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DOM PEDRO II - MANUSCRITO INÉDITO DO COMPOSITOR CARLOS GOMES (Campinas, 11 de julho de 1836 Belém, 16 de setembro de 1896) DIRIGIDO AO IMPERADOR DOM PEDRO II EM QUE AGRADECE AJUDA FINANCEIRA E LHE DEDICA A ÓPERA LO SCHIAVO. ESCRITA EM PAPEL COM MARCA DAGUA EM RELEVO Imperial Treasury De La Rue, e as letras de RLD entrelaçadas SOB uma coroa. A CARTA POSSUI O SEGUINTE TEXTO (TOMEI A LIBERDADE DE TRANSCREVE-LO COM O PORTUGUES ATUALIZADO): MEU AMANTÍSSIMO IMPERADOR, GRANDE É A MAGNAMINIDADE DE VOSSA MAJESTADE A QUEM NINGUEM RECORRE EM VÃO. SEI QUE ECO PIEDOSO ACHOU NO CORAÇÃO DE VOSSA MAJESTADE A MINHA SÚPLICA SEI O QUANTO FOI GRANDE E EFICAZ A SUA PROTEÇÃO INTERESSANDO ATÉ A SUA AUGUSTA FILHA A PROMOVER UM CONCERTO EM MEU FAVOR. e ISSO EM UM MOMENTO EM QUE O ÂNIMO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA AUGUSTA FAMÍLIA ACHAVA-SE CONTURBADO PELO INFAUSTO ACIDENTE DE QUE FOI VÍTIMA SUA MAJESTADE A IMPERATRIZ. TUDO ISSO EU SEI NÃO SÓ PELOS JORNAIS MAS TAMBÉM PARTICURLAMENTE POR CARTAS DE AMIGOS. CONSTA-ME POREM QUE SUA MAJESTADE A IMPERATRIZ JÁ SE ACHA RESTABELECIDA, PELO QUE A FELICITO DE TODO CORAÇÃO. ENTRETANTO O ATO GRANDE E GENEROSO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA ALTEZA IMPERIAL TRANSBORDA-ME O CORAÇÃO DE UM SENTIMENTO QUE NÃO É SÓ ADMIRAÇÃO, RECONHECIMENTO E GRATIDÃO. É TUDO ISSO AO MESMO TEMPO MAS NÃO ACHO AQUI PALAVRAS PARA EXPRIMIR. A LÍNGUA PODE SER MUITO RICA PARA QUEM TEM O DOM DE COMPOR FRASES, MAS EU SÓ COMPONHO FRASES MUSICAIS E MUITO FRACAS. A RESPEITO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA AUGUSTA FAMÍLIA POREM, TENHO NO CORAÇÃO ESCRITA UMA SIMPLES FRASE, SINGELA E VERDADEIRA: ETERNA GRATIDÃO! QUANDO A 19 DE JANEIRO DIRIGI A MINHA CARTA A VOSSA MAJESTADE FOI NA CERTEZA DE SER ATENDIDO. VOSSA MAJESTADE TAMBÉM CONHECENDO-ME DESDE 1859 VOSSA MAJESTADE NÃO TARDOU E NEM DUVIDOU EM BENEFICIAR UM HOMEM QUE SABE SER GRATO. ACEITE POIS VOSSA MAJESTADE OS MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR MAIS ESSE IMENSO FAVOR QUE SE DIGNOU FAZER-ME, SALVANDO-ME DE UM GRANDE EMBARAÇO. AGORA VOU DAR MÃOS AO TRABALHO SEM DESCANÇO. DEUS E A INSPIRAÇÃO ME AJUDARÁ PARA BREVEMENTE DEPOSITAR AOS PÉS DE VOSSA MAJESTADE, MAIS ESSE MEU TROFÉU CONQUISTADO NO CAMPO DE TRABALHO: LO SCHIAVO. DEUS CONSERVE POR LONGOS ANOS À VOSSA MAJESTADE E TODA SUA AUGUSTA FAMÍLIA PARA GLÓRIA E FELICIDADE DO BRASIL E ME CONCEDA VIDA PARA QUE POSSA AINDA UMA VEZ BEIJAR A MÃO BENÉFICA DE VOSSA MAJESTADE IMPERIAL. COMO PELO PASSADO, HOJE E SEMPRE ME PROCLAMO DE VOSSA MAJESTADE IMPERIAL SUDITO SINCERO, ADMIRADOR E AMIGO VERDADEIRO. CARLOS GOMES maggianico di lecco15 DE NOVEMBRO DE 1883. SECULO XIX. 40 X 26 (SOMENTE O TAMANHO DO MANUSCRITO). 61 X 46 CM (TAMANHO TOTAL).NOTA: A carta de Carlos Gomes ao Imperador está contextualizada no momento em que a Família Imperial estava vivendo um momento delicado, a Imperatriz sofrera uma queda violenta da qual jamais voltaria a se recuperar totalmente, agravando seu problema com a perna. O mecenato de Dom Pedro II para com os artistas brasileiros é conhecido e propalado. O Imperador Dom Pedro II realizou sacrifícios financeiros por seu amor à arte e à ciência, engrandecendo o florescimento e a formação cultural da nação Brasileira. Ele não se limitava à proteção oficial, ou a que ele diretamente concedia, ao período de formação do artista. Nunca perdia de vista o bom artista, amparava-o, dava-lhe empregos,incumbia-o de encomendas e decorações e adquiria-lhe as obras para si ou para a Pinacoteca, por ele fundada e enriquecida, sempre com seu próprio bolso. Sua educação e alta linhagem (sua mãe Leopoldina era uma Habsburgo, Arquiduquesa d´Áustria, filha do imperador Francisco José II ) e o tradicional amor dos Bragança pela música (seu pai Pedro I era bom compositor e seu avô D. João VI era amantíssimo da música), foram causa de ter procurado ele com vigor e entusiasmo ser um refinado amante da arte musical e das artes de modo geral. Desde sua sagração como imperador, ocorrida em 1841, Dom Pedro deu início a proveitosa atividade em favor da música, prestigiando e estimulando o funcionamento da escola de música do Colégio Pedro II, que havia sido fundado em 1837 e que, em 1838, tivera Januário da Silva Arvellos Filho como seu primeiro professor de música. Em 1841, apoia decisivamente a nomeação de Francisco Manuel da Silva como compositor da Imperial Câmara, o que seria fundamental para que Francisco Manuel continuasse suas atividades importantes para a música no Brasil, inclusive com a fundação do Conservatório do Rio de Janeiro em 1848, embrião da então futura Escola Nacional de Música. Tudo isso foi feito sob rigorosa presença de Pedro II à frente da fiscalização e orientação devidas. Em 1857, começou a funcionar no Rio de Janeiro, o que estimulava atividades semelhantes nas províncias, a Ópera Nacional, nome genérico de uma empresa dirigida pelo espanhol José Amat. Essa empresa, por resolução do Governo Imperial, leia-se Pedro II, foi autorizada a funcionar desde que custeasse os estudos e o aperfeiçoamento na Europa do primeiro aluno do Conservatório, de cinco em cinco anos. Foi assim que Henrique Alves de Mesquita e Carlos Gomes, ambos medalha de ouro do