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EMILIANO DI CAVALCANTI - RETRATO DE PAULO DA SILVA PRADO (1869-1943). DÉCADA DE 20 OST ASSINADO CANTO INFERIOR DIREITO. 64 X 52 CM (SEM CONSIDERAR O TAMANHO DA MOLDURA COM ELA 86 X 74 CM. DURANTE A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 O PINTOR DI CAVALCANTE (1897-1976) DESABAFA A MÁRIO E OSWALD DE ANDRADE: "NÃO É VERGONHA SER POBRE E SER BOÊMIO, DIGAM LOGO A PAULO PRADO QUE ME FALTA DINHEIRO PARA PAGAR O HOTEL, E QUE ELE COMPRE UNS DESENHOS MEUS, UM QUADRO, O QUE ELE QUISER, PARA ME SUSTENTAR AQUI EM SÃO PAULO, POR UM MÊS". A FALA DE DI CAVALCANTE DEMONSTRA AS MINÚCIAS POR TRÁS DE UM FATO INCONTESTÁVEL DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, O MOVIMENTO QUE MUDOU A FEIÇÃO DA ARTE E DA POESIA BRASILEIRA: O GRANDE REALIZADOR, PATROCINADOR E FIADOR DO MOVIMENTO JUNTO A ELITE PAULISTA FOI O EMPRESÁRIO E ENSAÍSTA DA FORMAÇÃO SOCIAL DO BRASIL, PAULO DA SILVA PRADO. NÃO É POR ACASO QUE O MODERNISTA MÁRIO DE ANDRADE EM SUA OBRA O MOVIMENTO MODERNISTA CONSIDERA PAULO PRADO O FAUTOR VERDADEIRO DA SEMANA DE ARTE MODERNA, SENDO A ÚNICA PESSOA IMPRESCINDÍVEL PARA A REALIZAÇÃO DO EVENTO, POIS GRAÇAS A ELE O MOVIMENTO GANHOU EXPRESSÃO SOCIAL. PAULO PRADO NÃO LIMITOU-SE SOMENTE A FIGURA FINANCIADORA DA SEMANA DE 22, CÂNDIDO MOTTA FILHO RELEMBRA UM DIÁLOGO NO QUAL O POETA RONALD DE CARVALHO COMENTA QUE A REUNIÃO MODERNISTA ESTAVA CHEIA DE PASSADISTAS, AO QUE PAULO PRADO TERIA RESPONDIDO : ISSO NÃO TEM IMPORTÂNCIA. O IMPORTANTE É A REUNIÃO ! . O PRIMORDIAL ERA DESAFIAR UM GOSTO CONSOLIDADO COM ALGO DIFERENTE DAQUILO QUE A ACADEMIA ENSINAVA OU, AO MENOS, TENTAR FAZÊ-LO. NESSE SENTIDO, SE A INTENÇÃO DELIBERADA DO EVENTO ERA CHOCAR, DE FATO, A PLATÉIA SAIU DE LÁ, NO MÍNIMO, INCOMODADA, COMO DEMONSTRAM AS VAIAS E GRITOS DE DESAPROVAÇÃO. INCLUSIVE, CONTA GERALDO FERRAZ, ERA PAULO PRADO QUEM GRITAVA, AO CALOR DAS VAIAS DO PÚBLICO, SUGESTÕES PARA DOMINAR O ALVOROÇO E PROSSEGUIR SEM PROBLEMAS COM O EVENTO. NÃO É POSSIVEL PENSAR NA ARTE BRASILEIRA EM TODO SEC. XX SEM RECUPERAR O PAPEL DE PAULO PRADO EM SUA FORMAÇÃO. ELE NÃO SÓ FOI O GRANDE MECENAS DO MODERNISMO E DA SEMANA DE ARTE MODERNA QUANTO GARANTIU AO MOVIMENTO O APOIO DAS ELITES PAULISTAS, A OLIGARQUIA CAFEICULTORA. ALÉM DISSO SUA VASTA OBRA LITERÁRIA TRAZ UMA COMPREENSÃO INÉDITA ATÉ ENTÃO DAS RAÍZES DA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E SUA CULTURA. NÃO É EXAGERO DIZER QUE ESTA OBRA HORA APREGOAGA ENCERRA TODO O SENTIDO DA TRANSIÇÃO DO BRASIL COMO UM REPETIDOR DA ARTE EUROPÉIA CLÁSSICA ACADÊMICA PARA UM PAÍS QUE PASSA A FORMAR SEU PRÓPRIO CONCEITO DE ARTE NAICONAL A PARTIR DO VERDADEIRO CONCEITO DE BRASILIDADE. NOTA: Bisneto do Barão de Iguape, Paulo Prado foi criado no seio de uma tradicional família paulista ligada à produção do café. Em fins do século XIX, a família Prado não somente é a maior produtora de café da época, como também exerce importante papel na direção do país, nas campanhas da abolição e de imigração, assim como na lavoura, pecuária, indústria e transportes. Paulo Prado incorpora o capital familiar sob suas diversas formas - cultural, econômica, social e política - em um período de transição da Monarquia à República, da escravidão negra à mão-de-obra livre, do apogeu da exportação do café aos primórdios da industrialização. Graduado na última turma do Império, em 1889, vê desaparecer, com a proclamação da República, o ambiente que lhe é familiar, fechando-se