Peças para o próximo leilão

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  • MAGNÍFICO TINTEIRO EM PRATA DE LEI COM FRASCOS EM CRISTAL RUBI REMATADOS EM OURO FORMANDO CORDEL DE FOLHAS. REQUINTADO FEITIO, APRESENTA DESPOJADOR COM FEITIO DE CONCHA. O PORTA PENAS TEM FORMA DE CORNUCÓPIA. OS FRASCOS APRESENTADOS EM POSIÇÃO ELEVADA NA PEÇA TEM OS NICHOS CIRCUNDADOS POR DELICADO PEROLADO. A PEGA DO TINTEIRO É DECORADA EM ROCAILLE. PEÇA ENCANTADORA! IMPÉRIO AUSTRO HÚNGARO, FINAL DO SEC. XIX. 15,5 CM DE COMPRIMENTO
  • NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA  RARA GRAVURA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO GRAVADA EM CROMO EM 1854 NA FRANÇA. APRESENTA A VIRGEM COM UMA CARACTERÍSTICA INUSITADA, A TEZ BRANCA. LEGENDA NA PARTE INFERIOR NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA E O ANO 1854. TRATA-SE DA PRIMEIRA GRAVURA AUTORIZADA DA VIRGEM DE APARECIDA. 56 X 33 CM NOTA: Uma pequena obra sacra de Aparecida foi encontrada em 1717, nas águas do rio Paraíba do Sul, na região de Guaratinguetá (SP). Ostenta o repertório da produção ibérica, mas a condição de sua descoberta, a escrita e a tonalidade escura a tornaram excepcional entre as demais invocações da Virgem Maria veneradas no Brasil.Percurso históricoNas redes dos pescadores, a escultura surgiu em duas partes, primeiro o corpo e depois a cabeça. É feito em barro cozido, mede trinta e nove centímetros e tem, como característica estrutural, a cor castanho brilhante ou cor de canela, adquirida pela ação do tempo e exposição ao fumo do fogão e possivelmente de candeias de azeite das primeiras habitações, segundo avaliação de especialistas e publicação divulgada no ano jubilar de 1967, marco dos 250 anos de encontro da imagem padroeira.Sobre a túnica que realça a gravidez, a estátua exibe manto acomodado e contornando os braços. No estudo, foram verificados traços de policromia em vermelho e azul, cores convencionais da Imaculada Conceição, difundidos em Portugal e na Espanha. A criação, em 1745, de uma capela para a milagrosa imagem Aparecida das águas deu início a um povoado, instalada à margem do Caminho Velho para o Rio de Janeiro e para as Minas do Ouro. Além de atender a população, o culto ampliou-se para outras regiões. Em 1822, o naturalista Auguste de Saint Hilaire identificou romeiros de outras paragens: Aqui vem gente de Minas, Goiás, Bahia para cumprir promessas feitas a N. Senhora da Aparecida.Foi a chegada dos ateliês fotográficos ao Vale do Paraíba, como o estúdio dos franceses Louis Robin e Valentim Favreau, que trabalharam em Guaratinguetá eno povoado de 1868 a 1869, que trouxe materialidade e confiança às estampas, lembranças e gravações que os devotos levariam a outras paragens. Em 1869, Robin e Favreau anunciavam pelo jornal O Parahyba, os verdadeiros retratos de NS. da Conceição Aparecida, obtido com autorização do vigário Manoel Benedicto de Jesus.Assim como o extraordinário relato do encontro nas águas, a cores da imagem era admirada pelos fiéis e a oferta da cópia fotográfica (em papel albuminado) revelava o aspecto e a sombra escura da estátua, a despeito da primeira gravura oficial de Nossa Senhora Aparecida, com a tez clara, feita em manifestação ao dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX. A ilustração foi produzida na Europa, encomendada pelo bispo dom Antonio Joaquim de Mello.A fotografia pioneira mostrava a perspectiva levemente entreaberta e alongada do manto, notavelmente triangular com as laterais encimadas por uma coroa. Dois cordões e crucifixos adornos que se tornariam populares na iconografia  são vistos sobre a santa, aparentemente para encobrir as imperfeições do reparo que unia a cabeça ao corpo.Inserido em pinturas e quadros, o verdadeiro retrato podia ser adquirido no comércio, como numa litografia de 1872: ilustração da imagem combinada à narrativa do achado, do milagre da prodigiosa pesca e da libertação do escravo, bem como de uma vista da afamada capela de NS da Aparecida. Algumas reproduções inspiradas nessa temática ainda são encontradas nas lojas de lembranças e no santuário nacional.O avanço técnico nos suportes fotográficos e nos meios de impressão agrega qualidade às publicações. Entre as matrizes mais utilizadas está a fotografia produzida em 1924 por André Bonotti. Com detalhes, o retrato obedece à mesma estética, a disposição angular do manto, recriando a composição de Robin e Fraveau.A foto de Bonotti está na edição inaugural do Almanak de N. Senhora Aparecida, de 1927, atual Ecos marianos  almanaque de Aparecida, um dos títulos mais conhecidos da Editora Santuário, mantido por missionários redentoristas. Para divulgar a fé, os aspectos da devoção e os eventos católicos, os religiosos publicavam o semanário Santuário d´Apparecida (1900) e o Manual do devoto (1904).As estampas foram divulgadas nacionalmente, em homenagem à consagração de Nossa Senhora da Conceição Aparecida como Padroeira do Brasil, numa grande manifestação realizada em 31 de maio de 1931, que conheceu a autoridade católica, os governantes e, de acordo com a imprensa local, um público de um milhão de pessoas, no Rio de Janeiro.A partir da proclamação do padroado, foram acrescentados novos elementos à iconografia. O padrão  a santa, a igreja, o Rio Paraíba do Sul ou o mapa do Brasil  passou a receber os símbolos nacionais, a bandeira do Brasil e do Vaticano. Entre 1965 e 1968, pelas comemorações do jubileu dos 250 anos do encontro da imagem, foram realizadas peregrinações regionais e nacionais com a imagem autônoma de Nossa Senhora Aparecida.
  • CONDESSA DONA MARIA CÂNDIDA PINTO PRATES ((nascida BOTELHO PINTO)   FIPLOMA DA COMENDA DE DAMADA ORDEM EQUESTRE DO SANTO SEPULCRO DE JERUSALEM CONFERIDA AO CONDE GUILHERME PRATES EM 1955. EMITIDA PELO CARDEAL CANALI. CIDADE DO VATICANO, DEC.1950 49 CM DE COMPRIMENTO. NOTA: DONA CÂNDIDA PINTO PRATES (nascida BOTELHO PINTO) sendo esta neta dos CONDES DO PINHAL (Antonio Carlos de Arruda Botelho,e Dona Anna Carolina de Mello Oliveira). A CONDESSA DO PINHAL era filha dos VISCONDES DO RIO CLARO (JOSÉ ESTANISLAU DE OLIVEIRA E ELISA JUSTINA DE MELO FRANCO).
  • CONDE GUILHERME PRATES  CAPA DO HÁBITO DA ORDEM DOS CAVALEIROS EQUESTRES DO SANTO SEPULCRO DE JERUSALEM PERTENCENTE AO CONDE GUILHERME PRATES CONFORME RETRATO EXIBIDO NOS CRÉDITOS EXTRAS DESSE LOTE MOSTRANDO O CONDE GUILHERME PRATES A VESTINDO (O RETRATO ACOMPANHA). A CAPA É FEITA EM CACHEMIRA COM GOLA EM MURÇA. TEM BORDADA A CRUZ DOS CAVALEIROS EQUESTRES DO SANTO SEPULCRO. FORRADA INTERNAMENTE EM SEDA PURA.  MEADOS DO SEC. XX. 120 CM DE ALTURA
  • CONDE GUILHERME PRATES  DIPLOMA DA COMENDA DE CAVALEIRO DA ORDEM EQUESTRE DO SANTO SEPULCRO DE JERUSALEM CONFERIDA AO CONDE GUILHERME PRATES EM 1955. EMITIDA PELO CARDEAL CANALI. CIDADE DO VATICANO, DEC.1950 49 CM DE COMPRIMENTO. NOTA: A Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém (em latim: Ordo Equestris Sancti Sepulcri Hierosolymitani - OESSH) é uma instituição leiga da Santa Sé encarregada de suprir as necessidades do Patriarcado Latino de Jerusalém e de sustentar a atividade e as iniciativas em favor da presença cristã na Terra Santa.Atualmente a Ordem conta com 20 mil2 Cavaleiros e Damas, os quais recebem a precedência de vestirem capa branca, no caso dos Cavaleiros, e capa preta e véu, no caso das Damas, bordada com o símbolo máximo de Jerusalém: a Cruz vermelha de Jerusalém, enquadrada por outras quatro pequenas cruzes, em recordação às cinco feridas sofridas por Jesus Cristo. A Ordem é a única instituição secular do Vaticano.3 E, em conjunto com a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, são as únicas Ordens de Cavalaria reconhecidas, histórica e juridicamente, pela Santa Sé. A Ordem Equestre do Santo Sepulcro tem sua origem na Ordem dos Cônegos da Santo Sepulcro, constituída por Godofredo de Bulhão, depois da conquista de Jerusalém, na época da Primeira Cruzada. Após a conquista os Cavaleiros, de diversas nacionalidades fizeram votos de obediência sob juramento de entregar suas vidas em proteção do Santo Sepulcro. Tal feito foi eternizada pelo escritor espanhol Torquato Tasso no livro de poemas e cantos A Jerusalém Libertada, de 1581. Alguns anos depois, em 1103, segundo os cronistas desta época, Balduíno I de Jerusalém, segundo rei cruzado, se torna superior da Ordem dos Cônegos do Santo Sepulcro, com prerrogativas, por si e para seus sucessores, de criar Cavaleiros. No caso de ausência ou impedimento do monarca, esta faculdade era subordinada ao Patriarca Latino de Jerusalém. Entre os membros da Ordem, alguns eram considerados Sargentos, os quais representavam uma espécie de milícia eleita dentro da companhia cruzada e se devotavam à defesa do Santo Sepulcro e dos Lugares Santos. Logo após a Primeira Cruzada, em 1114, Arnolfo de Choques, então Patriarca de Jerusalém, obrigou os cônegos a viverem em comunidades sob a regra de Santo Agostinho além de outras normas elaboradas pelo Papa Calisto II. Erigindo-se, outrossim, uma divisão feminina. A igreja do Santo Sepulcro estava exclusivamente sob os cuidados dos cônegos e cônegas da Ordem Com o desaparecimento do Reino Cristão de Jerusalém, a Ordem permanece sem um superior, ainda que os priorados continuassem a existir sob a proteção de vários senhores e soberanos europeus e da Santa Sé.10 A vacância do patriarcado Latino fez com que a faculdade de criar novos cavaleiros fosse prerrogativa da mais alta autoridade religiosa na Terra Santa, isto é, a Custódia da Terra Santa, instituição liderada pelos Franciscanos. A Ordem chegou a ser extinta pelo Papa Inocêncio VIII em 21 de março de 1489, pela publicação da bula Cum Solerti meditatione, a qual repassou seus bens e propriedades aos Hospitalários.12 Contudo a Ordem resiste à extinção e, em 1496, Papa Alexandre VI revoga a bula de Inocêncio VIII trazendo a ordem à tona novamente, agora diretamente sob os auspícios da Santa Sé. Apesar da revogação da bula papal de Inocêncio VIII, a Ordem não conseguiu recuperar os bens e propriedades repassados aos Hospitalários, a despeito das, fracassadas, tentativas em 1555 e 1558. Após esse período os parcos registros que se tem da Ordem, referem-se aos clérigos que se dispersaram pela Europa por mosteiros da Itália, Alemanha, Espanha, Portugal e Holanda. Com o restabelecimento do Patriarcado pelo Papa Pio IX em 1847, a Ordem retorna a suas origens de custodiar o Santo Sepulcro com a promulgação de um novo estatuto e a sua colocação de seu governo, sob a proteção da Santa Sé, ao Patriarca Latino. Nesta situação, foi definida a função preeminente da Ordem de sustentar as obras do Patriarcado Latino de Jerusalém e de incentivar a propagação da fé cristã. A partir de 3 de agosto de 1888, através das cartas apostólicas Venerabilis Frater Vicentius do Papa Leão XIII, mulheres leigas também passaram a ter acesso à Ordem por meio do chamado Braço de Damas. O termo Equestre substituiu o termo Militar no nome da Ordem em 1928. Em 1949, o Papa Pio XII estabeleceu que o Grão Mestre fosse um cardeal da Santa Igreja Romana, assegurando ao Patriarca Latino a prerrogativa de ser o Grão-Prior.
