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Brasil Império

DOM PEDRO II SERVIÇO DE CAÇA PRATO EM PORCELANA FRANCESA, ABA AZUL ROYAL E DOURADO; QUATRO RESERVAS, DUAS A DUAS, COM PÁSSAROS E FLORES; CALDEIRA COM RAMO DE FLORES EM POLICROMIA E ARABESCOS DOURADOS. ESSE APARELHO FOI OFERECIDO A DOM PEDRO II PELO IMPERADOR DA FRANÇA NAPOLEÃO III ENTRE 1852 E 1870. O ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL BRASILEIRO PUBLICADO EM 1942 , VOLUME TRÊS, PAG 147 TRAZ SOBRE ESSE SERVIÇO AS SEGUINTES INFORMAÇÕES: SERVIÇO COM BORDA DECORADA A AZUL E OURO, COM FLORES E FAISÕES NOS OVAIS (RESERVAS) E FLORES NO CENTRO, NÃO BRASONADO. APARELHO CONHECIDO COMO SERVIÇO DE CAÇA, OFERECIDO A D. PEDRO II POR NAPOLEÃO III. APREGOADO NO LOTE N. 558 DO LEILÃO DE SÃO CRISTÓVÃO. REPRODUZIDO À PÁGINA 211 DO LIVRO "LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL", POR JENNY DREYFUS. FRANÇA, SÉC. XIX. 23 CM DE DIÂMETRO. NOTA: REPRODUZO AQUI O CONTEÚDO DAS PÁGINAS 143 E 144 DO ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL BRASILEIRO PUBLICADO EM 1942 SOB O TÍTULO DE PORCELANAS DA CASA DE BRAGANÇA ONDE SE DISCORRE SOBRE REMINISCÊNCIAS DE PERSONAGENS VIVOS HÁ ÉPOCA QUE ERAM FREQUENTADORES DO PAÇO IMPERIAL NA ÉPOCA DE DOM PEDRO II: Ouvir o amigo Virgílio, que ainda está vivo e são, com a memória bem fresca, no relato de episódios a que assistiu na sua mocidade, no acidentado e trabalhoso campo do seu árduo mister, é o mesmo que folhear um livro de impressões, de comum decoradas com tintas vivas, as próprias tintas de que é tão rica sua paleta de pintor. Foi ele, ao que se viu, um dos martelos desse leilão insigne, quem primeiro lançou aos ares da cidade, entre as árvores robustas da velha quinta imperial, o pregão melancólico das grandes coisas históricas, o desbarato inicial do regime que se impunha. Quanto dão por isto? E por aquilo? gritava o arauto, erguendo sobre as cabeças atônitas os mais caros e prezados ornamentos do Brasil monárquico. E os candidatos acorriam, nervosos, febricitantes. Disputavam as peças propaladas com esse afã tumultuário de casa de jogo que tem todos os leilões. Muitos, aterrorizados, lançavam medrosamente as ofertas ou as mandavam lançar não fosse estar por ali, detrás daqueles reposteiros armoriados, algum cérbero republicano. Outros, jocosos, em geral aderentes de última fornada, como emplastros caseiros que se agarram a qualquer protuberância, faziam troça, metiam a ridículo a coisa apregoada, achincalhavam o palácio, o imperador, os príncipes, a monarquia, sem saber, na sua alta ignorância, que zombavam da própria história pátria. Virgílio, braço direito do velho J. Dias, ia cumprindo, indiferente, o seu dever. Agora, um objeto de sensação. Um piano de cauda, todo em jacarandá, com esculturas e filetes dourados, da melhor fábrica inglesa. Quanto vale, senhores? Foi da princesa Isabel. Nele tocou o grande Gottschalk. E para garantir as vozes do instrumento, ele mesmo em pessoa larga o martelo inseparável, assenta-se à banqueta estofada e executa com graça e petulância um trecho do seu repertório. Sucesso! Os assistentes aplaudem. Abraçam o concertista improvisado. E o piano famoso alcança a soma exorbitante de dois contos de réis! Por