as portas para a provável carreira política que teria seguido como primogênito da família. Paulo da Silva Prado nasceu em 20 de maio de 1869, na Rua da Consolação, na cidade de São Paulo. Filho de Antônio da Silva Prado e Maria Catarina da Costa Pinto e Silva. Era neto do Conselheiro Antônio Prado e Bisneto de Dona Veridiana Silva Prado, a grande dama do segundo império na cidade de São Paulo. Desde a infância recebeu uma educação reservada e própria aos membros da elite local, com ênfase no desenvolvimento cultural, aprendizado de línguas estrangeiras, dança e piano. Em 1889, após se formar em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, Prado viajou, na companhia do tio Eduardo Prado (1860-1901), a Paris, onde teve contato com os intelectuais da Geração de 70. O círculo de amigos de Eduardo Prado era composto de nomes ilustres como: Eça de Queirós (1845-1901), Graça Aranha (1868-1931), Afonso Arinos de Melo Franco (1868-1916), Oliveira Martins (1845-1894), Barão do Rio Branco (1845- 1912), Olavo Bilac (1865-1918), entre outros. O regresso ao Brasil foi marcado pela necessidade de assumir os negócios da família; assim, se tornou presidente da maior empresa de exportação de café do país, a Casa Prado, Chaves & Cia, tarefa na qual se deteve até a morte, em 1943. A pluralidade da figura de Paulo Prado fez com que tivesse prestígio no ramo empresarial e, ao mesmo tempo, se destacasse como colaborador de importantes periódicos paulistas, como O Estado de S. Paulo, Correio da Manhã, Jornal do Comércio e Revista do Brasil, além de ter participação ativa na fundação de importantes revistas modernistas (Klaxon, Terra Roxa e outras terras e Revista Nova) e no próprio movimento da Semana de Arte Moderna. Nesta mesma época, Paulo Prado foi peça chave da organização e financiamento da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e foi apontado por Mário de Andrade como o fautor verdadeiro para a ocorrência do movimento de 22. Em sua residência, onde vivia com a francesa Marie Noemi Alphonsine Lebrun, conhecida como Marinette, na avenida Higienópolis, 31, promovia o encontro do grupo de artistas e intelectuais, sempre com grande fartura de alimentos e bebidas. E foi em seus salões que surgiu a idéia para realização da Semana de Arte Moderna. É preciso dizer que Paulo Prado não agiu como um mecenas extravagante e inconsequente ao promover a Semana de Arte Moderna; de fato o autor compreendia o movimento como fruto de uma mobilização da sociedade paulista, de sua elite e dos artistas que a compunham. Ademais, era comum à época o incentivo e patrocínio de empresários e notáveis aos grandes espetáculos e exposições de obras artísticas. Observamos que no caso de Prado a distinção estava em promover a manifestação modernista sem o apoio majoritário da sociedade da época. Em Nacional Estrangeiro, Sérgio Miceli enfatiza a importância do apoio de Paulo Prado para o sucesso do movimento modernista de 22, já que se tratava de um respeitado nome da sociedade aristocrata conservadora da época. Já havia também incontestável relação de Paulo Prado com o grupo que promove a Semana de 1922 tomando o campo das relações pessoais. Lembremos que Prado é padrinho por parte da noiva, ao lado de Olívia Guedes Penteado, do casamento de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, em 1926. Além disso, Oswald não somente é prefaciado por Prado em sua Poesia Pau Brasil (1925), como lhe