  • LINDO PAR DE TALHAS EM MADEIRA SETENTISTAS REPRESENTANDO ANJOS QUE CERTAMENTE ORNAMENTAVAM UM ALTAR. ESSAS TALHAS POSTO QUE EXTREMAMENTE  BELAS TEM UMA CARACTERÍSTICA PECULIAR, OS ANJOS SÃO APRESENTADOS  COM SEIOS. MAS ANJOS POSSUEM SEIOS? SÃO MATEUS 22:30 EXORTANDO SOBRE A VIDA DO CRISTÃO APÓS A MORTE  NOS DIZ QUE OS ANJOS ASSIM COMO OS CRISTÃO APÓS A RESSURREIÇÃO, SÃO ASSEXUADOS, SEM UM GÊNERO "PORQUE NA RESSURREIÇÃO, NEM CASAM, NEM SE DÃO EM CASAMENTO, SÃO PORÉM COMO OS ANJOS NO CÉU" ENTÃO PORQUE OS SEIOS NESSAS IMAGENS? NA VERDADE REPRESENTAM UMA CARACTERÍSTICA COMUM NO IMAGINÁRIO DA REPRESENTAÇÃO DOS ANJOS, SÃO GORDINHOS E OS SEIOS NESSE CASO SÃO UMA MANIFESTAÇÃO DE SOBREPESO. MINAS GERAIS, SEC. XIX. 42 CM DE ALTURA.NOTA: Na Igreja, no entanto, o propósito e até a forma dos anjos não são o resultado da imaginação, mas da Revelação. Sua representação em ícones reflete esse ensinamento revelado sobre quem são os anjos. A palavra  anjo, usada em toda a Bíblia, vem da palavra grega que significa mensageiro. O nome reflete a natureza dos anjos em relação aos seres humanos e a Deus: ou seja, são mensageiros de Deus, enviados a nós. Às vezes, são descritos como Poderes Incorpóreos, ou seja, incorpóreos significa que eles são puramente espírito, e não material, e poder significa que eles têm sua própria vontade e intelecto, ao invés de serem um aspecto de Deus. Esta última parte é importante: os anjos são espíritos e Deus é espírito (João 4,24), mas os anjos ainda são seres criados por si mesmos. São João de Damasco resume a natureza espiritual dos anjos escrevendo: Agora, comparado a nós, diz-se que o anjo é incorpóreo (sem corpo) e imaterial, embora em comparação com Deus, que sozinho é incomparável, tudo se mostre grosseiro e material  pois apenas a Divindade é verdadeiramente imaterial e incorpórea. (Exposição Exata)A hierarquia celestial, atribuída a São Dionísio, o Areopagita, apresenta os ensinamentos mais detalhados e influentes sobre os anjos. A descrição acima é suficiente para uma introdução ao assunto aqui, que é especificamente anjos na iconografia. Em A hierarquia celestial, São Dionísio deriva nove coros angelicais das Escrituras nas quais os anjos se encaixam. Listar as nove fileiras aqui não é importante, pois nem todas as fileiras diferentes são comumente representadas em ícones. Além disso, embora nenhum Padre da Igreja negue a classificação de Dionísio  e muitos a afirmam  outros Padres da Igreja admitem que os nove coros podem ser apenas aqueles que nos foram reveladas, e não uma lista completa.A razão para elevar os coros angélicas é dizer que anjos e poderes incorpóreos são termos genéricos para os seres celestes que são bem diferentes entre si em termos de papel e aparência. O papel de um anjo é definido por sua proximidade com o trono de Deus, e é a proximidade com o trono de Deus que forma uma hierarquia natural. Agora, sobre as diferentes aparências de anjos reveladas nesta hierarquia.A forma, a função e a posição dos serafins foram reveladas ao profeta Isaías, que viu o Senhor sentado em um trono, alto e elevado, e o trem de Seu manto encheu o templo. Acima, havia serafins; cada um tinha seis asas: com dois cobriu o rosto, com dois cobriu os pés e com dois voou. E um clamou ao outro e disse: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; Toda a terra está cheia da Sua glória!  (Is 6, 1-3). O nome dado, serafins, é hebraico e significa queima (a forma singular é serafim). Eles são os mais próximos do trono de Deus e, como tais, são como chamas:  Porque nosso Deus é um fogo consumidor.  (Hb 12,29); Seu trono era uma chama de fogo (Dan 7,9); A aparência do Senhor era como um fogo ardente (Ex 24,17). Os serafins, então, geralmente são pintados em ícones em vermelho, significando essa chama. As seis asas estão dispostas de uma maneira particular: duas apontando para baixo (cobrindo os pés), duas para cima (cobrindo o rosto) e duas estendidas (para voar). Eles também são frequentemente encontrados imagens circundantes de Cristo na glória. No afresco do século XIV por Teófanes, o Serafim é mostrado segurando um  ripídio ou hagion ripidion (lit. leque sagrado) sobre o qual estão as palavras  Santo, Santo, Santo em grego: o mesmo hino três vezes sagrado usado na descrição de Isaías desses anjos.Como nota lateral, esses leques sagrados ainda hoje são usados cerimonialmente na Divina Liturgia, para proteger o corpo e o sangue de Cristo e como um sinal de honra. Muitas vezes, esses leques litúrgicos têm uma imagem de um serafim, para nos lembrar que Deus está realmente presente no cálice; o mesmo Deus que está cercado pelos serafins que voam sobre ele.O primeiro registro da interação do homem com um anjo de Deus vem no livro de Gênesis, depois da tentação e queda de Adão. Impulsionados do Éden por Deus, Adão e Eva são impedidos de retornar por querubins colocados para guardar os portões com uma espada flamejante (Gn 3,24  veja o mosaico).Em hebraico, querubins significa grande entendimento ou efusão de sabedoria, e são descritos por causa de sua proximidade com Deus: o Senhor é descrito como morada entre os querubins (2Sm 6,2). Por causa de sua proximidade com Deus e da descrição deles guardando o Éden com uma espada flamejante, os querubins são, como os serafins, frequentemente retratados em um vermelho ardente. No entanto, eles também podem ser retratados em verdes ou azuis; a primeira é a cor do Espírito Santo e o crescimento espiritual; a segunda é a cor dos reinos celestiais. Os querubins também costumam ser vistos como oniscientes, com numerosos olhos nas asas, relacionados ao mencionado efusão de sabedoria revelado por seu nome.Vale a pena notar que, no Antigo Testamento, figuras de querubins decoravam o santuário, por decreto do próprio Deus. Foi ordenado que um par de querubins feitos de ouro fosse colocado no propiciatório e, entre eles, o Senhor falou ao seu povo (Ex 25,17-22), e figuras de querubins foram tecidas nos véus do Tabernáculo. Portanto, uma imagem revelada dos querubins foi passada aos cristãos, que ainda é usada hoje.Na tradição oriental, tanto os serafins quanto os querubins são caracterizados por sua proximidade com o trono de Deus. Na Divina Liturgia, o sacerdote ora a certa altura: Também rendemos graças por esta liturgia que vos dignastes receber das nossas mãos, ainda que diante de Vós estejam multidões de arcanjos e anjos, querubins e serafins, cantando o hino triunfal.Quem são seis asas e muitos olhos, os querubins ou os serafins? A iconografia oriental nos revela: ambos! Às vezes, os serafins também são mostrados com muitos olhos nas asas, enquanto os querubins às vezes podem ser mostrados em vermelho ardente e seis asas, mas sem olhos (para fins práticos). Isso ocorre porque o significado da cor vermelha ardente e dos múltiplos olhos significa algo que é verdadeiro tanto para os serafins quanto para os querubins. As inscrições nos ícones revelam se um serafim ou querubim está sendo retratado.Os tronos são descritos como portadores de Deus, já que neles, como nos tronos intelectuais (como escreve São Máximo, o Confessor), Deus reside intelectualmente. Eles não são portadores de Deus por natureza, mas pela graça de Deus; portanto, como todos os nomes dos corpos celestes, Trono descreve mais esse grau específico da função dos anjos do que sua natureza.Quanto à sua curiosa aparência, isso foi revelado a Ezequiel, que viu: Uma roda sobre a terra pelos seres vivos, com seus quatro rostos. A aparência das rodas e seu trabalho eram semelhantes à cor de um berilo: e eles quatro tinham uma semelhança: e sua aparência e seu trabalho eram como uma roda no meio de uma roda Quanto aos anéis, eles eram tão alto que eles eram terríveis; e seus anéis estavam cheios de olhos em volta deles quatro. (Ez, capítulo 1)As criaturas vivas descritas por Ezequiel são um tipo de ser angélico  às vezes considerado um tipo de querubim, mas comumente conhecido como o Tetramorfos. Os tetramorfos também são mostrado no ícone ao redor de Cristo, na parte superior deste post. Quanto às rodas, em hebraico são Ophanim, outro nome para os Tronos. Esses seres angélicos são mais raros em iconografia que os serafins e querubins, mas onde são mostrados, geralmente são da cor berilo (branco, com reflexos do já mencionado vermelho ardente), com muitos olhos e com asas para denotar sua rapidez; eles também são mostrados aos pés de Cristo ou ao redor deles . Os ministros inflamados de Deus descritos acima são bastante comuns na hinografia e na iconografia oriental e sua forma é bem conhecida, mas sua aparência não é a que imediatamente vem à mente quando ouvimos a palavra anjo. Tendemos a pensar primeiro em um homem alado, e essa forma vem do que nos foi revelado em relação aos anjos e arcanjos.Embora todos os poderes incorpóreos sejam conhecidos como anjos (porque todos são mensageiros), o nome é especificamente dado aos espíritos ministradores na parte inferior da hierarquia celestial, ou seja, aqueles mais próximos do homem. Esses anjos aparecem por toda a Escritura  de fato ao longo da história  para as pessoas, para trazer mensagens de Deus, para nos guiar e até para nos proteger. Com tantas manifestações registradas, forma-se uma aparência geral de um anjo: um homem jovem, muitas vezes com um semblante leve, frequentemente vestindo roupas brancas.São João Damasceno diz que os anjos não aparecem exatamente como são para os justos e para eles que Deus deseja que eles apareçam. Pelo contrário, eles aparecem sob uma forma diferente, como pode ser visto por aqueles que os contemplam (Exposição Exata).Portanto, podemos dizer que a imagem revelada do anjo, como o nome, nos diz mais sobre seu papel do que sobre sua natureza. Como São Dionísio escreve, eles são retratados à semelhança dos homens, por causa da faculdade intelectual, e por terem poderes de olhar para cima e por sua forma reta e ereta.  