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CARLOS GOMES - MANUSCRITO INÉDITO DO COMPOSITOR CARLOS GOMES (CAMPINAS, 11 DE JULHO DE 1836 BELÉM, 16 DE SETEMBRO DE 1896) DIRIGIDO AO CONDE ALFONSO TAUNAY EM QUE SOLICITA SUA AJUDA PARA EM ACORDO COM O CONDE DE MOTTA MAIA POSSAM AGIR PARA INFLUIR NA MONTAGEM DA ÓPERA LO SCHIAVO NO BRASIL A FIM DE HOMENAGIAR A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA (LEMBREMOS QUE NA DATA EM QUE FOI ESCRITA ESTA CARTA A LEI ÁUREA QUE EXTINGUIU A ESCRAVIDÃO NO PAÍS, INSTITUTO QUE A OPERA LO SCHIAVO PRETENDIA DESFAVORECER, TINHA SIDO ASSINADA PELA PRINCESA ISABEL APENAS A MENOS DE UM ANO). A CARTA POSSUI O SEGUINTE TEXTO (TOMEI A LIBERDADE DE TRANSCREVE-LO COM O PORTUGUES ATUALIZADO): Milão, 17/04/89. Amigo Alfonso Taunay, Recebi o seu esplendido discurso proferido no Instituto. O amigo aqui visitante Schutel Ambauer (Henrique Schutel Ambauer 1840-1899: membro do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, milanês que aos 17 anos migrou para o Brasil, Compositor de Óperas e dono de uma casa de instrumentos musicais no Rio Grande do Sul grifo meu ) também elogiou e apreciou muito o seu trabalho. Tenho lido também seus artigos publicados no Jornal de Paris Le Bresil, pelo menos parecem seus pelo estiIo. Um dos sentidos principais dessa cartinha é dizer-lhe o seguinte simplesmente para faze-lo ciente: Lá vae o Musella com companhia lyrica e creio que parte daqui a 15 de maio próximo. Ele além de me ter enganado no ano passado arranjando a proteção dos paulistas por meio de minhas cartas de recomendação volta este ano ao Rio e talvez a São Paulo sem me falar nem procurar de fato o Escravo. Sei que o Musella é protegido no Rio pelo Senhor Conde de São Francisco, R. J kinsmann Benjamin (Robert Jope Kinsman Benjamin violinista na corte e fundador do Club Beethoven grifo meu), Lopo Diniz Cordeiro (Conde Papal Diniz Cordeiro - grifo meu). Não conheço estes senhores mas é incrível que o Musella pudesse alcançar a proteção de pessoas tão importantes da corte e que estes sabendo que tenho o Escravo pronto não tiveram o patriotismo de se lembrarem de mim e da ópera impondo ao Musella de leva-la este ano na corte. Escrevo-lhe assim que fiquei ciente e ciente fiquei na maior consternação pela indiferença e desprezo dos brasileiros a meu respeito como se eu fosse nada ou nada tivera feito! Não escrevo ao Imperador ou a Princesa a seu respeito para não incomoda-los sem minha utilidade nem do meu desgraçado Escravo. Escrevi porem ultimamente ao amigo Conde de Motta Maia perguntando-lhe se com você é possível alcançarem aos protetores do Musella a exibição do Escravo, como já disse ficou até hoje esperando a ocasião de ser dada no Brasil em homenagem a Nação Brasileira e Família Imperial. Nada mais tenho a dizer-lhe nem devo mais dizer da vida de privações que há muito ando sofrendo. Digo ainda menos pois é incrível que um artista que tem a consciência de ter merecido a atenção do seu pais, acha-se hoje aqui esquecido por seus compatriotas no momento que podia ser o mais brilhante de sua carreira, tendo completado com tanto trabalho a sua melhor ópera nacional. Destino! Não duvido porém que você ainda meu fiel amigo, lendo esta carta, dará os passos que findam faltando (se entendendo com a Princesa, o Imperador e Motta Maia). Adeus, Adeus, até o fim do fim sempre grato amigo Carlos Gomes. SECULO XIX. 40 X 26 (SOMENTE O TAMANHO DO MANUSCRITO). 61 X 46 CM (TAMANHO TOTAL).CONTEXTO: Problemas Com Lo Schiavo: Carlos Gomes há oito anos trabalhava em Lo Schiavo, baseado em um argumento inspirado na campanha abolicionista. Essa sinopse lhe fora preparada, em 1882, por um amigo, o visconde Alfredo dEscragnolle Taunay, durante uma de suas visitas ao Brasil. Renomado engenheiro militar, escritor que se tornou conhecido como o autor do romance Inocência e do relato histórico A Retirada da Laguna, sobre a Guerra do Paraguai, de que participara, o visconde de Taunay estava, como todos os progressistas da época, muito envolvido com a causa da emancipação dos escravos. Ele próprio conta: Foi um rascunho apressado, que escrevi a lápis, sobre uma mesa do Hotel de França, em cinco ou seis páginas de papel de carta, enquanto Antônio Carlos acabava de arrumar as malas. A trama, passada no Rio em 1801, teria como protagonista um escravo liberto, homem de grandes qualidades morais, envolvido na luta pela emancipação total de seus irmãos. Mas nem o libretista, Rodolfo Paravicini, nem o editor Giulio Ricordi concordaram em ter um negro como personagem principal. Com a aquiescência de Carlos Gomes como o demonstra uma carta de 5 de dezembro de 1884 , ficou decidido que a ação seria recuada para o século XVII, e os negros transformados em índios. Isso era aceitável para os europeus, devido à voga operística de exotismo, como já acontecera antes com o Guarany. Curiosa essa manifestação de preconceito pois, anteriormente, já houvera em Verdi duas personagens de cor. Mas Aída era