Silencio a voz e deixo sossegar a alma! O som da água correndo pelo carreador do lavador ao largo do antigo terreiro de café, é a sinfonia perfeita para recriar a sensação da vida pulsante da Fazenda Santa Thereza em seu apogeu nos já longínquos anos do sec. XIX. Caminho pelos salões do antigo casarão como os membros da nobreza e aristocracia cafereira o fizeram. Vejo a  grande mesa comunal na sala de banquetes onde tantas refeições foram divididas em momentos de alegria familiar, em meio a  festas faustosas onde  reuniu-se expoentes da sociedade paulista e carioca.  Mas entre o riso e alegria, aqui  também se vivenciaram  dramas,  transes agudos e incertezas quando seus ocupantes foram assolapados por fatos e notícias tristes. Por aqui chegaram as notícias do golpe republicano que levou ao fim do império brasileiro em 1889 que  baniu  a família imperial para Europa, acompanhada no exílio por famíliares dos proprietários da Santa Thereza, fiéis amigos do Imperador Dom Pedro II. Nesta casa se viveu a apreeenssão causada pelo medo causado pela epidemia de febre amarela que grassou  a vida de tantos na região .   Estes salões foram também sacudidos pela derrocada do café na crise da década de 1920 que desmobilizou e desconstitui tantas fazendas ao seu redor, bons e antigos vizinhos que da noite para o dia experimentaram o gosto amargo da insolvência financeira. Esta távola foi certamente tribuna para inflamados discursos durante a revolução contra a ditadura Vargas em 1932, Santa Thereza também teve seus heróis que lutaram pela Constituição e por São Paulo. Continuo meu passeio até a grandiosa biblioteca, templo de erudição de cinco gerações da família Mello Franco. Observo também o magnifico retrato de Antônio Augusto da Silva Prado Monteiro de Barros adornado com as armas do Visconde Monteiro de Barros, seu ilustre avô, primeiro Presidente da Província de São Paulo em 1823, logo após a Independência do Brasil.  A medida que adentro à casa grande me delicio com  segredos familiares como o grande armário de sacristia que pertenceu ao Padre Joaquim de Mello Franco, curiosamente patriarca da família. Sim o Padre durante o exercício do sacerdócio teve sete filhos e foi imortalizado na obra de Agripa de Vasconcellos como o primeiro homem a conhecer a intimidade de Dona Beija, a Rainha de Araxá. Me detenho no vasto alpendre e compartilho a visão que seus senhores tiveram em dois séculos de veneranda existência. Desço ao pátio interno até as portas da grande senzala, e me permito imaginar a cantoria dos escravos voltando da jornada nas lavouras. Aqui também ressoaram os acordes da banda de música formada por ex escravos e colonos italianos que saudavam a chegada de Dona Maria Marcolina Monteiro de Barros Machado Portella.  Assim é a Fazenda Santa Thereza, o elo perdido da civilização do café, o testemunho de um mundo que já não existe mais, a obra e o marco das gerações que se sucederam amansando a terra, enfrentando adversidades, produzindo riquezas e honrando sua história. A DARGENT LEILÕES apresenta o LEILÃO DO ACERVO DA FAZENDA SANTA THEREZA herdade dos descendentes das famílias MONTEIRO DE BARROS, MACHADO PORTELLA, GONÇALVES DE MORAIS, MELLO FRANCO E SILVA PRADO.