E as figuras da masculinidade e da juventude denotam o florescimento perpétuo e vigor da vida. E assim, embora os próprios anjos não sejam divididos em masculino e feminino, eles sempre aparecem nas Escrituras e nos ícones como jovens (sem barba). Estátuas e imagens de anjos como jovens mulheres com asas aparecem apenas muito mais tarde nas igrejas e não são baseadas na tradição cristã.O traje brilhante e cintilante, continua São Dionísio, significa a semelhança divina após a imagem do fogo, e sua iluminação, em consequência de seu repouso nos céus, onde está a Luz, e sua completa iluminação inteligível, e sendo iluminados intelectualmente.Em todas as revelações divinas dos anjos quando jovens, eles nunca são descritos como tendo asas. De fato, as primeiras representações de anjos nos primeiros séculos da Igreja os mostram como jovens sem asas, em vestes brancas. No entanto, agora é comum mostrar anjos com asas. As asas podem ser entendidas da mesma maneira que os halos. A auréola em Cristo e nos santos (e também nos anjos) não é foto-realista, mas simboliza a santidade do sujeito, uma santidade inegavelmente real. As asas do anjo simbolizam rapidez e a leveza das asas denota que elas não são terrenas, mas não contaminadas e levemente elevadas ao sublime (São Dionísio, A hierarquia celestial). As asas também indicam a relação desses seres com os coros celestiais dos serafins e querubins, que na revelação divina são realmente mostrados com asas.A aparição divinamente revelada dos poderes celestes pode ser encontrada no significado de seus nomes, suas descrições nas Sagradas Escrituras e suas representações na iconografia. Pode-se ver do exposto acima que, para todas as aparências vívidas dos anjos para os homens, essas revelações apenas nos mostram como esses seres se relacionam conosco e como podem nos aproximar de Deus. Além disso, olhando para sua natureza inata, pouco foi revelado. E como São Dionísio diz na conclusão de  A hierarquia celestial, qualquer coisa referente aos céus que não tenha sido revelada por Deus só pode ser honrada pelo silêncio .Ficamos, então, com formas e imagens distintas dos Poderes Celestiais, que nos ensinam que ao redor de Deus e ao nosso redor existem inúmeros espíritos criados que nos revelam as coisas de Deus, nos guiam e nos protegem do mal. Reconhecendo a necessidade de toda a ajuda divina que podemos obter, os cristãos direcionam honra e súplica às imagens divinamente reveladas dos anjos.
  • EXPLENDIDO RESPLENDOR DE GRANDE DIMENSÃO EM METAL ESPESSURADO A OURO. CENTRO TEM REPRESENTAÇÃO DA SANTISSIMA TRINDADE (TRIANGULO) COM OLHO DA PROVIDENCIA. DE NUVENS CELESTES PARTEM RAIOS SINUOSOS EM EXPLENDOR. ESSE GRANDE E MAJESTOSO RESPLENDOR É DE ESMERADA EXECUÇÃO, COM CUNHO ERUDITO MAS SEM DEIXAR DE TRANSPARECER A OPULENCIA E O BRILHO QUE ADORNAVAM UM ALTAR. BRASIL, FINAL DO SEC. XIX. 69 CM DE ALTURA
  • MAGNIFICO CRISTO CRUCIFICADO COM CRUZ EM JACARANDÁ E CRISTO EM MADEIRA POLICROMADA. ESTILO E ÉPOCA DOM JOSE I. FAUSTOSA BASE E LINDAS PONTEIRAS. DESTACA-SE A ESCULDURA DO SENDAL E MORFOLOGIA DA IMAGEM. BRASIL, SEC. XVIII. 88 CM DE ALTURA
  • DONA ANTÔNIA DOS SANTOS SILVA  PRIMIERA CONDESSA DE PRATES (filha do segundo casamento do BARÃO DE ITAPETININGA com DONA CORINA DE SOUZA CASTRO, viúva do BARÃO DE TATUÍ). NOSSA SENHORA DE LOURDES - LINDA ESCULTURA EM PETIT BRONZE DE GRANDE DIMENSÃO APRESENTANDO NOSSA SENHORA DE LOURDESSOB ELABORADO PLINTO REMATADO POR CABEÇA DE ANJO. PERTENCEU A CONDESSA DE PRATES, DONA ANTONIA DOS SANTOS SILVA., ESPOSA DO PRIMEIRO CONDE DE PRATES, EDUARDO DA SILVA PRATES. FRANÇA, FINAL DO SEC. XIX. 48 CM DE ALTURA
  • GRANDE E MUITO BONITO TABULEIRO BAR EM MADEIRA COM APLICAÇÃO DE PRATA DE LEI. MARCAS DE CONTRASTE PARA PORTUGAL. A DECORAÇÃO EM PRATA É EQUILIBRADA E ELEGANTE COM LAUREIS, FLORES E ROCAILLES. POSSUI BASE EM MADEIRA EM "x" PARA SUSTENTAÇÃO. PORTUGAL, INICIO DO SEC. XX. 68 CM DE COMPRIMENTO
  • GLORIOSA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - LINDA IMAGEM EM MARFIM DE VERTENTE LUSÍADA REPRESENTANDO A VIRGEM DA IMACULADA CONCEIÇÃO APRESENTADA COM AS MÃOS CRUZADAS JUNTO AO COLO. SOB A BASE TORSOS DE QUERUBINS E CRESCENTE LUNAR. VIRTUOSA ESCULTURA! PORTUGAL, SEC. XIX. 14,5 CM DE ALTURA
  • MARQUÊS DE ABRANTES (1794-1865)  MIGUEL CALMON DU PIN E ALMEIDA  MEISSEN  PRATO COVO EM PORCELANA DA MANUFATURA DE MEISSEN COM BORDA DECORADA COM ROCAILLES RELEVADAS REALÇADAS EM OURO. A BORDA TEM AINDA RESERVAS FOLRAIS E RESERVA CONTENDO BRASÃO DO MARQUÊS DE ABRANTES. A CALDEIRA TEM EXUBERANTE DECORAÇÃO COM LINDAS FLORES E INSETOS. PERTENCEU AO SERVIÇÃO DO MARQUÊS DE ABRANTES, MIGUEL CALMON DU PIN E ALMEIDA. FOIS SENADOR , MINISTRO E PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS (ALGO COMO UM PRIMEIRO MINISTRO BRASILEIRO NA ÉPOCA DO IMPÉRIO). POR SUA ATUAÇÃO JUNTO AO IMPÉRIO BRASILEIRO E AO REINO DE PORTUGAL RECEBEU O EPÍTETO DE O ESTADISTA DE DOIS IMPÉRIOS. ESTÁ REPRODUZIDO NA PAGINA 233 DO LIVRO LOUÇA DA ARISTOCRACIA NO BRASIL POR JENNY DREYFUS. ALEMANHA, PRIMEIRA METADE DO SEC. XIX.     24 CM DE DIAMETRONOTA: Miguel Calmon du Pin e Almeida, visconde com grandeza e marquês de Abrantes, (Santo Amaro, 23 de outubro de 1796  Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1865) foi um nobre, político e diplomata brasileiro. Presidiu o conselho interino de governo da Bahia em 1823. Publicou obras notáveis sobre história, diplomacia, agricultura e outras. Filho de José Gabriel Calmon de Almeida e de Maria Germana de Sousa Magalhães. Casou com Maria Carolina da Piedade Pereira Baía, filha do barão de Meriti e que, enviuvando-se, casou novamente com o barão do Catete. Não deixou herdeiros, porém um sobrinho foi-lhe homônimo, e outros tantos "Miguel Calmon du Pin e Almeida" existiram. Formado pela Faculdade de Direito de Coimbra em 1821, de 1822 a 1823, no contexto da luta pela Independência da Bahia, presidiu o conselho interino que governou a província a partir da Vila de Cachoeira, coordenando a resistência brasileira contra o Governador das Armas, Inácio Luís Madeira de Melo. Armas do visconde com Grandeza e marquês de Abrantes do Brasil. Além dos diversos cargos públicos e condições nobiliárquicas, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, presidente da Imperial Academia de Música e provedor da Santa Casa de Misericórdia, do Rio de Janeiro. Elegeu-se deputado constituinte em 1827, Assembléia da qual foi o Secretário  quando foi convidado pelo Imperador D. Pedro I para ocupar a pasta da Fazenda, ocasião em que organizou a Caixa de Amortização da Dívida Pública e, depois, foi Ministro dos Estrangeiros. Uma das figuras mais expressivas do Império, foi indicado pelo Imperador para governar a Bahia, recusando a indicação. Com a abdicação de D. Pedro I, retraiu-se da política, voltando à sua terra natal. Fundou em Santo Amaro a Sociedade de Agricultura da Bahia e a Sociedade Philomática de Química. Ligado à produção de açúcar, em 1834 escreveu o Ensaio sobre o fabrico do açucar, buscando estimular e modernizar a produção, ameaçada pela concorrência estrangeira. Retornou à política em 1837, para fazer oposição à regência do padre Diogo Antônio Feijó, sendo nomeado no mesmo ano, novamente, Ministro da Fazenda. Em 1840 foi eleito senador pelo Ceará, e novamente Ministro da Fazenda, quando assume o novo Imperador, D. Pedro II, após a extinção do Ministério da Maioridade. Em 1843 torna-se conselheiro de Estado e nos dois anos seguintes cumpre missões diplomáticas em Paris, Londres e Berlim. Incentivador da indústria, foi presidente da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1848-1865), e primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (1860-1866). Foi o principal organizador da Exposição Nacional, organizada sob a égide da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, em 1861. No ano seguinte volta a ocupar o Ministério dos Estrangeiros (ver Gabinete Olinda de 1862), onde protagoniza um dos mais sérios embates diplomáticos do Brasil face à Inglaterra. No contexto da Questão Christie, a condução desse contencioso pelo Ministro Miguel Calmon foi pautada pela mais hábil prudência, conduzindo-a a um resultado satisfatório ao Brasil. Como deputado geral, pela província da Bahia, ocupou mandatos sucessivos na 1ª, 2ª e 4ª legislaturas, de 1826 a 1841. Era partidário do movimento que resistiu ao domínio do general Madeira de Melo, português, que dominara a cidade de Salvador à revelia do então Príncipe Regente D. Pedro I. Proclamada a Independência, na Vila de Cachoeira é formado um governo interino que resiste aos ataques portugueses. Em sua mensagem ao Imperador, de 1823, consigna importantes registros: "A arte de governar foi sempre difícil. A mesma história fabulosa dos tempos heróicos, em que deuses e semi-deuses regiam os homens, e a crônica dos grandes gênios, que escorados pela justiça, prudência e sabedoria têm governado povos em diferentes idades e merecido decantadas apoteoses, não deixaram de provar esta verdade terrível. Colaborador e consócio dos ajuntamentos patrióticos que concertavam o plano de reação que devíamos opor ao dominante infame partido português, podemos afirmar que a revolução do Recôncavo foi prematurada. (...) Neste precário e calamitoso estado de coisas, resolveram os patriotas, em 20 de agosto constituir e instalar um Governo Geral, que aliasse mais e mais todas as Vilas, e chamasse as forças, atenções e interesses para o grande fim da Salvação da Pátria." Vitoriosos, os baianos retomaram a capital, aguardando a nomeação, pelo Imperador, do presidente da província. Enfrentou, entretanto, o próprio General Labatut, a quem acusou de "ditatorial", forçando-lhe a retirada do comando das forças baianas. Neste breve interregno, Miguel Calmon cuidou de desarmar os portugueses, que "a despeito do amor da esposa e filhos, decente fortuna, cômoda habitação, e costume de longo tempo, (tramavam) contra a causa do Brasil, haviam atraído sobre todos os naturais de Portugal o furor do povo brasileiro" - como deixou registrado, na mesma mensagem. Em 9 de setembro de 1850, em substituição a Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, é eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, cargo que ocupou até 1863, quando então o passou a Bento da Silva Lisboa. Por sua atuação no Brasil e em Portugal, recebeu o epíteto de "Estadista de dois Impérios". Grande do Império; Veador de Sua Majestade, a Imperatriz; Dignitário da Imperial Ordem da Rosa; Grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro; Além destas, era membro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (de Portugal), da Ordem dos Santos Maurício e Lázaro (Itália), da Ordem de Leopoldo I (Bélgica) e da Real Ordem Constantina das Duas Sicílias.
  • NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES - RARA PLACA DEVOCIONAL SEISCENTISTA EM MARFIM DE VERTENTE INDO PORTUGUESA REPRESENTANDO NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES. A PLACA EM MARFIM É CONSTRUÍDA COM MOLDURA ELABORADA COM CARACTERÍSTICO TRABALHO GENTÍLICO HINDU.  A VIRGEM É  TAMBÉM ESCULPIDA EM MARFIM E É APRESENTADA EM MAJESTADE SEGURANDO MENINO JESUS E UM CETRO. AMBOS SÃO COROADOS. AOS PES DA VIRGHEM ACORRENTADA EM POPA E PROA UMA CARAVELA. ESSA É UMA PLACA DEVOCIONAL DE MARINHEIRO QUE ACOMPANHAVA SEU PROPRIETÁRIO NAS INSEGURAS TRAVESSIAS OCEÂNICAS NOS PRIMÓRIDOS DA NAVEGAÇÃO ULTRAMARINA. EXEMPLARES DE CRUZES DE MARINHEIRO SÃO HOJE ENCONTRADOS EM IMPORTANTES MUSEUS EUROPEUS E EM COLEÇÕES PARTICULARES. CARREGA A ASPIRAÇÃO DE PROTEÇÃO AO LANÇAR-SE AO MAR EM UMA VIAGEM NO TENEBROSO OCEANO E SE VIESSE A PERECER NESSA CONDIÇÃO, A PREOCUPAÇÃO EM RECEBER UMA MORTE CRISTÃ. ESTE ERA O ELO DA ESPIRITUALIDADE E DA INVOCAÇÃO DO SOCORRO DIVINO FRENTE A INCERTEZA DA SOBREVIVÊNCIA AO ENFRENTAR A FÚRIA DO MAR E OS PERIGOS DA EXPEDIÇÃO. GOA, POSSESSÃO PORTUGUESA NA ÍNDIA, 9 X 5,5 CM.NOTA: SE QUERES APRENDER A ORAR FAÇA-TE AO MAR. Esse era um ditado corrente na época dos descobrimentos marítimos que ilustra bem o risco e a desventura de quem ousava desafiar os perigos do MAR OCEANO como era chamado o OCEANO ATLÂNTICO na época. Extremamente desconfortável, insalubre e perigosa. Em média, a cada três navios que partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um afundava. Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios mas também de sede, inanição, doenças e ataques de corsários. Mas porque então os marujos aventuravam-se arriscando numa empreita onde o mais certo era a morte ? Em uma sociedade em que a fome e a peste eram ameaças constantes para a imensa maioria do povo, os lucros de uma viagem muito perigosa mas lucrativa era a chance de fugir dessa condição precária de vida e redimir nessa condição toda a família. Pouco antes da partida, em meio ao choro dos parentes que temiam nunca mais ver seus entes queridos, uma missa era realizada em favor da tripulação. Para indenizar os que assumiam tão arriscada aventura, o governo português oferecia uma recompensa financeira à sua família equivalente a um ano de trabalho. A vida a bordo não era nada fácil ou prazerosa. Passada toda a agitação que cercava o cotidiano do navio diurnamente, os tripulantes se recolhiam à noite para buscar algum descanso no porão do navio. Nesse momento, marujos, soldados, cargas e animais se misturavam na insalubridade de um lugar nada confortável. Era esse o momento em que os marujos podiam encontrar-se em sua fé em Deus e fazer em paz suas orações. Aí se apegavam em seus objetos devocionais e com firmeza e fé pediam a Deus por mais um dia em segurança. Vejamos alguns aportes da viagem de Pedro Álvares Cabral na aventura do achamento do Brasil para se ter idéia dos percalços de uma viagem como essa. Quando pensamos na exitosa viagem de Cabral corremos o risco de romantizar a aventura do descobrimento e a recompensa de seus heróis. Mas a história não foi bem assim... O destino de Cabral, de Pero Vaz de Caminha e de outros bravos capitães e oficiais que partilharam dos eventos do descobrimento foi cruel. A viagem do descobrimento da Ribeira das Naus em Lisboa até a volta demorou pouco mais de um ano e três meses (8 DE MARÇO DE 1500 23 de junho de 1501) das 13 embarcações que partiram somente cinco retornaram ao porto de origem. Pelo descobrimento do Brasil e a sequencia dessa mesma viagem até a índia, retornando depois de inúmeras dificuldades Cabral recebeu como recompensa pela viagem 10 mil cruzados. Cada cruzado valia o equivalente a 3,5 gramas de ouro. Portanto do rei de Portugal Cabral recebeu 35 kg de ouro. Além dessa pequena fortuna, Cabral embolsaria ainda o lucro referente a 500 quintais de pimenta ou inacreditáveis 3 toneladas que ele tinha o direito de comprar, às próprias custas, e transportar gratuitamente no navio. A Coroa se comprometia a adquirir essa pimenta pelo valor corrente em Lisboa cerca de sete vezes o preço pago na Índia. De todas as especiarias existentes no Oriente e cobiçadas pelos europeus, nenhuma era mais importante e mais valiosa do que a pimenta. Hoje considerada mero condimento, a pimenta, nos séculos XVI e XVII, era artigo de fundamental importância na economia europeia. Na Europa, o preço da pimenta era altíssimo e na Índia os hindus só aceitavam trocá-la por ouro. Os portugueses chegaram a trazer cerca de 30 mil quintais por ano (quase 2 mil toneladas) de pimenta da Índia para Lisboa. Os membros da tripulação, oficiais, soldados e religiosos tinham também seus privilégios. O capitão-mor podia trazer ainda 10 caixas forras (ou livres de impostos) de qualquer outra especiaria. Os capitães das demais naus recebiam mil cruzados sobre cada 100 tonéis de arqueação de seus navios (a maioria, portanto, embolsou cerca de 1.800 cruzados), acrescidos de seis caixas forras e da possibilidade de adquirir 50 quintais (ou 300kg) de pimenta para revenda em Lisboa. Mestres e pilotos ganharam 500 cruzados, quatro caixas forras e 30 quintais de pimenta cada. Os marinheiros recebiam 10 cruzados por mês, uma caixa forra e 10 quintais de pimenta, cabendo aos grumetes a metade disso. Ainda segundo Gaspar Correia, os bombardeiros tinham a mesma remuneração que os marinheiros. Os demais soldados chamados de gente de armas, em contraposição a gente do mar ganhavam 5 cruzados por mês e podiam transportar 3 quintais de pimenta. Todos os integrantes da armada ainda teriam direito aos bens saqueados aos povos que entrassem em luta com os portugueses. A divisão dessas presas de guerra era feita da seguinte forma: primeiro, o capitão-mor tirava sua parte (chamada joia), Depois, era separado o quinto do rei. A seguir, o butim era dividido em três partes iguais duas para o próprio rei, pela armação, mantimentos e artilharia do navio, e a parte restante dividida na proporção de 15 partes para o capitão-mor, 10 partes para cada capitão, quatro partes para os pilotos, três partes para os mestres, duas partes para as gentes do mar e duas para as gentes de armas. A viagem de Cabral como todas as outras viagem ultramarina era incerta. No momento em que as barcaças zarparam do porto do Restelo em direção aos navios, deixando atrás de si o rumor dos prantos e das bênçãos, a multidão urrou excitada. As velas das naus foram então içadas lentamente, ao ritmo dos apitos dos contramestres. Eram necessários todos os braços disponíveis para essa vigorosa manobra, sacralizada pelas imensas cruzes vermelhas da Ordem de Cristo, pintadas nas velas que então se desfraldaram aos céus daquele início de primavera. Ao final daquela tarde de domingo, porém, o tempo virou. Soprando do sul, ventos sacudidos e finos impediram que a multidão pudesse assistir à frota descendo majestosamente o Tejo. Só na manhã do dia seguinte, bafejada pelas brisas do quadrante Norte, a armada se pôs em marcha. Era uma segunda-feira, 9 de março de 1500 dia normal de trabalho para os lisboetas. A folga domingueira dera lugar aos afazeres cotidianos. Enquanto os marujos se debruçavam nas amuradas dos navios, acenando com seus gorros vermelhos, o alarido das vendedoras, com suas grandes panelas de cuscuz, já ecoava pelo porto. Suas vozes se misturavam às dos vendedores de tripas cozidas. Aquela era uma Lisboa ardente e sedenta, de poucos chafarizes, à beira dos quais o povo e os escravos brigavam pela vez de abastecer suas moringas. Esgueirando-se pelo porto, os vadios aguardavam o melhor momento e o menor descuido para se apoderar da bolsa dos passantes. A partir do alvará de 6 de maio de 1536, esses velhacos seriam desterrados para o Brasil. Embora ainda não fosse a Lisboa manoelina, faustosa e oriental dos anos seguintes, a cidade já começara a esburacar sua velha mas resistente capa medieval, transformando-se no burgo marítimo cosmopolita que falava desvairadas línguas. Umas 60 mil pessoas se apinhavam então em cerca de 18 mil casas, de três andares e poucas janelas. Pelas suas 270 ruas e 89 becos, sinuosos e estreitos, pavimentados com lajes desiguais, a peste espreitava. De fato, um novo surto da doença irromperia em 1505 (como ocorrera sete vezes no século anterior e voltaria a ocorrer em 1520 e em 1523). Quando a frota zarpou, ao meio-dia daquela segunda-feira, a tripulação voltou seus olhos para admirar as torres do castelo de São Jorge, construído pelos visigodos no século V, reformado pelos árabes no século IX e, desde o reinado de Afonso Henriques, iniciado na aurora do século XII, transformado em sede das Casas Reais lusitanas. À sua sombra esparramava-se a Alfama (a Cidade Branca erguida durante o período da dominação muçulmana). Mais abaixo ficavam o Beco das Cruzes, a Rua da Judiaria e o bairro do Rossio, onde viviam os pescadores e a marujada. Tudo isso era agora deixado para trás. Era, de fato, uma armada imponente: vistas das alturas da Alfama, um dos bairros altos de Lisboa, sob a luminosidade daquele fim de inverno, as dez naus e as três caravelas balouçavam na contraluz das águas do rio Tejo, em frente ao Restelo, que o mesmo Barros chamara de praia das lágrimas para os que vão, e terra do prazer para os que vêm. É lícito supor que muitos dos jovens que em breve embarcariam na frota de Cabral tenham estado naquele mesmo porto ainda crianças, em dezembro de 1488, quando a ele retornara Bartolomeu Dias com a notícia de que a África podia ser contornada. Após vencerem os perigosos bancos dos Cachopos, na barra do Tejo, as naus foram erguidas pela grande ondulação do oceano. Era em geral nesse ponto que os soldados e os marinheiros de primeira viagem começavam a vomitar, sujando-se uns aos outros. Mas enjoos eram o de menos: para