uma princesa etíope, escrava porque prisioneira de guerra; e Otello era um mouro, enobrecido pelos serviços militares que prestara à Sereníssima República e isso conferia a ambos um status mais respeitável do que o que teria um humilde africano que, ainda por cima, ousava rebelar-se contra a ordem estabelecida. Ficou assim decidido que a ópera se ambientaria na época das lutas entre os portugueses e os invasores franceses que, desde 1555, chefiados pelo almirante Villegaignon, tinham-se instalado na Baía da Guanabara. A luta se estendeu de 1560 até 1567, quando os franceses foram expulsos. Ficou famoso o episódio da aliança dos tamoios com as tribos do litoral, Bertioga, Cabo Frio, ou do interior, no Vale do Paraíba. Chefiados pelo cacique Aimberê que na ópera, por razões fonéticas, transforma-se em Iberê os índios moveram guerra ao portugueses mas, derrotados, foram escravizados. Para a modificação do libreto, foram usadas várias fontes: informações sobre a Confederação dos Tamoios encontradas na História do Brasil do viajante inglês Robert Southey. sugestões encontradas no poema épico A Confederação dos Tamoios, de Domingos José Gonçalves de Magalhães, que o conde Ermanno Stradelli traduzira para o italiano em 1885; situações tiradas de Moema, argumento que Taunay oferecera a Antônio Carlos antes do insucesso da Maria Tudor. Esse roteiro, que Gomes recusara por não querer pôr em cena índios outra vez, relatava um episódio vivido pelo próprio Taunay ao participar de uma expedição geográfica à província do Mato Grosso em 1865. Ele conhecera uma índia chamada Antônia, por quem se apaixonou. Essa é, de resto, a fonte de inspiração para o conto Irecê, a Guaná, publicado em suas Histórias brasileiras; e também o esquema básico da ação de Les Danitcheffs, peça que Alexandre Dumas filho escrevera, em 1876, em colaboração com o russo Korvín Krukóvski (o leitor encontrará a sinopse dessa peça no capítulo sobre Catalani, pois nela baseou-se, em 1886, Edmea, ópera desse compositor). Misturada à guerra entre os tamoios e portugueses, é contada a história do ex-chefe tamoio Iberê feito escravo, obrigado a se casar com a escrava Ilara. Mas vive com ela irmãmente, pois sabe que Ilara ama Américo, o jovem português que, em suas viagens, há de se encontrar com a condessa de Boissy, uma nobre francesa. No final, o escravo liberto se sacrificará para que Ilara e Américo possam viver felizes. Ao comparar esta sinopse com a da Edmea, de Catalani, o leitor verá que todas as situações da peça de Dumas filho reaparecem na ópera. Chega a haver frases inteiras do drama literalmente traduzidas no libreto. Essa mudanças muito artificiais seriam responsáveis por incongruências na trama. É estranho que o brasileiro Gomes aceitasse a desenvoltura com que Paravicini fantasiava a realidade histórica nacional: basta lembrar que a condessa de Bouillon mora em um grande castelo em Niterói (!) e não possui escravos por ser francesa um sentimento iluminista, típico do século XVIII, que uma dama gaulesa da década de 1560 dificilmente teria. Ainda mais que ele tinha consciência das deficiências do poeta pois, em carta de 11 de dezembro a seu amigo Mandelli, escreveu:(O libreto) me parece melhor como argumento. Os versos são coisa de fazer rir as galinhas do camponês que é o Davide! Acrescente a essas minhas prolongadas e involuntárias oscilações a dificuldade em obter, em tempo hábil, as mudanças de que necessito. A manipulação do argumento desagradou profundamente a Taunay e este exigiu que seu nome fosse riscado do projeto embora ele apareça ao lado do de Paravicini na capa da partitura publicada pela Casa Ricordi. Lo Schiavo teve gênese difícil, retardada pelas crises de insegurança, as dificuldades financeiras, os problemas com Adelina que morreu de tuberculose, em 6 de agosto de 1887, aos 45 anos de idade e o infrutífero processo contra o cunhado da mulher, Emilio Donadon, que ela nomeara curador de seus bens antes de morrer. A essa disputa viria juntar-se outra, muito desgastante. Em 1884, Antônio Carlos musicara um Inno-Marcia Un astro splendido nel ciel appar , com texto do tenente Francesco Giacinto Giganti, instrutor de seu filho Carletto no Real Colégio Militar Longone, de Milão. A publicação desse hino pela Casa Lucca já causara indignação a Giulio Ricordi, que ainda não levara a efeito a absorção da editora rival, só efetivada em 1888. E quando Gomes decidiu inserir as palavras de Giganti no ato II do Schiavo, esbarrou na oposição de Paravicini. Como as duas partes se mostrassem irredutíveis, houve um litígio judicial desfavorável ao compositor. Isso contribuiu para que Ricordi rescindisse o contrato que previa a estréia da ópera no Teatro Comunale de Bolonha. Mas não foi esse o único motivo, lembra Góes: Os tempos haviam mudado. E não era só por obras de CG que diminuía o interesse dos editores no final da década de 80. Os compositores de sua geração começavam a ser preteridos pelos da Giovanne Scuola que