Peças para o próximo leilão

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  • BENEDITO CALIXTO  SUA MAJESTADE O IMPERADOR DOM PEDRO II E SUA MAJESTADE A IMPERATRIZ DONA THEREZA CHRISTINA. OST. ASSINADOS E DATADOS 1891. IMPORTANTES OBRAS HISTÓRICAS E MAGNÍFICAS! BRASIL, 1891, 53 X 44 CM.NOTA: BENEDITO CALIXTO além de virtuoso paisagista ficou famoso por seus trabalhos com pintura histórica, não de cenas, mas de indivíduos que se firmaram na identidade paulista, como o patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva (retratado em 1901) e o bandeirante Domingos Jorge Velho (1902). Era um monarquista convicto. Pintou por diversas vezes o retrato dos imperadores. Interessante notar que em um de seus quadros célebres A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Calixto cuida de representar o ato com sua visão do fato e deixa transparecer sua desaprovação ao regime.  Em 1893, o paulista Benedito Calixto pintou um quadro singular. Cenas históricas costumam ser romantizadas quando se eternizam por um artista. Mas não esta: sem qualquer glamour, um grupo de pessoas minúsculas, numa praça empoeirada, celebra um evento misterioso, sem muita empolgação. Não há heróis nem cavalos rampantes. A cena é retratada uma mera quartelada. Em sua época, a Proclamação da República foi imensamente impopular. Para ter uma ideia, nas últimas eleições do Império, em agosto de 1889, os republicanos só haviam feito dois deputados. E 1893 era um ano particularmente infeliz para o novo regime: Floriano Peixoto enfrentava duas revoltas, a da Armada e a Federalista, governando como um ditador.
  • MESTRE DE PIRANGA  NOSSA SENHORA DAS DORES (ATRIBUIDO). IMPORTANTE IMAGEM SETECENTISTA EM MADEIRA REPRESENTANDO NOSSA SENHORA DAS DORES. OBRA DO MESTRE PIRANGA COM TODOS OS SEUS ESTILEMAS CARACTERÍSTICOS. NOTAM-SE OS OMBROS LARGOS, JOELHOS EM MOVIMENTOS CIRCULARES DITOS RODILHAS, TALHE PROFUNDO E ANGULAR.O ROSTO DA VIRGEM PUNGENTE DE DOR É CARACTERÍSTICO DESSE GRANDE MESTRE DO BARROCO MINEIRO. NO PEITO UM CORAÇÃO EM VULTO PERFEITO COMPLETA A DECORAÇÃO. A VIRGEM ESTÁ ASSENTE SOBRE BASE SIMULANDO ROCHAS. PEÇA IMPORTANTE, DE EXCECIPCIONAL QUALIDADE, DIGNA DE MUSEU. MINAS GERAIS, SEC. XVIII. 53 CM DE ALTURANOTA: A obra do Mestre de Piranga é reconhecida no Brasil e no Mundo, tida como um ícone da imaginária barroca mineira do século XVIII, mas seu nome e os dados de sua biografia ainda permanecem desconhecidos. Suas imagens católicas têm importante valor histórico e artístico, são consideradas assemelhadas e influenciadas pela obra de Aleijadinho que acredita-se tenha sido seu contemporâneo. . As peças que lhes são atribuídas possuem estilemas acentuados, como os ombros exageradamente largos, panejamentos talhados de forma sumária em sulcos profundos e movimentos circulares nas mangas e na altura dos joelhos, os olhos grandes e esbugalhados, que chamam a atenção, são a assinatura do escultor. O Mestre de Piranga é assim chamado justamente por causa de peças encontradas no Vale do Rio Piranga, ao sul de Ouro Preto, terem sido atribuídas a uma só pessoa, um artesão provavelmente, por causa da frequência das características inconfundíveis, como a rudeza escultórica. O verdadeiro nome por trás do apelido Mestre de Piranga permanece incógnito, mas pistas sobre o mistério começaram a surgir. Veja na edição de janeiro. Foto: Nossa Senhora da Piedade, madeira policromada, Minas gerais, século XVIII
  • PALACIANO PAR DE MONUMENTAIS CANDELABROS EM PRATA DE LEI MARCAS PARA O REINO DA PRÚSSIA, FINAL DO SEC. XVIII. DOTADO DE 5 LUMES. LINDA DECORAÇÃO! NO CENTRO TEM QUERUBIM OU PUTTO MONTADO EM CAVALO DE ONDE PARTE CORNUCÓPIA EM TORCEIL QUE SUSTENTA OS BRAÇOS DO CANTELABRO. SUTENTANDO O LUME MAIS ALTO, OUTRO PUTTO APOIADO SOBRE BENGALA DE PASTOR.  ABAIXO DO CAVALO INCRUSTAÇÃO DE PEDRAS EM CABOCHON EM TORNO DE TODA VOLTA. FUSTE EM BALAUSTRE DECORADO COM ROCAILLE. ASSENTE SOBRE QUATRO PÉS. PEÇA FANTÁSTICA! NA PARTE INFERIOR POSSUI MARCA DE BURILADA CONSTANDO-SE QUE ESSA PEÇA FOI EM ALGUM MOMENTO ADENTRADA EM PORTUGAL. REINO DA PRÚSSIA, SEC XVIII. 67 CM DE ALTURA. 4040 G
  • PRATA DE LEI VITORIANA  PALACIANA SALVA EM PRATA DE LEI COM GRANDE DIMENSÃO CONSTRUIDA COM EXTRAORDINÁRIO PRECIOSISMO. MARCAS PARA CIDADE DE LONDRES CORRESPONDENTE A DECADA DE 1850. PRATEIROS Stephen Smith & William Nicholson ESTABELECIDOS EM 1851 E ENCERRADOS EM 1864. TRATA-SE DA MAIS BELA SALVA ATÉ HOJE APRESENTADA EM NOSSOS LEILÕES. A GALERIA É REMATADA POR ESPESSO LAURÉL E A TODA VOLTA CONSTRUÍDA EM FENESTRAS UMA REQUINTADA E BEM ELABORADA DECORAÇÃO COM FIGURAS DE LEOAS GUARDANDO ANFORAS E RESERVAS DO TIPO MEDALHÃO COM CARIATIDES DE HOMENS VERDES CUJOS CABELOS SÃO CONSTITUIDOS POR PARRAS E CACHOS DE UVAS. ESPETÁCULO A PARTE SÃO OS QUATRO GRANDES PES EM GARRA ALADOS POR CABEÇAS DE LEÃO. E ELEMENTOS VEGETALISTAS.OBJETOS PRODUZIDOS POR ESSES GRANDES ARTIFICES ATINGEM A CIFRA DE DEZENAS DE MILHARES DE LIBRAS EM LEILÕES COMO OS DA CASA CHRISTIE (VIDE EM: https://www.lotsearch.net/lot/a-victorian-silver-large-regimental-soup-tureen-and-cover-stephen-smith-21025747?page=31&orderBy=lccs-score&order=DESC). CHAMAMOS A ATENÇAO DE NOSSOS ESTIMADOS CLIENTES QUANTO A BELEZA E QUALIDADE DE EXECUÇÃO DESSA OBRA PRIMA DA OURIVESSARIA INGLESA. 50 CM DE DIAMETRO. 3500GNOTA: Homem Verde é uma escultura, desenho, ou outra representação de um rosto rodeado por folhas. Ramos ou cipós podem brotar pelo nariz, boca, narinas ou outras partes do rosto e estes brotos podem conter flores ou frutas. Comumente usados como ornamentos decorativos, Homens Verdes são frequentemente encontrados em esculturas, igrejas e outros edifícios (tanto seculares quanto eclesiásticos). "O Homem Verde" também é um nome popular para pubs ingleses e diferentes interpretações do nome aparecem em letreiros de pousadas, que, algumas vezes, mostram uma figura inteira ao invés de somente a cabeça. O motivo Homem Verde tem muitas variações. Encontrado em muitas culturas ao redor do mundo, o Homem Verde é muitas vezes relacionado a divindades de natureza vegetal em diferentes culturas ao longo dos tempos. Essencialmente, ele é interpretado como um símbolo de renascimento, representando o ciclo de crescimento a cada primavera. Especula-se que a mitologia do Homem Verde desenvolveu-se independentemente nas tradições de culturas ancestrais separadas e evoluiu para a grande variedade de exemplos encontrados ao longo da história. O termo "Homem Verde" foi cunhado por Lady Raglan, em seu artigo "O Homem Verde em Arquitetura Eclesiástica" de 1939 no 'The Folklore Journal'. Geralmente usadas em trabalhos de arquitetura como cabeças ou máscaras folheadas, esculturas do Homem Verde pode tomar várias formas, naturalística ou decorativa. As mais simples retratam o rosto de um homem olhando para fora de densa folhagem. Algumas podem ter folhas em lugar de cabelo, e também em lugar da barba. Muitas vezes as folhas ou ramos frondosos são mostrados crescendo de sua boca aberta, do nariz e também dos olhos. Nos exemplos mais abstratos, a escultura parece ser, à primeira vista, folhagem meramente estilizada, com o elemento facial somente se tornando evidente depois de uma verificação mais acurada. O rosto é quase sempre masculino; mulheres verdes são raras. Gatos, leões, e demônios verdes também podem ser encontrados. Em lápides e em outros memoriais, crânios humanos são ocasionalmente representados com videiras ou outro vegetal brotando de seu interior, presumivelmente como um símbolo de ressurreição.
  • A partir desse momento apregoaremos importante coleção de móveis modernistas das décadas de 50 e 60. Os móveis apresentados nessa sessão do leilão tem sua autenticidade garantida. São objeto de mais de duas décadas de garimpagem, criteriosa catalogação e estudo aprofundado. Foram para o titular da coleção ao longo desses anos  um hobby e porque não dizer uma obsessão. Por isso mostra-se a oportunidade valiosa para adquirir peças de mobiliário dos maiores designers do Brasil de meados do sec. XX. Hoje famosos e cobiçados em todo mundo, quer pela beleza e ousadia do designer ou pela variedade, qualidade e riqueza da madeira da flora brasileira. Iniciaremos com o lote que segue: OSCAR NIEMMEYER & ANNA MARIA NIEMEYER  MARQUESA BENCH  ICÔNICO BANCO DO TIPO MARQUESA PROJETADA POR OSCAR NIEMEYER E  SUA FILHA ANNA MARIA NIEMEYER. CONSTRUÍDO EM MADEIRA DOBRADA EBANIZADA E ASSENTO EM PALHA TRANÇADA. POSSUI SELO HOLOGRÁFICO DA FUNDAÇÃO ANNA MARIA E OSCAR NIEMEYER COM NÚMERO DE ID ARQUITETÔNICO REGISTRADO: MQ01098. PEÇA MAGNÍFICA E TAMBÉM A MAIS COBIÇADA DENTRE A PRODUÇÃO DE MOBILIÁRIO DE OSCAR NIEMEYER. DIMENSÕES: 253 X 55 X 83NOTA: Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho nasceu em 15 de dezembro de 1907 no Rio de Janeiro. Estudou no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria. Em 1928, com 21 anos, casou-se com Annita Baldo e com ela teve uma filha. No ano seguinte, iniciou seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (atual UFRJ). Concluiu o curso de Arquitetura em 1934 e logo foi trabalhar com um dos mais renomados arquitetos brasileiros: Lúcio Costa (1902-1998). Ali conhece o arquiteto e urbanista suíço Le Corbusier (1887-1965). Em 1968 foi convidado por Lúcio Costa para participar de Feira Mundial de Nova York, nos Estados Unidos. Em 1945 Oscar se integra ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Após dois anos, retorna à Nova York uma vez que foi indicado para participar do desenvolvimento do projeto da sede da ONU. Em 1949 Oscar foi agraciado com o título de Membro Honorário da Academia Americana de Artes e Ciências. Em 1954 viajou para a Europa com o intuito de participar de um projeto de reconstrução da cidade de Berlim, na Alemanha. No mesmo ano, trabalhou na Venezuela no projeto do Museu de Arte Moderna de Caracas. Além disso ele ficou encarregado do projeto arquitetônico do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Um de seus projetos mais conhecidos no parque é o Auditório Ibirapuera, concebido pelo arquiteto em 1950 e inaugurado em 2005. O equipamento cultural possui 7 mil m2 de área construída e 4.870 m2 de área projetada. Curioso notar que até 2014 era chamado somente de Auditório Ibirapuera. No entanto, para homenagear o arquiteto, o prefeito da cidade, Fernando Haddad, sancionou a Lei n. 16.046, alterando o nome da construção para: Auditório Ibirapuera  Oscar Niemeyer. No Rio de Janeiro, Oscar fundou a Revista Módulo em 1955, que anos mais tarde foi banida pelo governo militar. No final dos anos 50, Niemeyer foi convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek a participar da construção da capital do Brasil: Brasília. Por conta disso, ele foi nomeado Diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitetura da Novacap. Após a construção de Brasília em 1960, trabalhou como coordenador da Escola de Arquitetura da Universidade de Brasília (UNB) de 1962 a 1965. Em 1963 foi agraciado pelo "Prêmio Lênin da Paz", na URSS. No mesmo ano, foi nomeado membro honorário do American Institute of Architects (Instituto Americano de Arquitetos) nos Estados Unidos. Após o golpe militar de 1964, viajou para Paris com o intuito de participar da exposição intitulada Oscar Niemeyer, larchitecte de Brasília, no Louvre. Na capital francesa ele abriu um escritório nos Champs Elysées em 1972 e ali trabalhou cerca de 20 anos. Durante esse tempo, fez projetos e exposições na França, Itália, Argélia, etc. Em 1988 recebeu o "Prêmio Pritzker de Arquitetura", em Chicago, nos Estados Unidos. No ano seguinte recebeu o "Prêmio Príncipe de Astúrias", na categoria Artes, da Fundação Principado de Astúrias, Espanha. Nesse mesmo ano, Oscar foi nomeado membro honorário do Real Instituto dos Arquitetos Britânicos, na Inglaterra. Em 1996 recebeu o "Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza", por ocasião da VI Mostra Internacional de Arquitetura. Em 2001, Niemeyer foi agraciado com o título de Arquiteto do Século XX, do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil. Em 2004, sua mulher Annita Baldo faleceu. Em 2005 recebeu o título de "Patrono da Arquitetura Brasileira", concedido pela Câmara dos Deputados de Brasília.No ano seguinte, com 98 anos casa-se novamente com Vera Lúcia G. Niemeyer. Em 2012, falece sua única filha: Anna Maria Niemeyer. No mesmo ano, Oscar Niemeyer morreu em 5 de dezembro de 2012, com 104 anos. Nas palavras do arquiteto: Cem anos é uma bobagem, depois dos 70 a gente começa a se despedir dos amigos. O que vale é a vida inteira, cada minuto também, e acho que passei bem por ela.
