logo se afastaram do príncipe. Com o abandono dos chamados "pedristas", os sintomas psiquiátricos de Pedro Augusto se agravaram progressivamente. Passava as noites em claro, não se alimentava, balbuciava palavras incompreensíveis ou vociferava contra inimigos imaginários. Com frequência os criados doPalácio Coburgoo encontravam em seus aposentos acocorado a um canto com o olhar vidrado e espumando pela boca.Os poucos amigos que lhe restaram tentavam, em vão, ajudá-lo. A pedido do médicoJean Charcot, o jovem foi examinado pelo famosoSigmund Freud, conforme registrou dom Augusto Leopoldo em carta enviada aobarão de Santa Vitória: "Quero agradecer a visita do jovem Doutor Sigmund Freud enviado pelo bom Dr. Jean Charcot. Na sua opinião, não havia por parte de meu irmão nenhum sintoma monomaníaco, ou de excitação descontrolada, constituindo-se unicamente de profunda depressão e infelicidade. O que sentiu é que está esgotado, recomendando, por enquanto, muito repouso.Embora tenha recuperado a razão, o jovem não recuperou o apoio de seus antigos correligionários, que acabaram investindo em seu irmão como pretendente ao trono extintoCom a morte de dom Pedro II, em 5 de dezembro de 1891, a melancolia e as manias de perseguição voltaram à cena: acusava os tios - a princesa Isabel e o conde d'Eu - de espalharem rumores sobre sua sanidade mental, acusava os jornalistas de colocarem em dúvida sua masculinidade e seus aliados de traição. Em outubro de 1893, artigos publicados em jornais franceses e argentinos - dando conta ora da aclamação de seu primo dom Pedro de Alcântara como imperador do Brasil ora a aclamação de dom Augusto Leopoldo - levaram Pedro Augusto à beira de um colapso. Envergando as placas e bandas de todas as ordens com que fora agraciado, o príncipe saiu cavalgando pelas ruas de Viena no meio da madrugada, acometido dos antigos delírios persecutórios. Após ser contido e reconduzido ao Palácio Coburgo tentou osuicídio, atirando-se por uma das janelas de seu quarto. Internado pelo pai numsanatórioemTülln an der Donau,O Prediletopassou o resto de sua vida acreditando que se tornaria imperador do Brasil. Em 25 de abril de 1900, todos os seus objetos pessoais foram leiloados em Viena.Morreu em 6 de julho de 1934, aos 68 anos de idade e mais de 40 anos de internação. Seu corpo foi sepultado na cripta daSt. Augustinkirche, emCoburgo