fim, o leilão termina. Durara vários dias. Fora o assunto de todas as conversas, no Parlamento, nos cafés, nos clubes, nos lares, nas ruas da cidade. Fiel ao trono deposto, a velha-guarda, que comparecia diariamente àqueles desoladores espetáculos, comprava o que podia, de rosto grave, compungido, ufana de ainda poder acautelar alguma coisa que houvesse sido honrada com o carinho paternal de Suas Majestades. Por fim, todo mundo dispersa. Vai-se tornando deserto o parque antigo de Elias Lopes. Deserto o casarão arquejante de tanta passada inútil pelos seus salões dourados, pelos seus longos e sombrios corredores. Deserto o jardim bonançoso onde os pássaros chilreiam, sob as ramadas hospitaleiras, por sobre as águas livres e cantantes. Daqui, dali, montando guarda aos destroços da monarquia, um ou outro soldado, a sentinela sonolenta daqueles pousos abandonados. Ao cabo do dramático episódio, já cerrando as portas, Virgílio, certa manhã dessa tristonha primavera, desce ao fundo do paço, pára em frente de um tapume de madeira, desses escuros vãos de escada onde os jardineiros costumam recolher as ferramentas. Espia por uma fresta. Vê lá dentro alguma coisa que brilha. Força a entrada, e dá com os olhos em quatro enormes caixas de Flandres. Consulta as suas notas. Corre os lotes desprezados por sua insignificância entre panelas velhas, cacarecos e trastes imprestáveis. Lá está: quatro latas de folha, avaliadas a seiscentos réis. O lote inteiro, dois mil e quatrocentos. Mas afinal, que será? Só isso teriam dado pelas caixas. O fato é que elas estavam pesadas. Conteriam alguma coisa útil, quem sabe, alguma coisa de valor? Assim fechadas, lacradas com os sinetes do Império... Não. Vamos a ver que diabo se intromete nelas? E abre uma caixa: salta um berço de criança. E que berço, santo Deus! Que maravilha de arte, com as suas esculturas de pau santo, os seus anjinhos esvoaçantes, as suas bolas de marfim legítimo! Que se abra a outra lata. Outro berço. Igualzinho ao primeiro, com o mesmo luxo, o mesmo estilo, a mesma graciosidade. E assim o terceiro e o quarto. Aturdido, Virgílio chama um velho servidor do paço, que por ali ainda se detinha, a capinar distraidamente, mero pretexto de matar saudades. Que é isto, meu amigo? Isto, seu moço? O sinhô antão num sabe o que é isso? São os berços dos príncipes! Muito esta mão véia cansada embalô eles... E eram mesmo. Os bercinhos gentis dos herdeiros do trono. Ali jogados como inutilidades, os casulos de ouro e seda que tanto sonho adormentaram. Cuvier, com o auxílio de um osso, era capaz de reconstituir todo o complexo arcabouço de um megatério. Pois ficou no Brasil, dadas as proporções estéticas, o osso de Cuvier na reconstituição fiel das porcelanas da casa de Bragança. É a nota sentimental de todo este incompleto e descorado estudo. À força de passar de mão em mão, das mais rudes às mais aristocráticas, em quase um século de vida palaciana, as louças dos três reinados, embora aparecendo nas bem fornecidas ucharias em quantidades apreciáveis, dando muito que fazer às numerosas criadagens do Paço da Cidade, da Boa Vista, de Santa Cruz e de Petrópolis, foram naturalmente se partindo, se aglomerando num montão de estilhaços, não se