  • EMILIANO DI CAVALCANTI -   RETRATO DE PAULO DA SILVA PRADO (1869-1943). DÉCADA DE 20  OST  ASSINADO CANTO INFERIOR DIREITO. 64 X 52 CM (SEM CONSIDERAR O TAMANHO DA MOLDURA COM ELA 86 X 74 CM. DURANTE A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922  O PINTOR DI CAVALCANTE (1897-1976) DESABAFA A MÁRIO E OSWALD DE ANDRADE: "NÃO É VERGONHA SER POBRE E SER BOÊMIO, DIGAM LOGO A PAULO PRADO QUE ME FALTA DINHEIRO PARA PAGAR O HOTEL, E QUE ELE COMPRE UNS DESENHOS MEUS, UM QUADRO, O QUE ELE QUISER, PARA ME SUSTENTAR AQUI EM SÃO PAULO, POR UM MÊS". A FALA DE DI CAVALCANTE DEMONSTRA AS MINÚCIAS POR TRÁS DE UM FATO INCONTESTÁVEL DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, O MOVIMENTO QUE MUDOU A FEIÇÃO DA ARTE E DA POESIA BRASILEIRA: O GRANDE REALIZADOR, PATROCINADOR E FIADOR DO MOVIMENTO JUNTO A ELITE PAULISTA FOI O EMPRESÁRIO E ENSAÍSTA DA FORMAÇÃO SOCIAL DO BRASIL,  PAULO DA SILVA PRADO. NÃO É POR ACASO QUE O MODERNISTA MÁRIO DE ANDRADE EM SUA OBRA O MOVIMENTO MODERNISTA CONSIDERA PAULO PRADO  O FAUTOR VERDADEIRO DA SEMANA DE ARTE MODERNA, SENDO A ÚNICA PESSOA IMPRESCINDÍVEL PARA A REALIZAÇÃO DO EVENTO, POIS GRAÇAS A ELE O MOVIMENTO GANHOU EXPRESSÃO SOCIAL. PAULO PRADO NÃO LIMITOU-SE SOMENTE A FIGURA FINANCIADORA DA SEMANA DE 22, CÂNDIDO MOTTA FILHO RELEMBRA UM DIÁLOGO NO QUAL O POETA RONALD DE CARVALHO COMENTA QUE A REUNIÃO MODERNISTA ESTAVA CHEIA DE PASSADISTAS, AO QUE PAULO PRADO TERIA RESPONDIDO : ISSO NÃO TEM IMPORTÂNCIA. O IMPORTANTE É A REUNIÃO ! . O PRIMORDIAL ERA DESAFIAR UM GOSTO CONSOLIDADO COM ALGO DIFERENTE DAQUILO QUE A ACADEMIA ENSINAVA OU, AO MENOS, TENTAR FAZÊ-LO. NESSE SENTIDO, SE A INTENÇÃO DELIBERADA DO EVENTO ERA CHOCAR, DE FATO, A PLATÉIA SAIU DE LÁ, NO MÍNIMO, INCOMODADA, COMO DEMONSTRAM AS VAIAS E GRITOS DE DESAPROVAÇÃO. INCLUSIVE, CONTA GERALDO FERRAZ, ERA PAULO PRADO QUEM GRITAVA, AO CALOR DAS VAIAS DO PÚBLICO, SUGESTÕES PARA DOMINAR O ALVOROÇO E PROSSEGUIR SEM PROBLEMAS COM O EVENTO. NÃO É POSSIVEL PENSAR NA ARTE BRASILEIRA EM TODO SEC. XX SEM RECUPERAR O PAPEL DE PAULO PRADO EM SUA FORMAÇÃO. ELE NÃO SÓ FOI O GRANDE MECENAS DO MODERNISMO E DA SEMANA DE ARTE MODERNA QUANTO GARANTIU AO MOVIMENTO O APOIO DAS ELITES PAULISTAS, A OLIGARQUIA CAFEICULTORA. ALÉM DISSO SUA VASTA OBRA LITERÁRIA TRAZ UMA COMPREENSÃO INÉDITA ATÉ ENTÃO DAS RAÍZES DA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E SUA CULTURA. NÃO É EXAGERO DIZER QUE ESTA OBRA HORA APREGOAGA ENCERRA TODO O SENTIDO DA TRANSIÇÃO DO BRASIL COMO UM REPETIDOR DA ARTE EUROPÉIA CLÁSSICA ACADÊMICA PARA UM PAÍS QUE PASSA A FORMAR SEU PRÓPRIO CONCEITO DE ARTE NAICONAL A PARTIR DO  VERDADEIRO CONCEITO DE BRASILIDADE.  NOTA: Bisneto do Barão de Iguape, Paulo Prado foi criado no seio de uma tradicional família paulista ligada à produção do café. Em fins do século XIX, a família Prado não somente é a maior produtora de café da época, como também exerce importante papel na direção do país, nas campanhas da abolição e de imigração, assim como na lavoura, pecuária, indústria e transportes. Paulo Prado incorpora o capital familiar sob suas diversas formas - cultural, econômica, social e política - em um período de transição da Monarquia à República, da escravidão negra à mão-de-obra livre, do apogeu da exportação do café aos primórdios da industrialização. Graduado na última turma do Império, em 1889, vê desaparecer, com a proclamação da República, o ambiente que lhe é familiar, fechando-se as portas para a provável carreira política que teria seguido como primogênito da família. Paulo da Silva Prado nasceu em 20 de maio de 1869, na Rua da Consolação, na cidade de São Paulo. Filho de Antônio da Silva Prado e Maria Catarina da Costa Pinto e Silva. Era neto do Conselheiro Antônio Prado e Bisneto de Dona Veridiana Silva Prado, a grande dama do segundo império na cidade de São Paulo. Desde a infância recebeu uma educação reservada e própria aos membros da elite local, com ênfase no desenvolvimento cultural, aprendizado de línguas estrangeiras, dança e piano. Em 1889, após se formar em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, Prado viajou, na companhia do tio Eduardo Prado (1860-1901), a Paris, onde teve contato com os intelectuais da Geração de 70. O círculo de amigos de Eduardo Prado era composto de nomes ilustres como: Eça de Queirós (1845-1901), Graça Aranha (1868-1931), Afonso Arinos de Melo Franco (1868-1916), Oliveira Martins (1845-1894), Barão do Rio Branco (1845- 1912), Olavo Bilac (1865-1918), entre outros. O regresso ao Brasil foi marcado pela necessidade de assumir os negócios da família; assim, se tornou presidente da maior empresa de exportação de café do país, a Casa Prado, Chaves & Cia, tarefa na qual se deteve até a morte, em 1943. A pluralidade da figura de Paulo Prado fez com que tivesse prestígio no ramo empresarial e, ao mesmo tempo, se destacasse como colaborador de importantes periódicos paulistas, como O Estado de S. Paulo, Correio da Manhã, Jornal do Comércio e Revista do Brasil, além de ter participação ativa na fundação de importantes revistas modernistas (Klaxon, Terra Roxa e outras terras e Revista Nova) e no próprio movimento da Semana de Arte Moderna.  Nesta mesma época, Paulo Prado foi peça chave da organização e financiamento da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e foi apontado por Mário de Andrade como o fautor verdadeiro para a ocorrência do movimento de 22. Em sua residência, onde vivia com a francesa Marie Noemi Alphonsine Lebrun, conhecida como Marinette, na avenida Higienópolis, 31, promovia o encontro do grupo de artistas e intelectuais, sempre com grande fartura de alimentos e bebidas. E foi em seus salões que surgiu a idéia para realização da Semana de Arte Moderna.  É preciso dizer que Paulo Prado não agiu como um mecenas extravagante e inconsequente ao promover a Semana de Arte Moderna; de fato o autor compreendia o movimento como fruto de uma mobilização da sociedade paulista, de sua elite e dos artistas que a compunham. Ademais, era comum à época o incentivo e patrocínio de empresários e notáveis aos grandes espetáculos e exposições de obras artísticas. Observamos que no caso de Prado a distinção estava em promover a manifestação modernista sem o apoio majoritário da sociedade da época. Em Nacional Estrangeiro, Sérgio Miceli enfatiza a importância do apoio de Paulo Prado para o sucesso do movimento modernista de 22, já que se tratava de um respeitado nome da sociedade aristocrata conservadora da época. Já havia também incontestável relação de Paulo Prado com o grupo que promove a Semana de 1922 tomando o campo das relações pessoais. Lembremos que Prado é padrinho por parte da noiva, ao lado de Olívia Guedes Penteado, do casamento de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, em 1926. Além disso, Oswald não somente é prefaciado por Prado em sua Poesia Pau Brasil (1925), como lhe dedica Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) ; enquanto Mário confessa em um prefácio inédito ter escrito Macunaíma (1928) a partir da leitura dos rascunhos de Retrato do Brasil, lançado no mesmo ano. Temos aí constituída uma parceria de afinidades que sinalizam o lastro social no qual se entranhava o entrosamento ideal perseguido pelos modernistas, entre cultura, política e mundanismo Lembremos que Paulo Prado teve também atuação decisiva em vários episódios que atuaram como prelúdios da Semana de 1922. A maioria dessas atividades públicas por ele organizadas e financiadas foram realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, cuja construção representa uma grande marca da administração de seu pai como prefeito da cidade. São Paulo, dizia Antônio Prado, não tinha vida social. Era necessário estimulá-la intensamente, por todos os meios e em todas as classes da população. Sem o que nunca passaria de um quieto burgo do interior. O projeto do teatro paulistano foi encomendado a Cláudio Rossi (1850-1935), arquiteto da família Prado, que teve que viajar à Europa para pesquisar e adquirir o material apropriado. Construído em um terreno que pertencia a Companhia Antártica Paulista, ligada empresarialmente a família Prado, que lhe fornecia os vasilhames da Vidraria Santa Marina, o Teatro Municipal de São Paulo tornou-se um reduto privilegiado de eventos de atualização da consciência artística e cultural, que têm lugar anos antes da famosa Semana de Arte Moderna. Em 1917 adquire um quadro na histórica exposição de Anita Malfatti, em 1917, travando, ao que parece, seu primeiro contato com os futuros participantes de Semana de Arte Moderna. Esse contato com os jovens brasileiros será aprofundado em Paris, o que não soa estranho. Afinal, os arredores da Place de Clichy, no início do século XX, se transformam, nos termos de Paulo Prado, no umbigo do mundo. Na década de 1920, Paris e sua efervescência cultural atraíam artistas e mecenas de todos os lugares do mundo. No caso dos artistas brasileiros, lá estavam Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Victor Brecheret (1894-1955), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), entre outros, muitos deles patrocinados por Paulo Prado, como Brecheret, Di Cavalcanti e Villa-Lobos. Paulo Prado aparece aqui, já em idade madura, como um importante mediador entre São Paulo e Paris. Ninguém mais do que Paulo Prado, contam os amigos, apreciava os prazeres da vida parisiense : o ateliê do pintor Fernand Léger (1881-1955), os quadros de Pablo Picasso (1881-1973) da casa de Madame Eugenia Errazuriz (1858-1951) e as obras pré-modernistas do marchand Ambroise Vollard. Prado chega a escrever uma carta de Paris a Mário de Andrade (18931945) só para fazer inveja, pois estava em frente a dois grandes Picassos, que são um encanto  Sobre ele Gylberto Freire escreveu: Curiosa figura a desse Paulo Prado, amigo do velho Henry Shorto é capaz de discutir durante horas, com banqueiros e fazendeiros, os pormenores mais prosaicos dos problemas do café paulista, é ao mesmo tempo procurado para as mais platônicas deste mundo por velhos esquisitos da marca de Capistrano de Abreu, por modernistas do arrojo experimental de Mário de Andrade, por pintores da audácia poética de Cícero Dias. Quem daqui a meio século estudar a personalidade e a vida de Paulo Prado se espantará de certo ao ver seu nome associado ao mesmo tempo ao movimento modernista e ao Departamento Nacional do Café.