Peça

Visitas: 897

Tipo: Fotografia

FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA - PRINCIPE DOM PEDRO AUGUSTO DE SAXE-COBURGO E BRAGANÇA GRANDE FOTOGRAFIA EMOLDURADA COM RETRATO DO PRINCIPE D. PEDRO AUGUSTO DE SAXE-COBURGO E BRAGANÇA DATADA CANNES. 10 DE MARÇO DE 1888 E COM DEDICATÓRIA LEMBRANÇA DE D. PEDRO AUGUSTO, ASSINADA PELO PRINCIPE. NA PARTE DE TRAZ LINDO BRASÃO IMPERIAL BRASILEIRO COLORIDO MANUALMENTE E A MARCA WALERY PHOTOGRAPHIE PARIS. EXCELENTE ESTADO DE CONSERVAÇÃO. SEC. XIX. 27 CM DE ALTURA.NOTA: Pedro Augusto Luís Maria Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Saxe-Coburgo e Bragança(Rio de Janeiro,19 de marçode1866Tulln an der Donau,6 de julhode1934),príncipe do Brasile deSaxe-Coburgo-Gota, era o filho mais velho dedona Leopoldina de Bragançae do príncipeLuís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota. Neto mais velho do imperadordom Pedro II do Brasil, alcunhado de "O Preferido" e "O Predileto", dom Pedro Augusto foi, durante seus nove primeiros anos de vida, considerado o segundo na linha de sucessão ao trono brasileiro. DomPedro Augusto foi o primeiro príncipe no mundo a graduar-se emEngenharia Civil, escrevendo diversos trabalhos sobremineralogia. Tendo herdado o gosto do avô pelos estudos, foi membro doInstitut de France, doInstituto Histórico e Geográfico Brasileiroe chegou a proferir uma conferência sobre minerais na conceituadaAcadémie des Sciences, naFrança. Apesar de ser preterido pelos filhos da princesadona Isabel, o príncipe acalentou a ideia de suceder ao avô até a queda doImpério, em 1889. Teve participação ativa nas tentativas de se subverter aconstituição do Impérioem seu favor, reunindo em torno de si diversos partidários contrários a um terceiro reinado encabeçado pela tia - atitudes que lhe valeram, no parlamento, o apelido dePríncipe Conspirador. O fracasso de seus planos foi uma das principais causas dos transtornos mentais que o acometeriam desde aproclamação da república brasileiraaté sua morte. Filho mais velho do príncipeLuís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, duque de Saxe, e dedona Leopoldina de Bragança, princesa do Brasil, dom Pedro Augusto também foi o primeiro neto dedom Pedro IIe da imperatrizdona Teresa Cristina. Seus avós paternos foram o príncipeAugusto de Saxe-Coburgo-Gotae a princesaClementina de Orléans(filha do reiLuís Filipe I de França). Devido à falta de herdeiros por parte daPrincesa Imperiale a umaborto espontâneosofrido por dona Leopoldina em sua primeira gestação, havia uma grande expectativa em torno do nascimento de dom Pedro Augusto. Às vésperas do parto, oconselho de ministros, assim como representantes dolegislativo, osGrandes do Impérioe todo ocorpo diplomáticoforam avisados do grande acontecimento:"Havendo Sua Majestade o Imperador por bem que, quando S. A. a Sra. D. Leopoldina se achar próximo a dar à luz, seja de dia ou de noite, o Senhor príncipe ou princesa, cujo feliz nascimento se espera, os ministros de Estado, os conselheiros de Estado e os grandes do Império concorram ao palácio da residência de Sua Alteza, para o que lhes servirá de sinal uma girândola de foguetes soltada da Imperial Quinta da Boa Vista e correspondida por outra no morro do Castelo. De fato, às 16:10 de 19 de março de 1866, noPalácio Leopoldina,"O Preferido"veio ao mundo. O nascimento foi anunciado com três foguetes lançados a partir doPalácio Imperial de São Cristóvão, seguidos por salvas de canhões das fortalezas e dos navios ancorados na barra.O batizado realizou-se em 4 de abril naCapela Imperial,tendo o príncipe como padrinhos o imperador dom Pedro II e a rainha dos franceses,Maria Amélia de Bourbon-Nápoles(representada pela avó, dona Teresa Cristina), cuja morte tinha ocorrido dezesseis dias antes e que não fora notificada, por causa da lentidão nas comunicações.NaFala do Tronode 3 de maio daquele ano, o imperador discursava: "Cheio de prazer vos annuncio o nascimento do príncipe D. Pedro, fructo do feliz consórcio de minha muito cara filha a princeza D. Leopoldina com o meu muito prezado genro o duque de Saxe."Por força do disposto na convenção matrimonial entre a princesa Leopoldina e o duque de Saxe, o casal comprometia-se a residir parte do ano no Brasil enquanto o imperador não considerasse assegurada a sucessão da princesa Isabel.Assim, dom Pedro Augusto passou parte de sua primeira infância entre o Brasil e aEuropa. Poucas semanas após o nascimento de seu quarto e último filho, o príncipeLuís Gastão, dona Leopoldina contraiufebre tifoide, morrendo emVienaem 7 de fevereiro de 1871, aos vinte e três anos de