fizessem da matéria frágil muita vez santificada pelo sopro do gênio, cacos desgraciosos o que era dantes refinamento e esplendor. Mas, como acontece aos fragmentos de um espelho, que continuam a refletir inteiramente a imagem como se fora o próprio espelho, integral e perfeito, essas partículas informes dos Ming, dos Saxe, dos Sèvres, dos Limoges, dos Haviland, dos Viena dÁustria, dos Bourg-la-Reine e dos Capo di Monte, conquanto reduzidos à expressão mais simples, representavam nitidamente a sua origem, o seu valor intrínseco, o seu rútilo brasão artístico. E que destino tiveram esses cacos? Sumiram-se, no roldão dos tempos, de envolta a tanta coisa, a tanta raridade extraviada? Não. Pela graça divina, foram salvos. Houve mão de mulher, mão delicada de donzela patrícia, que os recolheu com usura e emoção, e os preservou da confusão e do esquecimento, até que, achandoos em volume suficiente, lançou-os ela em pessoa, como um suave devaneio de descuidados quinze anos, a uma mimosa missão que resultou em paciente obra-prima. Era cheio de gosto e de ternura, num labor incessante de muitos dias, o arranjo decorativo de um pequenino jardim que logo se apelidou o Jardim da Princesa. Que é feito de Isabel? perguntava a imperatriz à sua dama de serviço. Senhora, não a vejo há muitas horas. Já a procurei na sala de jantar, no quarto da princesa Leopoldina, no seu salão de música, na sua sala de costura. Não está. Sua Majestade o Imperador já me fez a mesma pergunta. A jovem estava fora, num recanto do parque, por detrás do casarão da quinta, entretida no seu silencioso mister. Isabel de Bragança, com a mesma graça serena com que mais tarde na agonia do Império, empunharia o cálamo sublime para livrar do cativeiro uma raça, com os cabelos de ouro ao grande sol do parque, constituía o seu refúgio, iluminava-o a coloridos embrechados desses sonoros pedaços das mais antigas porcelanas, engastados nos bancos, nos muros frios e limosos, nos parapeitos recobertos de hera, onde quer um olhar, admirado pudesse contemplar esse trabalho singelo, esse divertimento de criança em que, a cada manhã nascente, o sol colaborava em pinceladas de ouro. O Jardim da Princesa, é, pois, um índice vivente, um resumo ilustrado de quanta louçaria bragantina resplendeu e serviu no Brasil, e enfim se desmantelou após o rumor festivo dos grandes ágapes nacionais ou o simples tocar de taças nos tranqüilos jantares domésticos com os mesmos temas de conversa da vida íntima da mais pacata família burguesa. Princesinha de histórias encantadas lindo retrato de boa fada amiga na moldura de cabiuna dos anjos da Abolição a doce. herdeira de um trono, com a régia mão redentora, entretecia a sorrir os sagrados painéis adolescentes dos seus sonhos de virgem, como qualquer mulher da sua idade. Aí fica, em pálido resumo, o que me foi dado recolher sobre o acervo cem vezes maravilhoso das louças da Casa de Bragança. Bem haja a fundação desses museus que as atalaiam e preservam do desmantelo e do olvido. Bem haja a idéia do levantamento desses egrégios bastiões de arte e história a quem devemos todos, obreiros diligentes do pensamento e da pena, dar muito do nosso esforço e da nossa incondicional solidariedade. Gastão Penalva.