Conservatório, foram aperfeiçoar-se respectivamente na França e na Itália em 1857 e 1863. Auxiliou Carlos Gomes no início de suas atividades na Itália, intervindo com seu prestígio pessoal, o qual era enorme, para que fossem resolvidos problemas de idade e outros que obstaculavam aquelas atividades. Em 1869, mandou a Carlos Gomes altíssima soma para que o compositor pudesse pagar as despesas de montagem e representação de Il Guarany na Scala de Milão. (Fato pouco comentado esse: Carlos Gomes teve de pagar para pôr Il Guarany na Scala). O imperador não esteve presente à estreia de Il Guarany na Scala, mas compareceu orgulhoso com a família imperial à criação da ópera no Brasil, no Teatro Provisório em 2 de dezembro de 1870. O imperador se preocupava com as necessidades dos compositores brasileiros e os prestigiava, assim como os auxiliava, através de medidas governamentais, na execução de suas obras por orquestras nos teatros da capital do império e das províncias. Com o interesse do imperador se beneficiaram Brasílio Itiberê, Alexandre Levy, Gama Malcher e João Gomes de Araujo, que coloca sua ópera Carmosina, em 1888, no Teatro Dal Verme, de Milão, com as presenças do imperador e da imperatriz Teresa Cristina!! Em 1889, Pedro II se coloca decisivamente ao lado de Carlos Gomes em questões relativas à apresentação de sua ópera Lo Schiavo. O empresário Musella pretendia proibir a apresentação da ópera no Teatro Dom Pedro II por questões de dinheiro e de direitos autorais. O imperador interveio com mão de ferro, escudado em sua autoridade, e a ópera foi apresentada. No segundo império, por estímulo ou influências diretas ou indiretas de Pedro II, foram construídos vários teatros importantes, como o Teatro São José, em São Paulo, o Teatro da Paz, em Belém do Pará, o Teatro Santa Isabel, no Recife, o Teatro Provisório, no Rio de Janeiro, Teatro Dom Pedro II, depois Teatro Lírico, no Rio de Janeiro, e vários outros. Tão apegado à música era Pedro II que, segundo palavras do próprio Wagner, Tristão e Isolda poderia ter sido estreado no Brasil. Um certo soi-disant diplomata brasileiro, de nome Ernesto Ferreira França (filho), procurou Wagner dizendo-se emissário do imperador, o qual pagaria uma grande soma para que o Tristão fosse criado no Rio de Janeiro em italiano!!! Wagner naturalmente (mas muito entristecido) não aceitou a oferta, mas a famosa ópera tem esse vínculo com o Brasil, em assunto em que há lenda e verdade misturadas. Pedro II esteve presente à inauguração do teatro de Bayreuth em 1876 e se tornou amigo de Wagner, tendo contribuído com uma bela soma em favor daquele teatro. Na Itália brilhou o campineiro Antônio Carlos Gomes jamais outro compositor brasileiro alcançou o sucesso de Il Guarany, cuja estreia se deu no Teatro alla Scala de Milão com apoteótico sucesso. Ainda conversando com o Visconde de Taunay, Dom Pedro II comentou a ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes, e acrescentou: Estou disposto a custear pessoalmente a montagem da peça. Ao que o Visconde respondeu: Repare, Senhor, que serão necessários 40 contos de réis.O Imperador assustou-se: Não! Com a breca, isso não! Não sou tão rico assim. Em todo caso, fale com os empresários e venha entender-se comigo. Podemos contar com o sucesso da obra.Carlos Gomes declarou: Se não fosse o Imperador, eu não seria Carlos Gomes.Embora aureolado por um nome glorioso, que honrava o Brasil, Carlos Gomes ficara pobre após o golpe de 15 de novembro. Fora mantido pessoalmente por D. Pedro II, e a República se recusou a conceder-lhe uma pensão, por ser amigo da Família Imperial. Apesar disso, quando lhe foi feito o convite para compor o hino da República, não aceitou, como nobre homenagem de gratidão ao seu protetor destronado. (Revivendo o Brasil-Império) . CARLOS GOMES: Montado em um burro, Carlos Gomes, muito moço ainda, numa bela madrugada, seguiu para Santos, onde chegou, após dura travessia da Serra, hoje Via Anchieta. Da terra de Braz Cubas, embarcou para o Rio de Janeiro, rumo a seu glorioso destino. - "Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!", disse, ao partir "Sua bela figura lendária aureolou-se, além dos raios da glória, com os espinhos do martírio, criando em torno do esforçado trabalhador ambiente material e moral demasiadamente doloroso para um simples mortal, tocado embora pelo fulgor de um gênio" (Ítala Gomes Vaz de Carvalho) Carlos Gomes era conhecido, em Campinas, sua cidade natal, por Nhô Tonico, nome com que assinava, até, suas dedicatórias. Pertencia a uma família onde havia de tudo: relojoeiros, agricultores, marceneiros, encadernadores, farmacêuticos, rabequistas, trombonistas, flautistas e dois padres. Seus ancestrais eram espanhóis, e assinavam Gomez, com z. Seu bisavô, D. Antônio Gomez, fora bandeirante e casara-se com a filha de um cacique. Nasceu, o nosso maior operista, numa segunda-feira, em 11 de julho de 1836, numa casa humilde da Rua da Matriz Nova, na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manoel José Gomes (Maneco Músico) e d. Fabiana Jaguari Gomes. A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente. Seu pai vivia em dificuldades, com 26 filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro Santana Gomes, fiel companheiro das horas