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Brasil Império

BANDEIRA DO IMPÉRIO DO BRASIL ESTA BANDEIRA FOI HASTEADA EM 6 E 7 DE NOVEMBRO DE 1884 QUANDO DA VISITA DA PRINCESA ISABEL E SUA HOSPEDAGEM NA FAZENDA SANTA GERTRUDES. TAMBÉM ERA USADA EM DATAS CÍVICAS NO COTIDIANO DA FAZENDA. BANDEIRA É CONSTRUÍDA EM TECIDO COM CAPRICHADOS BORDADOS MANUAIS. EM CAMPO VERDE, A ESFERA ARMILAR DE OURO COM A CRUZ DA ORDEM DE CRISTO DE VERMELHO, ABERTA DE BRANCO E CIRCULADA DE ANEL AZUL CARREGADO DE VINTE ESTRELAS DE PRATA. COROA IMPERIAL, FORRADA DE VERMELHO. RAMOS DE TABACO E CAFÉ UNIDOS POR LAÇO VERMELHO ESTILIZADO. A VISITA DA PRINCESA ISABEL À SANTA GERTRUDES, ACOMPANHADA PELO CONDE DEU E PELOS PRÍNCIPES SEUS FILHOS FICOU REGISTRADA NO DIÁRIO DA PRINCESA PUBLICANO NO LIVRO DIÁRIO DA PRINCESA ISABEL EXCURSÃO DOS CONDES D'EU À PROVÍNCIA DE SÃO PAULO EM 1884 POR RICARDO GUMBLETOM DAUNT EM 1957. BRASIL, 90 X 55 CMNOTA: Em meados da década de 1880, o fortalecimento do partido Republicano em São Paulo e nas Províncias do Sul do Brasil conduziram a uma estratégia do Gabinete do Império para trazer visibilidade a herdeira presuntiva do trono, a Princesa Isabel. É verdade que nesses anos em que a propaganda republicana ganhou corpo, um dos argumentos contra um eventual Terceiro Império era a grande influência que o Conde DEu exerceria sobre o Governo da Imperatriz Isabel, pintada como carola e subserviente a figura de seu marido, o francês. Vão foi o esforço do Conde DEu em colocar-se a frente do exército Imperial na defesa do País, no episódio da Guerra do Paraguai (1864-1870). Mais de uma década depois do conflito sua imagem continuava fortemente atrelada a de um príncipe estrangeiro cuja figura causava aversão aos nacionalistas. Para trazer mais popularidade e simpatia a ideia do Terceiro Reinado, estabeleceu-se a necessidade da realização de visitas da família Imperial a diversas províncias do Brasil. São Paulo e o Sul do País eram províncias chave para tentar bloquear o avanço do republicanismo. Foi então que entre 5 e 27 de novembro de 1884 a augusta Família, percorreu diversas regiões de São Paulo.viagem iniciou-se no dia 5 de novembro de 1884. Partindo da estação do Campo da Aclimação, antigo Campo de Sant´Ana, Entraram os viajantes pelo vale do Paraíba e alcançaram São Paulo, Sorocaba, Ipanema, Tietê, Capivarí, Campinas e São João do Rio Claro. Depois de regressarem a São Paulo, dirigiram-se para Santos. donde rumaram para o sul do País. A Princesa e sua comitiva fariam a primeira parada na cidade de Lorena, no Vale do Paraíba, em São Paulo.Nesta cidade, a Princesa se hospedou na casa do Visconde de Moreira Lima, num jantar que durou das sete às nove horas, após o que, ouviu um concerto organizado pela anfitriã, a Viscondessa. No dia 6 de novembro, deixa Lorena às onze horas, desce em Guaratinguetá para visitar a Capela Nossa Senhora Aparecida e orar, detém-se, em seguida, por algum tempo em Pindamonhangaba e em Taubaté. É, porém, a passagem pelos então campos de Moji das Cruzes que emociona Isabel, despertando-lhe a alma artística. Para ela, os campos são belos, belos como um belo andante de Beethoven. E explica-se: Olhe que é dizer muito para mim, e com efeito são (os campos) incomparáveis. No mesmo dia 6 de novembro, a comitiva chega a São Paulo, às cinco horas e meia. Há muita gente na estação e, também, uma forte chuva de pedra. Hospeda-se na casa do Conde de Três Rios, Joaquim Egídio de Souza Aranha, poderoso fazendeiro de Campinas, em cujo município há, ainda hoje, um distrito com seu nome, Joaquim Egídio. A casa do Conde encanta a Princesa: magnífica, arranjada com muito gosto, cravos a valer e lindos, begônias magníficas, cama macia, um bom piano. É nesse piano, que ela própria solicitou à Casa Levy, de instrumentos musicais, que ela estuda na manhã do dia 7, aproveitando para descansar. Com os filhos Pedro, Luís e Antônio, Isabel sai, no dia 8, para pescar, num remanso, não muito longe da casa. É quando duas jararacas armam o bote para Pedro: Graças a Deus, alguém avistou-as e gritou a tempo. Mas são os bondes que parecem