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DOM PEDRO II SERVIÇO DE CAÇA PRATO EM PORCELANA FRANCESA, ABA AZUL ROYAL E DOURADO; QUATRO RESERVAS, DUAS A DUAS, COM PÁSSAROS E FLORES; CALDEIRA COM RAMO DE FLORES EM POLICROMIA E ARABESCOS DOURADOS. ESSE APARELHO FOI OFERECIDO A DOM PEDRO II PELO IMPERADOR DA FRANÇA NAPOLEÃO III ENTRE 1852 E 1870. O ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL BRASILEIRO PUBLICADO EM 1942 , VOLUME TRÊS, PAG 147 TRAZ SOBRE ESSE SERVIÇO AS SEGUINTES INFORMAÇÕES: SERVIÇO COM BORDA DECORADA A AZUL E OURO, COM FLORES E FAISÕES NOS OVAIS (RESERVAS) E FLORES NO CENTRO, NÃO BRASONADO. APARELHO CONHECIDO COMO SERVIÇO DE CAÇA, OFERECIDO A D. PEDRO II POR NAPOLEÃO III. APREGOADO NO LOTE N. 558 DO LEILÃO DE SÃO CRISTÓVÃO. REPRODUZIDO À PÁGINA 211 DO LIVRO "LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL", POR JENNY DREYFUS. FRANÇA, SÉC. XIX. 23 CM DE DIÂMETRO. NOTA: REPRODUZO AQUI O CONTEÚDO DAS PÁGINAS 143 E 144 DO ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL BRASILEIRO PUBLICADO EM 1942 SOB O TÍTULO DE PORCELANAS DA CASA DE BRAGANÇA ONDE SE DISCORRE SOBRE REMINISCÊNCIAS DE PERSONAGENS VIVOS HÁ ÉPOCA QUE ERAM FREQUENTADORES DO PAÇO IMPERIAL NA ÉPOCA DE DOM PEDRO II: Ouvir o amigo Virgílio, que ainda está vivo e são, com a memória bem fresca, no relato de episódios a que assistiu na sua mocidade, no acidentado e trabalhoso campo do seu árduo mister, é o mesmo que folhear um livro de impressões, de comum decoradas com tintas vivas, as próprias tintas de que é tão rica sua paleta de pintor. Foi ele, ao que se viu, um dos martelos desse leilão insigne, quem primeiro lançou aos ares da cidade, entre as árvores robustas da velha quinta imperial, o pregão melancólico das grandes coisas históricas, o desbarato inicial do regime que se impunha. Quanto dão por isto? E por aquilo? gritava o arauto, erguendo sobre as cabeças atônitas os mais caros e prezados ornamentos do Brasil monárquico. E os candidatos acorriam, nervosos, febricitantes. Disputavam as peças propaladas com esse afã tumultuário de casa de jogo que tem todos os leilões. Muitos, aterrorizados, lançavam medrosamente as ofertas ou as mandavam lançar não fosse estar por ali, detrás daqueles reposteiros armoriados, algum cérbero republicano. Outros, jocosos, em geral aderentes de última fornada, como emplastros caseiros que se agarram a qualquer protuberância, faziam troça, metiam a ridículo a coisa apregoada, achincalhavam o palácio, o imperador, os príncipes, a monarquia, sem saber, na sua alta ignorância, que zombavam da própria história pátria. Virgílio, braço direito do velho J. Dias, ia cumprindo, indiferente, o seu dever. Agora, um objeto de sensação. Um piano de cauda, todo em jacarandá, com esculturas e filetes dourados, da melhor fábrica inglesa. Quanto vale, senhores? Foi da princesa Isabel. Nele tocou o grande Gottschalk. E para garantir as vozes do instrumento, ele mesmo em pessoa larga o martelo inseparável, assenta-se à banqueta estofada e executa com graça e petulância um trecho do seu repertório. Sucesso! Os assistentes aplaudem. Abraçam o concertista improvisado. E o piano famoso alcança a soma exorbitante de dois contos de réis! Por fim, o leilão termina. Durara vários dias. Fora o assunto de todas as conversas, no Parlamento, nos cafés, nos clubes, nos lares, nas ruas da cidade. Fiel ao trono deposto, a velha-guarda, que comparecia diariamente àqueles desoladores espetáculos, comprava o que podia, de rosto grave, compungido, ufana de ainda poder acautelar alguma coisa que houvesse sido honrada com o carinho paternal de Suas Majestades. Por fim, todo mundo dispersa. Vai-se tornando deserto o parque antigo de Elias Lopes. Deserto o casarão arquejante de tanta passada inútil pelos seus salões dourados, pelos seus longos e sombrios corredores. Deserto o jardim bonançoso onde os pássaros chilreiam, sob as ramadas hospitaleiras, por sobre as águas livres e cantantes. Daqui, dali, montando guarda aos destroços da monarquia, um ou outro soldado, a sentinela sonolenta daqueles pousos abandonados. Ao cabo do dramático episódio, já cerrando as portas, Virgílio, certa manhã dessa tristonha primavera, desce ao fundo do paço, pára em frente de um tapume de madeira, desses escuros vãos de escada onde os jardineiros costumam recolher as ferramentas. Espia por uma fresta. Vê lá dentro alguma coisa que brilha. Força a entrada, e dá com os olhos em quatro enormes caixas de Flandres. Consulta as suas notas. Corre os lotes desprezados por sua insignificância entre panelas velhas, cacarecos e trastes imprestáveis. Lá está: quatro latas de folha, avaliadas a seiscentos réis. O lote inteiro, dois mil e quatrocentos. Mas afinal, que será? Só isso teriam dado pelas caixas. O fato é que elas estavam pesadas. Conteriam alguma coisa útil, quem