dedica Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) ; enquanto Mário confessa em um prefácio inédito ter escrito Macunaíma (1928) a partir da leitura dos rascunhos de Retrato do Brasil, lançado no mesmo ano. Temos aí constituída uma parceria de afinidades que sinalizam o lastro social no qual se entranhava o entrosamento ideal perseguido pelos modernistas, entre cultura, política e mundanismo Lembremos que Paulo Prado teve também atuação decisiva em vários episódios que atuaram como prelúdios da Semana de 1922. A maioria dessas atividades públicas por ele organizadas e financiadas foram realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, cuja construção representa uma grande marca da administração de seu pai como prefeito da cidade. São Paulo, dizia Antônio Prado, não tinha vida social. Era necessário estimulá-la intensamente, por todos os meios e em todas as classes da população. Sem o que nunca passaria de um quieto burgo do interior. O projeto do teatro paulistano foi encomendado a Cláudio Rossi (1850-1935), arquiteto da família Prado, que teve que viajar à Europa para pesquisar e adquirir o material apropriado. Construído em um terreno que pertencia a Companhia Antártica Paulista, ligada empresarialmente a família Prado, que lhe fornecia os vasilhames da Vidraria Santa Marina, o Teatro Municipal de São Paulo tornou-se um reduto privilegiado de eventos de atualização da consciência artística e cultural, que têm lugar anos antes da famosa Semana de Arte Moderna. Em 1917 adquire um quadro na histórica exposição de Anita Malfatti, em 1917, travando, ao que parece, seu primeiro contato com os futuros participantes de Semana de Arte Moderna. Esse contato com os jovens brasileiros será aprofundado em Paris, o que não soa estranho. Afinal, os arredores da Place de Clichy, no início do século XX, se transformam, nos termos de Paulo Prado, no umbigo do mundo. Na década de 1920, Paris e sua efervescência cultural atraíam artistas e mecenas de todos os lugares do mundo. No caso dos artistas brasileiros, lá estavam Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Victor Brecheret (1894-1955), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), entre outros, muitos deles patrocinados por Paulo Prado, como Brecheret, Di Cavalcanti e Villa-Lobos. Paulo Prado aparece aqui, já em idade madura, como um importante mediador entre São Paulo e Paris. Ninguém mais do que Paulo Prado, contam os amigos, apreciava os prazeres da vida parisiense : o ateliê do pintor Fernand Léger (1881-1955), os quadros de Pablo Picasso (1881-1973) da casa de Madame Eugenia Errazuriz (1858-1951) e as obras pré-modernistas do marchand Ambroise Vollard. Prado chega a escrever uma carta de Paris a Mário de Andrade (18931945) só para fazer inveja, pois estava em frente a dois grandes Picassos, que são um encanto Sobre ele Gylberto Freire escreveu: Curiosa figura a desse Paulo Prado, amigo do velho Henry Shorto é capaz de discutir durante horas, com banqueiros e fazendeiros, os pormenores mais prosaicos dos problemas do café paulista, é ao mesmo tempo procurado para as mais platônicas deste mundo por velhos esquisitos da marca de Capistrano de Abreu, por modernistas do arrojo experimental de Mário de Andrade, por pintores da audácia poética de Cícero Dias. Quem daqui a meio século estudar a personalidade e a vida de Paulo Prado se espantará de certo ao ver seu nome associado ao mesmo tempo ao movimento modernista e ao Departamento Nacional do Café.