ter feito a alegria da Princesa. Ela registra ter ido em bonde, visitar o Bazar Garret, o Grande Hotel, a Tipografia Martin, a Faculdade, que é a de Direito, no antigo prédio do Convento de São Francisco. E prega peça nos repórteres, pedindo que viesse um só bonde, manobrando () para que não viessem a nossa saída. A Princesa emite a sua opinião sobre a capital paulista naquele dia 8 de novembro de 1.884: Eis, agora, o que penso de São Paulo, como cidade: situação magnífica e proporção para uma cidade esplêndida, alguns edifícios bonitos, mas em geral nenhuma arquitetura e muita linha torta. No dia 10, a comitiva real embarca no trem da Estrada de Ferro Sorocabana que, saindo de São Paulo, percorriam 186 quilômetros até Tietê. A Princesa Isabel mostra interesse especial em conhecer a fábrica de ferro do Ipanema, próxima de Sorocaba. Ela reflete sobre os preços caros do ferro e pergunta-se: E se Ipanema fosse arrendada a uma companhia? Deixa Ipanema ao meio-dia e chega a Sorocaba, onde pernoita. A esperada visita ela a faz em Capivari, no dia 12, onde está um Engenho Central que pretende revolucionar a indústria açucareira em São Paulo, criado por Monsieur Raffard. Do engenho, nascerá a futura cidade de Rafard. Em Capivari, a Princesa Isabel recebe, de Madame Raffard, um ramo de lindas flores, digno de Paris e grande como meu chapéu de sol aberto. Parte às duas horas e, às três, chega a Piracicaba. Nesta cidade, hospeda-se na casa do Barão de Serra Negra, Estêvão de Rezende, faz visitas: ida ao Salto (quiosque) de que gostei muito, visita à fábrica de bordados e à fábrica de fiação do Queiroz (Luiz de Queiroz). E deixa registrada sua opinião sobre Piracicaba: Uma cidade bonitinha, com ruas muito bem alinhadas, e muito bem situadas numa colina, e à beira do belo rio do mesmo nome. Saindo de Piracicaba às seis horas da manhã, chega a Itu às dez e meia, parando o trem um pouco antes, para que víssemos o Salto do Tietê, de que gostei muito. Itu será um dos berços da República, mas recebera o título de A Fidelíssima, por seu apoio à família imperial e à monarquia. A Princesa visita a Matriz, onde reconhece um órgão novo, da casa Cavallieri-Coll de Paris. É um programa de visitas cansativo: à Câmara Municipal, almoço com um dos proprietários da Estrada de Ferro Ituana, José Elias Pacheco Jordão, Colégio dos Jesuítas, Santa Casa de Misericórdia, Colégio das Irmãs de São José. E, ao entardecer, saindo de Itu às três horas menos um quarto, chega a Campinas antes das seis. Em Campinas, no dia 14, a Princesa Isabel, entre outras visitas, encanta-se com o Bosque dos Jequitibás: Vi o maior jequitibá que tenho visto, um tronco esplendido e bonita copa. Tem de diâmetro dois metros e trinta e dois centímetros, na altura de metro e meio, pouco mais ou menos. Faz referências aos entalhes do interior da Matriz da Conceição, do Colégio Culto a Ciência, também a respeito da Santa Casa e Câmara Municipal. Na estada em Campinas, hospeda-se no Solar do Marquês de Três Rios. E de lá seguem para a última etapa da viagem ao interior. A fazenda Santa Gertrudes que muito agradou aos visitantes. Estendendo-se de Limeira até Piracicaba a Santa Gertrudes ocupava com três propriedades agrícolas uma fértil mancha de terra originadas na Sesmaria Morro Azul. Os Príncipes visitaram duas, a do Conde de Três Rios (Santa Gertrudes) e a Ibicaba dos Vergueiros. A terceira, a Fazenda Paraguaçu, justamente a mais bela pela pitoresca situação, não figurou no programa dos passeios por ter falecido o dono, o inditoso Joanico de Almeida Prado, jovem desbravador morto com pouco mais de trinta anos, logo seguido no túmulo pela esposa Eufrosina Paes de Barros. Os filhos nesta altura estudavam nos Estados Unidos de modo que não havia ninguém na fazenda para receber os Príncipes. Relevantes impressões sobre esta etapa da viagem são registradas no diário da Princesa Isabel. No dia 15 de novembro, chega à fazenda de seu principal acompanhante e anfitrião em São Paulo, o Conde Três Rios, a Santa Gertrudes. Lá, estão os cafezais mais belos que tenho visto, numa fazenda onde de tudo