a maioria dos embarcados, aquela seria uma viagem sem volta. Na verdade, não havia quem desconhecesse os riscos de semelhante jornada. Tanto é que a maioria dos homens a bordo tinha deixado assinado seu testamento. Contando com a experiência dos irmãos Dias e de Nicolau Coelho, esses homens eram responsáveis pelo rumo e pelas singraduras da armada. O imediato, o contramestre e o guarda soberanos respectivamente da proa, da popa e do convés entre os mastros respondiam pela manutenção da ordem a bordo, e não abandonaram um só instante o seu território durante toda a viagem. Por meio de poderes e costumes precisos, codificados ao longo de quase um século de navegação oceânica, esses três principais senhores do destino da embarcação comandavam, com o som de seus apitos, o trabalho de 60 marinheiros a maioria dos quais eram profissionais instruídos e respeitados. Todos eram auxiliados por grumetes, garotos que exerciam as tarefas mais pesadas e em quem todos mandavam, frequentemente com brutalidade. A bordo, havia também uma multidão de artesãos, carpinteiros, calafates e tanoeiros, indispensáveis ao sucesso da viagem. De mulheres, nem sinal. Mais do que por sua suposta fraqueza, ou pela tentação que poderiam representar, elas eram indesejáveis por superstição. O Bojo da Danação O interior das naus e caravelas do século XVI era um lugar escuro, sujo e perigoso. Embora fossem autênticos quartéis flutuantes, os navios do descobrimento não se livravam da imundície característica das ruas e das cidades medievais da Europa. Nos porões, havia ratos e baratas em profusão, e muitos dos tripulantes faziam suas necessidades ali mesmo, mareados demais para subirem ao convés. As doenças especialmente o escorbuto eram frequentes e altamente mortíferas. Só quando a rota singrada por Cabral e Gama se tornou uma viagem frequente a chamada Carreira da Índia , a presença de mulheres a bordo seria tolerada. Ainda assim, a maioria delas eram órfãs e ex prostitutas, enviadas para casar com os colonos portugueses que viviam na Índia ou no Brasil. De qualquer forma, Cabral comandava uma espécie de quartel flutuante, no qual não havia lugar para mulheres. De fato, qualquer observador mais atento que tivesse assistido à partida da armada ou que pudesse vê-la agora, já em alto-mar haveria de perceber, alinhados no convés, na proa e na popa, os cilindros esguios das bocas de fogo, das bombardas e dos falcões, antigas peças de artilharia com as quais Cabral atacaria Calicute. As pedras e bolas de ferro que lhes serviriam de munição estavam armazenadas no interior das naus. O artilheiro-mestre e o sargento eram responsáveis por esses canhões e pelos cerca de 700 soldados a bordo. Em agosto de 1497, Dias chegara a partir com a expedição de Gama para a Índia, mas, por ordem do rei, sua missão era permanecer na fortaleza da Mina, na Guiné. Nos primeiros meses de 1500, escalado para participar da armada de Cabral, Bartolomeu Dias de novo não receberia permissão para navegar até a Índia. Sua nova missão era criar uma feitoria em Sofala, na costa oriental da África, no atual território de Moçambique. O destino que o aguardava, porém, seria mais cruel: em maio de 1500, Dias naufragou no cabo da Boa Esperança que ele fora o primeiro a cruzar e que, muito apropriadamente, batizara de cabo das Tormentas. A única recompensa que o grande navegador recebeu foi póstuma: ele foi eternizado como um dos mais comoventes personagens dos Lusíadas, de Camões, o mais importante poema da língua portuguesa. Diogo Dias protagonizou uma história similar à do irmão mais velho, embora menos amarga. Quando o cabo tormentoso foi vencido, Diogo estava junto com o irmão. Dez anos mais tarde, chegou à Índia, como escrivão na nau de Gama. Embora na frota de Cabral sua missão fosse ficar em Sofala, ele receberia permissão para seguir até a Índia. Bartolomeu e Diogo Dias eram escudeiros da Casa do Rei. O rei D. João II, em sua política de menosprezar a nobreza e afastá-la do comando das expedições marítimas, nomeou Bartolomeu Dias chefe da viagem de 1488. Mas, quando Vasco da Gama partiu para a Índia em 1497, seguindo a rota que o próprio Bartolomeu descobrira, o novo rei era D. Manoel I, e esse monarca estava disposto a reatar relações com os nobres. Bartolomeu e Diogo Dias foram preteridos. De qualquer forma, Cabral comandava uma espécie de quartel flutuante, no qual não havia lugar para mulheres. De fato, qualquer observador mais atento que tivesse assistido à partida da armada ou que pudesse vê-la agora, já em alto-mar haveria de perceber, alinhados no convés, na proa e na popa, os cilindros esguios das bocas de fogo, das bombardas e dos falcões, antigas peças de artilharia com as quais Cabral atacaria Calicute. As pedras e bolas de ferro que lhes serviriam de munição estavam armazenadas no interior das naus. O artilheiro-mestre e o sargento eram responsáveis por esses canhões e pelos cerca de 700 soldados a bordo. Essa era uma tarefa das mais difíceis. De acordo com o navegante francês Pyrard de Laval, que viajou numa das naus da Carreira da Índia, os bombardeiros eram, quase todos, artífices, sapateiros ou alfaiates, de modo que não sabem o que é dar um tiro de peça quando é mister. Com os soldados era ainda pior: Filhos de camponeses e outra gente de baixa condição, e apanhados à força desde a idade de 12 anos, nunca tinham visto uma guerra e não sabiam como se portar num combate. 10 Ainda assim, ao contrário dos marinheiros, os soldados podiam dormir sob o convés. Também alojados sob as cobertas do navio iam os religiosos com exceção do frei D. Henrique Soares de Coimbra, ao qual fora reservado um camarote ao lado do de Cabral. Homem de vasto saber teológico e político, D. Henrique largara a toga de desembargador da Casa de Suplicação de Lisboa para entrar como noviço no convento de Alenquer. Após a viagem ao Brasil, ele se tornaria bispo de Ceuta, confessor do rei D. Manoel e embaixador em missões junto aos papas Júlio II e Leão X. Mais tarde, teria sido inquisidor e presidido a primeira queima de um judeu em Portugal, O Escorbuto De todas as na praça de Olivença. 11 Mas, naquele momento, o franciscano D. Henrique achava que estava indo ao Oriente para encontrar cristãos. De fato, induzidos na ilusão de Gama que não soubera diferenciar as estátuas de deuses hindus das imagens de santos cristãos , Cabral e seus homens partiam para a Índia ainda supondo que iriam encontrar muitos cristãos em Calicute. Por cerca de 10 dias, a frota de Cabral arrastou-se à velocidade de 1 nó (ou 1,9 quilômetro por hora). Anos mais tarde, esse mesmo trecho seria o primeiro calvário pelo qual passariam as naus que seguiam a Carreira da Índia. Nos doldrums, onde às vezes os navios chegavam a ficar retidos por 40 dias, acabava-se a água. A morte rondava os tripulantes; as velas pendiam, frouxas, no ar escaldante. A vida a bordo tornava-se então mais monótona do que o habitual. Quase todas as atividades de lazer eram proibidas. Ainda assim, sempre que possível, os marujos dedicavam-se ao carteado. Quando os padres os pegavam em flagrante, tomavam os naipes e os atiravam ao mar. Os romances de cavalaria, tidos como uma armadilha do demônio que causava grandes danos à alma, também eram vetados. Havia teatro a bordo, mas sempre de teor religioso. Enfadonho e repetitivo, cada novo dia era anunciado pelo canto dos galos e pelo balido das ovelhas, que os capitães tinham direito de levar para bordo. No dia 9 de abril, ao completar um mês em alto-mar, a esquadra de Cabral cruzou o equador e o que durante séculos fora motivo de terror agora era pretexto para festa. Após o equador, os ventos sopravam de sueste. Mas como eles também eram fracos, a armada de Cabral seguiu as instruções de Vasco da Gama e abriu seu rumo para sudoeste, empreendendo a volta do mar. Empurrada pelas forças marítimas hoje chamadas de Corrente Brasileira, a esquadra logo retomou a velocidade de 5 nós. Quarenta e dois dias já se haviam passado desde que a armada chefiada por Pedro Álvares Cabral se lançara ao mar com destino à Índia. Com 10 naus e três caravelas, era a maior e mais poderosa frota que Portugal jamais enviara para singrar o Atlântico. Embora apenas duas semanas após a partida uma das naus houvesse desaparecido comeu-a o mar, na frase poética e terrível de então , a jornada fora rápida e tranquila. Nada ocorrera nem temporais, correntes ou ventos bravios que pudesse justificar um desvio involuntário de rota. E como atribuir um avanço tão resoluto para oeste a um erro de cálculo se a esquadra estava sob o comando dos pilotos mais habilidosos de seu tempo? Cinco dias antes do surgimento das ervas e das aves, a frota tinha vencido uma data muito temida pelos mareantes mas o céu não escurecera nem trovões ribombaram naquela Sexta-Feira Santa, 17 de abril de 1500. Durante toda a Quaresma, os sacerdotes de bordo sob o comando de frei Henrique de Coimbra haviam tido tempo de sobra para apregoar sua liturgia de mistérios e consolações. Aqueles homens de batinas negras recitaram ladainhas e restringiram as absolvições. Um temor reverencial semeou-se na alma dos viajantes. Se queres aprender a orar, faça-te ao mar, dizia um ditado da época. A bordo, durante vários dias, houve jejum e penitência O domingo de Páscoa foi celebrado quando os navios se encontravam a uns 250 quilômetros da costa, na altura de Salvador. a ressurreição de Cristo pôde ser comemorada com uma missa solene, celebrada no convés da nau-capitânia, entre os mais ricos paramentos e os mais belos castiçais. O órgão de frei Maffeu, um dos oito frades da frota, modulou a música sacra, cuja melodia barroca ecoou nos corações e mentes dos soldados e da marinhagem, dos degredados e dos comandantes. As rações foram melhoradas a marmelada deixou os caixotes e foi distribuída entre os cerca de 1.350 homens embarcados nos agora 12 navios; os canecões de vinho rodaram com alguma liberalidade. A essas alturas, sem que ainda se pudesse saber, a armada estava a uns 250 quilômetros da costa, na altura daquela que, poucos anos mais tarde, viria a ser chamada de Bahia de Todos os Santos. Dois dias depois, próxima dos recifes