idade. Neste mesmo ano, o casal imperial faz sua primeira visita à Europa, onde um conselho de família decide que dom Pedro Augusto e seu irmão,dom Augusto Leopoldo, devem retornar para o Brasil, para serem educados pelos avós maternos. A pedido do imperador o médicoManuel Pacheco da Silva, futuro barão de Pacheco, deixou suas funções comoreitordo Externato Dom Pedro II para tornar-sepreceptordos netos, que"(...) estão atrasados e falam pessimamente o português, apenas conhecem a língua alemã". Aos oito anos, o jovem príncipe foi matriculado noImperial Colégio de Pedro II, tornando-sebacharelem Ciências e Letras em 1881. Em 1 de abril de 1887, graduou-se emEngenharia CivilpelaEscola Polytechnica, tendo já proferido uma conferência naAcadémie des Sciences.Estudioso como o avô, Pedro Augusto foi membro doInstitut de Francee autor de várias obras sobremineralogia, tidas hoje como preciosidades. A aparente infertilidade da princesa dona Isabel elevou Pedro Augusto aostatusdeherdeiro presuntivodesde o dia de seu nascimento. Tido como neto predileto do imperador, a quem se ligou por laços de afeto e interesses comuns, o príncipe viu-se preterido na linha de sucessão ao trono aos nove anos de idade, com o nascimento do primodom Pedro de Alcântara, a quem coube o título dePríncipe do Grão-Pará. A mudança de contexto afetaria consideravelmente o comportamento de Pedro Augusto.Após o nascimento do primo e durante toda sua adolescência, o príncipe passou a sofrer de insônia, de intensas dores de cabeça, palpitações e tremores nas mãos. O recorrente medo da morte - temia estar infectado com a mesma doença que matara sua mãe - tornou-se uma preocupação para o pai e os avós. A preferência do imperador pelo neto mais velho causava ciúmes à princesa imperial e alimentava as especulações sobre uma reviravolta na linha sucessória. A correspondência diplomática e a imprensa deixavam transparecer a divisão familiar e a rejeição da elite política ao alegadofanatismo religiosode dona Isabel e às pretensões de governo deGastão de Orléans, Conde d'Eu, acabaram criando um partidarismo favorável a um III Reinado encabeçado por dom Pedro Augusto. Instalado no Palácio Leopoldina, o príncipe tornava-se bastante popular, promovendo recepções e banquetes e chegando mesmo a formar uma corte informal em torno de si a quem presenteava com grande generosidade. As somas de dinheiro que pedia ao pai aumentavam consideravelmente, levando Luís Augusto a pedir explicações ao imperador:"É incrível como gosta de gastar dinheiro e uma de suas cartas é cheia de pedidos de dinheiro e mais dinheiro. É triste porque, na sua idade, nem deve se preocupar deste assunto. Minhas ordens são para dar somente 200 réis por mês ... Venho ainda pedir um esclarecimento a Majestade para não falar disto ao Pedro. Ele me pediu para dar-lhe 500 mil para despesas da viagem. Viagem planejada ou somente de imaginação de Pedro? Ele deseja também fazer um presente de um conto de réis a seu repetidor, ano passado não fez presente deste valor." OPríncipe Conspirador, como era chamado noParlamento, teve, segundo seus contemporâneos, ativa participação na campanha que pretendia promovê-lo ao trono em detrimento da tia e do primo. Seu maior mentor nesta época e um de seus maiores entusiastas foi oconselheiro Sousa Dias, presidente doconselho de ministrosentre 1884 e 1885. Na Europa, onde esteve com os avós entre 1887 e 1888,Eduardo Pradoe obarão de Estrelaencarregavam-se de orientá-lo e de fazer propagar suas virtudes em contraste com os "defeitos" de dona Isabel. Com efeito, em suatournéeeuropeia, dom Pedro Augusto foi recebido com as pompas de sucessor de dom Pedro II em todos os países ecasas reaispor onde passou e sua popularidade crescia a olhos vistos. NaFrança, foi agraciado porSadi Carnotcom a grã-cruz daLegião de Honra; emPortugal, o reidom Luís Iconcedeu-lhe a grã-cruz daOrdem da Torre e Espada.O retorno ao Brasil aprofundou a crise silenciosa no seio da Família Imperial. O apoio ao príncipe crescia em número e em peso político: obarão de Maia Monteiro, oconde de Figueiredo, omarquês de Paranaguá- entre outros políticos de renome - e até mesmo a própria imperatriz tornaram-se seus partidários.Ao entusiasmo do príncipe fazia contraponto as palavras proféticas de seu irmão, dom Augusto:"Deixa disso, que a sucessão não é da caroladona Isabel,nem do manetao Príncipe do Grão-Pará,nem do surdoo conde d'Eu,nem tua também." Dom Pedro Augusto tomou conhecimento dogolpe militarque resultou naProclamação da Repúblicahoras depois do ocorrido, quando retornava de um passeio a cavalo. Alegando ter ido