amargas. Aos 18 anos, apresentou sua primeira "missa", em cuja execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Quando chegou aos 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Verdi. Era conhecido também em S. Paulo, onde realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Côrte, em cujo Conservatório poderia aperfeiçoar-se. Mas como poderia Nhô Tonico fazer isso, se seu pai não possuía sequer recursos para uma viagem? Certo dia, pretextando novos concertos em São Paulo, Carlos Gomes veio para cá, mas, em seu ânimo, estava planejada uma fuga para mais amplos horizontes. Arranjou um burro e disse ao irmão, José Pedro, que ia para Santos, onde embarcaria para o Rio de Janeiro. José Pedro riu e disse-lhe que voltaria de Santos mesmo, pois não teria coragem de abandonar sua terra natal. - Qual! - respondeu o futuro maestro - Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos! E lá se foi ele, montado no burrinho, na sua penosa marcha pela Serra, até Santos, onde embarcou, no navio Piratininga, debaixo de fortes aclamações de estudantes e amigos, rumo à Côrte, levando consigo uma carta de recomendação, que lhe facilitaria o acesso ao Paço de São Cristóvão e ao bondoso coração de D. Pedro II. Os primeiros dias, no Rio, foram de tristeza e saudade. Hospedou-se na casa do pai de um estudante de S. Paulo. Sentia remorsos por haver abandonado o velho pai. Um dia, porém, escreveu-lhe pedindo perdão e revelando-lhe seus planos. O velho Maneco Músico comoveu-se ante o tom sincero da carta e não só perdoou ao rapaz, mas lhe estabeleceu uma pensão mensal, dizendo-lhe: "Que Deus te abençoe e te conduza, próspero, avante, pelo caminho da Glória. Trabalha e sê feliz! Teu pai". Com isso, Carlos Gomes sentiu-se mais disposto a enfrentar o futuro.Apresentado ao Imperador, por intermédio da Condessa Barral, o monarca, sempre amigo e protetor dos artistas, encaminhou-o a Francisco Manuel da Silva, diretor do Conservatório de Música e também animador dos jovens músicos. Carlos Gomes teve como primeiro mestre, em contraponto, Joaquim Giannini, famoso musicista italiano, que viveu muito tempo no Brasil. No ano seguinte, em 1860, na festa de encerramento dos cursos, Carlos Gomes apresentou uma sua composição. Mas caiu doente, atacado de febre amarela, impossibilitado de comparecer. Sua ausência foi muito lamentada. Eis, porém, que surge o imprevisto: quando o maestro ia dar início à "cantata", o jovem campineiro surge no estrado, olhos brilhando de febre, e pede a batuta para dirigir sua peça. Nada o demovera de ir dirigir. O resultado foi emocionante. Aplausos e mais aplausos, a que Carlos Gomes não pode resistir e desmaiou, sendo levado para casa, sem sentidos. Isso tudo chegou ao conhecimento do soberano, que mandou levar-lhe uma medalha de ouro, como recompensa a seu esforço e talento. Começou, então, a marcha triunfal do moço campineiro. Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, Noite do Castelo, o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Ordem das Rosas. Carlos Gomes conquistou logo a Côrte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo? Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a si o deve!" A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correa do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863. Como corolário do êxito, na Congregação da Academia de Belas Artes, foi lido um ofício do diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. D. Pedro II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu. Passeando pela Praça del Duomo, em Milão, Carlos Gomes ouvi u um garoto apregoando "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Era uma péssima tradução do romance de Alencar, mas dali o jovem maestro extraiu sua imortal ópera, que, em breve, se tornou mundialmente conhecida. O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Wagner, mas a Imperatriz, D. Teresa Cristina, italiana, sugeriu-lhe a Itália. A 8 de novembro de 1863, o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de D. Pedro II para o rei Fernando, de Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores. A partir dessa data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antônio Scalvini, estreada, em 1 de janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano. Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça del Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o mortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870. Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeira plana. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte. O grande Verdi, já glorioso e consagrado, disse de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo giovane comincia dove finisco io!" E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala, foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux, com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras. Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente. Na Côrte, distante de sua querida Campinas, enlanguescendo de saudades, Carlos Gomes recebe a notícia do casamento de sua amada Ambrosina. E recordou, com mágoa, os versos que lhe dedicara, a melodia que ainda hoje todos cantam: "Tão longe, de mim distante... onde irá... onde irá teu pensamento?..." Foi um rude golpe para o jovem e já consagrado artista. Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri, que devotou toda sua vida ao maestro. Desse consórcio, nasceram cinco filhos, muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai. Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor obra, Salvador Rosa e Maria Tudor. Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs Hino a Camões, para o centenário camoniano, executado simultaneamente, ali e no Distrito Federal, com grande sucesso. Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do que supunha. De volta à Itália, compôs a grande ópera O Escravo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1867, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso. Em 3 de fevereiro, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno. O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo, infelizmente, foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo, poema sinfônico que, incompreendido pelo grande público, não obteve êxito. Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo Rebouças, ali exilado. Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço. Sua vida, contudo, estava no fim. Lança-se ao trabalho, prodigiosamente, mas tomba justamente quando o povo de sua terra lhe retribuía o amor e a glória que ele granjeara no exterior. Diante de seu estado, o governo de São Paulo autoriza uma pensão mensal de dois contos de réis (dois mil cruzeiros, importância vultosa para a época), enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro. Dias antes de morrer, Carlos Gomes dizia, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega... eu sou mesmo o mais caipora dos caipiras..." Em 16 de setembro de 1896, o Brasil enlutava-se, com a morte do grande artista, do filho que tanto honrara o nome de sua pátria no estrangeiro. O governo paulista solicitou ao do Pará os gloriosos despojos, que hoje se encontram no magnífico monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com grandes solenidades( https://carlosgomes.campinas.sp.gov.br/historia/vida-de-carlos-gomes) ASSISTA A UM INTERESSENTE DOCUMENTARIO SOBRE A OBRA DE CARLOS GOMES E A OPERA LO SCHIAVO EM: https://www.youtube.com/watch?v=h-v2xcFU60Q

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DOM PEDRO II - MANUSCRITO INÉDITO DO COMPOSITOR CARLOS GOMES (Campinas, 11 de julho de 1836 Belém, 16 de setembro de 1896) DIRIGIDO AO IMPERADOR DOM PEDRO II EM QUE AGRADECE AJUDA FINANCEIRA E LHE DEDICA A ÓPERA LO SCHIAVO. ESCRITA EM PAPEL COM MARCA DAGUA EM RELEVO Imperial Treasury De La Rue, e as letras de RLD entrelaçadas SOB uma coroa. A CARTA POSSUI O SEGUINTE TEXTO (TOMEI A LIBERDADE DE TRANSCREVE-LO COM O PORTUGUES ATUALIZADO): MEU AMANTÍSSIMO IMPERADOR, GRANDE É A MAGNAMINIDADE DE VOSSA MAJESTADE A QUEM NINGUEM RECORRE EM VÃO. SEI QUE ECO PIEDOSO ACHOU NO CORAÇÃO DE VOSSA MAJESTADE A MINHA SÚPLICA SEI O QUANTO FOI GRANDE E EFICAZ A SUA PROTEÇÃO INTERESSANDO ATÉ A SUA AUGUSTA FILHA A PROMOVER UM CONCERTO EM MEU FAVOR. e ISSO EM UM MOMENTO EM QUE O ÂNIMO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA AUGUSTA FAMÍLIA ACHAVA-SE CONTURBADO PELO INFAUSTO ACIDENTE DE QUE FOI VÍTIMA SUA MAJESTADE A IMPERATRIZ. TUDO ISSO EU SEI NÃO SÓ PELOS JORNAIS MAS TAMBÉM PARTICURLAMENTE POR CARTAS DE AMIGOS. CONSTA-ME POREM QUE SUA MAJESTADE A IMPERATRIZ JÁ SE ACHA RESTABELECIDA, PELO QUE A FELICITO DE TODO CORAÇÃO. ENTRETANTO O ATO GRANDE E GENEROSO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA ALTEZA IMPERIAL TRANSBORDA-ME O CORAÇÃO DE UM SENTIMENTO QUE NÃO É SÓ ADMIRAÇÃO, RECONHECIMENTO E GRATIDÃO. É TUDO ISSO AO MESMO TEMPO MAS NÃO ACHO AQUI PALAVRAS PARA EXPRIMIR. A LÍNGUA PODE SER MUITO RICA PARA QUEM TEM O DOM DE COMPOR FRASES, MAS EU SÓ COMPONHO FRASES MUSICAIS E MUITO FRACAS. A RESPEITO DE VOSSA MAJESTADE E DE SUA AUGUSTA FAMÍLIA POREM, TENHO NO CORAÇÃO ESCRITA UMA SIMPLES FRASE, SINGELA E VERDADEIRA: ETERNA GRATIDÃO! QUANDO A 19 DE JANEIRO DIRIGI A MINHA CARTA A VOSSA MAJESTADE FOI NA CERTEZA DE SER ATENDIDO. VOSSA MAJESTADE TAMBÉM CONHECENDO-ME DESDE 1859 VOSSA MAJESTADE NÃO TARDOU E NEM DUVIDOU EM BENEFICIAR UM HOMEM QUE SABE SER GRATO. ACEITE POIS VOSSA MAJESTADE OS MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR MAIS ESSE IMENSO FAVOR QUE SE DIGNOU FAZER-ME, SALVANDO-ME DE UM GRANDE EMBARAÇO. AGORA VOU DAR MÃOS AO TRABALHO SEM DESCANÇO. DEUS E A INSPIRAÇÃO ME AJUDARÁ PARA BREVEMENTE DEPOSITAR AOS PÉS DE VOSSA MAJESTADE, MAIS ESSE MEU TROFÉU CONQUISTADO NO CAMPO DE TRABALHO: LO SCHIAVO. DEUS CONSERVE POR LONGOS ANOS À VOSSA MAJESTADE E TODA SUA AUGUSTA FAMÍLIA PARA GLÓRIA E FELICIDADE DO BRASIL E ME CONCEDA VIDA PARA QUE POSSA AINDA UMA VEZ BEIJAR A MÃO BENÉFICA DE VOSSA MAJESTADE IMPERIAL. COMO PELO PASSADO, HOJE E SEMPRE ME PROCLAMO DE VOSSA MAJESTADE IMPERIAL SUDITO SINCERO, ADMIRADOR E AMIGO VERDADEIRO. CARLOS GOMES maggianico di lecco15 DE NOVEMBRO DE 1883. SECULO XIX. 40 X 26 (SOMENTE O TAMANHO DO MANUSCRITO). 