sabe, alguma coisa de valor? Assim fechadas, lacradas com os sinetes do Império... Não. Vamos a ver que diabo se intromete nelas? E abre uma caixa: salta um berço de criança. E que berço, santo Deus! Que maravilha de arte, com as suas esculturas de pau santo, os seus anjinhos esvoaçantes, as suas bolas de marfim legítimo! Que se abra a outra lata. Outro berço. Igualzinho ao primeiro, com o mesmo luxo, o mesmo estilo, a mesma graciosidade. E assim o terceiro e o quarto. Aturdido, Virgílio chama um velho servidor do paço, que por ali ainda se detinha, a capinar distraidamente, mero pretexto de matar saudades. Que é isto, meu amigo? Isto, seu moço? O sinhô antão num sabe o que é isso? São os berços dos príncipes! Muito esta mão véia cansada embalô eles... E eram mesmo. Os bercinhos gentis dos herdeiros do trono. Ali jogados como inutilidades, os casulos de ouro e seda que tanto sonho adormentaram. Cuvier, com o auxílio de um osso, era capaz de reconstituir todo o complexo arcabouço de um megatério. Pois ficou no Brasil, dadas as proporções estéticas, o osso de Cuvier na reconstituição fiel das porcelanas da casa de Bragança. É a nota sentimental de todo este incompleto e descorado estudo. À força de passar de mão em mão, das mais rudes às mais aristocráticas, em quase um século de vida palaciana, as louças dos três reinados, embora aparecendo nas bem fornecidas ucharias em quantidades apreciáveis, dando muito que fazer às numerosas criadagens do Paço da Cidade, da Boa Vista, de Santa Cruz e de Petrópolis, foram naturalmente se partindo, se aglomerando num montão de estilhaços, não se fizessem da matéria frágil muita vez santificada pelo sopro do gênio, cacos desgraciosos o que era dantes refinamento e esplendor. Mas, como acontece aos fragmentos de um espelho, que continuam a refletir inteiramente a imagem como se fora o próprio espelho, integral e perfeito, essas partículas informes dos Ming, dos Saxe, dos Sèvres, dos Limoges, dos Haviland, dos Viena dÁustria, dos Bourg-la-Reine e dos Capo di Monte, conquanto reduzidos à expressão mais simples, representavam nitidamente a sua origem, o seu valor intrínseco, o seu rútilo brasão artístico. E que destino tiveram esses cacos? Sumiram-se, no roldão dos tempos, de envolta a tanta coisa, a tanta raridade extraviada? Não. Pela graça divina, foram salvos. Houve mão de mulher, mão delicada de donzela patrícia, que os recolheu com usura e emoção, e os preservou da confusão e do esquecimento, até que, achandoos em volume suficiente, lançou-os ela em pessoa, como um suave devaneio de descuidados quinze anos, a uma mimosa missão que resultou em paciente obra-prima. Era cheio de gosto e de ternura, num labor incessante de muitos dias, o arranjo decorativo de um pequenino jardim que logo se apelidou o Jardim da Princesa. Que é feito de Isabel? perguntava a imperatriz à sua dama de serviço. Senhora, não a vejo há muitas horas. Já a procurei na sala de jantar, no quarto da princesa Leopoldina, no seu salão de música, na sua sala de costura. Não está. Sua Majestade o Imperador já me fez a mesma pergunta. A jovem estava fora, num recanto do parque, por detrás do casarão da quinta, entretida no seu silencioso mister. Isabel de Bragança, com a mesma graça serena com que mais tarde na agonia do Império, empunharia o cálamo sublime para livrar do cativeiro uma raça, com os cabelos de ouro ao grande sol do parque, constituía o seu refúgio, iluminava-o a coloridos embrechados desses sonoros pedaços das mais antigas porcelanas, engastados nos bancos, nos muros frios e limosos, nos parapeitos recobertos de hera, onde quer um olhar, admirado pudesse contemplar esse trabalho singelo, esse divertimento de criança em que, a cada manhã nascente, o sol colaborava em pinceladas de ouro. O Jardim da Princesa, é, pois, um índice vivente, um resumo ilustrado de quanta louçaria bragantina resplendeu e serviu no Brasil, e enfim se desmantelou após o rumor festivo dos grandes ágapes nacionais ou o simples tocar de taças nos tranqüilos jantares domésticos com os mesmos temas de conversa da vida íntima da mais pacata família burguesa. Princesinha de histórias encantadas lindo retrato de boa fada amiga na moldura de cabiuna dos anjos da Abolição a doce. herdeira de um trono, com a régia mão redentora, entretecia a sorrir os sagrados painéis adolescentes dos seus sonhos de virgem, como qualquer mulher da sua idade. Aí fica, em pálido resumo, o que me foi dado recolher sobre o acervo cem vezes maravilhoso das louças da Casa de Bragança. Bem haja a fundação desses museus que as atalaiam e preservam do desmantelo e do olvido. Bem haja a idéia do levantamento desses egrégios bastiões de arte e história a quem devemos todos, obreiros diligentes do pensamento e da pena, dar muito do nosso esforço e da nossa incondicional solidariedade. Gastão Penalva.