há: gado vacum, porcada, patos, marrecos, perus, cabritos, feijão, milho, arroz, frutas e até um açude com peixes. No dia 16, um domingo, descansa, assiste à missa na capela da fazenda. Dia de descanso para mim , que levei com os meninos a visitar os cafezais , fazer balaios de gungi e tucum e pescar no lago. Pela manhã do dia 17, embarca para o ponto final da viagem: a fazenda do Senador Vergueiro, a famosa Ibicaba, localizada na atual Limeira e fazendo divisa com Piracicaba. Ibicaba é uma das principais experiências rurais brasileiras do Império, originária da sesmaria Morro Azul. A Princesa Isabel antes de retornar a São Paulo, registra que para ela a fazenda do Senador Vergueiro, Ibicaba tem muita nomeada e merecida, mas conclui: a (fazenda) do (Conde) Três Rios (Santa Gertrudes) é melhor. No dia 27 de novembro, depois de passar alguns dias em São Paulo, a Princesa Isabel encerra sua visita a São Paulo, embarcando, em Santos, no navio Rio de Janeiro, rumo ao sul do país. Saudosas foram as despedidasde São Paulo , local em que a Princesa Imperial jamais retornaria em virtude dos acontecimentos que culminaram com a Proclamação da República e o banimento da família Imperial para Europa. Registra a Princesa Isabel que na Estação de trem que os conduziria a Santos estavam às excelentes Condessas de Lages e de Três Rios, e muitas outras pessoas que se achavam lá. Na despedida final em Santos partindo para bordo do " Rio de Janeiro ", nos despedimos com muitas saudades do Conde de Três Rios , de quem fiquei gostando muito , e do bom Novais , que tem esquisitices, mas é bom homem e muito serviçal. Pedro e Luís (os príncipes) choraram a separação desses dois bons amigos, que tão excelentes se tinham mostrado para com eles, e também se foram o Conde e o Novaes com os olhos cheios de lágrimas. O relato dessa visita em que foram registradas pela Princesa Isabel em seus diários, permite conhecer um pouco da personalidade da Princesa em um período muito próximo aquele em que poderia vir a se tornar a Imperatriz do Brasil. Ela mantém nesse momento de vida, as características femininas próprias de sua época e de sua condição social. A religiosidade também faz parte do seu cotidiano. Mostra-se uma mulher inteligente, observadora, interessada em política e economia, valorizando o que é moderno. Demonstra ter consciência de seu papel dentro do Império e o desempenha com aparente desenvoltura. Além de ter tido uma formação primorosa para os padrões da época, seus vários períodos de estada na Europa e seu amadurecimento pessoal fizeram com que ela incorporasse um estilo de vida com muito mais autonomia. A imagem de mulher subserviente e carola que a propaganda republicana injustamente propalou, em nada corresponde ao preparo e a personalidade de Isabel de Bragança. José Avelino Gurgel do Amaral, cronista da época logo após a queda do Império, referiu-se aos esforços para mudar a imagem propalada do Conde DEu que foi sob muitos aspectos determinantes para o fim do Império.Herdeiro da tradição muitas vezes centenária da monarquia francesa era muito difícil para ele adequar-se à Corte modesta e sem tradição de Dom Pedro II. Para o cronista " Tudo era inútil ; a sua surdez , que o levava a frasesem voz alta e travada de rr ásperos pelo sotaque, a falta de esplendor de seus palácios, a ausência de ações grandiosas e brilhantes, a sua posição,aliás natural , de conselheiro da princesa, recebida em todos os círculos como uma intervenção intrusa, eis aí verdadeiros óbices a qualquer tentativa de um terceiro reinado, mesmo no tempo da monarquia. Por todos estes motivos o Conde D'Eu jamais conseguiu ser brasileiro; foi sempre para todos o francês ... Não lhe reconheciam os serviços e lhe condenavam sestros sem importância como se representassem calamidades. A intervenção do Príncipe na guerra do Paraguai ,a despeito de seus predicados militares , não conseguiu granjear - lhe sequer a simpatia do exército . Que pena serem vãos esses esforços! Que gloriosos anos de desenvolvimento nacional poderia ter nos trazido o Reinado da Imperatriz Isabel de Bragança!