chegavam, inclusive, e principalmente, com Puccini em quem os Ricordi investiam de armas e bagagens... O jeito era trazer Lo Schiavo para o Brasil. Mas foram longas e difíceis as negociações com o empresário Mario Musella, que dirigia o Teatro Imperial Dom Pedro II. Musella desconfiava de Carlos Gomes que, dois anos antes, não cumprira a promessa de terminar a ópera Morena para que ela pudesse ser encenada no Rio; e achava que, com seu temperamento autoritário, Antônio Carlos criaria dificuldades nos ensaios. As querelas só se encerraram com a intervenção do imperador, que ordenou a inclusão do Escravo na temporada. Ainda assim, era necessário arrecadar os fundos necessários para cobrir as despesas de cenários, figurinos e cópias da partitura, e pagar o cachê do barítono Innocente de Anna, que viria da Itália criar o papel de Iberê. Para isso, foram necessárias subscrições (LAURO MACHADO COELHO IN: http://www2.uol.com.br/spimagem/ensaio/lmcoelho40/lmcoel29.htm).NOTA: Montado em um burro, Carlos Gomes, muito moço ainda, numa bela madrugada, seguiu para Santos, onde chegou, após dura travessia da Serra, hoje Via Anchieta. Da terra de Braz Cubas, embarcou para o Rio de Janeiro, rumo a seu glorioso destino. - "Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!", disse, ao partir "Sua bela figura lendária aureolou-se, além dos raios da glória, com os espinhos do martírio, criando em torno do esforçado trabalhador ambiente material e moral demasiadamente doloroso para um simples mortal, tocado embora pelo fulgor de um gênio" (Ítala Gomes Vaz de Carvalho) Carlos Gomes era conhecido, em Campinas, sua cidade natal, por Nhô Tonico, nome com que assinava, até, suas dedicatórias. Pertencia a uma família onde havia de tudo: relojoeiros, agricultores, marceneiros, encadernadores, farmacêuticos, rabequistas, trombonistas, flautistas e dois padres. Seus ancestrais eram espanhóis, e assinavam Gomez, com z. Seu bisavô, D. Antônio Gomez, fora bandeirante e casara-se com a filha de um cacique. Nasceu, o nosso maior operista, numa segunda-feira, em 11 de julho de 1836, numa casa humilde da Rua da Matriz Nova, na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manoel José Gomes (Maneco Músico) e d. Fabiana Jaguari Gomes. A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente. Seu pai vivia em dificuldades, com 26 filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro Santana Gomes, fiel companheiro das horas amargas. Aos 18 anos, apresentou sua primeira "missa", em cuja execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Quando chegou aos 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Verdi. Era conhecido também em S. Paulo, onde realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Côrte, em cujo Conservatório poderia aperfeiçoar-se. Mas como poderia Nhô Tonico fazer isso, se seu pai não possuía sequer recursos para uma viagem? Certo dia, pretextando novos concertos em São Paulo, Carlos Gomes veio para cá, mas, em seu ânimo, estava planejada uma fuga para mais amplos horizontes. Arranjou um burro e disse ao irmão, José Pedro, que ia para Santos, onde embarcaria para o Rio de Janeiro. José Pedro riu e disse-lhe que voltaria de Santos mesmo, pois não teria coragem de abandonar sua terra natal. - Qual! - respondeu o futuro maestro - Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos! E lá se foi ele, montado no burrinho, na sua penosa marcha pela Serra, até Santos, onde embarcou, no navio Piratininga, debaixo de fortes aclamações de estudantes e amigos, rumo à Côrte, levando consigo uma carta de recomendação, que lhe facilitaria o acesso ao Paço de São Cristóvão e ao bondoso coração de D. Pedro II. Os primeiros dias, no Rio, foram de tristeza e saudade. Hospedou-se na casa do pai de um estudante de S. Paulo. Sentia remorsos por haver abandonado o velho pai. Um dia, porém, escreveu-lhe pedindo perdão e revelando-lhe seus planos. O velho Maneco Músico comoveu-se ante o tom sincero da carta e não só perdoou ao rapaz, mas lhe estabeleceu uma pensão mensal, dizendo-lhe: "Que Deus te abençoe e te conduza, próspero, avante, pelo caminho da Glória. Trabalha e sê feliz! Teu pai". Com isso, Carlos Gomes sentiu-se mais disposto a enfrentar o futuro. Apresentado ao Imperador, por intermédio da Condessa Barral, o monarca, sempre amigo e protetor dos artistas, encaminhou-o a Francisco Manuel da Silva, diretor do Conservatório de Música e também animador dos jovens músicos. Carlos Gomes teve como primeiro mestre, em contraponto, Joaquim Giannini, famoso musicista italiano, que viveu muito tempo no Brasil. No ano seguinte, em 1860, na festa de encerramento dos cursos, Carlos Gomes apresentou uma sua composição. Mas caiu doente, atacado de febre amarela, impossibilitado de comparecer. Sua ausência foi muito lamentada. Eis, porém, que surge o imprevisto: quando o maestro ia dar início à "cantata", o jovem campineiro surge no estrado, olhos brilhando de febre, e pede a batuta para dirigir sua peça. Nada o demovera de ir dirigir. O resultado foi emocionante. Aplausos e mais aplausos, a que Carlos Gomes não pode resistir e desmaiou, sendo levado para casa, sem sentidos. Isso tudo chegou ao conhecimento do soberano, que mandou levar-lhe uma medalha de ouro, como recompensa a seu esforço e talento. Começou, então, a marcha triunfal do moço campineiro. Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, Noite do Castelo, o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Ordem das Rosas. Carlos Gomes conquistou logo a Côrte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo? Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a si o deve!" A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correa do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863. Como corolário do êxito, na Congregação da Academia de Belas Artes, foi lido um ofício do diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. D. Pedro II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu. Passeando pela Praça del Duomo, em Milão, Carlos Gomes ouvi u um garoto apregoando "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Era uma péssima tradução do romance de Alencar, mas dali o jovem maestro extraiu sua imortal ópera, que, em breve, se tornou mundialmente conhecida. O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Wagner, mas a Imperatriz, D. Teresa Cristina, italiana, sugeriu-lhe a Itália. A 8 de novembro de 1863, o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de D. Pedro II para o rei Fernando, de Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores. A partir dessa data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antônio Scalvini, estreada, em 1 de janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano. Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça del Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o mortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870. Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeira plana. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte. O grande Verdi, já glorioso e consagrado, disse de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo giovane comincia dove finisco io!" E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala, foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux, com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras. Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente. Na Côrte, distante de sua querida Campinas, enlanguescendo de saudades, Carlos Gomes recebe a notícia do casamento de sua amada Ambrosina. E recordou, com mágoa, os versos que lhe dedicara, a melodia que ainda hoje todos cantam: "Tão longe, de mim distante... onde irá... onde irá teu pensamento?..." Foi um rude golpe para o jovem e já consagrado artista. Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri, que devotou toda sua vida ao maestro. Desse consórcio, nasceram cinco filhos, muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai. Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor obra, Salvador Rosa e Maria Tudor. Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs Hino a Camões, para o centenário camoniano, executado simultaneamente, ali e no Distrito Federal, com grande sucesso. Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do que supunha. De volta à Itália, compôs a grande ópera O Escravo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1867, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso. Em 3 de fevereiro, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno. O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo, infelizmente, foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo, poema sinfônico que, incompreendido pelo grande público, não obteve êxito. Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo Rebouças, ali exilado. Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço. Sua vida, contudo, estava no fim. Lança-se ao trabalho, prodigiosamente, mas tomba justamente quando o povo de sua terra lhe retribuía o amor e a glória que ele granjeara no exterior. Diante de seu estado, o governo de São Paulo autoriza uma pensão mensal de dois contos de réis (dois mil cruzeiros, importância vultosa para a época), enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro. Dias antes de morrer, Carlos Gomes dizia, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega... eu sou mesmo o mais caipora dos caipiras..." Em 16 de setembro de 1896, o Brasil enlutava-se, com a morte do grande artista, do filho que tanto honrara o nome de sua pátria no estrangeiro. O governo paulista solicitou ao do Pará os gloriosos despojos, que hoje se encontram no magnífico monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com grandes solenidades( https://carlosgomes.campinas.sp.gov.br/historia/vida-de-carlos-gomes) ASSISTA A UM INTERESSENTE DOCUMENTARIO SOBRE A OBRA DE CARLOS GOMES E A OPERA LO SCHIAVO EM: https://www.youtube.com/watch?v=h-v2xcFU60Q