depois chamados Abrolhos (aglutinação de Abra os olhos), a frota deparou com sargaços flutuantes: eram as algas botelhos e rabos-de-asno. PedrÁlvares, de 32 anos, mais um militar do que propriamente navegador, ajoelhou-se em frente à imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança, que ele próprio escolhera como padroeira da viagem e mandara entronizar num altar erguido no convés da capitânia. Era uma oração legítima: os santos do céu (e os deuses do mar) pareciam de fato estar do seu lado. Então, a cerca de 70 quilômetros da costa, nas horas de véspera, mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto, o capitão e seus pilotos, os marinheiros e os soldados, os sacerdotes e os degredados, acotovelados todos à mureta das naus, puderam vislumbrar o cume de um grande monte mui alto e redondo 5 erguendo-se no horizonte longínquo. Ao entardecer, depois de avançar cautelosamente por mais 40 quilômetros, a frota deparou com outras serras, mais baixas, esparramando-se ao sul do grande monte. Silhuetadas contra o crepúsculo, cercadas por terras chãs, 6 elas surgiram vestidas por um arvoredo denso que avançava quase até o limite das águas claras, das quais as separava apenas uma estreita faixa de areia. A seis léguas (ou cerca de 40 quilômetros) da costa, a armada lançou âncoras. Elas mergulharam 34 metros no mar esverdeado antes de tocar o fundo arenoso. Estava descoberto o Brasil. Por volta do dia 5 de maio, a armada iniciou a segunda parte da volta do mar e, afastando-se do Brasil provavelmente na altura do cabo Frio, dirigiu-se para sudeste. No dia 12 de maio, um cometa com uma longa cauda cor de fogo 4 surgiu no céu e permaneceu visível pelas 10 noites seguintes. No sábado, dia 23, quando a frota se achava nas proximidades do cabo da Boa Esperança, desencadeou-se uma terrível tormenta. O desespero tomou conta dos tripulantes. Se queres aprender a orar, faça-te ao mar, diz um provérbio da época. O mar ficou tão grosso que parecia impossível escaparem as naus de serem comidas, escreveu Fernão Lopes de Castaneda em sua História do Descobrimento da Índia. As ondas se levantavam tão altas que parecia que as punham as naus nas nuvens e depois no abismo, com os vales que abriam. De dia era a água cor de chumbo e de noite cor de fogo, e o ruído que fazia o madeirame era medonho e tudo era tão espantoso que o não pode crer quem não o viu. Na tormenta naufragaram as naus de Aires Gomes, Simão de Pina e Luís Pires levando mais de 300 homens, cujos corpos serviram de alimento para os peixes. Ali afundou também a caravela de Bartolomeu Dias, com 80 tripulantes. O cabo vingavase de seu descobridor, de acordo com a estrofe que Camões escreveu em Os Lusíadas: Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu, suma vingança E não se acabará só nisso o dano Da vossa pertinaz confiança Antes em vossas naus vereis a cada ano; Se é verdade o que meu juízo alcança Naufrágio, perdições de toda a sorte, Que o menor mal de todos seja a morte. O Paraíso das Especiarias Eis a descrição de Calicute feita na Relação do Piloto Anônimo: A cidade de Calicute é grande, e não tem muros que a cerquem; no seu interior tem muitos lugares vazios, e as casas, afastadas umas das outras, são cobertas de pedra e cal, chapeadas de relevos, e em cima cobertas de folhas de palmeiras. As portas são muito grandes e os portais muito bem trabalhados. Em torno das casas há um muro dentro do qual estão muitas árvores e lagos de água em que seus moradores se banham, e também os poços de onde bebem. Pela cidade há outros grandes lagos, onde o povo miúdo vem se lavar. Mas, no dia 16 de dezembro de 1500 quando Cabral permanecia ancorado em Calicute com muitas dificuldades para carregar suas naus de especiarias, devido à franca oposição e à concorrência mercantil dos árabes , a feitoria foi atacada por cerca de 300 árabes e hindus. Mais de 50 portugueses foram mortos, entre os quais o feitor Aires Correia, o escrivão Pero Vaz de Caminha e seis frades franciscanos. Durante dois dias, Cabral ordenou que Calicute fosse ininterruptamente bombardeada, matando infinita gente e causando muito dano à cidade. A frota de Cabral zarpou no dia 20 de dezembro rumo ao reino de Cochim, 200 quilômetros ao sul, na mesma costa do Malabar, onde o rajá, rival de Calicute, permitiu ao comandante carregar as naus de pimenta, gengibre e canela. Em 16 de janeiro de 1501, com uma feitoria instalada em Cochim e os navios recheados de especiarias, Cabral partiu de volta para Lisboa. No início da viagem de retorno, depois de a frota ter cruzado o oceano Índico, a nau abarrotada de Sancho Tovar encalhou num banco de areia em frente à cidade de Melinde (hoje no Quênia). Cabral determinou que ela fosse incendiada. A esquadra então ficou reduzida a cinco navios: a nau capitânia, as naus de Nicolau Coelho, de Simão de Miranda e de Pero de Ataíde, mais a caravela Anunciada, de Nuno da Cunha. A armada dobrou o famigerado cabo da Boa Esperança em 22 de maio de 1501, dessa vez sem problemas. Com bom tempo e correntes favoráveis, os navios de Cabral conseguiram chegar a Bezeguiche (hoje Dakar), no dia 2 de junho. Ali, encontraram o navio de Diogo Dias, que se desgarrara da frota havia mais de um ano, durante a tempestade no cabo da Boa Esperança (em maio de 1500). Restavam apenas sete homens a bordo, quase todos doentes e esqueléticos. Ao rever a frota de Cabral, um deles morreu de emoção. Ao chegar ao porto de Bezeguiche, localizado junto à foz do Senegal o antigo rio do Ouro que D. Henrique buscara por quase meio século , Pedro Álvares Cabral não encontrou apenas a caravela de Diogo Dias. Por uma extraordinária coincidência, ancorados ali estavam também os três navios da nova expedição que o rei D. Manoel enviara para explorar mais detalhadamente o território que o próprio Cabral havia descoberto um ano antes. Como piloto dessa nova esquadra, que havia partido de Lisboa em maio de 1501, estava um florentino rico e culto de nome Américo Vespúcio. Três anos antes, seguindo a rota descoberta por Cristóvão Colombo, Vespúcio estivera no Caribe e na América Central. Em Bezeguiche, ele pôde comunicar aos homens de Cabral que, durante o tempo em que eles se encontravam ausentes do reino, uma outra expedição portuguesa, sob o comando de Gaspar Corte Real, zarpara de Lisboa em maio de 1500 e retornara em outubro com a notícia de que havia descoberto, a 50 de latitude norte, uma terra com árvores enormes batizada de Terra Verde. Era uma parte do atual território canadense hoje chamada de Terra Nova. Foi então que, ao reunirem pela primeira vez tantas informações, Cabral e seus pilotos concluíram que deveria haver uma continuidade entre as vastidões setentrionais divisadas por Corte Real, as Antilhas espanholas já visitadas por Vespúcio e aquela costa caprichosamente recortada que eles próprios haviam avistado após zarpar de Porto Seguro rumo à Índia. A partir de tais informações, Cabral e seus homens começaram a compartilhar a certeza de que haviam estado em um novo continente. Por enquanto, esse novo mundo não tinha nome. Em 23 de junho de 1501, o primeiro navio da frota de Cabral chegou a Lisboa. Era a caravela Anunciada, que fora armada por Bartolomeu Marchioni. Quatro dias depois, Marchioni já escrevia para seus sócios em Florença relatando o que se passara na viagem. No mesmo dia, dois outros italianos redigiam suas missivas em Lisboa: eram Giovanni de Affaitati, representante comercial de sua família, dona de um banco em Cremona, e Mateo Cretico, secretário do embaixador de Veneza na Espanha, Domenico Pisani. As cartas tratavam basicamente do que se passara na Índia, embora se referissem de passagem ao Brasil. Cabral só chegou a Lisboa um mês mais tarde, a 21 de julho de 1501. O rei o recebeu em Santarém, em seu suntuoso palácio de verão. Há de ter sido um encontro amistoso: além de ter cumprido (mesmo que por vias transversas) sua missão diplomática, Cabral trouxera navios repletos de especiarias. Elas renderam tanto dinheiro para Portugal que há indícios de que as cotações do mercado foram bruscamente alteradas em Veneza. Em 28 de agosto de 1501, desculpando-se por fazê-lo tão tarde, D. Manoel escreveu para os reis da Espanha, Fernando e Isabel, seus sogros e rivais. O ponto central da carta, evidentemente, era a Índia. Mas D. Manoel mencionou a terra descoberta por Cabral, chamada de Santa Cruz, na qual as gentes viviam nuas como na primeira inocência, mansas e pacíficas. O rei atribuiu a descoberta a um milagre do Nosso Senhor. Porém três anos depois desses eventos, o próprio Pedro Álvares caíra em desgraça na corte, jamais voltando a navegar ou a manter qualquer vínculo não só com o Brasil, mas com o próprio império ultramarino que ajudara a criar. Pouco mais de um mês após retornar a Lisboa, Cabral recebera do rei uma tença (ou pensão) anual de 30 mil reais, quase 14 vezes menos do que os 400 mil reais dados em 1498 a Vasco da Gama. A diferença se explica porque, no caso de Gama, a pensão também foi um prêmio por ter sido ele o primeiro a chegar à Índia por via marítima. Logo em seguida à chegada de Cabral, D. Manoel começou a armar a chamada Esquadra da Vingança, que seria enviada para desferir novo e violento ataque contra Calicute. O descobridor do Brasil foi escalado para fazer parte dela. Não se sabe exatamente o que houve, mas o fato é que, ao recusarse a aceitar o cargo de subcomandante, Cabral se indispôs com o rei. Os motivos podem ter sido dois. O primeiro é que da esquadra faria parte uma frota comandada por um certo Vicente Sodré e, como ela teria autonomia de movimentos no Índico, Cabral se indignou com o que julgou ser uma diminuição de seus poderes. O segundo motivo, mais provável, é que, baseado nos poderes conferidos por uma carta régia assinada em 2 de outubro de 1501, Vasco da Gama nomeado Almirante das Índias teria exigido que o comando da armada fosse exclusivamente seu. O fato é que, quando a Esquadra da Vingança deixou Lisboa na primavera de 1502, seu único chefe era Vasco da Gama. Ao mesmo tempo, Cabral partia para o autoexílio em Santarém. Embora documentos provem que o rei continuou lhe pagando a pensão anual, Cabral jamais foi perdoado. Seu nome desaparece por completo das crônicas oficiais e nada se sabe sobre as duas últimas décadas de sua vida, exceto que ele estava doente das febres que adquirira na Índia. Pedro Álvares Cabral morreu na obscuridade, por volta de 1520, sem nunca ter retornado à corte e virtualmente sem saber que revelara ao mundo um território que era quase um continente. Em 1521 morria também o rei D. Manoel I, o monarca que jamais se interessou pela terra descoberta por Cabral