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EMILIANO DI CAVALCANTI - RETRATO DE PAULO DA SILVA PRADO (1869-1943). DÉCADA DE 20 OST ASSINADO CANTO INFERIOR DIREITO. 64 X 52 CM (SEM CONSIDERAR O TAMANHO DA MOLDURA COM ELA 86 X 74 CM. DURANTE A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 O PINTOR DI CAVALCANTE (1897-1976) DESABAFA A MÁRIO E OSWALD DE ANDRADE: "NÃO É VERGONHA SER POBRE E SER BOÊMIO, DIGAM LOGO A PAULO PRADO QUE ME FALTA DINHEIRO PARA PAGAR O HOTEL, E QUE ELE COMPRE UNS DESENHOS MEUS, UM QUADRO, O QUE ELE QUISER, PARA ME SUSTENTAR AQUI EM SÃO PAULO, POR UM MÊS". A FALA DE DI CAVALCANTE DEMONSTRA AS MINÚCIAS POR TRÁS DE UM FATO INCONTESTÁVEL DA SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, O MOVIMENTO QUE MUDOU A FEIÇÃO DA ARTE E DA POESIA BRASILEIRA: O GRANDE REALIZADOR, PATROCINADOR E FIADOR DO MOVIMENTO JUNTO A ELITE PAULISTA FOI O EMPRESÁRIO E ENSAÍSTA DA FORMAÇÃO SOCIAL DO BRASIL, PAULO DA SILVA PRADO. NÃO É POR ACASO QUE O MODERNISTA MÁRIO DE ANDRADE EM SUA OBRA O MOVIMENTO MODERNISTA CONSIDERA PAULO PRADO O FAUTOR VERDADEIRO DA SEMANA DE ARTE MODERNA, SENDO A ÚNICA PESSOA IMPRESCINDÍVEL PARA A REALIZAÇÃO DO EVENTO, POIS GRAÇAS A ELE O MOVIMENTO GANHOU EXPRESSÃO SOCIAL. PAULO PRADO NÃO LIMITOU-SE SOMENTE A FIGURA FINANCIADORA DA SEMANA DE 22, CÂNDIDO MOTTA FILHO RELEMBRA UM DIÁLOGO NO QUAL O POETA RONALD DE CARVALHO COMENTA QUE A REUNIÃO MODERNISTA ESTAVA CHEIA DE PASSADISTAS, AO QUE PAULO PRADO TERIA RESPONDIDO : ISSO NÃO TEM IMPORTÂNCIA. O IMPORTANTE É A REUNIÃO ! . O PRIMORDIAL ERA DESAFIAR UM GOSTO CONSOLIDADO COM ALGO DIFERENTE DAQUILO QUE A ACADEMIA ENSINAVA OU, AO MENOS, TENTAR FAZÊ-LO. NESSE SENTIDO, SE A INTENÇÃO DELIBERADA DO EVENTO ERA CHOCAR, DE FATO, A PLATÉIA SAIU DE LÁ, NO MÍNIMO, INCOMODADA, COMO DEMONSTRAM AS VAIAS E GRITOS DE DESAPROVAÇÃO. INCLUSIVE, CONTA GERALDO FERRAZ, ERA PAULO PRADO QUEM GRITAVA, AO CALOR DAS VAIAS DO PÚBLICO, SUGESTÕES PARA DOMINAR O ALVOROÇO E PROSSEGUIR SEM PROBLEMAS COM O EVENTO. NÃO É POSSIVEL PENSAR NA ARTE BRASILEIRA EM TODO SEC. XX SEM RECUPERAR O PAPEL DE PAULO PRADO EM SUA FORMAÇÃO. ELE NÃO SÓ FOI O GRANDE MECENAS DO MODERNISMO E DA SEMANA DE ARTE MODERNA QUANTO GARANTIU AO MOVIMENTO O APOIO DAS ELITES PAULISTAS, A OLIGARQUIA CAFEICULTORA. ALÉM DISSO SUA VASTA OBRA LITERÁRIA TRAZ UMA COMPREENSÃO INÉDITA ATÉ ENTÃO DAS RAÍZES DA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E SUA CULTURA. NÃO É EXAGERO DIZER QUE ESTA OBRA HORA APREGOAGA ENCERRA TODO O SENTIDO DA TRANSIÇÃO DO BRASIL COMO UM REPETIDOR DA ARTE EUROPÉIA CLÁSSICA ACADÊMICA PARA UM PAÍS QUE PASSA A FORMAR SEU PRÓPRIO CONCEITO DE ARTE NAICONAL A PARTIR DO VERDADEIRO CONCEITO DE BRASILIDADE. NOTA: Bisneto do Barão de Iguape, Paulo Prado foi criado no seio de uma tradicional família paulista ligada à produção do café. Em fins do século XIX, a família Prado não somente é a maior produtora de café da época, como também exerce importante papel na direção do país, nas campanhas da abolição e de imigração, assim como na lavoura, pecuária, indústria e transportes. Paulo Prado incorpora o capital familiar sob suas diversas formas - cultural, econômica, social e política - em um período de transição da Monarquia à República, da escravidão negra à mão-de-obra livre, do apogeu da exportação do café aos primórdios da industrialização. Graduado na última turma do Império, em 1889, vê desaparecer, com a proclamação da República, o ambiente que lhe é