  • Ao iniciarmos nossas atividades no ano de 2020, retomamos a SEGUNDA PARTE DO LEILÃO DO ACERVO DE DESCENDENTES DO CONDE FRANCESCO MATARAZZO E DO GOV. PEIXOTO GOMIDE. Francesco Antonio Matarazzo fundou um império que viria a ser o motor da industrialização do Brasil. O Conde Matarazzo é o grande patrono da indústria brasileira. Seu mote nos negócios sempre foi buscar a emancipação industrial do Brasil. A partir de um pequeno capital inicial, ele acumulou um patrimônio que em valores atuais passaria de 20 bilhões de dólares e o colocaria confortavelmente entre os dez homens mais ricos do mundo. As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, as IRFM, chegaram a empregar mais de 30 mil pessoas, número que pouquíssimas empresas privadas atingem no Brasil de hoje. Além de diversificar e fazer crescer a indústria nacional, o legado de Matarazzo para o Brasil incluiu a conquista de um enorme mercado consumidor, que foi fundamental para o desenvolvimento de nosso capitalismo. Apresentamos um rico acervo que constitui  não só reminiscências de um passado de fausto,  mas também testemunha histórica do cotidiano de um grande homem e de seus descendentes. Os Matarazzo transformaram o Brasil de uma Nação imberbe e escravocrata no embrião de uma das maiores economias do mundo. Iniciaremos com o lote que segue: PRATA DE LEI VITORIANA SUNTUOSO WINE JUG EM PRATA DE LEI COM MARCAS PARA CIDADE DE SHEFFIELD E LETRA DATA 1901(ANO DA MORTE DA RAINHA VITÓRIA). MARCAS DO PRATEIRO JAMES DIXON & SONS, PRESTIGIADOS ARTÍFICES ESTABELECIDOS EM 1801 NA CIDADE DE SHEFFIELD. SUAS PEÇAS ALCANÇAM VULTOSOS VALORES EM IMPORTANTES LEILÕES INTERNACIONAIS COMO DA CASA CRHISTIE (VIDE EM: https://www.christies.com/LotFinder/lot_details.aspx?intObjectID=5600909).  POUCAS VEZES SE VERÁ EXEMPLAR TÃO BELO DE WINE JUG.  ELEGANTE DECORAÇÃO COM MUITAS CARIÁTIDES E MASCARÕES COM FIGURAS DE ANTROMOFÓRFICAS A PARTIR DE CABEÇAS DE LEÕES. BELAS FIGURAS DE ANTILOPES ALUDINDO AO IMPÉRIO BRITÂNICO, O MAIOR IMPÉRIO EM TERRAS DESCONTÍNUAS EXISTENTE NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE. TAMBÉM ROBUSTOS LAURÉIS RELEVADOS. ALÇA COM FEITIO DE CARIÁTIDE EM VULTO PERFEITO COM ARREMATES EM MARFIM. TAMPA BASCULANTE. NO GARGALO EM POSIÇÃO DIANTEIRA E TRASEIRA DOIS MASCARÕES GEORGIANOS REPRESENTANDO HOMENS VERDES.  INGLATERRA, 33 CM DE ALTURA.NOTA: Homem Verde é uma escultura, desenho, ou outra representação de um rosto rodeado por folhas. Ramos ou cipós podem brotar pelo nariz, boca, narinas ou outras partes do rosto e estes brotos podem conter flores ou frutas. Comumente usados como ornamentos decorativos, Homens Verdes são frequentemente encontrados em esculturas, igrejas e outros edifícios (tanto seculares quanto eclesiásticos). "O Homem Verde" também é um nome popular para pubs ingleses e diferentes interpretações do nome aparecem em letreiros de pousadas, que, algumas vezes, mostram uma figura inteira ao invés de somente a cabeça. O motivo Homem Verde tem muitas variações. Encontrado em muitas culturas ao redor do mundo, o Homem Verde é muitas vezes relacionado a divindades de natureza vegetal em diferentes culturas ao longo dos tempos. Essencialmente, ele é interpretado como um símbolo de renascimento, representando o ciclo de crescimento a cada primavera. Especula-se que a mitologia do Homem Verde desenvolveu-se independentemente nas tradições de culturas ancestrais separadas e evoluiu para a grande variedade de exemplos encontrados ao longo da história. O termo "Homem Verde" foi cunhado por Lady Raglan, em seu artigo "O Homem Verde em Arquitetura Eclesiástica" de 1939 no 'The Folklore Journal'. Geralmente usadas em trabalhos de arquitetura como cabeças ou máscaras folheadas, esculturas do Homem Verde pode tomar várias formas, naturalística ou decorativa. As mais simples retratam o rosto de um homem olhando para fora de densa folhagem. Algumas podem ter folhas em lugar de cabelo, e também em lugar da barba. Muitas vezes as folhas ou ramos frondosos são mostrados crescendo de sua boca aberta, do nariz e também dos olhos. Nos exemplos mais abstratos, a escultura parece ser, à primeira vista, folhagem meramente estilizada, com o elemento facial somente se tornando evidente depois de uma verificação mais acurada. O rosto é quase sempre masculino; mulheres verdes são  raras. Gatos, leões, e demônios verdes também podem ser encontrados. Em lápides e em outros memoriais, crânios humanos são ocasionalmente representados com videiras ou outro vegetal brotando de seu interior, presumivelmente como um símbolo de ressurreição.
  • DONA CARLOTA JOAQUINA DE BOURBON Y BRAGANÇA  RAINHA DE PORTUGAL, IMPERATRIZ DO BRASIL. PRECIOSO PEDANTIFE EM OURO, PRATA E  MINAS NOVAS COM CAMAFEU ESCULPIDO EM ROCHA LEPIDOLITE PRIMOROSAMENTE ENTALHADO EM ALTO RELEVO COM O BRASÃO DE  ARMAS DO PRINCIPE DO BRASIL. O TÍTULO DE PRINCIPE DO BRASIL ERA DESTINADO AO PRIMOGÊNITO DO REI E PORTANTO O HERDEIRO DO TRONO PORTUGUÊS E ESCOLHIA SEU BRASÃO DE ARMAS PESSOAL, AS DESSE CAMAFEU FORAM AS ARMAS ADOTADAS DO FUTURO REI DOM JOÃO VI E POR SUA CONSORTE DONA CARLOTA JOAQUINA QUE OCUPARAM A POSIÇÃO DE S.A.R PRINCIPES DO BRASIL DE 1788 ATÉ 1816 QUANDO ACESDERAM AO TRONO. O BRASÃO DE ARMAS È EMOLDURADO POR FLORES E ENCIMADO POR COROA REAL. DA PARTE INFERIOR DO BRASÃO PENDE A GRANDE CRUZ DA ORDEM DE CRISTO ADOTADA NO BRASÃO DE DOM JOÃO VI. A JÓIA ESTÁ ACONDICIONADA EM ESTOJO FORRADO EM VELUDO E INTERIOR EM CETIM CARMESIM. A TAMPA TEM MAGNIFICO BORDADO DO BRASÃO IMPERIAL BRASILEIRO ADOTADO PELO IMPERADOR DOM PEDRO I DE ONDE PENDE AO CENTRO A COMENDA CRUZEIRO DO SUL (A PRIMEIRA COMENDA BRASILEIRA, CRIADA POR DOM PEDRO I APENAS TRES MESES APÓS A INDEPENDENCIA EM DEZEMBRO DE 1822). A COROA DO ESTOJO É AINDA A COROA REAL PORTUGUESA E O LAÇO NACIONAL NA PARTE INFERIOR É VERMELHO COMO FOI ATÉ O FINAL DE 1822. PROCEDENTE DA COLEÇÃO SENADOR JOSÉ DE FREITAS VALLE  VILLA KYRIAL. O SENADOR FOI UM DOS MAIORES COLECIONADORES DE ARTE DO BRASIL,  SUAS COLEÇÕES REMONTAM AO FINAL DO SEC. XIX, FOI GRANDE MECENAS DA ARTE NO INICIO DO SEC. XIX.  DISPERSADA A COLEÇÃO NA DECADA DE 60, CONSTITUE O CERNE DE IMPORTANTES MUSEUS BRASILEIROS. FOI SENADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO NOS ANOS INICIAIS DA REPÚBLICA, LOGO APÓS O GOLPE DE 1889 E TAMBÉM FOI UM DOS ARREMATANTES DOS LEILÕES DO PAÇO IMPERIAL DE SÃO CRISTÓVÃO. PEÇA IMPORTANTE E DE EXTREMA QUALIDADE E BELEZA, ALTA OURIVESSARIA SETECENTISTA. PORTUGAL, SEC. XVIII. 8 CM DE ALTURA. 45 G.NOTA: JOSÉ DE FREITAS VALLE, mais conhecido como SENADOR FREITAS VALLE, (Alegrete, 20 de agosto de 1870  São Paulo, 14 de fevereiro de 1958) foi um advogado, poeta, político, mecenas e intelectual brasileiro. Filho de Manuel de Freitas Vale, natural de Ilha Bela, São Paulo, que migrou para os pampas em 1838, fixando-se em Alegrete, Rio Grande do Sul, onde fez fortuna, e de Luísa Firmino Jacques. No início do ano de 1886 mudou-se para São Paulo e, já em 7 de abril daquele ano teve sua matrícula deferida, ingressando na Faculdade de Direito de São Paulo, onde fincou suas raízes pelo resto de sua vida. Antes de terminar o curso, com 18 anos, casou-se com Antonieta Egídio de Souza Aranha, neta de Maria Luzia de Souza Aranha, viscondessa de Campinas, sendo filha de Martim Egydio de Souza Aranha e Talvina do Amaral Nogueira e irmã de Euclides de Souza Aranha, que veio a ser pai do chanceler Oswaldo Aranha, portanto, herdeira dos maiores produtores de café na região de Campinas. Era o ano de 1888. Se já era rico até então, juntadas as fortunas, tornou-se milionário. Foi seu filho o embaixador Cyro de Freitas Vale. Em 1895 foi nomeado subprocurador do Estado de São Paulo, exercendo o cargo até se aposentar como subprocurador-geral no ano de 1937; no mesmo ano de 1895 prestou concurso para a cadeira de Francês e Literatura Francesa no Ginásio do Estado lecionando até 1936, quando se aposentou como docente. Em 1903 iniciou-se na política paulista sendo eleito deputado pelo Partido Republicano Paulista, para a Câmara Estadual de São Paulo na 6ª Legislatura (1904-1906) sendo sucessivamente reeleito até a 12ª Legislatura, quando, em 1922, se candidatou e foi eleito para o preenchimento de vaga aberta no Senado Estadual. Em 1925 foi reeleito para o Senado exercendo o cargo de senador até a extinção deste pelos revolucionários de 1930. Fiel ao Partido Republicano Paulista  PRP e, muito especialmente, a seus amigos e correligionários, Washington Luís Pereira de Sousa e Júlio Prestes, alijados do poder, desinteressou-se da política, muito embora tenha sido convidado pelo sobrinho Oswaldo Aranha, Ministro da Fazenda e da Justiça do governo Getúlio Vargas, a intermediar negociações partidárias respondia Meu coração é perepista e eu vou morrer PRP. Em 1904 o senador Freitas Vale adquiriu de Ernesto Zschöckel, para sua residência, uma chácara com sete mil metros quadrados, localizada na rua Domingos de Morais n 10, próxima da avenida Paulista, na Vila Mariana, bairro da cidade de São Paulo, que denominou Villa Kyrial, já com o propósito de torná-la um reduto cultural, inspirado na moda dos salões europeus, como os de Gertrud Stein ou de Natalie Clifford Barney. Em termos paulistanos, a Villa Kyrial, de certa maneira, sucedeu o salão social da residência de Dona Veridiana da Silva Prado, filha de Antônio da Silva Prado, barão de Iguape, localizada onde, mais tarde, se instalaria o São Paulo Clube que, em 2008, foi incorporado pelo Iate Clube de Santos para instalação da sua séde paulistana. Durante as primeiras décadas do século XX, a Villa Kyrial, passou a ser ponto paulistano para o encontro de boêmios, artistas, poetas - com ou sem recursos  como também, de políticos - com ou em busca de cargos  que se reuniam em magníficos saraus com aromas e sabores da Belle Époque parisiense, organizados e patrocinados pelo mecenas, JOSÉ DE FREITAS VALE. A VILA KYRIAL: Construída em 1904 na altura do que hoje é o número 300 da Rua Domingos de Morais, a Villa Kyrial teve um papel central para o desenvolvimento de nomes das vanguardas artísticas no Brasil. O gaúcho José de Freitas Valle, ilustre morador do casarão, foi um dos mecenas mais importantes da República Velha (1889-1930). Como congressista tinha acesso a recursos e verbas públicas que frequentemente usava para subsidiar as artes e também a educação. A sua casa, a famosa Villa Kyrial, palavra que tem origem no grego kyrios (deus), era um verdadeiro templo de cultura. A origem desse empreendimento remonta a 1904, quando comprou de alguns alemães uma chácara que ficava na Rua Domingos de Morais, 10 (atualmente o número seria 300), situada na Vila Mariana, bairro pouco povoado mas de terras altas e solo fértil. Além disso, nesse mesmo ano seria eleito deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista. Antes conhecida por Vila Gerda, a chácara foi renomeada para Villa Kyrial e possuía mil metros quadrados, com sua frente voltada à Domingos de Morais e os fundos para a Rua Cubatão. Sua grande ideia era a de transformar sua residência em um reduto de cultura. É preciso entender que, naquela época, São Paulo não possuía espaços apropriados para a convivência dos intelectuais e os salões da Villa se tornaram o point para que essas mentes se encontrassem. Não é um exagero dizer que, por algum tempo, a vida intelectual de SP passou a ser focada entre a Faculdade de Direito e das festas proporcionadas na Villa. Em pouco tempo, lá se encontravam artistas de todos os gêneros: literatos, músicos, políticos, artistas plásticos, atores, etc. Foram muitos os talentos que se revelaram em meio aos frequentes saraus, concertos, exposições, leituras e conferências sempre organizadas e realizadas por Freitas Valle. Era comum encontrar músicos executando obras eruditas à porta de entrada e a exposição de diversas obras de arte. Graças a ele, o pintor lituano Lasar Segall fez sua primeira exposição no Brasil em 1913 e Anitta Malfatti e Brecheret aperfeiçoaram suas técnicas na Europa, através de um programa conhecido como Pensionato Artístico. Era comum, também, receber convidados do nível do poeta Mário de Andrade e do compositor Heitor Villa-Lobos. Vale o destaque que, Monteiro Lobato,  um dos grandes ícones do nosso país, criticava de maneira fervorosa Freitas Valle, que além de qualificá-lo como adepto de práticas políticas para se autopromover, dizia ser ele, um imitador da França. DONA CARLOTA JOAQUINA DE BOURBON Y BRAGANÇA: Carlota Joaquina Teresa Cayetana (Aranjuez, 25 de abril de 1775  Queluz, 7 de janeiro de 1830) foi a esposa do rei D. João VI e Rainha Consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e depois Reino de Portugal e Algarves de 1816 até 1826. Também foi Imperatriz Honorária do Brasil. Nascida como uma infanta da Espanha, era a filha primogénita do rei Carlos IV da Espanha e sua esposa, a princesa Maria Luísa de Parma. Casou-se em 8 de maio de 1785, aos dez anos, com o então infante de Portugal D. João de Bragança, Senhor do Infantado e Duque de Beja, filho da rainha D. Maria I de Portugal, numa tentativa de cimentar laços entre as duas coroas ibéricas. Detestada pela corte portuguesa, onde era chamada de a "Megera de Queluz", Carlota Joaquina também ganhou gradualmente a antipatia do povo, que a acusava de promiscuidade e de influenciar o marido a favor dos interesses da coroa espanhola. Depois da transferência da corte portuguesa para o Brasil, Carlota Joaquina começou a conspirar contra o marido, alegando que o mesmo não tinha capacidade mental para governar Portugal e suas possessões, querendo assim estabelecer uma regência. Ambiciosa, ela também almejava a coroa espanhola, que na época tinha sido usurpada por José Bonaparte, irmão de Napoleão Bonaparte. Depois do casamento em 1817 de seu filho D. Pedro com a arquiduquesa austríaca Leopoldina e com a posterior volta da família real a Portugal em 1821, Carlota foi confinada no Palácio Real de Queluz, onde morreu solitária e abandonada pelos filhos em 7 de janeiro de 1830, aos 54 anos. Após sua morte, Carlota Joaquina, principalmente no Brasil, tornou-se parte da cultura popular e uma figura histórica importante, sendo o assunto de vários livros, filmes e outras mídias. Alguns estudiosos acreditam que ela tenha tido um comportamento rude e calculista, atribuindo-lhe o fato de ela odiar o Brasil.
