Lote 97
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Prata de Lei

THEODOR DE BRY PARA HANS STADEN - A PARTIR DESSE MOMENTO PASSAREMOS A APREGOAR UMA IMPORTANTE COLEÇAO COM PRODUÇÃO DOS ARTISTAS VIAJANTES DOS SECULOS XVI A XIX. MUITAS DAS QUAIS SÓ ENCONTRAM SIMILARES EM GRANDES COLEÇÕES DE MUSEUS MUNDIAIS E NO BRASIL NA COLEÇÃO BRASILIANA DA FUNDAÇÃO ITAÚ CULTURAL. SÃO PEÇAS RARAS, GARIMPADAS PRINCIPALMENTE NO EXTERIOR DURANTE MUITOS ANOS. INICIAREMOS COM O LOTE QUE SEGUE: TUPINAMBA CHIEF AND FAMILY FALL ILL WHILE HANS STADEN IS HELD CAPTIVE (CHEFE TUPINAMBÁ E FAMÍLIA CAEM DOENTES ENQUANTO HANS STADEN É SEU CATIVO). ESSA GRAVURA ILUSTRA A DOENÇA DO CHEFE DA ALDEIA QUE STUDEN CHAMA DE REI, MOSTRA O DESESPERO DE SUAS MULHERES ANTE A DOENÇA QUE SE ALASTROU NA ALDEIA E LEVOU A MORTE OS FILHOS, A MÃE E OS IRMÃOS DO CACIQUE. FOI NESSE MOMENTO QUE STADEN ARDILOSAMENTE ARGUMENTOU JUNTO AO CACIQUE QUE O SEU DEUS ESTAVA IRADO PELO FATO DOS TUPINAMBAS QUEREREM DEVORA-LO E QUE SE O CACIQUE NÃO MORRESSE TAMBÉM STADEM DEVERIA SER POUPADO. O CACIQUE TEMEROSO ACEITOU E ENTÃO STADEN COLOCOU A MÃO SOBRE A CABEÇA DO ENFERMO E OROU POR SUA CURA. OUTROS AINDA MORRERAM NA ALDEIA MAS O CACIQUE NÃO MORREU E STADEN FOI POUPADO. TRATA-SE DA PÁGINA DO LIVRO ORIGINAL DE HANS STADEN NARRANDO SUAS MEMÓRIAS COMO PRISIONEIRO DOS INDIOS TUPINAMBAS NO BRASIL. PUBLICADO NO SEC. XVI. RARÍSSIMA, PROVAVELMENTE A ÚNICA NO BRASIL. 30 X 22 CM (SEM CONSIDERAR O PASTATOUR E MOLDURA) TAMANHO TOTAL 56 X 44 CMNOTA: Após Cristóvão Colombo atravessar o Oceano Atlântico em 1492 algumas informações desta viagem começaram a circular na Europa, atiçando o imaginário dos habitantes do Velho Continente sobre o que havia nestes exóticos locais. Logo, em 1502 e 1504, foram publicadas cartas do explorador e cartógrafo florentino Américo Vespúcio, onde ele apresentou curiosos e fantásticos relatos do Mundus Novus. Vespúcio descreveu tempestades, animais estranhos, mulheres sensuais, sexo indiscriminado e canibalismo. Este último fato presenciado pelo famoso navegador na costa potiguar, em 1501, na atual Praia do Marco. Muito provavelmente o alemão Hans Staden, natural da cidade de Homberg, lutou como um mercenário na Guerra de Schmalkaldischen, uma das primeiras guerras religiosas entre protestantes e católicos. Ele era um Büchsenschütze, um atirador de arma de fogo longa, e, portanto, um especialista muito requisitado naquela época em que as armas de fogo ainda eram uma novidade. Consta que mercenários com esta função faziam um bom dinheiro, quase o dobro dos soldados comuns de infantaria. Staden combateu por seus senhores protestantes, que derrotaram o imperador católico, mas não tinham dinheiro para pagar suas tropas.Além disso, na sequência destes acontecimentos, a região de Hesse foi ocupada pelos católicos, com tropas onde havia mercenários portugueses. Talvez nesta hora Staden tenha escutado pela primeira vez algo sobre o Brasil. Provavelmente animado por relatos dos lusos, Staden deixou sua região e foi até a cidade de Bremen, de lá seguiu para o porto holandês de Kampen onde subiu a bordo de um cargueiro que seguia para Península Ibérica em busca de sal. Em 29 de abril de 1547 chegou a Setúbal e depois foi para Lisboa.Na capital de Portugal existia uma colônia alemã de tamanho considerável. Staden encontrou hospedagem junto a um anfitrião chamado Leuhr, que mediou sua entrada para uma expedição que seguia para as Índias. Embarcou em uma nau lusa para Pernambuco no dia 28 de janeiro de 1548, cujo capitão chamava-se Penteado. Colocaram Staden como artilheiro do navio e ele não era o único alemão a bordo, havia ainda Hans Hausen, de Westerwald, e Heinrich Prant, de Bremen. O futuro escritor e seus companheiros foram envolvidos no sequestro de navios mouros, viu peixes voando para dentro do convés próximo a costa marroquina. Chegou ao Brasil com a missão de transportar degredados portugueses remetidos para povoar a colônia,recolher pau-brasile atacar corsários franceses que exploravam as nossas costas.Aparentemente Staden lutou contra corsários franceses na Paraíba Após um ano e meio ele retornou para Lisboa, aonde chegou em 8 de outubro de 1548.O que ele viu no Brasil já seria suficiente para um livro, entretanto estes primeiros momentos em terras tropicais ocuparam apenas cinco capítulos, de 53, do seu futuro trabalho literário. Talvez decepcionado com a falta de perspectivas de um Brasil que só tinha os produtos das suas florestas a oferecer aos aventureiros europeus, Staden foi para a Espanha para depois seguir em busca de ouro na América Espanhola. Em abril 1549 partiu em uma nave da armada de Diogo de Sanábria, que pretendia fundar um povoado na costa da Ilha de Santa Catarina e outro na embocadura do Rio de la Plata. Mas nesta segunda ocasião em terras tropicais ele não teve sorte, pois seu navio naufragou na costa catarinense. Os integrantes da expedição, depois de passarem dois anos na região, decidiram rumar para a cidade de Assunção, atual capital do Paraguai. Staden se juntou a