pedir orientação aos seus partidários, demorou a unir-se com o restante da família, só chegando aoPaço Imperial- que já se encontrava cercado por homens do exército - no final da tarde do dia 15 de novembro. Obrigados pelogoverno provisórioa seguir para oexíliona madrugada do dia 17 de novembro, todos os membros da Família Imperial - com exceção de dom Augusto, que encontrava-se em viagem decircunavegaçãocom aArmada Imperialno Oriente - foram embarcados novaporAlagoase escoltados peloCouraçadoRiachueloaté o limite daságuas territoriaisbrasileiras.Foi a bordo doAlagoasque o príncipe apresentou o seu primeiro surto psicótico, tentando esganar o comandante do navio, a quem acusava de ter recebido dinheiro para eliminar a todos.Contido e preso em seu camarote, foi acometido de delírios persecutórios, chegando a envolver seu corpo numa boia salva-vidas, temendo que o navio fosse bombardeado. Alternando momentos de excitação e de letargia, Pedro Augusto jogava garrafas ao mar com pedidos de socorro. Há registros de ao menos uma dessas mensagens, encontrada numa garrafa na praia deMaragogi, no litoral deAlagoas: "Bordo do Alagoas, 23 de novembro de 1889, às 11 horas da manhã.A família imperial fiada nos compromissos do Governo Provisório e coagida a partir, a pretexto de segurança, no dia 17, às 3 horas no cruzador Parnaíba, onde escrevemos várias cartas e que a conduziu à enseada do Abraão onde logo embarcou a bordo deste vapor, dirigido pelo Riachuelo, dizendo-se que iam para Lisboa, acha-se bem como sua comitiva, em posição crítica e decerto, segundo penso, está condenada toda e todos a uma morte violenta. O perigo é grande. Nas águas de Pernambuco vagando ao acaso. Meu Deus! D. Pedro Augusto de Coburgo e Bragança."Já no exílio, Pedro Augusto é levado para tratamento psiquiátrico emGraz. Poucas semanas depois recebe alta e vai ao encontro dos avós quando, então, recebe a notícia da morte de dona Teresa Cristina, a única aliada familiar em suas pretensões ao trono.Com a transferência da família paraCannes, passa a contactar antigos partidários e a planejar a restauração monárquica no Brasil. Entretanto, sua situação psicológica voltou a se deteriorar e os poucos conspiradores monarquistas ainda ativos logo se afastaram do príncipe. Com o abandono dos chamados "pedristas", os sintomas psiquiátricos de Pedro Augusto se agravaram progressivamente. Passava as noites em claro, não se alimentava, balbuciava palavras incompreensíveis ou vociferava contra inimigos imaginários. Com frequência os criados doPalácio Coburgoo encontravam em seus aposentos acocorado a um canto com o olhar vidrado e espumando pela boca.Os poucos amigos que lhe restaram tentavam, em vão, ajudá-lo. A pedido do médicoJean Charcot, o jovem foi examinado pelo famosoSigmund Freud, conforme registrou dom Augusto Leopoldo em carta enviada aobarão de Santa Vitória: "Quero agradecer a visita do jovem Doutor Sigmund Freud enviado pelo bom Dr. Jean Charcot. Na sua opinião, não havia por parte de meu irmão nenhum sintoma monomaníaco, ou de excitação descontrolada, constituindo-se unicamente de profunda depressão e infelicidade. O que sentiu é que está esgotado, recomendando, por enquanto, muito repouso.Embora tenha recuperado a razão, o jovem não recuperou o apoio de seus antigos correligionários, que acabaram investindo em seu irmão como pretendente ao trono extintoCom a morte de dom Pedro II, em 5 de dezembro de 1891, a melancolia e as manias de perseguição voltaram à cena: acusava os tios - a princesa Isabel e o conde d'Eu - de espalharem rumores sobre sua sanidade mental, acusava os jornalistas de colocarem em dúvida sua masculinidade e seus aliados de traição. Em outubro de 1893, artigos publicados em jornais franceses e argentinos - dando conta ora da aclamação de seu primo dom Pedro de Alcântara como imperador do Brasil ora a aclamação de dom Augusto Leopoldo - levaram Pedro Augusto à beira de um colapso. Envergando as placas e bandas de todas as ordens com que fora agraciado, o príncipe saiu cavalgando pelas ruas de Viena no meio da madrugada, acometido dos antigos delírios persecutórios. Após ser contido e reconduzido ao Palácio Coburgo tentou osuicídio, atirando-se por uma das janelas de seu quarto. Internado pelo pai numsanatórioemTülln an der Donau,O Prediletopassou o resto de sua vida acreditando que se tornaria imperador do Brasil. Em 25 de abril de 1900, todos os seus objetos pessoais foram leiloados em Viena.Morreu em 6 de julho de 1934, aos 68 anos de idade e mais de 40 anos de internação. Seu corpo foi sepultado na cripta daSt. Augustinkirche, emCoburgo