  • EX OSSOBUS - RELICÁRIO COFRE - RARO RELICÁRIO COFRE EM PRATA DE LEI CONTENDO RELÍQUIAS OSSEAS DE SÃO FRANCISCO DE SALLES E DE SANTA JOANA DE CHANTAL (QUE SERVIU NA ORDEM DA VISITAÇÃO FUNDADA POR SÃO FRANCISCO SALES). CONTRASTADO COM A RARA PUNÇAO P MEIA LUA PARA CIDADE DO PORTO SEGUNDA METADE DO SEC. XIX. O COFRE POSSUI FRONTALMENTE UM OCULO EM VIDRO PARA VISUALIZAÇÃO DAS RELÍQUIAS E NA PARTE POSTERIOR UMA PORTA DE ABERTURA. O ÓCULO TEM DECORAÇÃO CONSTITUIDA POR MOLDURA EM MALMASON E AS RELÍQUIAS ESTÃO ACONDIONADAS EM UM ESTOJO RELICÁRIO DE MARFIM. O COFRE É ELEVADO POR QUATRO BELOS PÉS EM GARRA E ENCIMADO POR CRUZ LATINA. POSSUI CINZELADAS AS INICIAIS A.J.M.C E A DATA 28 DE AGOSTO DE 1889. OS DOIS SANTOS CUJAS RELÍQUIAS ESTÃO ENTESOURADAS NO COFRE, ESTÃO LIGADOS A ADORAÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. PORTUGAL, SEC. XIX. 14 x 12 CM NOTA: FRANCISCO DE SALES foi o primeiro filho dos treze que os Barões de Boisy tiveram. Nasceu no castelo de Sales, na Sabóia, em 21 de agosto de 1567.Seus pais eram devotos de São Francisco de Assis e então Francisco de Sales o tomou como exemplo de vida. Seu preceptor era o Padre Deage, que o acompanhou até sua morte. Francisco estudou retórica, filosofia e teologia que lhe permitiu ser depois o grande teólogo, pregador, polemista e diretor espiritual que caracterizaram seu trabalho apostólico. Fez voto de castidade e se colocou sob a proteção da Virgem Maria. Seu pai escolheu uma jovem rica e bela para ele se casar, mas Francisco recusou tudo. Recebeu, então, a ordenação de Cônego, fazendo seu pai perceber sua vocação. Em 1599, foi nomeado Bispo auxiliar de Genebra; e, três anos depois, assumiu a titularidade da diocese. Seu campo de ação aumentou muito. Assim, Dom Francisco de Sales fundou escolas, ensinou catecismo às crianças e adultos, dirigiu e conduziu à santidade grandes almas da nobreza, que desempenharam papel preponderante na reforma religiosa empreendida na época com madre Joana de Chantal, depois Santa, que se tornou sua co-fundadora da Ordem da Visitação, em 1610. Até a família real da Sabóia não resistia ao Bispo-Príncipe de Genebra, que era sempre convidado para pregar também na Corte. Publicou o livro que se tornaria imortal: Introdução à vida devota. Francisco de Sales também escreveu para suas filhas da Visitação, o célebre Tratado do Amor de Deus, onde desenvolveu o lema: a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida. Francisco de Sales faleceu no dia 28 de dezembro de 1622, em Lion, França. SANTA JOANA DE CHANTAL Nascida em Dijon em 23 de janeiro de 1572, Joana Francisca tinha apenas dezoito meses quando se torna órfã. Joana desposou Cristóvão de Rabutin, barão de Chantal, de 27 anos de idade, em 28 de dezembro de 1592. Ela é chamada a Dama perfeita primeiramente por seu senso prático que ela revela ao sanear os negócios do domínio endividado que lhes é confiado, mas sobretudo pelo fervor de sua fé, a jovem dama é muito atenta em edificar, evangelizar, se necessário, àqueles que freqüentam Bourbilly. Cristóvão e Joana, profundamente unidos, tiveram seis filhos, dos quais dois morrem em tenra idade. Desde então, ela amava os pobres que o sabiam e vinham à entrada do castelo onde eram servidos cada dia pela Baronesa. Durante um período de fome, cuidados e provisões de pão foram fornecidos em abundancia aos infelizes. Testemunhas afirmaram que ocorreram misteriosas multiplicações de trigo e depois de farinha. Apaixonadamente enamorada de seu marido, Joana é despedaçada pela dor quando ele morre em 1601, após um acidente de caça. Em 1602, seu sogro, irascível e autoritário, ordena-lhe morar com ele em Monthelon, senão deserdará seus filhos. Por eles, ela aceita com humildade e paciência este purgatório que durará sete anos. O Barão Guido de Chantal havia confiado a casa à uma serva com quem ele teve vários filhos. Ela indispõe o ancião contra Joana, e esta não pode fazer nada sem permissão. Como lhe é duro ver dissipar os bens de seus próprios filhos! Joana vive uma vida espiritual intensa onde conhece uma profunda intimidade com Deus, mas em uma obscuridade atravessada de dúvidas; prova da fé que durará quase até seus últimos dias. Na Quaresma de 1604, o seu pai convida-a para ir a Dijon a fim de poder seguir a pregação do Bispo de Genebra. Em 05 de março, desde que ela o vê, Joana o reconhece: é ele, o guia que lhe fora prometido em uma visão. Francisco de Sales também a reconhece, enquanto ele preparava suas pregações de Quaresma, ele teve uma visão de uma Ordem que ele fundaria, e daquela que nela colaborará. Mas a família de Joana, ignorando o voto de castidade que ela fez, pressiona-a a aceitar se casar novamente pelo futuro de seus filhos. Para fortificar sua resolução, Joana grava em seu peito, com um ferro em brasa, o Santo Nome de Jesus. Outros encontros acontecerão com Francisco de Sales durante os seis anos em que vai tomando forma, pouco a pouco, o projeto de fundação da Visitação. A Baronesa de Chantal fez uma comovente despedida de seus filhos e seu pai, depois abandona Dijon em 29 de março de 1610, pranteada por todos os pobres da vizinhança. Pouco depois de sua chegada a Annecy, em cartório, ela se despoja de todos seus bens em favor de seus filhos. Domingo, 06 de junho de 1610, inaugura-se uma nova forma de vida religiosa. Nesta festa da Santíssima Trindade, Francisco de Sales dá a Madre de Chantal um compêndio das Constituições: Segui este caminho, minha caríssima filha, e fazei segui-lo por todas aquelas que o céu destinou a seguir suas pegadas. A casa de la Galerie, nos subúrbios da cidade, foi o lugar de nascimento desta nova Congregação. O nome escolhido pelo Fundador: a Visitação de Nossa Senhora, mas a vizinhança se habitua a chamar o mosteiro Santa Maria; este formará o nome da Visitação de Santa Maria. São Francisco de Sales encontrava na contemplação deste mistério mil particularidades que lhe deram uma luz especial sobre o espírito do Instituto: contemplação e humildade, louvor de Deus e serviço do próximo, disponibilidade ao Espírito Santo e ardor missionário, simplicidade e alegria no Senhor. O Fundador já imprime nas suas primeiras filhas sua devoção ao Coração de Jesus. Durante este mesmo ano de 1612, em um êxtase, Deus mostra a Madre de Chatal o gozo que ele tem nas almas puras, e lhe inspira o desejo de se consagrar por voto a fazer sempre o que lhe parecer mais perfeito. Em 13 de dezembro de 1641, cercada por suas Filhas a quem ela recomenda a fidelidade e a união de corações, (a Visitação conta então 87 mosteiros) Joana de Chantal termina sua vida como ela a viveu, com o único pensamento d´Aquele de quem ela pronuncia o nome por três vezes antes de dar seu último suspiro: Jesus! Jesus! Jesus! Foi com um coração ardente de Amor de Jesus que Joana de Chantal amou seu pai, seu marido, seus filhos, seus amigos, seu único Pai (Francisco de Sales), suas filhas da Visitação, os pobres e até seus inimigos. A Igreja, a declarou santa em 1767.
  • ROBUSTO PERFUMADOR EM PRATA DE LEI COM FEITIO DE ABACAXI EM TAMANHO NATURAL. TAMPA POSSUI PEQUENOS FUROS  PARA DISSIPAÇÃO DA FUMAÇA AROMÁTICA. BASE CIRCULAR COM ROCAILLES RELEVADAS ASSENTE SOBRE QUATRO PÉS.  BRASIL, SEC. XIX. 36 CM DE ALTURA. 1030 GNOTA: O saneamento era inexiste no Brasil no sec. XIX. Os relatos da época dão conta que que era grande o mau cheiro nas ruas das cidades brasileiras. Era usual inclusive, as pessoas esvaziarem os vasos noturnos em suas janelas atirando nas ruas os desejos neles contidos. Quando não, logo pela manhã escravos passavam com grandes recipientes levados às costas coletando os desejos eram escravos de ganho chamados tigres porque os desejos que escorriam dos tambores desciam-lhes pelas costas nuas formando listras esbranquiçadas. Em consequência dessas condições, nos salões das boas residências, utilizam-se tais defumadores onde se queimavam ervas aromáticas. Havia também uma crença de que o mau cheiro causava doenças.
  • VISCONDE DE PARAGUASSU BACCARAT RICO GOBLET EM CRISTAL DE BACCARAT NA TONALIDADE RUBI. O GOBLET TEM O FUSTE FACETADO COM FEITIO DE CORNETA. CORPO LAPIDADO COM ESTRELAS E GREGA. EM RESERVA, INICIAL P SOB COROA DE VISCONDE. PERTENCEU AO SERVIÇO DO VISCONDE DE PARAGUASSU FRANCISCO MONIZ BARRETO DE ARAGÃO. EXEMPLAR IDÊNTICO A ESSE INTEGRA O ACERVO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL E ESTÁ AMPLAMENTA CARACTERIZADO E REPRODUZIDO NAS PAGINAS 244, 245, 246 E 247 DO LIVRO O CRISTAL NO IMPÉRIO DO BRASIL POR JORGE GETÚLIO VEIGA. FRANÇA, SEC. XIX. 15 CM DE ALTURANOTA: Francisco Munis Barreto de Aragão, 2.º barão e 1.º e único Visconde de Paraguaçu (Bahia, 11 de agosto de 1813 Hamburgo, 25 de julho de 1901) foi um diplomata brasileiro. Filho de Salvador Munis Barreto de Aragão, 1º barão de Paraguaçu. Foi cônsul do Brasil em Hamburgo, faleceu solteiro. Agraciado cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo, grande dignitário da Imperial Ordem da Rosa, comendador da Ordem do Libertador Bolívar, da Venezuela, cavaleiro da Ordem Grã-Ducal de Baden e do Leão de Zaehingen. Agraciado barão em 17 de julho de 1872, elevado a visconde em 10 de novembro de 1883.