61 X 46 CM (TAMANHO TOTAL).NOTA: A carta de Carlos Gomes ao Imperador está contextualizada no momento em que a Família Imperial estava vivendo um momento delicado, a Imperatriz sofrera uma queda violenta da qual jamais voltaria a se recuperar totalmente, agravando seu problema com a perna. O mecenato de Dom Pedro II para com os artistas brasileiros é conhecido e propalado. O Imperador Dom Pedro II realizou sacrifícios financeiros por seu amor à arte e à ciência, engrandecendo o florescimento e a formação cultural da nação Brasileira. Ele não se limitava à proteção oficial, ou a que ele diretamente concedia, ao período de formação do artista. Nunca perdia de vista o bom artista, amparava-o, dava-lhe empregos,incumbia-o de encomendas e decorações e adquiria-lhe as obras para si ou para a Pinacoteca, por ele fundada e enriquecida, sempre com seu próprio bolso. Sua educação e alta linhagem (sua mãe Leopoldina era uma Habsburgo, Arquiduquesa d´Áustria, filha do imperador Francisco José II ) e o tradicional amor dos Bragança pela música (seu pai Pedro I era bom compositor e seu avô D. João VI era amantíssimo da música), foram causa de ter procurado ele com vigor e entusiasmo ser um refinado amante da arte musical e das artes de modo geral. Desde sua sagração como imperador, ocorrida em 1841, Dom Pedro deu início a proveitosa atividade em favor da música, prestigiando e estimulando o funcionamento da escola de música do Colégio Pedro II, que havia sido fundado em 1837 e que, em 1838, tivera Januário da Silva Arvellos Filho como seu primeiro professor de música. Em 1841, apoia decisivamente a nomeação de Francisco Manuel da Silva como compositor da Imperial Câmara, o que seria fundamental para que Francisco Manuel continuasse suas atividades importantes para a música no Brasil, inclusive com a fundação do Conservatório do Rio de Janeiro em 1848, embrião da então futura Escola Nacional de Música. Tudo isso foi feito sob rigorosa presença de Pedro II à frente da fiscalização e orientação devidas. Em 1857, começou a funcionar no Rio de Janeiro, o que estimulava atividades semelhantes nas províncias, a Ópera Nacional, nome genérico de uma empresa dirigida pelo espanhol José Amat. Essa empresa, por resolução do Governo Imperial, leia-se Pedro II, foi autorizada a funcionar desde que custeasse os estudos e o aperfeiçoamento na Europa do primeiro aluno do Conservatório, de cinco em cinco anos. Foi assim que Henrique Alves de Mesquita e Carlos Gomes, ambos medalha de ouro do Conservatório, foram aperfeiçoar-se respectivamente na França e na Itália em 1857 e 1863. Auxiliou Carlos Gomes no início de suas atividades na Itália, intervindo com seu prestígio pessoal, o qual era enorme, para que fossem resolvidos problemas de idade e outros que obstaculavam aquelas atividades. Em 1869, mandou a Carlos Gomes altíssima soma para que o compositor pudesse pagar as despesas de montagem e representação de Il Guarany na Scala de Milão. (Fato pouco comentado esse: Carlos Gomes teve de pagar para pôr Il Guarany na Scala). O imperador não esteve presente à estreia de Il Guarany na Scala, mas compareceu orgulhoso com a família imperial à criação da ópera no Brasil, no Teatro Provisório em 2 de dezembro de 1870. O imperador se preocupava com as necessidades dos compositores brasileiros e os prestigiava, assim como os auxiliava, através de medidas governamentais, na execução de suas obras por orquestras nos teatros da capital do império e das províncias. Com o interesse do imperador se beneficiaram Brasílio Itiberê, Alexandre Levy, Gama Malcher e João Gomes de Araujo, que coloca sua ópera Carmosina, em 1888, no Teatro Dal Verme, de Milão, com as presenças do imperador e da imperatriz Teresa Cristina!! Em 1889, Pedro II se coloca decisivamente ao lado de Carlos Gomes em questões relativas à apresentação de sua ópera Lo Schiavo. O empresário Musella pretendia proibir a apresentação da ópera no Teatro Dom Pedro II por questões de dinheiro e de direitos autorais. O imperador interveio com mão de ferro, escudado em sua autoridade, e a ópera foi apresentada. No segundo império, por estímulo ou influências diretas ou indiretas de Pedro II, foram construídos vários teatros importantes, como o Teatro São José, em São Paulo, o Teatro da Paz, em Belém do Pará, o Teatro Santa Isabel, no Recife, o Teatro Provisório, no Rio de Janeiro, Teatro Dom Pedro II, depois Teatro Lírico, no Rio de Janeiro, e vários outros. Tão apegado à música era Pedro II que, segundo palavras do próprio Wagner, Tristão e Isolda poderia ter sido estreado no Brasil. Um certo soi-disant diplomata brasileiro, de nome Ernesto Ferreira França (filho), procurou Wagner dizendo-se emissário do imperador, o qual pagaria uma grande soma para que o Tristão fosse criado no Rio de Janeiro em italiano!!! Wagner naturalmente (mas muito entristecido) não aceitou a oferta, mas a famosa ópera tem esse vínculo com o Brasil, em assunto em que há lenda e verdade misturadas. Pedro II esteve presente à inauguração do teatro de Bayreuth em 1876 e se tornou amigo de Wagner, tendo contribuído com uma bela soma em favor daquele teatro. Na Itália brilhou o campineiro Antônio Carlos Gomes jamais outro compositor brasileiro alcançou o sucesso de Il Guarany, cuja estreia se deu no Teatro alla Scala de Milão com apoteótico sucesso. Ainda conversando com o Visconde de Taunay, Dom Pedro II comentou a ópera Lo Schiavo, de Carlos Gomes, e acrescentou: Estou disposto a custear pessoalmente a montagem da peça. Ao que o Visconde respondeu: Repare, Senhor, que serão necessários 40 contos de