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BANDEIRA DO IMPÉRIO DO BRASIL ESTA BANDEIRA FOI HASTEADA EM 6 E 7 DE NOVEMBRO DE 1884 QUANDO DA VISITA DA PRINCESA ISABEL E SUA HOSPEDAGEM NA FAZENDA SANTA GERTRUDES. TAMBÉM ERA USADA EM DATAS CÍVICAS NO COTIDIANO DA FAZENDA. BANDEIRA É CONSTRUÍDA EM TECIDO COM CAPRICHADOS BORDADOS MANUAIS. EM CAMPO VERDE, A ESFERA ARMILAR DE OURO COM A CRUZ DA ORDEM DE CRISTO DE VERMELHO, ABERTA DE BRANCO E CIRCULADA DE ANEL AZUL CARREGADO DE VINTE ESTRELAS DE PRATA. COROA IMPERIAL, FORRADA DE VERMELHO. RAMOS DE TABACO E CAFÉ UNIDOS POR LAÇO VERMELHO ESTILIZADO. A VISITA DA PRINCESA ISABEL À SANTA GERTRUDES, ACOMPANHADA PELO CONDE DEU E PELOS PRÍNCIPES SEUS FILHOS FICOU REGISTRADA NO DIÁRIO DA PRINCESA PUBLICANO NO LIVRO DIÁRIO DA PRINCESA ISABEL EXCURSÃO DOS CONDES D'EU À PROVÍNCIA DE SÃO PAULO EM 1884 POR RICARDO GUMBLETOM DAUNT EM 1957. BRASIL, 90 X 55 CMNOTA: Em meados da década de 1880, o fortalecimento do partido Republicano em São Paulo e nas Províncias do Sul do Brasil conduziram a uma estratégia do Gabinete do Império para trazer visibilidade a herdeira presuntiva do trono, a Princesa Isabel. É verdade que nesses anos em que a propaganda republicana ganhou corpo, um dos argumentos contra um eventual Terceiro Império era a grande influência que o Conde DEu exerceria sobre o Governo da Imperatriz Isabel, pintada como carola e subserviente a figura de seu marido, o francês. Vão foi o esforço do Conde DEu em colocar-se a frente do exército Imperial na defesa do País, no episódio da Guerra do Paraguai (1864-1870). Mais de uma década depois do conflito sua imagem continuava fortemente atrelada a de um príncipe estrangeiro cuja figura causava aversão aos nacionalistas. Para trazer mais popularidade e simpatia a ideia do Terceiro Reinado, estabeleceu-se a necessidade da realização de visitas da família Imperial a diversas províncias do Brasil. São Paulo e o Sul do País eram províncias chave para tentar bloquear o avanço do republicanismo. Foi então que entre 5 e 27 de novembro de 1884 a augusta Família, percorreu diversas regiões de São Paulo.viagem iniciou-se no dia 5 de novembro de 1884. Partindo da estação do Campo da Aclimação, antigo Campo de Sant´Ana, Entraram os viajantes pelo vale do Paraíba e alcançaram São Paulo, Sorocaba, Ipanema, Tietê, Capivarí, Campinas e São João do Rio Claro. Depois de regressarem a São Paulo, dirigiram-se para Santos. donde rumaram para o sul do País. A Princesa e sua comitiva fariam a primeira parada na cidade de Lorena, no Vale do Paraíba, em São Paulo.Nesta cidade, a Princesa se hospedou na casa do Visconde de Moreira Lima, num jantar que durou das sete às nove horas, após o que, ouviu um concerto organizado pela anfitriã, a Viscondessa. No dia 6 de novembro, deixa Lorena às onze horas, desce em Guaratinguetá para visitar a Capela Nossa Senhora Aparecida e orar, detém-se, em seguida, por algum tempo em Pindamonhangaba e em Taubaté. É, porém, a passagem pelos então campos de Moji das Cruzes que emociona Isabel, despertando-lhe a alma artística. Para ela, os campos são belos, belos como um belo andante de Beethoven. E explica-se: Olhe que é dizer muito para mim, e com efeito são (os campos) incomparáveis. No mesmo dia 6 de novembro, a comitiva chega a São Paulo, às cinco horas e meia. Há muita gente na estação e, também, uma forte chuva de pedra. Hospeda-se na casa do Conde de Três Rios, Joaquim Egídio de Souza Aranha, poderoso fazendeiro de Campinas, em cujo município há, ainda hoje, um distrito com seu nome, Joaquim Egídio. A casa do Conde encanta a Princesa: magnífica, arranjada com muito gosto, cravos a valer e lindos, begônias magníficas, cama macia, um bom piano. É nesse piano, que ela própria solicitou à Casa Levy, de instrumentos musicais, que ela estuda na manhã do dia 7, aproveitando para descansar. Com os filhos Pedro, Luís e Antônio, Isabel sai, no dia 8, para pescar, num remanso, não muito longe da casa. É quando duas jararacas armam o bote para Pedro: Graças a Deus, alguém avistou-as e gritou a tempo. Mas são os bondes que parecem ter