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CARLOS GOMES - MANUSCRITO INÉDITO DO COMPOSITOR CARLOS GOMES (CAMPINAS, 11 DE JULHO DE 1836 BELÉM, 16 DE SETEMBRO DE 1896) DIRIGIDO AO CONDE ALFONSO TAUNAY EM QUE SOLICITA SUA AJUDA PARA EM ACORDO COM O CONDE DE MOTTA MAIA POSSAM AGIR PARA INFLUIR NA MONTAGEM DA ÓPERA LO SCHIAVO NO BRASIL A FIM DE HOMENAGIAR A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA (LEMBREMOS QUE NA DATA EM QUE FOI ESCRITA ESTA CARTA A LEI ÁUREA QUE EXTINGUIU A ESCRAVIDÃO NO PAÍS, INSTITUTO QUE A OPERA LO SCHIAVO PRETENDIA DESFAVORECER, TINHA SIDO ASSINADA PELA PRINCESA ISABEL APENAS A MENOS DE UM ANO). A CARTA POSSUI O SEGUINTE TEXTO (TOMEI A LIBERDADE DE TRANSCREVE-LO COM O PORTUGUES ATUALIZADO): Milão, 17/04/89. Amigo Alfonso Taunay, Recebi o seu esplendido discurso proferido no Instituto. O amigo aqui visitante Schutel Ambauer (Henrique Schutel Ambauer 1840-1899: membro do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, milanês que aos 17 anos migrou para o Brasil, Compositor de Óperas e dono de uma casa de instrumentos musicais no Rio Grande do Sul grifo meu ) também elogiou e apreciou muito o seu trabalho. Tenho lido também seus artigos publicados no Jornal de Paris Le Bresil, pelo menos parecem seus pelo estiIo. Um dos sentidos principais dessa cartinha é dizer-lhe o seguinte simplesmente para faze-lo ciente: Lá vae o Musella com companhia lyrica e creio que parte daqui a 15 de maio próximo. Ele além de me ter enganado no ano passado arranjando a proteção dos paulistas por meio de minhas cartas de recomendação volta este ano ao Rio e talvez a São Paulo sem me falar nem procurar de fato o Escravo. Sei que o Musella é protegido no Rio pelo Senhor Conde de São Francisco, R. J kinsmann Benjamin (Robert Jope Kinsman Benjamin violinista na corte e fundador do Club Beethoven grifo meu), Lopo Diniz Cordeiro (Conde Papal Diniz Cordeiro - grifo meu). Não conheço estes senhores mas é incrível que o Musella pudesse alcançar a proteção de pessoas tão importantes da corte e que estes sabendo que tenho o Escravo pronto não tiveram o patriotismo de se lembrarem de mim e da ópera impondo ao Musella de leva-la este ano na corte. Escrevo-lhe assim que fiquei ciente e ciente fiquei na maior consternação pela indiferença e desprezo dos brasileiros a meu respeito como se eu fosse nada ou nada tivera feito! Não escrevo ao Imperador ou a Princesa a seu respeito para não incomoda-los sem minha utilidade nem do meu desgraçado Escravo. Escrevi porem ultimamente ao amigo Conde de Motta Maia perguntando-lhe se com você é possível alcançarem aos protetores do Musella a exibição do Escravo, como já disse ficou até hoje esperando a ocasião de ser dada no Brasil em homenagem a Nação Brasileira e Família Imperial. Nada mais tenho a dizer-lhe nem devo mais dizer da vida de privações que há muito ando sofrendo. Digo ainda menos pois é incrível que um artista que tem a consciência de ter merecido a atenção do seu pais, acha-se hoje aqui esquecido por seus compatriotas no momento que podia ser o mais brilhante de sua carreira, tendo completado com tanto trabalho a sua melhor ópera nacional. Destino! Não duvido porém que você ainda meu fiel amigo, lendo esta carta, dará os passos que findam faltando (se entendendo com a Princesa, o Imperador e Motta Maia). Adeus, Adeus, até o fim do fim sempre grato amigo Carlos Gomes. SECULO XIX. 40 X 26 (SOMENTE O TAMANHO DO MANUSCRITO). 61 X 46 CM (TAMANHO TOTAL).CONTEXTO: Problemas Com Lo Schiavo: Carlos Gomes há oito anos trabalhava em Lo Schiavo, baseado em um argumento inspirado na campanha abolicionista. Essa sinopse lhe fora preparada, em 1882, por um amigo, o visconde Alfredo dEscragnolle Taunay, durante uma de suas visitas ao Brasil. Renomado engenheiro militar, escritor que se tornou conhecido como o autor do romance Inocência e do relato histórico A Retirada da Laguna, sobre a Guerra do Paraguai, de que participara, o visconde de Taunay estava, como todos os progressistas da época, muito envolvido com a causa da emancipação dos escravos. Ele próprio conta: Foi um rascunho apressado, que escrevi a lápis, sobre uma mesa do Hotel de França, em cinco ou seis páginas de papel de carta, enquanto Antônio Carlos acabava de arrumar as malas. A trama, passada no Rio em 1801, teria como protagonista um escravo liberto, homem de grandes qualidades morais, envolvido na luta pela emancipação total de seus irmãos. Mas nem o libretista, Rodolfo Paravicini, nem o editor Giulio Ricordi concordaram em ter um negro como personagem principal. Com a aquiescência de Carlos Gomes como o demonstra uma carta de 5 de dezembro de 1884 , ficou decidido que a ação seria recuada para o século XVII, e os negros transformados em índios. Isso era aceitável para os europeus, devido à voga operística de exotismo, como já acontecera antes com o Guarany. Curiosa essa manifestação de preconceito pois, anteriormente, já houvera em Verdi duas personagens de cor. Mas Aída era uma princesa etíope, escrava