  • CIA DAS INDIAS FOLHA DE TABACO RarO prato em porcelana de exportação padrão folha de tabaco. Rica decoração com esmaltes da família rosa, reinado Qianlong (1736-1795). Decoração com folhas, flores e FOLHAS DE CHA. China, segunda metade do sec. XVIII. 22,5 cm de diâmetroNOTA: Um gomil foi ofertado ao Rei de Portugal Dom Manuel ainda antes de 1500. Isso foi possível graças a expedição comandada por Bartolomeu Dias que chegou ao Oriente após dobrar o Cabo da Boa Esperança. Foram também os portugueses a iniciar o comércio da porcelana no início do sec. XVI quando venderam com facilidade, em Portugal todas as peças trazidas da China. Em 1602 e 1604, duas naus portuguesas, o San Yago e Santa Catarina, foram capturados pelos holandeses e suas cargas, que incluiam milhares de itens de porcelana, foram vendidos em um leilão, acendendo um interesse europeu para a porcelana, com compradores como os Reis da Inglaterra e da França. Depois disso, uma série de nações europeias estabeleceram empresas de comércio com os países do Extremo Oriente, a mais importante foi a poderosa Companhia da Índias, criada na Holanda, cujo nome passou a designar o nome da porcelana chinesa. Como a porcelana chinesa é rica em símbolos e significados não compreendidos nos mercados Ocidentais (agressivos cães de fó, flores de pessegueiro, flores de cerejeira, animais imaginários, deuses orientais para citar alguns), os agentes comerciais europeus passaram a levar modelos, formas, brasões, inicias do Ocidente que com alguma dificuldade começaram a ser produzidos pelos oleiros chineses. Até que os artesãos chineses conseguiram adaptar sua produção, com maestria, a partir do sec. XVIII aos padrões de gosto europeu e da América (notadamente Brasil e EUA). Surgiu então a louça de exportação. Para os ceramistas de Jingdezhen (cidade centro de fabricação de louça Companhia das Índias) a fabricação de louças de porcelana para o mercado europeu de exportação apresentou novas dificuldades. Escrevendo dessa cidade em 1712, o francês missionário jesuíta Père François Xavier d'Entrecolles registra que: "... a porcelana que é enviada para a Europa é feita após novos modelos que são muitas vezes excêntricos e difíceis de reproduzir, porque o mínimo defeito faz com que sejam recusadas pelos comerciantes, e assim eles permanecem nas mãos dos oleiros, que não podem vendê-los para os chineses, porque eles não gostam de tais peças. A despeito das dificuldades floresceu o lucrativo comércio de Porcelana das Índias de Exportação. O padrão folha de tabaco surgido no final do sec. XVIII principalmente para o mercado inglês, americano, português e brasileiro, é o de porcelana Cia das Índias mais valorizado de todos os produzidos no período setecentista. Os ingleses o adoravam porque diziam que refletia as luzes das velas. George Washington também tinha peças desse serviço e são hoje em dia presença obrigatória nas coleções mais importantes do mundo.
  • NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO  MUITO GRANDE IMAGEM EM MADEIRA DOURADA E POLICROMADA COM RESPLENDOR EM PRATA DE LEI. MAGNIFICO PANEJAMENTO E ELEGANTE MOVIMENTO. ROSTO MUITO EXPRESSIVO! BASE COM CINCO ANJOS QUE EMERGEM DE NUVEM. MINAS GERAIS, SEC. XIX/XX. 124 CM DE ALTURA (SEM CONSIDERAR O TAMANHO DA BASE VERMELHA SOB A IMAGEM QUE TAMBÉM ACOMPANHARÁ O LOTE)NOTA: Muitos perguntam o porque do manto das imagens de Nossa Senhora sempre serem azuis. Alguns relacionam com o céu, a pureza mas na verdade o motivo de ter sido destinado ao Manto da Virgem essa cor é o de ser no período românico a cor mais cara e rara, pela composição do pigmento.
  • BARÃO GERALDO REZENDE  ORATÓRIO DA FAZENDA SANTA GENEBRA  NOSSA SENHORA DA ABADIA. GRANDE E RICA IMAGEM EM MADEIRA REPRESENTANDO NOSSA SENHORA DA ABADIA COM CETRO, COROA E RESPLENDOR DO MENINO JESUS EM PRATA DE LEI. MAGNIFICA POLICROMIA. BELO E EXPRESSIVOS OLHOS DE VIDRO. TALHA DE EXCEPCIONAL QUALIDADE. PERTENCEU AO ORATÓRIO DA FAZENDA SANTA GENEBRA DE PROPRIEDADE DO BARÃO GERALDO DE REZENDE. BRASIL, SEC. XIX. 64 CM DE ALTURA (COM A COROA)NOTA: O ILUSTRÍSSIMO COMENDADOR: GERALDO RIBEIRO DE SOUZA REZENDE recebeu o título de BARÃO DE IPORANGA por decreto de 19 de junho de 1889, assinado pela Sua Majestade Imperial D. Pedro II, tendo mudado, a seu pedido, para BARÃO GERALDO DE REZENDE. Com a Proclamação da República, o Barão Geraldo de Rezende retira-se da política para se dedicar a sua fazenda Santa Genebra (vide foto da fazenda nos créditos extras do lote), que era considerada uma fazenda modelo, onde havia emprego de toda a tecnologia conhecida na época para o cultivo dos cafezais. O Barão Geraldo era filho do Marquês de Valença (senador Estevão Ribeiro de Rezende) e da Marquesa de Valença (Sra. Ilidia Mafalda de Souza Queiroz). O Marquês de Valença, titular de ruas e avenidas em todo o país, teve 16 filhos. Nasceu em 20 de Julho de 1777, no Arraial dos Prados, Comarca do Rio das Mortes, Minas Gerais. Era filho do Coronel Severino Ribeiro e de Josefa Maria de Rezende. Faleceu a 08/09/1856. Tal era o prestígio do marquês de Valença, que uma de suas filhas, D. Amélia de Souza Rezende, casou-se com o titular francês conde de Cambolas e marquês de Palarim, e outro filho seu, legitimado, Estevão de Sousa Rezende, foi elevado a barão de Lorena. O Barão Geraldo de Rezende nasceu no Rio de Janeiro em 19 de abril de 1.846. Geraldo de Resende chegou a entrar na Faculdade de Direito em São Paulo, à qual, no entanto, não se adaptou, sendo, então, enviado pelo pai, o Marquês de Valença, para estudar agronomia na França. Ao retornar em 1874, foi designado para se casar com sua prima, Izabel Augusta de Souza Queiroz, e administrar suas fazendas. Casou-se na mesma cidade onde nascera, com sua prima, filha do conselheiro imperial, Albino José Barbosa de Oliveira, e de Izabel Augusta de Souza Queiroz, irmã de Ilidia Mafalda de Souza Queiroz, ambas filhas do Brigadeiro Luiz Antonio de Souza. Logo ao chegar em Campinas, procurou a elite de fazendeiros locais, que criaram o Club da Lavoura de Campinas. Embora muitos fossem defensores da República, Geraldo sempre assumiu seu partidarismo monarquista, fazendo parte do Partido Conservador. Foi vereador de Campinas entre 1883 e 1886, e deputado geral do Parlamento Nacional, pouco antes da Proclamação da República do Brasil. Depois disso, retirou-se da vida política e passou a se dedicar à produção de sua fazenda, a Santa Genebra. Sua fazenda, na época, era considerada modelo de inovação, com maquinaria avançada e modernas técnicas agrícolas. O sobrado majestoso que ostentava era confortável e de estética arrojada, tendo recebido ilustres visitas como a do conde D'Eu; o contra-almirante G. Fournier, comandante da Divisão Naval francesa no Atlântico; o conde Lalaing, ministro da Bélgica; W. Pocom, cônsul dos Estados Unidos da América; conde Antonelli, ministro da Itália; conde Michel de Giers, ministro da Rússia; Manuel Ferraz de Campos Sales, então presidente da província de São Paulo. Barão Geraldo tinha como irmãos: o Barão de Rezende (Estevão Ribeiro de Souza Rezende) e o 2º Barão de Valença (Pedro Ribeiro de Souza Rezende). O pai do Barão Geraldo, Marquês de Valença, Por Decreto de 11.04.1812, teve concedida a licença para casar. Por esta ocasião a pretendente tinha apenas 7 anos de idade e o pretendente, curiosamente, 35 anos de idade, cinco filhos naturais, legitimados e, dois deles, nascidos depois desta licença. Casado em São Paulo, por volta de 1819, com ILÍDIA MAFALDA DE SOUZA QUEIROZ, nascida a 14.05.1805, batizada a 09.06, conforme o registro do Livro 10 da Sé ( São Paulo), fls. 35. Era filha do brigadeiro Luiz Antônio de Souza Queiroz, fidalgo português residente em São Paulo (que chegou a ser considerado como a maior fortuna da província de São Paulo) e de Genebra de Barros Leite falecida em Lisboa em 1836; Ilidia Mafalda de Souza Queiroz faleceu a 24 de julho de 1877, no Rio de Janeiro - RJ. Foi sepultada no dia seguinte na Capela de sua família, no Cemitério de S. Francisco de Paula (Catumbi) - O Barão Geraldo de Rezende se suicidou na sede da fazenda de sua propriedade em Campinas, em 1 de outubro de 1.907. O Barão Geraldo teria tomado veneno ao ver a sua fazenda Santa Genebra, a qual tinha dedicado sua vida, ser tomada por hipoteca. Para saldar as dividas contraídas pelo Barão Geraldo quando da construção da Estrada de Ferro Funilense, que ligava a atual cidade de Cosmópolis (antes Fazenda Funil) ao bairro Guanabara, em Campinas, a fazenda Santa Genebra foi hipotecada pelo Governo Estadual, e posteriormente adquirida através do leilão pelo também fazendeiro senador Luiz de Oliveira Lins Vasconcellos e comprada posteriormente pelo seu irmão o banqueiro Cristiano Osório de Oliveira, pai do Sr. José Pedro de Oliveira casado com D. Jandyra Pamplona de Oliveira. José Pedro de Oliveira faleceu vitimado por tuberculose pulmonar, em 1.935, contraída por seu hábito de passar noites caçando pequenos animais na Mata da fazenda Santa Genebra. A Companhia Carril Agrícola Funilense, que como o nome diz, tinha o propósito de transportar produtos agrícolas da região do Funil através de "carris" (trilhos) de ferro, foi fundada em 24 de Agosto de 1.890, e teve o Barão Geraldo de Rezende como primeiro presidente da Companhia. Além do Barão Geraldo de Rezende, havia os sócios: Luciano Teixeira Nogueira, José Paulino Nogueira, José Guatemozim Nogueira, Artur Nogueira, dentre outros. Os incorporadores, João Manoel de Almeida Barbosa Francisco de Paula Camargo e José de Salles Leme. O objetivo da ferrovia era fortalecer a economia cafeeira e canavieira da região, como a Usina Esther ( localizada na atual cidade de Cosmópolis), os núcleos coloniais e as fazendas e lavouras do norte de Campinas, fazendo o escoamento da produção através de ferrovias, pois o transporte era feito por tração animal ( carros de boi) e em estradas precárias comprometendo a produção do açúcar e do café. Os Nogueiras conseguiram o apoio de Albino José Barbosa de Oliveira e do próprio Barão Geraldo de Rezende para a construção desta Ferrovia. O contrato da companhia carril Funilense era de risco, e a principal exigência deste contrato era caso os proprietários e responsáveis pela ferrovia não conseguissem saldar as dividas contraídas com o Estado, perderiam a posse da linha férrea que serviria como forma de pagamento desta divida (hipoteca).Os trilhos da Companhia Carril Agrícola Funilense foram inaugurados somente em 18 de setembro de 1.899. As várias estações ao longo do percurso desta ferrovia foram recebendo nomes de diretores e membros da própria Companhia: "Barão Geraldo de Rezende" ( em Cosmópolis) , "José Paulino Nogueira" ( em Paulínia), "João Aranha", "José Guatemozin Nogueira" e "Artur Nogueira", dentre outras que levaram o nome da fazenda onde estavam situadas: "Santa Genebra" ( atual distrito de Barão Geraldo), "Deserto" ( Bairro Betel, em Paulínia) , "Santa Terezinha" e " Engenho". Obviamente, os bairros onde estavam essas estações foram sendo conhecidos pelos mesmos nomes. Esta ferrovia nunca deu lucro, somente acumulou prejuízos, levando o Barão Geraldo e os outros sócios a completa falência. O Barão Geraldo de Rezende, empresário idealista e com visão, recebeu por duas ocasiões a visita da FAMÍLIA IMPERIAL.