feito a alegria da Princesa. Ela registra ter ido em bonde, visitar o Bazar Garret, o Grande Hotel, a Tipografia Martin, a Faculdade, que é a de Direito, no antigo prédio do Convento de São Francisco. E prega peça nos repórteres, pedindo que viesse um só bonde, manobrando () para que não viessem a nossa saída. A Princesa emite a sua opinião sobre a capital paulista naquele dia 8 de novembro de 1.884: Eis, agora, o que penso de São Paulo, como cidade: situação magnífica e proporção para uma cidade esplêndida, alguns edifícios bonitos, mas em geral nenhuma arquitetura e muita linha torta. No dia 10, a comitiva real embarca no trem da Estrada de Ferro Sorocabana que, saindo de São Paulo, percorriam 186 quilômetros até Tietê. A Princesa Isabel mostra interesse especial em conhecer a fábrica de ferro do Ipanema, próxima de Sorocaba. Ela reflete sobre os preços caros do ferro e pergunta-se: E se Ipanema fosse arrendada a uma companhia? Deixa Ipanema ao meio-dia e chega a Sorocaba, onde pernoita. A esperada visita ela a faz em Capivari, no dia 12, onde está um Engenho Central que pretende revolucionar a indústria açucareira em São Paulo, criado por Monsieur Raffard. Do engenho, nascerá a futura cidade de Rafard. Em Capivari, a Princesa Isabel recebe, de Madame Raffard, um ramo de lindas flores, digno de Paris e grande como meu chapéu de sol aberto. Parte às duas horas e, às três, chega a Piracicaba. Nesta cidade, hospeda-se na casa do Barão de Serra Negra, Estêvão de Rezende, faz visitas: ida ao Salto (quiosque) de que gostei muito, visita à fábrica de bordados e à fábrica de fiação do Queiroz (Luiz de Queiroz). E deixa registrada sua opinião sobre Piracicaba: Uma cidade bonitinha, com ruas muito bem alinhadas, e muito bem situadas numa colina, e à beira do belo rio do mesmo nome. Saindo de Piracicaba às seis horas da manhã, chega a Itu às dez e meia, parando o trem um pouco antes, para que víssemos o Salto do Tietê, de que gostei muito. Itu será um dos berços da República, mas recebera o título de A Fidelíssima, por seu apoio à família imperial e à monarquia. A Princesa visita a Matriz, onde reconhece um órgão novo, da casa Cavallieri-Coll de Paris. É um programa de visitas cansativo: à Câmara Municipal, almoço com um dos proprietários da Estrada de Ferro Ituana, José Elias Pacheco Jordão, Colégio dos Jesuítas, Santa Casa de Misericórdia, Colégio das Irmãs de São José. E, ao entardecer, saindo de Itu às três horas menos um quarto, chega a Campinas antes das seis. Em Campinas, no dia 14, a Princesa Isabel, entre outras visitas, encanta-se com o Bosque dos Jequitibás: Vi o maior jequitibá que tenho visto, um tronco esplendido e bonita copa. Tem de diâmetro dois metros e trinta e dois centímetros, na altura de metro e meio, pouco mais ou menos. Faz referências aos entalhes do interior da Matriz da Conceição, do Colégio Culto a Ciência, também a respeito da Santa Casa e Câmara Municipal. Na estada em Campinas, hospeda-se no Solar do Marquês de Três Rios. E de lá seguem para a última etapa da viagem ao interior. A fazenda Santa Gertrudes que muito agradou aos visitantes. Estendendo-se de Limeira até Piracicaba a Santa Gertrudes ocupava com três propriedades agrícolas uma fértil mancha de terra originadas na Sesmaria Morro Azul. Os Príncipes visitaram duas, a do Conde de Três Rios (Santa Gertrudes) e a Ibicaba dos Vergueiros. A terceira, a Fazenda Paraguaçu, justamente a mais bela pela pitoresca situação, não figurou no programa dos passeios por ter falecido o dono, o inditoso Joanico de Almeida Prado, jovem desbravador morto com pouco mais de trinta anos, logo seguido no túmulo pela esposa Eufrosina Paes de Barros. Os filhos nesta altura estudavam nos Estados Unidos de modo que não havia ninguém na fazenda para receber os Príncipes. Relevantes impressões sobre esta etapa da viagem são registradas no diário da Princesa Isabel. No dia 15 de novembro, chega à fazenda de seu principal acompanhante e anfitrião em São Paulo, o Conde Três Rios, a Santa Gertrudes. Lá, estão os cafezais mais belos que tenho visto, numa fazenda onde de tudo há: gado vacum, porcada, patos, marrecos, perus, cabritos, feijão, milho, arroz, frutas e até um açude com peixes. No dia 16, um domingo, descansa, assiste à missa na capela da fazenda. Dia de descanso para mim , que levei com os meninos a visitar os cafezais , fazer balaios de gungi e tucum e pescar no lago. Pela manhã do dia 17, embarca para o ponto final da viagem: a fazenda do Senador Vergueiro, a famosa Ibicaba, localizada na atual Limeira e fazendo divisa com Piracicaba. Ibicaba é uma das principais experiências rurais brasileiras do Império, originária da sesmaria Morro Azul. A Princesa Isabel antes de retornar a São Paulo, registra que para ela a fazenda do Senador Vergueiro, Ibicaba tem muita nomeada e merecida, mas conclui: a (fazenda) do (Conde) Três Rios (Santa Gertrudes) é melhor. No dia 27 de novembro, depois de passar alguns dias em São Paulo, a Princesa Isabel encerra sua visita a São Paulo, embarcando, em Santos, no navio Rio de Janeiro, rumo ao sul do país. Saudosas foram as despedidasde São Paulo , local em que a Princesa Imperial jamais retornaria em virtude dos acontecimentos que culminaram com a Proclamação da República e o banimento da família Imperial para Europa. Registra a Princesa Isabel que na Estação de trem que os conduziria a Santos estavam às excelentes Condessas de Lages e de Três Rios, e muitas outras pessoas que se achavam lá. Na despedida final em Santos partindo para bordo do " Rio de Janeiro ", nos despedimos com muitas saudades do Conde de Três Rios , de quem fiquei gostando muito , e do bom Novais , que tem esquisitices, mas é bom homem e muito serviçal. Pedro e Luís (os príncipes) choraram a separação desses dois bons amigos, que tão excelentes se tinham mostrado para com eles, e também se foram o Conde e o Novaes com os olhos cheios de lágrimas. O relato dessa visita em que foram registradas pela Princesa Isabel em seus diários, permite conhecer um pouco da personalidade da Princesa em um período muito próximo aquele em que poderia vir a se tornar a Imperatriz do Brasil. Ela mantém nesse momento de vida, as características femininas próprias de sua época e de sua condição social. A religiosidade também faz parte do seu cotidiano. Mostra-se uma mulher inteligente, observadora, interessada em política e economia, valorizando o que é moderno. Demonstra ter consciência de seu papel dentro do Império e o desempenha com aparente desenvoltura. Além de ter tido uma formação primorosa para os padrões da época, seus vários períodos de estada na Europa e seu amadurecimento pessoal fizeram com que ela incorporasse um estilo de vida com muito mais autonomia. A imagem de mulher subserviente e carola que a propaganda republicana injustamente propalou, em nada corresponde ao preparo e a personalidade de Isabel de Bragança. José Avelino Gurgel do Amaral, cronista da época logo após a queda do Império, referiu-se aos esforços para mudar a imagem propalada do Conde DEu que foi sob muitos aspectos determinantes para o fim do Império.Herdeiro da tradição muitas vezes centenária da monarquia francesa era muito difícil para ele adequar-se à Corte modesta e sem tradição de Dom Pedro II. Para o cronista " Tudo era inútil ; a sua surdez , que o levava a frasesem voz alta e travada de rr ásperos pelo sotaque, a falta de esplendor de seus palácios, a ausência de ações grandiosas e brilhantes, a sua posição,aliás natural , de conselheiro da princesa, recebida em todos os círculos como uma intervenção intrusa, eis aí verdadeiros óbices a qualquer tentativa de um terceiro reinado, mesmo no tempo da monarquia. Por todos estes motivos o Conde D'Eu jamais conseguiu ser brasileiro; foi sempre para todos o francês ... Não lhe reconheciam os serviços e lhe condenavam sestros sem importância como se representassem calamidades. A intervenção do Príncipe na guerra do Paraguai ,a despeito de seus predicados militares , não conseguiu granjear - lhe sequer a simpatia do exército . Que pena serem vãos esses esforços! Que gloriosos anos de desenvolvimento nacional poderia ter nos trazido o Reinado da Imperatriz Isabel de Bragança!