  • MENINO BOM PASTOR MAGNIFICENTE GRUPO EM MARFIM REPRESENTANDO O MENINO BOM PASTOR. VERTENTE INDO PORTUGUESA, ESCULTURA SINGULAR DO SEC. XVII. O CONJUNTO COM 14,5  CM DE ALTURA É UMA RICA JÓIA DA ARTE INDO PORTUGUESA SEISCENTISTA. O MENINO ESTÁ SENTADO SEGURA DOIS CORDEIROS UM SOBRE O OMBRO E OUTRO ACONCHEGADO JUNTO A CINTURA. ENCONTRA-SE VESTIDO COM PELES E CINGE A CINTURA CABAÇA E BORNAL. SUA CABEÇA ESTÁ EM POSIÇÃO DE REPOUSO COMO QUE A MEDITAR SUSTENTADA POR UMA DAS MÃOS. ABAIXO DO MENINO, ELABORADA BASE DISPOSTA EM DOIS NÍVEIS SENDO O PRIMEIRO UMA FONTE, NO NÍVEL INFERIOR REPRESENTAÇÃO DE MARIA MADALENA DEITADA, COM A CABEÇA APOIADA SOBRE O BRAÇO E NA PARTE TRASEIRA FIGURAS DE DOIS LEÕES EM VULTO PERFEITO. GOA, SEC. XVII, 14,5 CM DE ALTURA.NOTA: O Bom Pastor Menino é uma das iconografias mais delicadas e originais da arte indo-portuguesa. Designa-se também por Pastor Adormecido, Pastor Dormente, Menino Jesus Dormente, Bom Jesus da Lapa, Menino Deus da Montanha, Bom Pastor. A figuração de Jesus Cristo como Bom Pastor tem fundamento na parábola que se encontra nos Evangelhos de S. João (10, 1-16) e de S. Lucas (15, 1-7), onde Cristo se apresenta como pastor que defende do lobo as ovelhas do seu rebanho. Contudo, esta metáfora de Deus tem já raízes no Antigo Testamento. O salmo 23, por exemplo, começa com os versículos Iahweh é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar. Conduz-me às águas tranquilas e restaura as minhas forças. São muito numerosas, e com algumas variantes, estas pequenas esculturas destinadas, por certo, à devoção particular. O Menino senta-se no alto de um monte, a que se dá também o nome de empório, de olhos fechados, em atitude dormente, com o rosto levemente apoiado na mão direita, os dedos mínimo e anelar recolhidos. A mão esquerda segura, ao colo, um cordeiro. Sobre o ombro esquerdo outro, deitado de barrig. O Menino enverga um traje de pele de ovelha, esculpido em ponta de diamante, apertada na cintura por um cordão laçado. Apresenta atributos próprios de pastor: cajado, cabaça, do lado direito, bornal, no flanco esquerdo, atrás do cotovelo. Os pés, junto dos quais pastam dois cordeiros, um de cada lado, calçam sandálias de tiras. A montanha organiza-se em andares. No superior, vê-se uma fonte com a sua carranca, donde brota água. Duas aves, de longo pescoço, simetricamente colocadas, uma de cada lado, bebem. A simbologia cristã das aves é muito antiga. Encontra-se, por exemplo, num mosaico do mausoléu de Galla Placidia (séc. V) e manter-se-á como motivo iconográfico durante todo o período românico, pelo menos, embora as aves adotem, por vezes, posições diferentes. Essa iconografia significará a necessidade de o homem prestar atenção à sua alma, representada pelas aves, de ouvir a mensagem do céu. Convém igualmente reparar no fato de as aves da iconografia do Bom Pastor Menino não serem pombas, mas apresentarem longos pescoços, mais uma adaptação à arte indiana. No andar do meio, pastam ovelhas. No meio das outras, uma toca a sua a cria com o focinho, pormenor que revela bem a ternura da composição. No andar inferior, numa gruta, Santa Maria Madalena reclina-se sobre o braço direito e pousa a mão esquerda num livro aberto. Esse gesto indica que ela medita a Sagrada Escritura. Ladeando-a, veem-se duas outras grutas, uma de cada lado, onde repousam leões em posição igualmente deitada. Toda esta iconografia mostra particularidades que testemunham uma simbiose cultural do Ocidente cristão e do mundo budista. A primeira dessas particularidades é a posição dormente do Menino. Manifesta a influência da iconografia de Buda, quando representado no Parinirvana, isto é, no momento em que acede ao Nirvana, estado de perfeita serenidade interior. A posição transmite, portanto, a ideia essencial de repouso. É essa também a ideia fundamental do início do salmo 23: Iahweh é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar. Esse estado confirma-se também pela posição sentada do Menino. A mesma posição de repouso é a de Santa Maria Madalena, reclinada sobre o braço direito, posição em que Buda é também representado no momento da sua iluminação interior, ideia acentuada pelo gesto de tocar na Sagrada Escritura, o livro onde aprende a sabedoria espiritual. Outro ponto de contato com a tradição iconográfica indiana é a forma da peanha. Como assinala José António Falcão, em artigo sobre a inconografia do Bom Pastor Menino a peanha faz lembrar as kalaisa, elevações que servem de assento às divindades, mas também os gopurani, as torres dos templos hinduístas. Se a ideia de repouso e de paz nos parece a ideia central, outras interpretações, porém, podem ser apropriadamente formuladas. Por exemplo, a ideia de segurança. A ela somos levados pela representação dos leões nas grutas. Com eles em posição de descanso, podem as ovelhas alimentar-se sem qualquer receio. Vemos também aqui uma adaptação à fauna indiana da parábola evangélica, onde o inimigo do rebanho é o lobo. O leão, se pode significar Jesus Cristo o leão da tribo de Judá também pode ser símbolo do demónio. Para o confirmarmos, basta ir à Sé de Braga em Portugal e olhar para a base da pia batismal onde encontramos leões devorando crianças. A mensagem é clara: quem não for batizado será presa do demónio. Toda a natureza, aliás, se encontra em pacífica harmonia, constituindo a escultura um verdadeiro locus amoenus, uma paisagem idílica que lembra a harmonia cósmica do paraíso inicial. A presença de Santa Maria Madalena nessa iconografia é uma mensagem dirigida às mulheres das mais desprezadas castas da sociedade indiana, bem como às bailarinas dos templos. É uma maneira de dizer-lhes que toda a mulher, por mais socialmente desconsiderada que seja, tem lugar no rebanho de Cristo, que veio para salvar, precisamente, as pessoas tidas como mais vis e desprezíveis. Santa Maria Madalena constitui, afinal, um exemplo perfeito da mulher perdida desprezada que foi recuperada pelo Bom Pastor. Esta interpretação reforça ainda mais os pontos de contato entre o catolicismo e a mensagem budista. Com efeito, também o budismo rejeitava o sistema indiano de castas. Por estas razões, consideramos as esculturas do Bom Pastor Menino verdadeiramente preciosas e originais. Revelam o esforço de aculturação da arte e da mensagem cristã, através dos missionários portugueses, à sensibilidade e às circunstâncias concretas da sociedade indiana. As imagens indo portuguesas representam a expressão da similaridade da fé no divino das crenças cristãs a respeitosa religiosidade da milenar crença hindu. Fontes escritas narram que Vasco da Gama e sua tripulação, ao chegar a Calicute no século XVI, visitaram templos hindus que pensavam ser igrejas cristãs e, em alguns casos, teriam confundido as imagens de divindades hindus, ali consagradas com as de Nossa Senhora. No início do século XVI, a presença e a intensidade das artes hindu e muçulmana eram muito visíveis, materializando a força das culturas da civilização preexistente. A arte indo portuguesa surgiu da necessidade da superação da expressão arquitetônica e artística dos templos hindus. A eficácia da ação evangelizadora tornava imperativa a construção e ornamentação das igrejas católicas com uma suntuosidade não inferior à dos templos hindus e das mesquitas muçulmanas capazes de competirem com o esplendor artístico que os portugueses encontraram na Índia, particularmente em Goa. Nesse sentido, a monumentalização das igrejas e da talha sacra em seus interiores eram uma resposta direta ao caráter exuberante da arte e arquitetura encontradas no universo indiano. Algo invariavelmente viabilizado pelo uso de artífices locais, exímios herdeiros da tradição milenar da escultura em madeira e em marfim. Na Índia a Igreja viu-se na contingência de se adaptar ao contexto local aceitando, ou, pelo menos, tolerando o hibridismo artístico daí resultante uma miscigenação artística, uma fusão dos léxicos europeu e oriental. Com o passar do tempo, houve um distanciamento dos modelos europeus, acompanhado de um aumento de traços autóctones e a inserção de motivos tipicamente indianos, por vezes paradoxais, como os nâga e as nâginî divindades-serpente aquáticas associadas à fertilidade e extremamente populares em todo o subcontinente, possivelmente associadas a cultos pré-védicos e que na gramática indo-portuguesa aparecem geralmente representadas frontalmente, em pé e com as caudas bifurcadas e entrelaçadas. A conversão dos gentios previa também a oferenda, por parte dos missionários, de pequenas peças simbólicas que lhes materializavam a nova doutrina e lhes incutiam a Fé. Assim, na imaginária desenvolveu-se uma grande diversidade de soluções formais, presentes nas pequenas imagens devocionais, nos presépios, nos oratórios e nos Calvários de Pousar. Entretanto, é nas imagens do Bom Pastor que ficaram mais bem caracterizados os mecanismos discursivos a operar na imagética indo-portuguesa. Essa iconografia singular desenvolveu-se, na maioria dos casos, sobre um suporte tipicamente local o marfim, com ou sem policromia e douramento. Nas imagens em geral, a presença de elementos de origem budista (greco-búdica), como, por exemplo: o estilo do cabelo, a postura corporal, a posição do braço e da mão direita, os olhos semicerrados, a 0expressão calma e o sorriso hermético de concentração expectante são extraídos das representações orientais da Primeira Meditação do Buda. Nas imagens de Nossa Senhora os longos cabelos representados com ondulações são uma marca registrada. (Luiz da Silva Pereira - resumo do artigo publicado no suplemento Cultura do Diário do Minho de 26.12.2012).