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Informações

Lance

Termos e Condições
Condições de Pagamento
Frete e Envio
  • TERMOS E CONDIÇÕES

    O presente instrumento, denominado "Termos e Condições do Leilão", tem por objetivo regular a participação de usuários (arrematantes) no sistema online de leilões.

    1. As obras que compõem o presente LEILÃO, em exposição , foram periciadas pelos organizadores que,solidários com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.

    2. Em caso eventual de engano na expertise de obras, comprovado por peritos idôneos, e mediante laudo assinado, ficará desfeita a venda, desde que a reclamação seja feitaem até 5 dias após o fim do leilão e/ou acesso à mercadoria. Findo este prazo, não mais serão admitidas quaisquer reclamação, considerando-se definitiva a venda.

    3. Obras estrangeiras serão sempre vendidas como "Atribuídas".

    4. O Leiloeiro(a) não é proprietário dos lotes, mas o faz em nome de terceiros, que são responsáveis pela licitude e desembaraço dos mesmos.

    5. Elaborou-se com esmero o catálogo, cujos lotes se acham descritos de modo objetivo.

    As obras serão vendidas "NO ESTADO" em que foram recebidas e expostas. Descrição de estado ou vícios decorrentes do uso será descrito dentro do possível, mas sem obrigação.

    Pelo que se solicita aos interessados ou seus peritos, prévio e detalhado exame até o dia do pregão.

    Depois da venda realizada não serão aceitas reclamações quanto ao estado das mesmas, nem servirá de alegação para descumprir o compromisso firmado.

    6. O leilão obedecerá rigorosamente à ordem dos lotes apresentada no catalogo. Todos os lotes poderão receber lances prévios antes da data de realização do pregão(*).

    Contudo, o lance vencedor será registrado somente durante o pregão ao vivo (data e horário divulgado no catálogo).

    É somente nesta data que o Leiloeiro(a) "baterá o martelo", formalizando cada lote como "Lote vendido".

    Os lances efetuados após a apresentação do lote no pregão, terão seu aceite ou não submetidos ao crivo do Leiloeiro(a) responsável.

    7. Ofertas por escrito podem ser feitas antes dos leilões, ou autorizar a lançar em seu nome; o que poderá ser feito por funcionário autorizado pelo Leiloeiro(a).

    8. O Leiloeiro(a) colocará, a titulo de CORTESIA, de forma gratuita e confidencial, serviço de arrematação pelo telefone e Internet, sem que isto o obrigue legalmente perante falhas de terceiros.

    8.1. LANCES PELA INTERNET: Para a participação nos leilões online faz-se necessário possuir um cadastro válido e ativo.

    Caso não possua cadastro, este poderá ser efetuado diretamente através do site do respectivo leilão, sendo certo que este deverá ser atualizado sempre que necessário.

    8.1.1 O acesso ao sistema de leilões online pelo usuário poderá ser cancelado ou suspenso a qualquer tempo e sob o exclusivo critério do Leiloeiro(a), não havendo direito a qualquer reclamação ou indenização.

    8.2. O arrematante poderá efetuar lances automáticos, de tal maneira que, se outro arrematante cobrir sua oferta, o sistema automaticamente gerará um novo lance para aquele arrematante,

    acrescido do incremento mínimo, até o limite máximo estabelecido pelo arrematante. Os lances automáticos ficarão registrados no sistema com a data em que forem efetuados.

    Os lances ofertados são IRREVOGÁVEIS e IRRETRATÁVEIS. O arrematante é responsável por todos os lances feitos em seu nome, os quais somente poderão ser anulados e/ou cancelados de acordo com autorização do leiloeiro(a) responsável.

    8.3. Em caso de empate entre arrematantes que efetivaram lances no mesmo lote e de mesmo valor, prevalecerá vencedor aquele que lançou primeiro (data e hora do registro do lance no site),devendo ser considerado inclusive que o lance automático fica registrado na data em que foi feito. Para desempate, o lance automático prevalecerá sobre o lance manual.