  • PALACETE MATARAZZO  GIOVANNI DEBORDI  SEC. XVIII - PANDORA SURPREENDIDA POR EPIMETEU APÓS ABRIR A CAIXA PRESENTEADA POR ZEUS  OST  ASSINADO GIOVANNI DEBORDI E DATADO DE 1790. 190 X 140 CM (COM A MOLDURA).  MONUMENTAL OBRA EM OLEO SOBRE TELA DO BARROCO ITALIANO SETECENTISTA. A OBRA TEM GRANDE DIMENSÃO E PELA BELEZA PICTÓRICA JÁ É POR SI SÓ, UM VALIOSO PATRIMONIO DO BARROCO ITALIANO, MAS TEM UM SENTIDO HISTÓRICO IMENSO POR TER ADORNADO A CASA DO CONDE MATARAZZO, EM CUJAS SALAS, FEZ-SE A HISTÓRIA INDUSTRIAL E SOCIAL DO BRASIL. A CENA MOSTRA A HISTÓRIA DA MITOLOGIA GREGA SOBRE A CAIXA DE PANDORA. PERCEBE-SE EPIMETEU CONSTATANDO QUE A CAIXA FORA ABERTA, APARENTEMENTE EPIMETEU MOSTRA-SE SURPRESO E AS TESTEMUNHAS A VOLTA APONTAM PARA PANDORA RESPONSABILIZANDO-A PELO FEITO. A CENA CONTA COM PASTORES, MUITAS OVELHAS, CABRAS, DOIS BEBES BRINCANDO COM UMA CABRA, UM FLAUTISTA E UMA MÃE COM SUA FILHA. AO FUNDO LUXURIANTE VEGETAÇÃO E UMA CIDADE FORTIFICADA. SEGUNDO A MITOLOGIA EPIMETEU DOTOU OS HOMENS DA CAPACIDADE DE DOMESTICAR E CRIAR  ANIMAIS, E DEU-LHES TALENTOS ARTISTICOS. EPIMETEU ERA IRMÃO DE PROMETEU QUE ROUBOU O FOGO DO OLIMPO E O DEU AOS HOMENS. PARA CASTIGAR OS HOMENS, Zeus ordenou que o Deus das Artes, Hefesto, fizesse uma mulher parecida com as deusas. ASSIM Hefesto lhe apresentou uma estátua linda. A deusa Atena lhe deu o sopro de vida, a deusa Afrodite lhe deu beleza, o deus Apolo lhe deu uma voz suave e Hermes lhe deu persuasão. Assim, a mulher recebeu o nome de Pandora (aquela que tem todos os dons). Pandora foi enviada para Epimeteu, que já tinha sido alertado por seu irmão PROMETEU a não aceitar nada dos deuses. ENTRETANTO EPIMETEU ficou encantado com a bela Pandora. Ela chegou trazendo uma caixa fechada, um presente de casamento para Epimeteu. O NOIVO pediu para Pandora nUNCA abrir A caixa, mas, tomada pela curiosidade, não resistiu. Ao abri-LA Pandora liberou todos os males que até hoje afligem a humanidade, como os desentendimentos, as guerras e as doenças. Ela ainda tentou fechar a caixa, mas só conseguiu prender a esperança QUE FICOU PRESA NO FUNDO DE UM VASO. É interessante perceber o motivo de a esperança estar presente entre os males trazidos por Pandora à Terra. Para algumas interpretações, a esperança está guardada e isso é bom. Diferente da leitura anterior, Friedrich Nietzsche (1844-1900) escreveu, emHumano, Demasiado Humano, que Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar EPara isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens. NOTA: Símbolo da opulência de uma das famílias mais ricas do Brasil, a mansão dos Matarazzo começou a ser construída em 1896 pelo italiano Francesco Matarazzo, patriarca da família e fundador do império Indústrias Reunidas Matarazzo que produziam de cimento a óleos e biscoitos. Por 100 anos a mansão permaneceu incrustada no nº 1230 da Avenida Paulista esquina com a Alameda Pamplona. Um brasão esculpido em mármore travertino não deixava dúvida. Ele indicava que no terreno de 12 mil m² cercado por jardins ficava a residência dos Matarazzo. Com 4.400 m² de área construída, o imponente casarão contava com dezenove quartos, dezessete salas, três adegas, refeitórios, uma cozinha com azulejos que iam até o teto e uma biblioteca repleta de livros raros. A decoração era composta por móveis venezianos, portas florentinas, mesas chinesas, pratarias e porcelanas de diversas procedências e quadros valiosíssimos de Rubens, Brueghel, Canaletto dentre outros. Esse conjunto foi cenário de festas grandiosas frequentada pela alta sociedade paulistana. Famoso, assim como a família que o construíra, o casarão foi um ponto turístico até a data de sua demolição. Nas histórias sobre o local, conta-se que oconde Francesco Matarazzo, que foi um dos homens mais ricos do mundo, costumava passear pela calçada em frente da propriedade depois do trabalho, e que simpaticamente cumprimentava os transeuntes. (https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,era-uma-vez-em-sp-mansao-dos-matarazzo,11299,0.htm)
  • MUITO GRANDE ESCULTURA EM PRATA DE LEI SOB BASE EM MADEIRA. REPRESENTA FIGURA DE CAVALO EM VULTO PERFEITO. ASSENTE SOBRE BASE EM MADEIRA EBANIZADA. PEÇA BELISSIMA E MUITO ELEGANTE! MARCAS DE CONTRASTE 833 PARA O BRASIL, MEADOS DO SEC. XX. 43 X 49 CM
  • IMPORTANTE MESA DE ENCOSTAR EM JACARANDÁ ESTILO E ÉPOCA DOM JOSÉ I. Tampo recortado apoiado em caixa abaulada apresentando par de gavetas almofadadas. Saia ondulada e ornada por composição DE ELEGANTES VOLUTAS esculpidaS que se repeteM nas ilhargas. Pernas recurvas rematadas por pés em SAPATAS.  BRASIL, Séc. XVIII. Med. 83 (h) x 114 (c) x 58 (p) cm.
  • DOM FREI LUIZ DA SILVA TELES  BISPO CONDE DE LAMEGO, ARCEBISPO DE ÉVORA , CAPELÃO MÓR E DEÃO DA CAPELA REAL DE DOM AFONSO VI O VITORIOSO. O BISPO PASSOU A HISTÓRIA POR SEUS ESFORÇOS PARA ACABAR COM A MISÉRIA DO POVO E AUMENTAR O ESPLENDOR DO CULTO UTILIZANDO SEUS PRÓPRIOS RENDIMENTOS. IMPONENTE PAR DE TOCHEIROS LITÚRGICOS EM PRATA DE LEI BATIDA REPUXADA E CINZELADA. MARCAS PARA CIDADE DO PORTO PARA A SEGUNDA METADE DO SEC. XVII SEGUNDO MOITINHO PAG. 188 (P-8). PRATEIRO SERAFIM TEIXEIRA E MELO (MOITINHO PAG. 287). OS TOCHEIROS SÃO ROBUSTOS, COM BOBECHE PRONUNCIADA ONDE ESTÁ CINZELADO O BRASÃO DE ARMAS DO ILUSTRE PRELADO CONFORME SUBSISTE GRAVADO EM PEDRA NA CATEDRAL DE LAMEGO (vide em: solaresebrasoes.blogspot.com/2017/09/pedras-de-armas-episcopais-expostas-no.html). O BRASÃO CONTÉM A SEGUINTE CONFIGURAÇÃO: CORONEL DE BISPO DE ONDE PENDEM DOIS  CORDÕES COM SEIS BORLAS E ESCUDO QUADRIPARTIDO COM AS ARMAS DE SILVA TELES (ESQUARTELADO, O PRIMEIRO E O QUARTO, DE OURO PLENO (MENESES): O SEGUNDO E O TERCEIRO DE PRATA, COM UM LEÃO DE VERMELHO (SILVA)). O ESCUDO É ENCIMADO POR COROA DE CONDE. CORPO DECORADO COM RICAS ROCAILLES. ALMA COM DUAS BOLACHAS EM MADEIRA PARA PROMOVER SUSTENTAÇÃO. PORTUGAL, SEC. XVII. 47 CM DE ALTURA. 4085 GNOTA: DOM LUIZ DA SILVA TELES  era filho de Francisco da Silva Telles, fidalgo da primeira nobreza do reino de Portugal e de Margarida de Noronha.  Era Neto (pelo lado paterno) de Luís da Silva, comendador de Ceia, na ordem de Cristo, veador da Fazenda e do conselho de Estado; Também era neto de D, Mariana de Lencastre, 5ª neta de D. João I possuindo portanto sangue real. Seu tio Antonio Telles da Silva, Conde de Villa Pouca,  foi Governador Geral do Brasil  e libertador da Bahia ao expulsar de lá os holandeses.  Foi Bispo cortesão, Deão da capela real, deputado da junta dos três estados. DOM LUIZ DA SILVA TELES  foi Bispo de Lamego, da Guarda e por fim Arcebispo de Évora. Digno de eterna recordação pela liberalidade com que dispendeu as suas grandes rendas em benefício dos pobres. Sustentava-se da esmola de suas missas, que dizia todos os dias. Cortou o número de seus criados, também cortou pompas e ostentações que segundo ele só serviam a vaidade. Tudo o que lhe restava dispendia em obras pias. D. Frei Luís da Silva Teles enveredou desde cedo pela carreira eclesiástica, tendo integrado a ordem dos Frades Trinitários. Foi em 1664  eleito pelo Capítulo Provincial Reitor do Colégio de Coimbra e, mais tarde, ascendeu na ordem religiosa da Santíssima Trindade, a que pertencia. Foi nomeado Capelão Mor e Deão da Capela Real e, mais tarde, Deputado da Junta dos três Estados. Em em 1671, foi apresentado por D. Pedro II como, Bispo de Ticiopoli. Tomou posse do bispado de Lamego no ano de 1677, onde permaneceu durante oito anos, para mais tarde abdicar e tomar a cadeira prelatícia da Guarda. Em 1691, com a morte do Papa Alexandre VIII e a eleição de Inocêncio XII, foi nomeado Arcebispo de Évora tendo fundado em Extremoz a casa dos Congregados do Oratório. Mostrou-se sempre misericordioso pelos mais pobres, reservando sempre uma parte da colheita do seu celeiro para os mais necessitados. Durante toda a sua vida renunciou a luxos reduzindo os adornos nos paços episcopais e, das diversas vezes que visitava as Dioceses, repartia esmolas pelos pobres, dava instruções e castigos, quando necessários. Todos os domingos e, nas festa solenes, repartia esmolas aos estudantes  mais pobres. Para os mais necessitados, nunca as portas do seu Palácio estiveram fechadas; mas sempre patentes para o socorro. Na diocese de Lamego para além das obras que mandou efetuar no paço episcopal, D. Frei Luís da Silva Teles ordenou a execução da capela do Santíssimo Sacramento, na Sé de Lamego. Nesta mesma cidade mandou imprimir as Constituições Sinodais, assistidas por D. Miguel de Portugal, em 1639. Em Évora mandou fazer as portas da catedral com madeiras oriundas do Brasil, assim como outros trabalhos no interior da igreja. Na mesma cidade fundou o Colégio dos Meninos do Coro e a Casa da Congregação do Oratório, de Estremoz. Mandou executar obras nas igrejas de Santo Antão, São João de Montemor e São Sebastião e nos conventos de Santa Mónica e São José, entre muitos outros. Morreu em Évora no ano de 1703, aos setenta e seis anos de idade, tendo sido tumulado na capela-mor da Sé de Évora. Na História Genealógica da Casa Real, D. António Caetano de Sousa refere a epígrafe gravada na sua sepultura: sepultura do Senhor Dom Frey Luiz da Sylva Telles, religioso da Santissima Trindade, de ilustre família dos Sylvas Telles, Mestre em Theologia, Bispo, e Deão da Capella Real, da Junta dos Tres Estados, Bispo de Lamego, e da Guarda, Arcebispo de Évora, insigne no Pulpito, magnifico bemfeitor das Santas Igrejas, singular esmoler para as Religioens, admirável na caridade para os pobres, e perfeito exemplar de Prelados. Faleceu em Evora com ditosa morte, aos 13 de Janeiro de 1703, aos setenta e seis da sua idade; viverá para sempre a memoria das suas virtudes. O período vivido por D. Frei Luís da Silva Teles ficou marcado pelas inúmeras obras que mandou executar e continuar, em todas as mitras que ocupou, onde podemos identificar o seu escudo de armas: a Capela de São Lenho, na Sé de Évora, onde foi sepultado; uma pedra-de-armas no Museu de Lamego, proveniente da Igreja da Misericórdia da mesma cidade; painel de azulejos, na Igreja de Santo Antão, em Évora; painel de azulejos, no Museu de Évora, pertencente ao Paço Arquiepiscopal; retábulo da capela-mor de Santo Antão, em Évora. Por quase toda a cidade de Évora encontramos o seu escudo de armas identificando desta forma todas as obras que mandou executar. Contudo a colocação do seu escudo de armas não terá sido uma  fórmula de ostentação pública mas, sim, a demonstração do destino das rendas da arquidiocese, utilizadas em benefício da dignidade episcopal e do engrandecimento da igreja, do qual Frei Luís se reclamava, apenas, um humilde servidor
  • MENINO BOM PASTOR  MAGNIFICENTE E ÚNICO GRUPO ESCULTÓRICO DE GRANDE DIMENSÃO EM MARFIM REPRESENTANDO O MENINO BOM PASTOR. VERTENTE INDO PORTUGUESA, ESCULTURA SINGULAR DO SEC. XVII. NÃO SE VERÁ NEM NA COLEÇÃO DE MARFINS DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL QUE CONTÉM AS MAIORES PRECIOSIDADES DESSE GENERO NO BRASIL. O GRANDIOSO CONJUNTO COM  66 CM DE ALTURA É UMA RICA JÓIA DA ARTE INDO PORTUGUESA SEISCENTISTA. O Menino está sentado sobre coração e tem dois cordeiros um sobre o ombro e outro aconchegado junto a cintura. Encontra-se vestido com peles e cinge a cintura cabaça e bornal. Sua cabeça está em posição de repouso como que a meditar sustentada por uma das mãos. Sobre os seus pés dois cordeiros postados a sua esquerda e a direta. Abaixo do menino, elaborada base disposta em quatro níveis sendo o primeiro uma fonte ornada por cabeça de felino de onde jorra representação de água e onde bebem duas aves com longos pescoços, também estão presentes nesse nível, a Virgem e São José representados com mãos postas em oração. No nível abaixo da fonte, figuras de ovelhas pastando, uma delas com sua cria. No nível inferior representação de Maria Madalena deitada, com a cabeça apoiada sobre o braço e na parte traseira figuras de dois leões em vulto perfeito. Finalmente na base muitas representações de anjos. Na parte posterior em cada nível muitos carneiros pastando. Da base também em sua parte posterior surge frondosa árvore que culmina com a representação do Pai Eterno entre nuvens. Esta é a representação da árvore da vida que protege a figura do Bom Pastor, possivelmente fazendo referência a figueira. Pertencente ao simbolismo das religiões orientais, a figueira é considerada, para os budistas, uma árvore sagrada, pois foi sob ela que Buda alcançou a sua revelação espiritual. A coroar a árvore, a figura do Pai Eterno segurando o mundo com a mão esquerda e abençoando com a direita.  