Informações

Lance

    • Lote Vendido
Termos e Condições
Condições de Pagamento
Frete e Envio
  • TERMOS E CONDIÇÕES

    1ª. As peças que compõem o presente LEILÃO, foram cuidadosamente examinadas pelos organizadores que, solidários com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.

    2ª. Em caso eventual de engano na autenticidade de peças, comprovado por peritos idôneos, e mediante laudo assinado, ficará desfeita a venda, desde que a reclamação seja feita em até 5 dias após o término do leilão. Findo o prazo, não será mais admitidas quaisquer reclamação, considerando-se definitiva a venda.

    3ª. As peças estrangeiras serão sempre vendidas como Atribuídas.

    4ª. O Leiloeiro não é proprietário dos lotes, mas o faz em nome de terceiros, que são responsáveis pela licitude e desembaraço dos mesmos.

    5ª. Elaborou-se com esmero o catálogo, cujos lotes se acham descritos de modo objetivo. As peças serão vendidas NO ESTADO em que foram recebidas e expostas. Descrição de estado ou vícios decorrentes do uso será descrito dentro do possível, mas sem obrigação. Pelo que se solicita aos interessados ou seus peritos, prévio e detalhado exame até o dia do pregão. Depois da venda realizada não serão aceitas reclamações quanto ao estado das mesmas nem servirá de alegação para descumprir compromisso firmado.

    6ª. Os leilões obedecem rigorosamente à ordem do catalogo.

    7ª. Ofertas por escrito podem ser feitas antes dos leilões, ou autorizar a lançar em seu nome; o que será feito por funcionário autorizado.

    8ª. Os Organizadores colocarão a título de CORTESIA, de forma gratuita e confidencial, serviço de arrematação pelo telefone e Internet, sem que isto o obrigue legalmente perante falhas de terceiros.

    8.1. LANCES PELA INTERNET: O arrematante poderá efetuar lances automáticos, de tal maneira que, se outro arrematante cobrir sua oferta, o sistema automaticamente gerará um novo lance para aquele arrematante, acrescido do incremento mínimo, até o limite máximo estabelecido pelo arrematante. Os lances automáticos ficarão registrados no sistema com a data em que forem feitos. Os lances ofertados são IRREVOGÁVEIS e IRRETRATÁVEIS. O arrematante é responsável por todos os lances feitos em seu nome, pelo que os lances não podem ser anulados e/ou cancelados em nenhuma hipótese.

    8.2. Em caso de empate entre arrematantes que efetivaram lances no mesmo lote e de mesmo valor, prevalecerá vencedor aquele que lançou primeiro (data e hora do registro do lance no site), devendo ser considerado inclusive que o lance automático fica registrado na data em que foi feito. Para desempate, o lance automático prevalecerá sobre o lance manual.

    9ª. O Organizador se reserva o direito de não aceitar lances de licitante com obrigações pendentes.

    10ª. Adquiridas as peças e assinado pelo arrematante o compromisso de compra, NÃO MAIS SERÃO ADMITIDAS DESISTÊNCIAS sob qualquer alegação.

    11ª. O arremate será sempre em moeda nacional. A progressão dos lances, nunca inferior a 5% do anterior, e sempre em múltiplo de dez. Outro procedimento será sempre por licença do Leiloeiro; o que não cria novação.

    12ª. Em caso de litígio prevalece a palavra do Leiloeiro.

    13ª. As peças adquiridas deverão ser pagas e retiradas IMPRETERIVELMENTE em até 48 horas após o término do leilão, e serão acrescidas da comissão do Leiloeiro, (5%). Não sendo obedecido o prazo previsto, o Leiloeiro poderá dar por desfeita a venda e, por via de EXECUÇÃO JUDICIAL, cobrar sua comissão e a dos organizadores.

    14ª. As despesas com as remessas dos lotes adquiridos, caso estes não possam ser retirados, serão de inteira responsabilidade dos arrematantes. O cálculo de frete, serviços de embalagem e despacho das mercadorias deverão ser considerados como Cortesia e serão efetuados pelas Galerias e/ou Organizadores mediante prévia indicação da empresa responsável pelo transporte e respectivo pagamento dos custos de envio.

    15ª. Qualquer litígio referente ao presente leilão está subordinado à legislação brasileira e a jurisdição dos tribunais da cidade de Campinas - SP. Os casos omissos regem-se pela legislação pertinente, e em especial pelo Decreto 21.981, de 19 de outubro de 1932, Capítulo III, Arts. 19 a 43, com as alterações introduzidas pelo Decreto 22.427., de 1º. de fevereiro de 1933.

  • CONDIÇÕES DE PAGAMENTO

    A vista com acréscimo da taxa do leiloeiro de 5%.
    Através de depósito ou transferência bancária em conta a ser enviada por e-mail após o último dia do leilão.
    Não aceitamos cartões de crédito ou débito.
    O pagamento deverá ser efetuado até 72 horas após o término do leilão sob risco da venda ser desfeita.

  • FRETE E ENVIO

    As despesas com retirada e remessa dos lotes, são de responsabilidade dos arrematantes. Veja nas Condições de Venda do Leilão.
    Despachamos para todos os estados. A titulo de cortesia a casa poderá embrulhar as peças arrematadas e providenciar transportadora adequada