    9. O Leiloeiro(a) se reserva o direito de não aceitar lances de licitante com obrigações pendentes.

    10. Adquiridas as obras e assinado pelo arrematante o compromisso de compra, NÃO MAIS SERÃO ADMITIDAS DESISTÊNCIAS sob qualquer alegação.

    11. O arremate será sempre em moeda nacional. A progressão dos lances, nunca inferior a 5% do anterior, e sempre em múltiplo de dez. Outro procedimento será sempre por licença do Leiloeiro(a); o que não cria novação.

    12. As obras adquiridas deverão ser pagas e retiradas IMPRETERIVELMENTE em até 72 horas após o término do leilão, e serão acrescidas da comissão do Leiloeiro(a), (5%).

    Não sendo obedecido o prazo previsto, o Leiloeiro poderá dar por desfeita a venda e efetuar o bloqueio da respectiva cartela até respectiva quitação de taxas e multas equivalentes.

    13. As despesas com as remessas dos lotes adquiridos, caso estes não possam ser retirados, serão de inteira responsabilidade dos arrematantes.

    O cálculo de frete, serviços de embalagem e despacho das mercadorias deverão ser considerados como Cortesia e serão efetuados pelas Galerias e/ou Organizadores mediante prévia indicação pelo arrematante da empresaresponsável pelo transporte e respectivo pagamento dos custos de envio, ficando o Leiloeiro(a) e as Galerias e/ou Organizadores isentos de qualquer responsabilidade em caso de extravio, furto e/ou dano à mercadoria.

    14. O Leiloeiro(a) reserva-se ao direito de cancelar o lance, caso o arrematante adote posturas consideradas ofensivas, desrespeitosas ou inapropriadas, seja antes ou durante a realização de leilão.

    Poderá haver cancelamento de qualquer oferta de compra, sempre que não for possível comprovar a identidade do usuário ou caso este venha a descumprir quaisquer condições estabelecidas no presente contrato,dentre elas, a utilização de cadastros paralelos objetivando se eximir das responsabilidades previstas neste Termo.

    15. - O arrematante assume neste ato, expressamente, que responderá, civil e criminalmente, pelo uso de qualquer equipamento, programa ou procedimento que vise interferir no funcionamento do site.

    16. - O arrematante, ao clicar ACEITO declara ter lido e aceito o conteúdo do presente "termos e condições", sem nenhuma oposição, inclusive, não tem ressalva a fazer sobre as condições aqui estabelecidas.

    Também declara ter capacidade, autoridade e legitimidade para assumir responsabilidades e obrigações através do presente instrumento.

    17. Todas as controvérsias oriundas ou relacionadas ao presente Termo, deverão ser resolvidas, primeiramente, por negociação e/ou mediação entre as Partes.

    Não logrando êxito, a controvérsia poderá vir a ser resolvida por interpelação judicial.

    18. A Parte interessada em iniciar o procedimento de negociação/mediação deverá comunicar a outra parte por escrito, detalhando a sua reclamação, bem como apresentando proposta para a solução da questão,sendo concedido prazo de até 10 (dez) dias para a outra Parte apresentar sua manifestação.

    Fica eleito o foro do estado do xxxxxxxxx Comarca da Capital, para dirimir qualquer controvérsia oriunda deste instrumento não equacionada via negociação e/ou mediação,com a expressa renuncia a outro por mais privilegiado que seja ou venha a ser.

    Leilão - forma de alienação de bens.

    *Pregão - forma de licitação pública, em data e horário pré-definidos, onde é validado a escolha do melhor candidato pelo respectivo leiloeiro(a) responsável.

  • CONDIÇÕES DE PAGAMENTO

    À vista, acrescido da taxa do leiloeiro de 5 %.

    Através de depósito ou transferência bancária em conta a ser informada através do e-mail de cobrança.

    Não aceitamos cartões de crédito.

    Para depósitos em cheque, as peças serão liberadas para retirada/envio somente após a compensação.

  • FRETE E ENVIO

    Enviamos através dos Correios para todo o Brasil.

    As despesas com retirada e remessa dos lotes, são de responsabilidade dos arrematantes.

    Em caso de envio por transportadoras, esta deverá ser providenciada pelo Arrematante.