Conjunto magnifico e importante! GOA, sec. XVII, 66 cm de altura.NOTA: O Bom Pastor Menino é uma das iconografias mais delicadas e originais da arte indo-portuguesa. Designa-se também por Pastor Adormecido, Pastor Dormente, Menino Jesus Dormente, Bom Jesus da Lapa, Menino Deus da Montanha, Bom Pastor. A figuração de Jesus Cristo como Bom Pastor tem fundamento na parábola que se encontra nos Evangelhos de S. João (10, 1-16) e de S. Lucas (15, 1-7), onde Cristo se apresenta como pastor que defende do lobo as ovelhas do seu rebanho. Contudo, esta metáfora de Deus tem já raízes no Antigo Testamento. O salmo 23, por exemplo, começa com os versículos Iahweh é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar. Conduz-me às águas tranquilas e restaura as minhas forças. São muito numerosas, e com algumas variantes, estas pequenas esculturas destinadas, por certo, à devoção particular. O Menino senta-se no alto de um monte, a que se dá também o nome de empório, de olhos fechados, em atitude dormente, com o rosto levemente apoiado na mão direita, os dedos mínimo e anelar recolhidos. A mão esquerda segura, ao colo, um cordeiro. Sobre o ombro esquerdo outro, deitado de barrig. O Menino enverga um traje de pele de ovelha, esculpido em ponta de diamante, apertada na cintura por um cordão laçado. Apresenta atributos próprios de pastor: cajado, cabaça, do lado direito, bornal, no flanco esquerdo, atrás do cotovelo. Os pés, junto dos quais pastam dois cordeiros, um de cada lado, calçam sandálias de tiras. A montanha organiza-se em andares. No superior, vê-se uma fonte com a sua carranca, donde brota água. Duas aves, de longo pescoço, simetricamente colocadas, uma de cada lado, bebem. A simbologia cristã das aves é muito antiga. Encontra-se, por exemplo, num mosaico do mausoléu de Galla Placidia (séc. V) e manter-se-á como motivo iconográfico durante todo o período românico, pelo menos, embora as aves adotem, por vezes, posições diferentes. Essa iconografia significará a necessidade de o homem prestar atenção à sua alma, representada pelas aves, de ouvir a mensagem do céu. Convém igualmente reparar no fato de as aves da iconografia do Bom Pastor Menino não serem pombas, mas apresentarem longos pescoços, mais uma adaptação à arte indiana. No andar do meio, pastam ovelhas. No meio das outras, uma toca a sua a cria com o focinho, pormenor que revela bem a ternura da composição. No andar inferior, numa gruta, Santa Maria Madalena reclina-se sobre o braço direito e pousa a mão esquerda num livro aberto. Esse gesto indica que ela medita a Sagrada Escritura. Ladeando-a, veem-se duas outras grutas, uma de cada lado, onde repousam leões em posição igualmente deitada. Toda esta iconografia mostra particularidades que testemunham uma simbiose cultural do Ocidente cristão e do mundo budista. A primeira dessas particularidades é a posição dormente do Menino. Manifesta a influência da iconografia de Buda, quando representado no Parinirvana, isto é, no momento em que acede ao Nirvana, estado de perfeita serenidade interior. A posição transmite, portanto, a ideia essencial de repouso. É essa também a ideia fundamental do início do salmo 23: Iahweh é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar. Esse estado confirma-se também pela posição sentada do Menino. A mesma posição de repouso é a de Santa Maria Madalena, reclinada sobre o braço direito, posição em que Buda é também representado no momento da sua iluminação interior, ideia acentuada pelo gesto de tocar na Sagrada Escritura, o livro onde aprende a sabedoria espiritual. Outro ponto de contato com a tradição iconográfica indiana é a forma da peanha. Como assinala José António Falcão, em artigo sobre a inconografia do Bom Pastor Menino a peanha faz lembrar as kalaisa, elevações que servem de assento às divindades, mas também os gopurani, as torres dos templos hinduístas. Se a ideia de repouso e de paz nos parece a ideia central, outras interpretações, porém, podem ser apropriadamente formuladas. Por exemplo, a ideia de segurança. A ela somos levados pela representação dos leões nas grutas. Com eles em posição de descanso, podem as ovelhas alimentar-se sem qualquer receio. Vemos também aqui uma adaptação à fauna indiana da parábola evangélica, onde o inimigo do rebanho é o lobo. O leão, se pode significar Jesus Cristo o leão da tribo de Judá também pode ser símbolo do demónio. Para o confirmarmos, basta ir à Sé de Braga em Portugal e olhar para a base da pia batismal onde encontramos leões devorando crianças. A mensagem é clara: quem não for batizado será presa do demónio. Toda a natureza, aliás, se encontra em pacífica harmonia, constituindo a escultura um verdadeiro locus amoenus, uma paisagem idílica que lembra a harmonia cósmica do paraíso inicial. A presença de Santa Maria Madalena nessa iconografia é uma mensagem dirigida às mulheres das mais desprezadas castas da sociedade indiana, bem como às bailarinas dos templos. É uma maneira de dizer-lhes que toda a mulher, por mais socialmente desconsiderada que seja, tem lugar no rebanho de Cristo, que veio para salvar, precisamente, as pessoas tidas como mais vis e desprezíveis. Santa Maria Madalena constitui, afinal, um exemplo perfeito da mulher perdida desprezada que foi recuperada pelo Bom Pastor. Esta interpretação reforça ainda mais os pontos de contato entre o catolicismo e a mensagem budista. Com efeito, também o budismo rejeitava o sistema indiano de castas. Por estas razões, consideramos as esculturas do Bom Pastor Menino verdadeiramente preciosas e originais. Revelam o esforço de aculturação da arte e da mensagem cristã, através dos missionários portugueses, à sensibilidade e às circunstâncias concretas da sociedade indiana. As imagens indo portuguesas representam a expressão da similaridade da fé no divino das crenças cristãs a respeitosa religiosidade da milenar crença hindu. Fontes escritas narram que Vasco da Gama e sua tripulação, ao chegar a Calicute no século XVI, visitaram templos hindus que pensavam ser igrejas cristãs e, em alguns casos, teriam confundido as imagens de divindades hindus, ali consagradas com as de Nossa Senhora. No início do século XVI, a presença e a intensidade das artes hindu e muçulmana eram muito visíveis, materializando a força das culturas da civilização preexistente. A arte indo portuguesa surgiu da necessidade da superação da expressão arquitetônica e artística dos templos hindus. A eficácia da ação evangelizadora tornava imperativa a construção e ornamentação das igrejas católicas com uma suntuosidade não inferior à dos templos hindus e das mesquitas muçulmanas capazes de competirem com o esplendor artístico que os portugueses encontraram na Índia, particularmente em Goa. Nesse sentido, a monumentalização das igrejas e da talha sacra em seus interiores eram uma resposta direta ao caráter exuberante da arte e arquitetura encontradas no universo indiano. Algo invariavelmente viabilizado pelo uso de artífices locais, exímios herdeiros da tradição milenar da escultura em madeira e em marfim. Na Índia a Igreja viu-se na contingência de se adaptar ao contexto local aceitando, ou, pelo menos, tolerando o hibridismo artístico daí resultante uma miscigenação artística, uma fusão dos léxicos europeu e oriental. Com o passar do tempo, houve um distanciamento dos modelos europeus, acompanhado de um aumento de traços autóctones e a inserção de motivos tipicamente indianos, por vezes paradoxais, como os nâga e as nâginî divindades-serpente aquáticas associadas à fertilidade e extremamente populares em todo o subcontinente, possivelmente associadas a cultos pré-védicos e que na gramática indo-portuguesa aparecem geralmente representadas frontalmente, em pé e com as caudas bifurcadas e entrelaçadas. A conversão dos gentios previa também a oferenda, por parte dos missionários, de pequenas peças simbólicas que lhes materializavam a nova doutrina e lhes incutiam a Fé. Assim, na imaginária desenvolveu-se uma grande diversidade de soluções formais, presentes nas pequenas imagens devocionais, nos presépios, nos oratórios e nos Calvários de Pousar. Entretanto, é nas imagens do Bom Pastor que ficaram mais bem caracterizados os mecanismos discursivos a operar na imagética indo-portuguesa. Essa iconografia singular desenvolveu-se, na maioria dos casos, sobre um suporte tipicamente local o marfim, com ou sem policromia e douramento. Nas imagens em geral, a presença de elementos de origem budista (greco-búdica), como, por exemplo: o estilo do cabelo, a postura corporal, a posição do braço e da mão direita, os olhos semicerrados, a 0expressão calma e o sorriso hermético de concentração expectante são extraídos das representações orientais da Primeira Meditação do Buda. Nas imagens de Nossa Senhora os longos cabelos representados com ondulações são uma marca registrada. (Luiz da Silva Pereira - resumo do artigo publicado no suplemento Cultura do Diário do Minho de 26.12.2012).
  • PRINCESA IMPERIAL DONA ISABEL E CONDE DEU  PAÇO ISABEL  (COLEÇÃO DO SENADOR  JOSÉ DE FREITAS VALLE  VILLA KYRIAL ) FAUSTOSA GARNITURE DE MESA EM PRATA DE LEI COMPOSTA POR CANDELABRO DE TRÊS LUMES E DOIS CASTIÇAIS ESTILO E ÉPOCA SEGUNDO IMPÉRIO DECORADOS COM BRASÃO DA FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA. MARCAS DE CONTRASTE P COROADO PARA CIDADE DO PORTO E PRATEIRO GUILHERME SOARES (MOITINHO PAG. 242) DATAVEL A PARTIR DE 1870. AS PEÇAS SÃO MAGNIFICAS, GRANDES, DE EXECUÇÃO IRRETOCAVEL! O CANDELABRO COM TRÊS LUMES TEM O FUSTE  REPRESENTANDO MULHER VESTIDA COMO SUMO SACERDOTIZA EGIPCIA. A FIGURA TEM OS BRAÇOS LEVANTADOS, ADORNADOS POR JÓIAS,  SUSTENTANDO UM LUME CENTRAL ELEVADO E DOIS LATERAIS. AS BOBECHES SÃO FENESTRADAS. O TERÇO INFERIOR TEM O FEITIO DE COLUNA DE TEMPLO. NA FACE ANTERIOR E POSTERIOR DA PARTE CENTRAL, POSSUEM CARIÁTIDES SOBRE A QUAL ESTÃO COLOCADOS BRASÕES DA FAMILIA IMPÉRIAL BRASILEIRA CONSTITUÍDOS DE ESFERA ARMILAR CERCADA COM CÍRCULO CONTENDO AS ESTRELAS REPRESENTANDO AS PROVÍNCIAS DO BRASIL, APLICADOS SOB ESCUDO E ENCIMADOS PELA COROA IMPERIAL. O CANDELABRO FINALIZA SOBRE QUATRO ELEGANTES PÉS. OS CASTIÇAIS COMO CONJUNTO NA GARNITURE SEGUEM A MESMA DECORAÇÃO. ESTAS PEÇAS GUARNECERAM O PAÇO ISABEL, RESIDÊNCIA DA PRINCESA IMPERIAL E DO CONDE DEU. O PAÇO ISABEL FOI ADQUIRIDO COM O DOTE DESTINADO A PRINCESA POR OCASIÃO DE SEU CASAMENTO COM O CONDE DEU, O CASAL FIXOU NESSE PALÁCIO SUA RESIDÊNCIA A PARTIR DE 1869 E  HOJE É A SEDE DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO REBATIZADO COMO PALÁCIO GUANABARA. O PAÇO ISABEL É OBJETO DO PROCESSO JUDICIAL MAIS ANTIGO EM TRAMITAÇÃO NO BRASIL. APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA EM 15 DE NOVEMBRO DE 1889 O PAÇO ISABEL FOI LACRADO PELO GOVERNO REPUBLICANO E POR QUATRO ANOS PERMANECEU ASSIM. DESEJANDO VARRER DA MEMÓRIA DOS BRASILEIROS O RESPEITO E VENERAÇÃO DEDICADOS AOS ANTIGOS GOVERNANTES TENTOU FLORIANO PEIXOTO DE TODA FORMA EXPROPRIAR O PALÁCIO PARA O GOVERNO REPUBLICANO. COMO A JUSTIÇA BRASILEIRA NÃO PERMITIU ESSE INTENTO, O GOVERNO ORDENOU ENTÃO AOS PRÓPRIOS SOLDADOS RESPONSÁVEIS PELA GUARDA DO PALÁCIO A INVASÃO E PILHAGEM DO MESMO, O QUE ACONTECEU EM 1894. EM 23 DE MAIO DAQUELE ANO, ÀS NOVE HORAS DA NOITE O PALÁCIO ISABEL FOI CERCADO POR PRAÇAS DO EXÉRCITO E OCUPADO MANU MILITARI PELA FORÇA PÚBLICA, SEGUINDO-SE O SAQUE DOS BENS QUE SE ENCONTRAVAM EM SEU INTERIOR. PERTENCEU A COLEÇÃO DO EMBAIXADOR CIRO FREITAS VALLE E GUARNECEU A EMBLEMÁTICA VILLA KYRIAL EM SÃO PAULO ATÉ 1960 QUANDO A CASA FOI VENDIDA E DEMOLIDA. PORTUGAL, CIRCA DE 1870. 