familiar, fechando-se as portas para a provável carreira política que teria seguido como primogênito da família. Paulo da Silva Prado nasceu em 20 de maio de 1869, na Rua da Consolação, na cidade de São Paulo. Filho de Antônio da Silva Prado e Maria Catarina da Costa Pinto e Silva. Era neto do Conselheiro Antônio Prado e Bisneto de Dona Veridiana Silva Prado, a grande dama do segundo império na cidade de São Paulo. Desde a infância recebeu uma educação reservada e própria aos membros da elite local, com ênfase no desenvolvimento cultural, aprendizado de línguas estrangeiras, dança e piano. Em 1889, após se formar em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, Prado viajou, na companhia do tio Eduardo Prado (1860-1901), a Paris, onde teve contato com os intelectuais da Geração de 70. O círculo de amigos de Eduardo Prado era composto de nomes ilustres como: Eça de Queirós (1845-1901), Graça Aranha (1868-1931), Afonso Arinos de Melo Franco (1868-1916), Oliveira Martins (1845-1894), Barão do Rio Branco (1845- 1912), Olavo Bilac (1865-1918), entre outros. O regresso ao Brasil foi marcado pela necessidade de assumir os negócios da família; assim, se tornou presidente da maior empresa de exportação de café do país, a Casa Prado, Chaves & Cia, tarefa na qual se deteve até a morte, em 1943. A pluralidade da figura de Paulo Prado fez com que tivesse prestígio no ramo empresarial e, ao mesmo tempo, se destacasse como colaborador de importantes periódicos paulistas, como O Estado de S. Paulo, Correio da Manhã, Jornal do Comércio e Revista do Brasil, além de ter participação ativa na fundação de importantes revistas modernistas (Klaxon, Terra Roxa e outras terras e Revista Nova) e no próprio movimento da Semana de Arte Moderna. Nesta mesma época, Paulo Prado foi peça chave da organização e financiamento da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, e foi apontado por Mário de Andrade como o fautor verdadeiro para a ocorrência do movimento de 22. Em sua residência, onde vivia com a francesa Marie Noemi Alphonsine Lebrun, conhecida como Marinette, na avenida Higienópolis, 31, promovia o encontro do grupo de artistas e intelectuais, sempre com grande fartura de alimentos e bebidas. E foi em seus salões que surgiu a idéia para realização da Semana de Arte Moderna. É preciso dizer que Paulo Prado não agiu como um mecenas extravagante e inconsequente ao promover a Semana de Arte Moderna; de fato o autor compreendia o movimento como fruto de uma mobilização da sociedade paulista, de sua elite e dos artistas que a compunham. Ademais, era comum à época o incentivo e patrocínio de empresários e notáveis aos grandes espetáculos e exposições de obras artísticas. Observamos que no caso de Prado a distinção estava em promover a manifestação modernista sem o apoio majoritário da sociedade da época. Em Nacional Estrangeiro, Sérgio Miceli enfatiza a importância do apoio de Paulo Prado para o sucesso do movimento modernista de 22, já que se tratava de um respeitado nome da sociedade aristocrata conservadora da época. Já havia também incontestável relação de Paulo Prado com o grupo que promove a Semana de 1922 tomando o campo das relações pessoais. Lembremos que Prado é padrinho por parte da noiva, ao lado de Olívia Guedes Penteado, do casamento de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, em 1926. Além disso, Oswald não somente é prefaciado por Prado em sua Poesia Pau Brasil (1925), como lhe