porque prisioneira de guerra; e Otello era um mouro, enobrecido pelos serviços militares que prestara à Sereníssima República e isso conferia a ambos um status mais respeitável do que o que teria um humilde africano que, ainda por cima, ousava rebelar-se contra a ordem estabelecida. Ficou assim decidido que a ópera se ambientaria na época das lutas entre os portugueses e os invasores franceses que, desde 1555, chefiados pelo almirante Villegaignon, tinham-se instalado na Baía da Guanabara. A luta se estendeu de 1560 até 1567, quando os franceses foram expulsos. Ficou famoso o episódio da aliança dos tamoios com as tribos do litoral, Bertioga, Cabo Frio, ou do interior, no Vale do Paraíba. Chefiados pelo cacique Aimberê que na ópera, por razões fonéticas, transforma-se em Iberê os índios moveram guerra ao portugueses mas, derrotados, foram escravizados. Para a modificação do libreto, foram usadas várias fontes: informações sobre a Confederação dos Tamoios encontradas na História do Brasil do viajante inglês Robert Southey. sugestões encontradas no poema épico A Confederação dos Tamoios, de Domingos José Gonçalves de Magalhães, que o conde Ermanno Stradelli traduzira para o italiano em 1885; situações tiradas de Moema, argumento que Taunay oferecera a Antônio Carlos antes do insucesso da Maria Tudor. Esse roteiro, que Gomes recusara por não querer pôr em cena índios outra vez, relatava um episódio vivido pelo próprio Taunay ao participar de uma expedição geográfica à província do Mato Grosso em 1865. Ele conhecera uma índia chamada Antônia, por quem se apaixonou. Essa é, de resto, a fonte de inspiração para o conto Irecê, a Guaná, publicado em suas Histórias brasileiras; e também o esquema básico da ação de Les Danitcheffs, peça que Alexandre Dumas filho escrevera, em 1876, em colaboração com o russo Korvín Krukóvski (o leitor encontrará a sinopse dessa peça no capítulo sobre Catalani, pois nela baseou-se, em 1886, Edmea, ópera desse compositor). Misturada à guerra entre os tamoios e portugueses, é contada a história do ex-chefe tamoio Iberê feito escravo, obrigado a se casar com a escrava Ilara. Mas vive com ela irmãmente, pois sabe que Ilara ama Américo, o jovem português que, em suas viagens, há de se encontrar com a condessa de Boissy, uma nobre francesa. No final, o escravo liberto se sacrificará para que Ilara e Américo possam viver felizes. Ao comparar esta sinopse com a da Edmea, de Catalani, o leitor verá que todas as situações da peça de Dumas filho reaparecem na ópera. Chega a haver frases inteiras do drama literalmente traduzidas no libreto. Essa mudanças muito artificiais seriam responsáveis por incongruências na trama. É estranho que o brasileiro Gomes aceitasse a desenvoltura com que Paravicini fantasiava a realidade histórica nacional: basta lembrar que a condessa de Bouillon mora em um grande castelo em Niterói (!) e não possui escravos por ser francesa um sentimento iluminista, típico do século XVIII, que uma dama gaulesa da década de 1560 dificilmente teria. Ainda mais que ele tinha consciência das deficiências do poeta pois, em carta de 11 de dezembro a seu amigo Mandelli, escreveu:(O libreto) me parece melhor como argumento. Os versos são coisa de fazer rir as galinhas do camponês que é o Davide! Acrescente a essas minhas prolongadas e involuntárias oscilações a dificuldade em obter, em tempo hábil, as mudanças de que necessito. A manipulação do argumento desagradou profundamente a Taunay e este exigiu que seu nome fosse riscado do projeto embora ele apareça ao lado do de Paravicini na capa da partitura publicada pela Casa Ricordi. Lo Schiavo teve gênese difícil, retardada pelas crises de insegurança, as dificuldades financeiras, os problemas com Adelina que morreu de tuberculose, em 6 de agosto de 1887, aos 45 anos de idade e o infrutífero processo contra o cunhado da mulher, Emilio Donadon, que ela nomeara curador de seus bens antes de morrer. A essa disputa viria juntar-se outra, muito desgastante. Em 1884, Antônio Carlos musicara um Inno-Marcia Un astro splendido nel ciel appar , com texto do tenente Francesco Giacinto Giganti, instrutor de seu filho Carletto no Real Colégio Militar Longone, de Milão. A publicação desse hino pela Casa Lucca já causara indignação a Giulio Ricordi, que ainda não levara a efeito a absorção da editora rival, só efetivada em 1888. E quando Gomes decidiu inserir as palavras de Giganti no ato II do Schiavo, esbarrou na oposição de Paravicini. Como as duas partes se mostrassem irredutíveis, houve um litígio judicial desfavorável ao compositor. Isso contribuiu para que Ricordi rescindisse o contrato que previa a estréia da ópera no Teatro Comunale de Bolonha. Mas não foi esse o único motivo, lembra Góes: Os tempos haviam mudado. E não era só por obras de CG que diminuía o interesse dos editores no final da década de 80. Os compositores de sua geração começavam a ser preteridos pelos da Giovanne Scuola que chegavam, inclusive, e