64 CM DE ALTURA, 3586 G . NOTA: O Paço Isabel teve sua construção iniciada em 1853 pelo rico comerciante português José Machado Coelho em uma chácara da Rua Guanabara, atualmente a Rua Pinheiro Machado. Anteriormente batizada de Chácara do Rozo pertencendo à Domingos Francisco de Araújo Rozo, serviu de residência particular do comerciante até 1863, quando o comerciante José Machado Coelho faliu. A Constituição Imperial de 25 de março de 1824 por meio de seu artigo 112 instituía a dotação das Princesas da Casa Imperial do Brasil quando estas se casassem, prática comum à época e, dado este preceito constitucional, em virtude do casamento da Princesa Imperial do Brasil, Dona Isabel de Bragança, com o Príncipe da França e Conde dEu, Gastão de Orléans, promulgou-se, em 17 de julho de 1864, a Lei nº 1.217, revigorando a lei anterior, nº 166, votada pela Assembleia Geral do Império em 29 de setembro de 1840, promulgada em virtude do casamento da irmã do Imperador Dom Pedro II, tia da Princesa Dona Isabel, a Princesa Dona Januária de Bragança com Príncipe das Duas Sicílias e Conde dÁquila, Dom Luís Carlos de Bourbon-Duas Sicílias, regulamentando a dotação em seus artigos 1º a 11. Regulamentado o preceito constitucional, formalizou-se em 11 de outubro de 1864 o pacto pré-nupcial da Princesa Imperial e do Conde dEu, com a intervenção da nação brasileira, desta forma com força de tratado, tendo esta se obrigando como pessoa jurídica e ente internacional a instituir o dote do casal de príncipes. Dentre as disposições estava o fornecimento de trezentos contos de réis, pelo Estado brasileiro aos Príncipes, para que com isso adquirissem prédios para residência. Por meio desta cláusula legal, o Conde dEu, por escritura pública lavrada pelo tabelião Antônio Joaquim de Castanheda Junior no livro de notas nº 212, na folha 196, no Cartório de Pedro José de Castro, adquiriu, em 25 de janeiro de 1865, de José Machado Coelho e sua esposa, os prédios urbanos nº 4 e 6, assim como a chácara a eles situada, propriedades que dariam origem ao Palácio Isabel. Posteriormente, em 1869, procedeu-se a aquisição judicialmente à mediação, e assim, sucessivamente, o Conde dEu, com seu dinheiro particular, adquiriu outras propriedades que incorporadas à área primitiva, comprada em 1864, a ampliaram, dando a feição definitiva da propriedade. Reformado pelo arquiteto José Maria Jacinto Rebelo, alterando ligeiramente as características, em estilo neoclássico, originais, passou a ser chamado Paço ou Palácio Isabel, por ser a então residência oficial e particular da Princesa Imperial Dona Isabel na cidade do Rio de Janeiro. Com o Golpe Militar de 15 de novembro de 1889 e a Proclamação da República pelos aquartelados e pela Câmara Municipal, a Casa Imperial do Brasil cessou de reinar e foi exilada pelo Governo Provisório dois dias depois, com isso o Paço Isabel foi lacrado e deixado aos cuidados dos representantes legais da Família Imperial em solo brasileiro. Como será adiante explicitado, em 1894, já durante a gestão Floriano Peixoto, foi confiscado o Paço Isabel em nome do Governo Militar. O Palácio passou brevemente por diversas funções, servindo, por exemplo, como quartel e pombal militar, onde eram treinados pombos-correio, até sua reforma realizada por Francisco Marcelino de Souza Aguiar e pelo paisagista Paul Villon em 1907, ganhando as atuais características ecléticas. A reforma havia sido especialmente encomendada para a visita do Rei Dom Carlos I de Portugal, o que nunca sucedeu, em decorrência do Regicídio ocorrido em 1º de fevereiro de 1908, em Lisboa. Em 1911 começou a ser utilizado como residência pelo então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, tornando-se a residência oficial do Presidente da República somente em 1926; pouco antes, em 1922, hospedou o Rei Alberto da Bélgica. Em maio de 1938, sofreu um atentado organizado pela Ação Integralista Brasileira, visando o assassinato do Presidente Getúlio Vargas. O Palácio, entre 1946, com a deposição de Vargas, e 1960, com a criação do Estado da Guanabara, foi sede da Prefeitura do Distrito Federal. Doado ao atualmente extinto Estado da Guanabara pelo Presidente Ernesto Geisel durante a Ditadura Militar, manteve-se durante fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro como a sede do Governo do Estado, função que desempenha até a atualidade. Em 15 de novembro de 1889, durante uma quartelada que visava a queda do gabinete ministerial chefiado por Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, proclamou-se provisoriamente a República no Brasil . Os desencontros da Família Imperial do Brasil, o corte de informações, a reação tardia e inócua do Imperador Dom Pedro II em convocar o Conselho de Estado somente às onze horas da noite, indicando o Conselheiro José Antônio Saraiva como novo Presidente do Conselho de Ministros, substituindo o já preso e deposto Visconde de Ouro Preto, e toda conjunção fática consumou a proclamação realizada pelo golpe militar que já a havia decretado e jurado o novo regime na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em tentativa de legitimá-lo, tomando o novo grupo o poder constituinte. Seguiu-se pelo Governo Provisório, chefiado pelo Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, o aprisionamento da Família Imperial do Brasil; desde as dez horas da manhã do dia seguinte à sua instauração, no Paço Imperial, onde o Imperador e sua família já estavam quase incomunicáveis desde a tarde do dia anterior. Às três da tarde, o Major Frederico Solon de Sampaio Ribeiro, entregou à Dom Pedro II a ordem de banimento da Família Imperial em vinte e quatro horas. Tal ordem foi cassada e na madrugada do dia 16 para 17 de novembro, a Família Imperial é acordada pelo Tenente-Coronel João Mallet, informando que a partida deveria ser imediata. Partiram para o exílio às 2 horas e 46 da manhã, escondidos dos civis, coagidos e escoltados pelos militares. A Família Imperial foi embarcada no vapor Parnaíba e, após, no vapor Alagoas. Às 10 horas da manhã do dia 17, os três Príncipes, filhos da Princesa Imperial Dona Isabel e ainda infantes, que estavam em Petrópolis, são embarcados. A Família Imperial desembarca em Lisboa em 7 de dezembro de 1889, portando apenas alguns poucos pertences pessoais . O Imperador Dom Pedro II envia ao Governo Provisório a recusa do recebimento de compensação monetária de cinco mil contos de réis para decência da posição da família que acaba de ocupar o trono do país, e às necessidades do seu estabelecimento no estrangeiro, pelo que julgou um desrespeito ao patrimônio público e, em decorrência do caráter puramente provisório da República, cuja segurança de que o decreto que a instituía não lhe prejudicava suas garantias já asseguradas constitucionalmente. A resposta direta à recusa do Imperador veio por meio do Decreto 78-A, de 21 de dezembro de 1889, banindo formalmente o Imperador e sua família, e vedando-lhe de possuir imóveis, devendo liquidar no prazo de dois anos seus bens em território nacional, no entanto, não englobando as propriedades do restante da Família Imperial. Visando sanar esta omissão com relação ao resto das propriedades da Família Imperial, o Governo Provisório promulga, em 21 de novembro de 1890, o Decreto nº 1.050 determinando que ficam incorporadas ao domínio nacional as terras situadas nos Estados do Paraná e de Santa Catarina, concedidas, a titulo de dote, à Condessa d'Eu, ex princesa imperial do Brasil Já em período posterior à promulgação da Constituição republicana de 24 de fevereiro de 1891, o governo, já não provisório, do Presidente Deodoro da Fonseca edita o Decreto nº 447, de 18 de julho de 1891, expondo os considerandos e decretando a incorporação dos Palácios Isabel e Leopoldina ao patrimônio público, como segue transcrito em inteiro teor: Considerando que o dote instituido em favor da ex-princeza D. Isabel, Condessa d'Eu, e ao qual se referem as leis ns. 166 de 29 de setembro de 1840, 1217 de 7 de julho de 1864 e 1904 de 17 do outubro de 1870, e o contracto de 11 de outubro de 1864, tirava sua razão de ser e se fundamentava em o regimen politico então vigente o que - suppunha-se - Seria perpetuo; Considerando que, tanto esse dote como a lista civil annualmente decretada, significavam um auxilio para que a princeza imperial, e com ella o seu consorte, pudessem manter a representação e decóro social compativeis com a elevada posição que occupava na monarchia e com a qualidade de futura depositaria das funcções magestaticas, como se evidencia do elemento historico daquellas leis; E pois Considerando que o patrimonio politico, assim constituido para fins e sob leis especiaes, sómente poderia existir emquanto se não verificasse o implemento da condição resolutiva a que estava naturalmente subordinado: a extincção do regimen monarchico; e, dado este facto, devem os bens ser devolvidos ao dominio pleno do Estado, que aliás reservou sempre para si a nua-propriedade sobre elles; Considerando que nas mesmas condições de taes bens se acha o immovel denominado - palacete Leopoldina -, em cujo usofructo estava investido o ex-principe D. Pedro, como filho primogenito da princeza D. Leopoldina, Duqueza de Saxe, fallecida, em 1871; Considerando, finalmente, que o compromisso assumido pelo Governo Provisorio em 15 de novembro de 1889, no sentido de reconhecer e acatar todos os compromissos nacionaes contrahidos durante o regimen anterior, os tratados subsistentes com as potencias estrangeiras, a divida publica externa e interna, os contractos vigentes e mais obrigações legalmente contrahidas, não póde evidentemente referir-se ás leis citadas, as quaes por essa occasião já haviam caducado de par com a monarchia, de que eram immediato consectario; Resolve decretar, ampliando o disposto no decreto n. 1050 de 21 de novembro de 1890, que providenciou sobre as terras situadas nos Estados do Paraná e de Santa Catharina, que faziam parte do alludido patrimonio: Art. 1º Ficam incorporados aos proprios nacionaes todos os bens que constituiam o dote ou patrimonio concedido por actos do extincto regimen á ex-princeza imperial D. Isabel, Condessa d'Eu; bem assim o immovel denominado - palacete Leopoldina - e sito á rua Duque de Saxe. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario. Adiantando o que será exposto no próximo item de forma mais detalhada, o Governo Federal procurou executar o decreto pelos meios até então julgados mais cabíveis. Diante da negativa de entrega de um dos bens dotais da Princesa Dona Isabel, o Paço Isabel, de forma pacífica à União, pelo então representante legal da Família Imperial do Brasil na nação, ainda em 1891, da decisão negativa do Juiz Seccional do Distrito Federal, indeferindo sua petição de incorporação ao patrimônio público, afastando o supratranscrito decreto por sua inconformidade com a ordem jurídica, e dos pareceres requeridos pelo Ministério da Justiça de maneira quase unívoca seguirem o entendimento da Corte, a posse do casal Imperial sobre o imóvel permaneceu impávida e mansa até 1894. Com a reação tardia dos grupos sociais anteriormente favorecidos pelo regime monárquico, como já citado na introdução, ou daqueles que viam uma oportunidade política com a instabilidade da recém-constituída república, em setembro de 1893, com cunho atribuído essencialmente monarquista, eclodiu na Capital Federal a nominada Segunda Revolta da Armada, levantada pela Marinha em oposição ao repressivo governo do Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto, sucessor do deposto Marechal Deodoro da Fonseca. Destacou-se o cunho monárquico da Revolta da Armada pelo seu líder, o Almirante Custódio de Mello, manter, mesmo durante o exílio da Família Imperial do Brasil, relação de amizade com a Princesa Imperial Dona Isabel e seu esposo o Príncipe Gastão de Orléans, o Conde dEu. A revolta da Marinha se estendeu por todo o primeiro trimestre de 1894 e, além da repressão física, que resultou em cerca de 10000 mortos, exacerbaram-se os ânimos ditatoriais do governo, que em estado de sítio, tomou medidas contra tudo que se vinculasse ao regime monárquico deposto, garantindo ao então Presidente da República alcunhas como as de Marechal de Ferro e Consolidador da República. Dentre as medidas tomadas pelo governo Floriano, encontrou-se a execução forçada do Decreto nº 447/1891, acima transcrito. Em 17 de maio de 1894, o Ministério da Guerra consultou o Ministério do Interior sobre a apropriação do Palácio Isabel e suas adjacências para a constituição de um hospital militar. A resposta oferecida ao Ministério da Guerra foi a da remissão do aviso expedido ao Ministério da Fazenda, datado de 10 de dezembro de 1891, de que a imissão da posse, por parte do Estado, do imóvel em questão, estava em processo judicial em andamento. Em 22 de maio, o Ministro da Guerra, General Bebiano Costallat, expediu ao Ministério da Justiça o seguinte expediente: Comunico-vos, para os fins convenientes, que nesta data expeço ordem ao Quartel Mestre General para que tome conta do Palácio Isabel, que tem que ser transformado em hospital. Saúde e fraternidade. Ignorando, subjugando e trespassando qualquer das decisões já entregues pela justiça de acordo ordem jurídica vigente no país, e coadunando com a violência da decisão do Ministério da Guerra, o Ministério da Justiça aditou ao documento que lhe fora entregue o despacho: Não havendo nenhum expediente a fazer-se, parece-me que deve ser arquivado o presente aviso. Destarte, em 23 de maio de 1894, às nove horas da noite o Palácio Isabel foi cercado por praças do exército e ocupado manu militari pela Força Pública, seguindo-se o saque dos bens que se encontravam em seu interior .

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