réis.O Imperador assustou-se: Não! Com a breca, isso não! Não sou tão rico assim. Em todo caso, fale com os empresários e venha entender-se comigo. Podemos contar com o sucesso da obra.Carlos Gomes declarou: Se não fosse o Imperador, eu não seria Carlos Gomes.Embora aureolado por um nome glorioso, que honrava o Brasil, Carlos Gomes ficara pobre após o golpe de 15 de novembro. Fora mantido pessoalmente por D. Pedro II, e a República se recusou a conceder-lhe uma pensão, por ser amigo da Família Imperial. Apesar disso, quando lhe foi feito o convite para compor o hino da República, não aceitou, como nobre homenagem de gratidão ao seu protetor destronado. (Revivendo o Brasil-Império) . CARLOS GOMES: Montado em um burro, Carlos Gomes, muito moço ainda, numa bela madrugada, seguiu para Santos, onde chegou, após dura travessia da Serra, hoje Via Anchieta. Da terra de Braz Cubas, embarcou para o Rio de Janeiro, rumo a seu glorioso destino. - "Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!", disse, ao partir "Sua bela figura lendária aureolou-se, além dos raios da glória, com os espinhos do martírio, criando em torno do esforçado trabalhador ambiente material e moral demasiadamente doloroso para um simples mortal, tocado embora pelo fulgor de um gênio" (Ítala Gomes Vaz de Carvalho) Carlos Gomes era conhecido, em Campinas, sua cidade natal, por Nhô Tonico, nome com que assinava, até, suas dedicatórias. Pertencia a uma família onde havia de tudo: relojoeiros, agricultores, marceneiros, encadernadores, farmacêuticos, rabequistas, trombonistas, flautistas e dois padres. Seus ancestrais eram espanhóis, e assinavam Gomez, com z. Seu bisavô, D. Antônio Gomez, fora bandeirante e casara-se com a filha de um cacique. Nasceu, o nosso maior operista, numa segunda-feira, em 11 de julho de 1836, numa casa humilde da Rua da Matriz Nova, na "cidade das andorinhas". Foram seus pais Manoel José Gomes (Maneco Músico) e d. Fabiana Jaguari Gomes. A vida de Antônio Carlos Gomes foi, sempre, marcada pela dor. Muito criança ainda, perdeu a mãe, tragicamente. Seu pai vivia em dificuldades, com 26 filhos para sustentar. Com eles, formou uma banda musical, onde Carlos Gomes iniciou seus passos artísticos. Desde cedo, revelou seus pendores musicais, incentivado pelo pai e depois por seu irmão, José Pedro Santana Gomes, fiel companheiro das horas amargas. Aos 18 anos, apresentou sua primeira "missa", em cuja execução cantou alguns solos. A emoção que lhe embargava a voz comoveu a todos os presentes, especialmente ao irmão mais velho, que lhe previa os triunfos. Quando chegou aos 23 anos, já apresentara vários concertos, com o pai. Moço ainda, lecionava piano e canto, dedicando-se, sempre, com afinco, ao estudo das óperas, demonstrando preferência por Verdi. Era conhecido também em S. Paulo, onde realizava, freqüentemente, concertos, e onde compôs o Hino Acadêmico, ainda hoje cantado pela mocidade da Faculdade de Direito. Aqui, recebeu os mais amplos estímulos e todos, sem discrepância, apontavam-lhe o rumo da Côrte, em cujo Conservatório poderia aperfeiçoar-se. Mas como poderia Nhô Tonico fazer isso, se seu pai não possuía sequer recursos para uma viagem? Certo dia, pretextando novos concertos em São Paulo, Carlos Gomes veio para cá, mas, em seu ânimo, estava planejada uma fuga para mais amplos horizontes. Arranjou um burro e disse ao irmão, José Pedro, que ia para Santos, onde embarcaria para o Rio de Janeiro. José Pedro riu e disse-lhe que voltaria de Santos mesmo, pois não teria coragem de abandonar sua terra natal. - Qual! - respondeu o futuro maestro - Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos! E lá se foi ele, montado no burrinho, na sua penosa marcha pela Serra, até Santos, onde embarcou, no navio Piratininga, debaixo de fortes aclamações de estudantes e amigos, rumo à Côrte, levando consigo uma carta de recomendação, que lhe facilitaria o acesso ao Paço de São Cristóvão e ao bondoso coração de D. Pedro II. Os primeiros dias, no Rio, foram de tristeza e saudade. Hospedou-se na casa do pai de um estudante de S. Paulo. Sentia remorsos por haver abandonado o velho pai. Um dia, porém, escreveu-lhe pedindo perdão e revelando-lhe seus planos. O velho Maneco Músico comoveu-se ante o tom sincero da carta e não só perdoou ao rapaz, mas lhe estabeleceu uma pensão mensal, dizendo-lhe: "Que Deus te abençoe e te conduza, próspero, avante, pelo caminho da Glória. Trabalha e sê feliz! Teu pai". Com isso, Carlos Gomes sentiu-se mais disposto a enfrentar o futuro.Apresentado ao Imperador, por intermédio da Condessa Barral, o monarca, sempre amigo e protetor dos artistas, encaminhou-o a Francisco Manuel da Silva, diretor do Conservatório de Música e também animador dos jovens músicos. Carlos Gomes teve como primeiro mestre, em contraponto, Joaquim Giannini, famoso musicista italiano, que viveu muito tempo no Brasil. No ano seguinte, em 1860, na festa de encerramento dos cursos, Carlos Gomes apresentou uma sua composição. Mas caiu doente, atacado de febre amarela, impossibilitado de comparecer. Sua ausência foi muito lamentada. Eis, porém, que surge o imprevisto: quando o maestro ia dar início à "cantata", o jovem campineiro surge no estrado, olhos brilhando de febre, e pede a batuta para dirigir sua