  • MAJESTOSA IMAGEM DE CRISTO CRUCIFICADO EM MARFIM POLICROMADO DE VERTENTE LUSÍADA DIFICIL EXPRIMIR EM PALAVRAS O SIGNIFICADO E A EMOÇÃO QUE TRANSMITE ESSA TÃO GRANDE IMAGEM DE ANATOMIA PERFEITA, ROSTO SERENO E VIRTUOSA ESCULTURA. CHAMO ATENÇÃO PAR O SENDAL E SEUS CORDÕES ASSIM COMO O FORMIDÁVEL ROSTO. PORTUGAL, SEC. XVIII. 34 CM DE ALTURA
  • NOSSA SENHORA DAS MARAVILHAS  LINDA TALHA SETECENTISTA EM MADEIRA REPRESENTANDO NOSSA SENHORA DAS MARAVILHAS. POLICRAMADA E DOURADA A VIRGEM ENTRE NUVENS APRESENTA AOS HOMENS O MENINO JESUS. COM AMÃO EM SEU PRÓPRIO COLO ANUNCIA QUE JESUS É FRUTO DE SEU VENTRE. O MENINO GENTILMENTE ADORMECIDO TEM UMA DAS MÃOS SOBRE O COLO DA VIRGEM , SEU GESTUAL PROCLAMA  A MENSAGEM: ESTA É MINHA MÃE. MÃE E FILHO TEM BELO E EXPRESSIVO ROSTO. COM RICA MOLDURA ENTALHADA EM MADEIRA. BRASIL, SEC. XVIII. 80 X 51 CM
  • SÃO JOSÉ DE CUPERTINO  LINDA IMAGEM  DE SANTO DE ROCA EM BARRO POLICROMADO COM ROSTO EXPRESSIVO E LINDOS OLHOS AZUIS EM VIDRO. O SANTO É APRESENTADO EM EXTASE CMO OS OLHOS VOLTADOS PARA O CÉU E EXPRESSIVO ROSTO. ITÁLIA, SEC. XVIII. 14 X 10 CMNOTA: josé de Cupertino, nascido Giuseppe Desa (Copertino, 17 de junho de 1603  Ósimo, 18 de setembro de 1663), foi um místico e frade da Ordem dos Frades Menores Conventuais, canonizado em 1767 pelo Papa Clemente XIII. Atribui-se a ele muitos milagres de levitação e êxtase, bem como visões e aparições sobrenaturais. Ao longo de sua vida sofreu grande confusão mental e falta de inteligência, chegando ao ponto de chamar a si próprio irmão burro perante os frades menores. Apesar disso, é reportado de milagrosamente ter passado todos os estudantes de seu convento em conhecimento, e conseguia responder às questões mais complicadas. Foi despedido de dois conventos franciscanos por não conseguir corresponder aos ofícios e serviços comuns, mas após alguns anos trabalhando no estábulo do convento de Cupertino, foi admitido ao sacerdócio por ter impressionado aos frades com grande humildade, obediência e amor à penitência. É considerado o santo padroeiro dos alunos com dificuldades ou com "cabeça no ar", assim como dos viajantes de avião, pilotos e astronautas. Nasceu Giuseppe Maria Desa em 17 de junho de 1603, filho de Felice Desa e Francesca Panara, na vila de Cupertino, então na província de Apúlia, no reino de Nápoles, agora na província italiana de Lecce. Seu pai morreu antes de seu nascimento, no entanto, a casa da família foi confiscada para liquidar as grandes dívidas que lhe restavam, e sua mãe foi forçada a dar à luz em um estábulo.José começou a ter visões extáticas quando criança, que continuariam por toda sua vida, fazendo dele objeto de desprezo. Sua vida foi dificultada por suas frequentes explosões de raiva. Ele logo foi aprendiz de seu tio, que era sapateiro. Sentindo-se atraído pela vida religiosa, em 1620 se inscreveu nos frades franciscanos conventuais, mas foi rejeitado por sua falta de educação. Então se candidatou aos frades capuchinhos em Martino, perto de Taranto, pelos quais foi aceito em 1620 como irmão leigo, mas foi demitido porque seus contínuos êxtases o tornavam impróprio para os deveres exigidos de sua função.Depois que José voltou ao desprezo de sua família, pediu aos frades perto de Cupertino que lhe permitissem servir em seus estábulos. Depois de vários anos trabalhando lá, impressionou tanto os frades com a devoção e simplicidade de sua vida que foi admitido na Ordem, destinado a se tornar um sacerdote católico em 1625. Foi ordenado sacerdote em 28 de março de 1628, sendo então enviado para a Madonna delle Grazie, Gravina, na Apúlia, onde passou os próximos 15 anos de sua vida.Após esse ponto, as ocasiões de êxtase na vida de José começaram a se multiplicar. Foi alegado que ele levitava enquanto participava da missa ou ingressava na comunidade para o Ofício Divino, ganhando assim uma reputação generalizada de santidade entre as pessoas da região e além. Porém foi considerado perturbador por seus superiores religiosos e autoridades da Igreja, e acabou confinado a uma pequena cela, proibido de participar de qualquer reunião pública da comunidade.Como se acreditava amplamente que o fenômeno de voo ou levitação estivesse relacionado à bruxaria, José foi denunciado à Inquisição carece de fontes. Sob seu comando, ele foi transferido de um convento franciscano da região para outro para observação, primeiro para Assis (1639-1653), depois brevemente para Pietrarubbia e finalmente Fossombrone, onde viveu com e sob a supervisão dos frades capuchinhos (1653 -57). Ele praticou um ascetismo severo ao longo de sua vida, geralmente comendo alimentos sólidos apenas duas vezes por semana e adicionando pós amargos às refeições. Ele passou 35 anos de sua vida seguindo este regime. Finalmente, em 9 de julho de 1657, José foi autorizado a retornar a uma comunidade conventual, sendo enviado para a cidade de Osimo, onde logo morreu no dia 18 de setembro de 1663, aos 60 anos. José foi beatificado em 1753 pelo Papa Bento XIV e canonizado em 1767 pelo Papa Clemente XIII.
  • FAUSTOSO CRUCIFIXO DE VERTENTE LUSÍADA DO PERÍODO SETECENTISTA. CRUZ E M JACARANDÁ E CRISTO EM MARFIM.  ESTILO E ÉPOCA DOM JOSÉ I. APRESENTA CRISTO EM MARFIM PRIMORAOSAMENTE ESCULPIDO. ROSTO MAGNIFICO, BOCA ENTREABERTA. EM TORNO DO CRISTO FULGURANTE RESPLENDOR EM PRATA DE LEI QUE EMERGE DENTRE NUVENS. TITULO CRUCIS, PONTEIRAS E RESPLENDOR TAMBÉM EM PRATA DE LEI .A MAGNIFICA CRUZ É EM JACARANDÁ. PORTUGAL, 31 CM DE ALTURA (TAMANHO DO CRISTO) E 93 CM DE ALTURA (A CRUZ)
  • CONDE EDUARDO PRATES - LA CHAICE  GRANDE  ESCULTURA EM BRONZE REPRESENTANDO A CAÇA. A ESCULTURA APRESENTA UMA PERSONAGEM MASCULINO QUE  CARREGA EM SEUS OMBRO UM CERVO ABATIDO E NA MÃO UMA ESPINGARDA. GUARNECEU O PALACETE RESIDENCIAL DO CONDE EDUARDO PRATES EM SÃO PAULO. FRANÇA, SEC. XIX.  70 CM DE ALTURA
  • CONDE EDUARDO PRATES - LA PECHE  GRANDE  ESCULTURA EM BRONZE REPRESENTANDO A PESCA. A ESCULTURA APRESENTA UMA PERSONAGEM FEMININA QUE OSTENTA UM AMARRIO DE PEIXES EM UMA MÃO, RESULTADO SE SUA PESCA.  CARREGA EM SEU OMBRO UMA REDE DE PESCA. GUARNECEU O PALACETE RESIDENCIAL DO CONDE EDUARDO PRATES EM SÃO PAULO. FRANÇA ,FINAL DO SEC. XIX. 70 CM DE ALTURA

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