principalmente, com Puccini em quem os Ricordi investiam de armas e bagagens... O jeito era trazer Lo Schiavo para o Brasil. Mas foram longas e difíceis as negociações com o empresário Mario Musella, que dirigia o Teatro Imperial Dom Pedro II. Musella desconfiava de Carlos Gomes que, dois anos antes, não cumprira a promessa de terminar a ópera Morena para que ela pudesse ser encenada no Rio; e achava que, com seu temperamento autoritário, Antônio Carlos criaria dificuldades nos ensaios. As querelas só se encerraram com a intervenção do imperador, que ordenou a inclusão do Escravo na temporada. Ainda assim, era necessário arrecadar os fundos necessários para cobrir as despesas de cenários, figurinos e cópias da partitura, e pagar o cachê do barítono Innocente de Anna, que viria da Itália criar o papel de Iberê. Para isso, foram necessárias subscrições (LAURO MACHADO COELHO IN: http://www2.uol.com.br/spimagem/ensaio/lmcoelho40/lmcoel29.htm).NOTA: Montado em um burro, Carlos Gomes, muito moço ainda, numa bela madrugada, seguiu para Santos, onde chegou, após dura travessia da Serra, hoje Via Anchieta. Da terra de Braz Cubas, embarcou para o Rio de Janeiro, rumo a seu glorioso destino. - "Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!", disse, ao partir "Sua bela figura lendária aureolou-se, além dos raios da glória, com os espinhos do martírio, criando em torno do esforçado trabalhador ambiente material e moral demasiadamente doloroso para um simples mortal, tocado embora pelo fulgor de um gênio" (Ítala Gomes Vaz de Carvalho) Carlos Gomes era conhecido, em Campinas, sua cidade natal, por Nhô Tonico, nome com que assinava, até, suas dedicatórias. Pertencia a uma família onde havia de tudo: relojoeiros, agricultores, marceneiros, encadernadores, farmacêuticos, rabequistas, trombonistas, flautistas e dois padres. Seus ancestrais eram espanhóis, e assinavam Gomez, com z. Seu bisavô, D. Antônio Gomez, fora bandeirante e casara-se com a filha de um cacique. Nasceu, o nosso maior operista, numa segunda-feira, em 11 de julho de 1836, numa casa humilde da Rua da Matriz Nova, na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manoel José Gomes (Maneco Músico) e d. Fabiana Jaguari Gomes. A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente. Seu pai vivia em dificuldades, com 26 filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro Santana Gomes, fiel companheiro das horas amargas. Aos 18 anos, apresentou sua primeira "missa", em cuja execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Quando chegou aos 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Verdi. Era conhecido também em S. Paulo, onde realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Côrte, em cujo Conservatório poderia aperfeiçoar-se. Mas como poderia Nhô Tonico fazer isso, se seu pai não possuía sequer recursos para uma viagem? Certo dia, pretextando novos concertos em São Paulo, Carlos Gomes veio para cá, mas, em seu ânimo, estava planejada uma fuga para mais amplos horizontes. Arranjou um burro e disse ao irmão, José Pedro, que ia para Santos, onde embarcaria para o Rio de Janeiro. José Pedro riu e disse-lhe que voltaria de Santos mesmo, pois não teria coragem de abandonar sua terra natal. - Qual! - respondeu o futuro maestro - Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos! E lá se foi ele, montado no burrinho, na sua penosa marcha pela Serra, até Santos, onde embarcou, no navio Piratininga, debaixo de fortes aclamações de estudantes e amigos, rumo à Côrte, levando consigo uma carta de recomendação, que lhe facilitaria o acesso ao Paço de São Cristóvão e ao bondoso coração de D. Pedro II. Os primeiros dias, no Rio, foram de tristeza e saudade. Hospedou-se na casa do pai de um estudante de S. Paulo. Sentia remorsos por haver abandonado o velho pai. Um dia, porém, escreveu-lhe pedindo perdão e revelando-lhe seus planos. O velho Maneco Músico comoveu-se ante o tom sincero da carta e não só perdoou ao rapaz, mas lhe estabeleceu uma pensão mensal, dizendo-lhe: "Que Deus te abençoe e te conduza, próspero, avante, pelo caminho da Glória. Trabalha e sê feliz! Teu pai". Com isso, Carlos Gomes sentiu-se mais disposto a enfrentar o futuro. Apresentado ao Imperador, por intermédio da Condessa Barral, o monarca, sempre amigo e protetor dos artistas, encaminhou-o a Francisco Manuel da Silva, diretor do Conservatório de Música e também animador dos jovens músicos. Carlos Gomes teve como primeiro mestre, em contraponto, Joaquim Giannini, famoso musicista italiano, que viveu muito tempo no Brasil. No ano seguinte, em 1860, na festa de encerramento dos cursos, Carlos Gomes apresentou uma sua composição. Mas caiu doente, atacado de febre amarela, impossibilitado de comparecer. Sua ausência foi muito lamentada. Eis, porém, que surge o imprevisto: quando o maestro ia dar início à "cantata", o jovem campineiro surge no estrado, olhos brilhando de febre, e pede a batuta para dirigir sua peça. Nada o demovera de ir dirigir. O resultado foi emocionante. Aplausos e mais aplausos, a que Carlos Gomes não pode resistir e desmaiou, sendo levado para casa, sem sentidos. Isso tudo chegou ao conhecimento do soberano, que mandou levar-lhe uma medalha de ouro, como recompensa a seu esforço e talento. Começou, então, a marcha triunfal do moço campineiro. Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, Noite do Castelo, o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Ordem das Rosas. Carlos Gomes conquistou logo a Côrte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo? Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a si o deve!" A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correa do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863. Como corolário do êxito, na Congregação da Academia de Belas Artes, foi lido um ofício do diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. D. Pedro II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu. Passeando pela Praça del Duomo, em Milão, Carlos Gomes ouvi u um garoto apregoando "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Era uma péssima tradução do romance de Alencar, mas dali o jovem maestro extraiu sua imortal ópera, que, em breve, se tornou mundialmente conhecida. O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Wagner, mas a Imperatriz, D. Teresa Cristina, italiana, sugeriu-lhe a Itália. A 8 de novembro de 1863, o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de D. Pedro II para o rei Fernando, de Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores. A partir dessa data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antônio Scalvini, estreada, em 1 de janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano. Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça del Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o mortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870. Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeira plana. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte. O grande Verdi, já glorioso e consagrado, disse de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo giovane comincia dove finisco io!" E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala, foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux, com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras. Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente. Na Côrte, distante de sua querida Campinas, enlanguescendo de saudades, Carlos Gomes recebe a notícia do casamento de sua amada Ambrosina. E recordou, com mágoa, os versos que lhe dedicara, a melodia que ainda hoje todos cantam: "Tão longe, de mim distante... onde irá... onde irá teu pensamento?..." Foi um rude golpe para o jovem e já consagrado artista. Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri, que devotou toda sua vida ao maestro. Desse consórcio, nasceram cinco filhos, muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai. Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor obra, Salvador Rosa e Maria Tudor. Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs Hino a Camões, para o centenário camoniano, executado simultaneamente, ali e no Distrito Federal, com grande sucesso. Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do que supunha. De volta à Itália, compôs a grande ópera O Escravo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1867, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso. Em 3 de fevereiro, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno. O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo, infelizmente, foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo, poema sinfônico que, incompreendido pelo grande público, não obteve êxito. Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo Rebouças, ali exilado. Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço. Sua vida, contudo, estava no fim. Lança-se ao trabalho, prodigiosamente, mas tomba justamente quando o povo de sua terra lhe retribuía o amor e a glória que ele granjeara no exterior. Diante de seu estado, o governo de São Paulo autoriza uma pensão mensal de dois contos de réis (dois mil cruzeiros, importância vultosa para a época), enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro. Dias antes de morrer, Carlos Gomes dizia, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega... eu sou mesmo o mais caipora dos caipiras..." Em 16 de setembro de 1896, o Brasil enlutava-se, com a morte do grande artista, do filho que tanto honrara o nome de sua pátria no estrangeiro. O governo paulista solicitou ao do Pará os gloriosos despojos, que hoje se encontram no magnífico monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com grandes solenidades( https://carlosgomes.campinas.sp.gov.br/historia/vida-de-carlos-gomes) ASSISTA A UM INTERESSENTE DOCUMENTARIO SOBRE A OBRA DE CARLOS GOMES E A OPERA LO SCHIAVO EM: https://www.youtube.com/watch?v=h-v2xcFU60Q

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