peça. Nada o demovera de ir dirigir. O resultado foi emocionante. Aplausos e mais aplausos, a que Carlos Gomes não pode resistir e desmaiou, sendo levado para casa, sem sentidos. Isso tudo chegou ao conhecimento do soberano, que mandou levar-lhe uma medalha de ouro, como recompensa a seu esforço e talento. Começou, então, a marcha triunfal do moço campineiro. Em 4 de setembro de 1861, foi cantada, no Teatro da Ópera Nacional, Noite do Castelo, o primeiro trabalho de fôlego de Antônio Carlos Gomes, baseado na obra de Antônio Feliciano de Castilho. Constituiu uma grande revelação e um êxito sem precedentes, nos meios musicais do País. Carlos Gomes foi levado para casa em triunfo por uma entusiástica multidão, que o aclamava sem cessar. O Imperador, também entusiasmado com o sucesso do jovem compositor, agraciou-o com a Ordem das Rosas. Carlos Gomes conquistou logo a Côrte. Tornou-se uma figura querida e popular. Seus cabelos compridos eram motivo de comentários, e até ele ria das piadas. Certa vez, viu um anúncio, que fora emendado: de "Tônico para cabelos", fizeram "Tonico, apara os cabelos!". Virou-se para seu inseparável amigo Salvador de Mendonça e disse, sorrindo: - Será comigo? Francisco Manuel costumava dizer, a respeito do jovem musicista: "O que ele é, só a Deus e a si o deve!" A saudade de sua querida Campinas e de seu velho pai atormentava-lhe o coração. Pensando também na sua amada Ambrosina, com quem namorava, moça da família Correa do Lago, Carlos Gomes escreveu essa jóia que se chama Quem sabe?, de uma poesia de Bittencourt Sampaio, cujos versos "Tão longe, de mim distante... " ainda são cantados pela nossa geração. Dois anos depois desse memorável triunfo, Carlos Gomes apresenta sua segunda ópera Joana de Flandres, com libreto de Salvador de Mendonça, levada à cena em 15 de setembro de 1863. Como corolário do êxito, na Congregação da Academia de Belas Artes, foi lido um ofício do diretor do Conservatório de Música, comunicando ter sido escolhido o aluno Antônio Carlos Gomes para ir à Europa, às expensas da Empresa de Ópera Lírica Nacional, conforme contrato com o Governo Imperial. Estava, assim, concretizada a velha aspiração do moço campineiro, que, mesmo comovido, ao ir agradecer ao Imperador a magnanimidade, ainda se lembrou do seu velho pai e solicitou para este o lugar de mestre da Capela Imperial. D. Pedro II, enternecido ante aquele gesto de amor filial, acedeu. Passeando pela Praça del Duomo, em Milão, Carlos Gomes ouvi u um garoto apregoando "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Era uma péssima tradução do romance de Alencar, mas dali o jovem maestro extraiu sua imortal ópera, que, em breve, se tornou mundialmente conhecida. O Imperador preferia que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Wagner, mas a Imperatriz, D. Teresa Cristina, italiana, sugeriu-lhe a Itália. A 8 de novembro de 1863, o estudante partiu, a bordo do navio inglês Paraná, entre calorosos aplausos dos amigos e admiradores, que se comprimiam no cais. Levava consigo recomendações de D. Pedro II para o rei Fernando, de Portugal, pedindo que apresentasse Carlos Gomes ao diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. O jovem compositor passou por Paris, onde assistiu a alguns espetáculos líricos, mas seguiu logo para Milão. Lauro Rossi, encantado com o talento do jovem aluno, passou a protegê-lo e a recomendá-lo aos amigos. Em 1866, Carlos Gomes recebia o diploma de mestre e compositor e os maiores elogios de todos os críticos e professores. A partir dessa data, passou a compor. Sua primeira peça musicada foi Se sa minga, em dialeto milanês, com libreto de Antônio Scalvini, estreada, em 1 de janeiro de 1867, no Teatro Fossetti. Um ano depois, surgia Nella Luna, com libreto do mesmo autor, levada à cena no Teatro Carcano. Carlos Gomes já gozava de merecido renome na cidade de Milão, grande centro artístico, mas continuava saudoso da pátria e procurava um argumento que o projetasse definitivamente. Certa tarde, em 1867, passeando pela Praça del Duomo, ouviu um garoto apregoando: "Il Guarani! Il Guarani! Storia interessante dei selvaggi del Brasile!" Tratava-se de uma péssima tradução do romance de José de Alencar, mas aquilo interessou de súbito o maestro, que comprou o folheto e procurou logo Scalvini, que também se impressionou pela originalidade da história. E, assim, surgiu O Guarani, que apesar de não ser a sua maior nem a melhor obra, foi aquela que o mortalizou. A noite de estréia da nova ópera foi 19 de março de 1870. Não há quem não conheça os maravilhosos acordes de sua estupenda abertura. A ópera ganhou logo enorme projeção, pois se tratava de música agradável, com sabor bem brasileiro, onde os índios tinham papel de primeira plana. Foi representada em toda a Europa e na América do Norte. O grande Verdi, já glorioso e consagrado, disse de Carlos Gomes, nessa noite memorável: "Questo giovane comincia dove finisco io!" E, na noite de 2 de dezembro de 1870, aniversário do Imperador D. Pedro II, em grande gala, foi estreada a ópera no Teatro Lírico Provisório, no Rio de Janeiro. Os principais trechos foram cantados por amadores da Sociedade Filarmônica. O maestro viveu horas de intensa consagração e emoção. Depois, O Guarani foi levado à cena nos