Informações

Lance

    • Lote Vendido
Termos e Condições
Condições de Pagamento
Frete e Envio
  • TERMOS E CONDIÇÕES

    O presente instrumento, denominado "Termos e Condições do Leilão", tem por objetivo regular a participação de usuários (arrematantes) no sistema online de leilões.

    1. As obras que compõem o presente LEILÃO, em exposição à periciadas pelos organizadores que,solidários com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.

    2. Em caso eventual de engano na expertise de obras, comprovado por peritos idôneos, e mediante laudo assinado, ficará desfeita a venda, desde que a reclamação seja feitaem até 5 dias após o fim do leilão e/ou acesso à mercadoria. Findo este prazo, não mais serão admitidas quaisquer reclamação, considerando-se definitiva a venda.

    3. Obras estrangeiras serão sempre vendidas como "Atribuídas".

    4. O Leiloeiro(a) não é proprietário dos lotes, mas o faz em nome de terceiros, que são responsáveis pela licitude e desembaraço dos mesmos.

    5. Elaborou-se com esmero o catálogo, cujos lotes se acham descritos de modo objetivo.

    As obras serão vendidas "NO ESTADO" em que foram recebidas e expostas. Descrição de estado ou vícios decorrentes do uso será descrito dentro do possível, mas sem obrigação.

    Pelo que se solicita aos interessados ou seus peritos, prévio e detalhado exame até o dia do pregão.

    Depois da venda realizada não serão aceitas reclamações quanto ao estado das mesmas, nem servirá de alegação para descumprir o compromisso firmado.

    6. O leilão obedecerá rigorosamente à ordem dos lotes apresentada no catalogo. Todos os lotes poderão receber lances prévios antes da data de realização do pregão(*).

    Contudo, o lance vencedor será registrado somente durante o pregão ao vivo (data e horário divulgado no catálogo).

    É somente nesta data que o Leiloeiro(a) "baterá o martelo", formalizando cada lote como "Lote vendido".

    Os lances efetuados após a apresentação do lote no pregão, terão seu aceite ou não submetidos ao crivo do Leiloeiro(a) responsável.

    7. Ofertas por escrito podem ser feitas antes dos leilões, ou autorizar a lançar em seu nome; o que poderá ser feito por funcionário autorizado pelo Leiloeiro(a).

    8. O Leiloeiro(a) colocará, a titulo de CORTESIA, de forma gratuita e confidencial, serviço de arrematação pelo telefone e Internet, sem que isto o obrigue legalmente perante falhas de terceiros.

    8.1. LANCES PELA INTERNET: Para a participação nos leilões online faz-se necessário possuir um cadastro válido e ativo.

    Caso não possua cadastro, este poderá ser efetuado diretamente através do site do respectivo leilão, sendo certo que este deverá ser atualizado sempre que necessário.

    8.1.1 O acesso ao sistema de leilões online pelo usuário poderá ser cancelado ou suspenso a qualquer tempo e sob o exclusivo critério do Leiloeiro(a), não havendo direito a qualquer reclamação ou indenização.

    8.2. O arrematante poderá efetuar lances automáticos, de tal maneira que, se outro arrematante cobrir sua oferta, o sistema automaticamente gerará um novo lance para aquele arrematante,

    acrescido do incremento mínimo, até o limite máximo estabelecido pelo arrematante. Os lances automáticos ficarão registrados no sistema com a data em que forem efetuados.