dedica Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) ; enquanto Mário confessa em um prefácio inédito ter escrito Macunaíma (1928) a partir da leitura dos rascunhos de Retrato do Brasil, lançado no mesmo ano. Temos aí constituída uma parceria de afinidades que sinalizam o lastro social no qual se entranhava o entrosamento ideal perseguido pelos modernistas, entre cultura, política e mundanismo Lembremos que Paulo Prado teve também atuação decisiva em vários episódios que atuaram como prelúdios da Semana de 1922. A maioria dessas atividades públicas por ele organizadas e financiadas foram realizadas no Teatro Municipal de São Paulo, cuja construção representa uma grande marca da administração de seu pai como prefeito da cidade. São Paulo, dizia Antônio Prado, não tinha vida social. Era necessário estimulá-la intensamente, por todos os meios e em todas as classes da população. Sem o que nunca passaria de um quieto burgo do interior. O projeto do teatro paulistano foi encomendado a Cláudio Rossi (1850-1935), arquiteto da família Prado, que teve que viajar à Europa para pesquisar e adquirir o material apropriado. Construído em um terreno que pertencia a Companhia Antártica Paulista, ligada empresarialmente a família Prado, que lhe fornecia os vasilhames da Vidraria Santa Marina, o Teatro Municipal de São Paulo tornou-se um reduto privilegiado de eventos de atualização da consciência artística e cultural, que têm lugar anos antes da famosa Semana de Arte Moderna. Em 1917 adquire um quadro na histórica exposição de Anita Malfatti, em 1917, travando, ao que parece, seu primeiro contato com os futuros participantes de Semana de Arte Moderna. Esse contato com os jovens brasileiros será aprofundado em Paris, o que não soa estranho. Afinal, os arredores da Place de Clichy, no início do século XX, se transformam, nos termos de Paulo Prado, no umbigo do mundo. Na década de 1920, Paris e sua efervescência cultural atraíam artistas e mecenas de todos os lugares do mundo. No caso dos artistas brasileiros, lá estavam Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Victor Brecheret (1894-1955), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), entre outros, muitos deles patrocinados por Paulo Prado, como Brecheret, Di Cavalcanti e Villa-Lobos. Paulo Prado aparece aqui, já em idade madura, como um importante mediador entre São Paulo e Paris. Ninguém mais do que Paulo Prado, contam os amigos, apreciava os prazeres da vida parisiense : o ateliê do pintor Fernand Léger (1881-1955), os quadros de Pablo Picasso (1881-1973) da casa de Madame Eugenia Errazuriz (1858-1951) e as obras pré-modernistas do marchand Ambroise Vollard. Prado chega a escrever uma carta de Paris a Mário de Andrade (18931945) só para fazer inveja, pois estava em frente a dois grandes Picassos, que são um encanto Sobre ele Gylberto Freire escreveu: Curiosa figura a desse Paulo Prado, amigo do velho Henry Shorto é capaz de discutir durante horas, com banqueiros e fazendeiros, os pormenores mais prosaicos dos problemas do café paulista, é ao mesmo tempo procurado para as mais platônicas deste mundo por velhos esquisitos da marca de Capistrano de Abreu, por modernistas do arrojo experimental de Mário de Andrade, por pintores da audácia poética de Cícero Dias. Quem daqui a meio século estudar a personalidade e a vida de Paulo Prado se espantará de certo ao ver seu nome associado ao mesmo tempo ao movimento modernista e ao Departamento Nacional do Café.