dias 3 e 7 de dezembro, sendo que, nesta última noite, em benefício do autor. Nesta data, o maestro ficou conhecendo André Rebouças. Após o espetáculo, houve uma alegre marche au flambeaux, com música, até ao Largo da Carioca, onde estava hospedado Carlos Gomes, em casa de seu amigo Júlio de Freitas. Por intermédio de André Rebouças, o compositor foi apresentado ao ministro do Império, João Alfredo Correia de Oliveira, em sua casa, nas Laranjeiras. Em 1871, a 1º de janeiro, Carlos Gomes vai a Campinas, visitar seu irmão e protetor José Pedro Santana Gomes. Em 18 de fevereiro, com André Rebouças, despede-se do Imperador, em São Cristóvão. E, no dia 23, segue para a Europa novamente. Na Côrte, distante de sua querida Campinas, enlanguescendo de saudades, Carlos Gomes recebe a notícia do casamento de sua amada Ambrosina. E recordou, com mágoa, os versos que lhe dedicara, a melodia que ainda hoje todos cantam: "Tão longe, de mim distante... onde irá... onde irá teu pensamento?..." Foi um rude golpe para o jovem e já consagrado artista. Na Itália, Carlos Gomes casou-se com Adelina Péri, que devotou toda sua vida ao maestro. Desse consórcio, nasceram cinco filhos, muito amados pelo compositor. Todavia, um a um foram morrendo em tenra idade, tendo restado somente Ítala Gomes Vaz de Carvalho, que escreveu um livro, em que honrou a memória do seu glorioso pai. Na península, Carlos Gomes escreveu, a seguir, Fosca, considerada por ele sua melhor obra, Salvador Rosa e Maria Tudor. Em 1866, recebeu Carlos Gomes, de novo no Brasil, uma justa consagração na Bahia, onde, a pedido do grande pianista português, Artur Napoleão, compôs Hino a Camões, para o centenário camoniano, executado simultaneamente, ali e no Distrito Federal, com grande sucesso. Carlos Gomes, porém, não mais perseguia somente a glória. Abalado por seguidos e profundos desgostos, doente, desiludido, procurava uma situação que lhe permitisse viver em sua pátria e ser-lhe útil. Seu estado, contudo, era mais grave do que supunha. De volta à Itália, compôs a grande ópera O Escravo, que entretanto, por vários motivos, não pôde ser representada ali. Foi levada à cena, pela primeira vez, em 27 de setembro de 1867, no Rio de Janeiro, em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora, com esplêndido sucesso. Em 3 de fevereiro, outra vez na Itália, Carlos Gomes estréia, no Scala de Milão, Condor, com grande êxito, pois, nessa peça, apresentara uma nova forma, muito mais próxima do recitativo moderno. O mal que o levaria ao túmulo, nessa época, fazia-o sofrer dolorosamente. Todavia, as desilusões, as decepções, a ingratidão de seus compatriotas e as dores físicas ainda não lhe haviam quebrado a resistência. Ainda estava à espera de sua nomeação para o cargo de diretor do Conservatório de Música, no Brasil. Nesse tempo, infelizmente, foi proclamada a República, e seu grande amigo e protetor, Dom Pedro II, é exilado, com grande mágoa de Carlos Gomes. Compôs, ainda, Colombo, poema sinfônico que, incompreendido pelo grande público, não obteve êxito. Finalmente, após tanto sofrimento, chegou-lhe um convite. Lauro Sodré, então governador do Pará, pediu-lhe para organizar e dirigir o Conservatório daquele Estado. Carlos Gomes volta para a Itália, a fim de pôr em ordem suas coisas, despedir-se dos filhos e reunir elementos para uma obra grandiosa que, apesar de seu estado, sempre mais grave, ainda conseguiu realizar. Amigos aconselharam-no a fazer uma estação em Salso Maggiore, mas ele desejava partir, quanto antes, para sua pátria. Chegou a Lisboa, por estrada de ferro, e recebeu comovedora homenagem. A 8 de abril de 1895, nessa mesma cidade, sofre a primeira intervenção cirúrgica na língua, sem resultados animadores. Embarca, no vapor Óbidos, para o Brasil. De passagem por Funchal, tem o prazer de reabraçar seu velho amigo Rebouças, ali exilado. Em 14 de maio, foi recebido pelo povo paraense com enternecedoras manifestações de apreço. Sua vida, contudo, estava no fim. Lança-se ao trabalho, prodigiosamente, mas tomba justamente quando o povo de sua terra lhe retribuía o amor e a glória que ele granjeara no exterior. Diante de seu estado, o governo de São Paulo autoriza uma pensão mensal de dois contos de réis (dois mil cruzeiros, importância vultosa para a época), enquanto ele vivesse e, por sua morte, de quinhentos mil réis, aos seus filhos, até completarem a idade de 25 anos. Nessa ocasião, existiam somente dois filhos do glorioso maestro. Dias antes de morrer, Carlos Gomes dizia, fatalista: "Qual, o mano Juca não chega... eu sou mesmo o mais caipora dos caipiras..." Em 16 de setembro de 1896, o Brasil enlutava-se, com a morte do grande artista, do filho que tanto honrara o nome de sua pátria no estrangeiro. O governo paulista solicitou ao do Pará os gloriosos despojos, que hoje se encontram no magnífico monumento-túmulo, em Campinas, sua terra natal, na Praça Antônio Pompeu. Em 1936, em todo o País, foi comemorado o centenário de seu nascimento, com grandes solenidades( https://carlosgomes.campinas.sp.gov.br/historia/vida-de-carlos-gomes) ASSISTA A UM INTERESSENTE DOCUMENTARIO SOBRE A OBRA DE CARLOS GOMES E A OPERA LO SCHIAVO EM: https://www.youtube.com/watch?v=h-v2xcFU60Q

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