    Os lances ofertados são IRREVOGÁVEIS e IRRETRATÁVEIS. O arrematante é responsável por todos os lances feitos em seu nome, os quais somente poderão ser anulados e/ou cancelados de acordo com autorização do leiloeiro(a) responsável.

    8.3. Em caso de empate entre arrematantes que efetivaram lances no mesmo lote e de mesmo valor, prevalecerá vencedor aquele que lançou primeiro (data e hora do registro do lance no site),devendo ser considerado inclusive que o lance automático fica registrado na data em que foi feito. Para desempate, o lance automático prevalecerá sobre o lance manual.

    9. O Leiloeiro(a) se reserva o direito de não aceitar lances de licitante com obrigações pendentes.

    10. Adquiridas as obras e assinado pelo arrematante o compromisso de compra, NÃO MAIS SERÃO ADMITIDAS DESISTÊNCIAS sob qualquer alegação.

    11. O arremate será sempre em moeda nacional. A progressão dos lances, nunca inferior a 5% do anterior, e sempre em múltiplo de dez. Outro procedimento será sempre por licença do Leiloeiro(a); o que não cria novação.

    12. As obras adquiridas deverão ser pagas e retiradas IMPRETERIVELMENTE em até 72 horas após o término do leilão, e serão acrescidas da comissão do Leiloeiro(a), (5%).

    Não sendo obedecido o prazo previsto, o Leiloeiro poderá dar por desfeita a venda e efetuar o bloqueio da respectiva cartela até respectiva quitação de taxas e multas equivalentes.

    13. As despesas com as remessas dos lotes adquiridos, caso estes não possam ser retirados, serão de inteira responsabilidade dos arrematantes.

    O cálculo de frete, serviços de embalagem e despacho das mercadorias deverão ser considerados como Cortesia e serão efetuados pelas Galerias e/ou Organizadores mediante prévia indicação pelo arrematante da empresaresponsável pelo transporte e respectivo pagamento dos custos de envio, ficando o Leiloeiro(a) e as Galerias e/ou Organizadores isentos de qualquer responsabilidade em caso de extravio, furto e/ou dano à mercadoria.

    14. O Leiloeiro(a) reserva-se ao direito de cancelar o lance, caso o arrematante adote posturas consideradas ofensivas, desrespeitosas ou inapropriadas, seja antes ou durante a realização de leilão.

    Poderá haver cancelamento de qualquer oferta de compra, sempre que não for possível comprovar a identidade do usuário ou caso este venha a descumprir quaisquer condições estabelecidas no presente contrato,dentre elas, a utilização de cadastros paralelos objetivando se eximir das responsabilidades previstas neste Termo.

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    17. Todas as controvérsias oriundas ou relacionadas ao presente Termo, deverão ser resolvidas, primeiramente, por negociação e/ou mediação entre as Partes.

    Não logrando êxito, a controvérsia poderá vir a ser resolvida por interpelação judicial.

    18. A Parte interessada em iniciar o procedimento de negociação/mediação deverá comunicar a outra parte por escrito, detalhando a sua reclamação, bem como apresentando proposta para a solução da questão,sendo concedido prazo de até 10 (dez) dias para a outra Parte apresentar sua manifestação.

    Fica eleito o foro do estado de São Paulo Comarca de Campinas, para dirimir qualquer controvérsia oriunda deste instrumento não equacionada via negociação e/ou mediação,com a expressa renuncia a outro por mais privilegiado que seja ou venha a ser.

    Leilão - forma de alienação de bens.

    *Pregão - forma de licitação pública, em data e horário pré-definidos, onde é validado a escolha do melhor candidato pelo respectivo leiloeiro(a) responsável.

  • CONDIÇÕES DE PAGAMENTO

    À vista, acrescido da taxa do leiloeiro de 5 %.

    Através de depósito ou transferência bancária em conta a ser informada através do e-mail de cobrança.

    Não aceitamos cartões de crédito.

    Para depósitos em cheque, as peças serão liberadas para retirada/envio somente após a compensação.

  • FRETE E ENVIO

    Enviamos através dos Correios para todo o Brasil.

    As despesas com retirada e remessa dos lotes, são de responsabilidade dos arrematantes.

    Em caso de envio por transportadoras, esta deverá ser providenciada pelo Arrematante.