Informações

Lance

    • Lote Vendido
Termos e Condições
Condições de Pagamento
Frete e Envio
  • TERMOS E CONDIÇÕES

    1ª. As peças que compõem o presente LEILÃO, foram cuidadosamente examinadas pelos organizadores que, solidários com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.

    2ª. Em caso eventual de engano na autenticidade de peças, comprovado por peritos idôneos, e mediante laudo assinado, ficará desfeita a venda, desde que a reclamação seja feita em até 5 dias após o término do leilão. Findo o prazo, não será mais admitidas quaisquer reclamação, considerando-se definitiva a venda.

    3ª. As peças estrangeiras serão sempre vendidas como Atribuídas.

    4ª. O Leiloeiro não é proprietário dos lotes, mas o faz em nome de terceiros, que são responsáveis pela licitude e desembaraço dos mesmos.

    5ª. Elaborou-se com esmero o catálogo, cujos lotes se acham descritos de modo objetivo. As peças serão vendidas NO ESTADO em que foram recebidas e expostas. Descrição de estado ou vícios decorrentes do uso será descrito dentro do possível, mas sem obrigação. Pelo que se solicita aos interessados ou seus peritos, prévio e detalhado exame até o dia do pregão. Depois da venda realizada não serão aceitas reclamações quanto ao estado das mesmas nem servirá de alegação para descumprir compromisso firmado.

    6ª. Os leilões obedecem rigorosamente à ordem do catalogo.

    7ª. Ofertas por escrito podem ser feitas antes dos leilões, ou autorizar a lançar em seu nome; o que será feito por funcionário autorizado.

    8ª. Os Organizadores colocarão a título de CORTESIA, de forma gratuita e confidencial, serviço de arrematação pelo telefone e Internet, sem que isto o obrigue legalmente perante falhas de terceiros.

    8.1. LANCES PELA INTERNET: O arrematante poderá efetuar lances automáticos, de tal maneira que, se outro arrematante cobrir sua oferta, o sistema automaticamente gerará um novo lance para aquele arrematante, acrescido do incremento mínimo, até o limite máximo estabelecido pelo arrematante. Os lances automáticos ficarão registrados no sistema com a data em que forem feitos. Os lances ofertados são IRREVOGÁVEIS e IRRETRATÁVEIS. O arrematante é responsável por todos os lances feitos em seu nome, pelo que os lances não podem ser anulados e/ou cancelados em nenhuma hipótese.

    8.2. Em caso de empate entre arrematantes que efetivaram lances no mesmo lote e de mesmo valor, prevalecerá vencedor aquele que lançou primeiro (data e hora do registro do lance no site), devendo ser considerado inclusive que o lance automático fica registrado na data em que foi feito. Para desempate, o lance automático prevalecerá sobre o lance manual.

    9ª. O Organizador se reserva o direito de não aceitar lances de licitante com obrigações pendentes.

    10ª. Adquiridas as peças e assinado pelo arrematante o compromisso de compra, NÃO MAIS SERÃO ADMITIDAS DESISTÊNCIAS sob qualquer alegação.

    11ª. O arremate será sempre em moeda nacional. A progressão dos lances, nunca inferior a 5% do anterior, e sempre em múltiplo de dez. Outro procedimento será sempre por licença do Leiloeiro; o que não cria novação.

    12ª. Em caso de litígio prevalece a palavra do Leiloeiro.

    13ª. As peças adquiridas deverão ser pagas e retiradas IMPRETERIVELMENTE em até 48 horas após o término do leilão, e serão acrescidas da comissão do Leiloeiro, (5%). Não sendo obedecido o prazo previsto, o Leiloeiro poderá dar por desfeita a venda e, por via de EXECUÇÃO JUDICIAL, cobrar sua comissão e a dos organizadores.

    14ª. As despesas com as remessas dos lotes adquiridos, caso estes não possam ser retirados, serão de inteira responsabilidade dos arrematantes. O cálculo de frete, serviços de embalagem e despacho das mercadorias deverão ser considerados como Cortesia e serão efetuados pelas Galerias e/ou Organizadores mediante prévia indicação da empresa responsável pelo transporte e respectivo pagamento dos custos de envio.

    15ª. Qualquer litígio referente ao presente leilão está subordinado à legislação brasileira e a jurisdição dos tribunais da cidade de Campinas - SP. Os casos omissos regem-se pela legislação pertinente, e em especial pelo Decreto 21.981, de 19 de outubro de 1932, Capítulo III, Arts. 19 a 43, com as alterações introduzidas pelo Decreto 22.427., de 1º. de fevereiro de 1933.

  • CONDIÇÕES DE PAGAMENTO

    A vista com acréscimo da taxa do leiloeiro de 5%.
    Através de depósito ou transferência bancária em conta a ser enviada por e-mail após o último dia do leilão.
    Não aceitamos cartões de crédito ou débito.
    O pagamento deverá ser efetuado até 72 horas após o término do leilão sob risco da venda ser desfeita.

  • FRETE E ENVIO

    As despesas com retirada e remessa dos lotes, são de responsabilidade dos arrematantes. Veja nas Condições de Venda do Leilão.
    Despachamos para todos os estados. A titulo de cortesia a casa poderá embrulhar as peças arrematadas e providenciar transportadora adequada