um grupo que rumou para a cidade deSão Vicente, no litoral paulista, onde tentaria fretar um navio capaz de chegar a Assunção. Existem informações que deste último ponto os europeus pretendiam alcançar a Bolívia e o Peru em busca de ouro. Antes de chegar a São Vicente o navio de Staden naufragou nas imediações de Itanhaém, no litoral paulista, mas seus ocupantes conseguiram nadar até a praia. De lá, foram a pé até São Vicente,onde Staden foi contratado, inicialmente por quatro meses, como artilheiro do Forte de São Felipe da Bertioga. Em 1553, ao realizar uma caçada sozinho, foi capturado por indígenas. Ele contou depois que os índios usavam pequenos gravetos no lábio inferior e nas bochechas, discos de conchas brancas no pescoço e estavam cobertos com penas. Tinham seus corpos nus e estavam com os braços pintados em vermelho e preto. Os seus captores lhe jogaram violentamente no chão, rasgaram suas roupas, lhe espancaram e o esfaquearam.Nu e sangrando, Staden foi levado para a aldeia de Ubatuba (Uwattibi, no texto original do relato de Staden), dos índios tupinambás, do chefe Cunhambebe. Segundo o historiador Capistrano de Abreu, este chefe guerreiro se encontrou com Staden na Serra de Ocaraçu, atual conjunto de morros do Cairuçu, ao Sul de Paraty, na região de Trindade, Rio de Janeiro.Ele seria pai de outro chefe chamado Cunhambebe, líder de maior autoridade dentro da coalizão indígena conhecida como Confederação dos Tamoios, que lutou bravamente contra os portugueses. Após a captura, Staden percebeu que a intenção dos indígenas era devorá-lo. Certas fontes apontam que, passado algum tempo, índios tupiniquins atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Obrigado pelos tupinambás, Staden lutou ao lado destes. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas, estes, vendo que a resistência dos defensores era muito forte, desistiram da luta e se retiraram.O alemão testemunhou o ritual do canibalismo praticado contra indígenas capturados e o descreveu com riqueza de detalhes no seu relato. Outras fontes apontam que o alemão não foi vítima de canibalismo dos tupinambás pelo fato dele não ser português, já que seus captores haviam se aliado aos franceses. Independente desta questão o certo é que o alemão passou nove meses junto aos seus captores. Chegou a aprender a língua deles e seu livro contém 150 de suas expressões.Staden acompanhou os indígenas em suas campanhas guerreiras e chegou até mesmo a ter esposas, como era comum entre os brancos que tinha amizades com os índios. Mas Staden silenciou sobre isso mais tarde, provavelmente para não manchar a sua reputação como um cristão. Um dos costumes que o alemão vivenciou foi a participação nas festas em que bebera o cauim, uma bebida alucinógena produzida pelas mulheres da tribo para grandes rituais. Durante seu cativeiro o alemão chegou pedir ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios.Um dia, em 1554, chegou à aldeia de Cunhambebe a tripulação do barco francêsCatherine de Vatteville, comandado por Guillaume Moner, que manteve contato com o alemão. Consta que para libertar Staden o francês enganou os tupinambás, afirmando que seus irmãos tinham vindo busca-lo e ele foi trocado por facas, machados, espelhos e pentes de pouco valor. Essa troca talvez tenha sido apenas um ato de pura piedade e fé cristã, pois o tempo em que Staden passou ao lado dos tupinambás parece que pouco interessou aos marinheiros gauleses. Staden viajou para Europa via o porto francês de Le Havre, depois esteve em Londres, logo após desembarcou na Antuérpia e finalmente chegou à região de Hesse. Ele estabeleceu-se na cidade de Wolfhagen e começou a trabalhar numa fábrica de pólvora. Dois anos depois o alemão Hans Staden estava financeiramente quebrado, mas ele tinha visto coisas verdadeiramente inusitadas. Mais do que qualquer outra pessoa de sua região e tinha algo para vender; uma história para um livro. Para sua época o que ele tinha para contar era algo tão inacreditável que poderia ser um problema para fazer os seus leitores acreditarem no que estava escrito. Mas era tudo verdade e ele tinha experimentado tudo sozinho.Já em 1556 ele teria terminado o manuscrito de seu livro. O homem que aceitou produzir a sua obra foi Andreas Kolbe (ou Andres Colben), um respeitado gráfico que preparava principalmente folhetos religiosos. Kolbe trabalhava no ramo desde 1546, na cidade de Marburg, mas seu negócio não era particularmente lucrativo e ele precisava de um sucesso em seu programa. Como corresponsável pelo livro de Staden, Kolbe chamou Johann Eichmann, conhecido como Dr. Dryander, professor de matemática e anatomia da universidade de Marburg, considerado um dos principais médicos de seu tempo.O Dr. Dryander representava a reputação acadêmica, escreveu o prefácio, e explicou ao público alemão por que a história de Staden era verdade. O Dr. Dryander também afirmou que conhecia o pai de Hans Staden e atestou a reputação do escritor e aventureiro. E assim foi publicado em março 1557, em Marburg, um livro sobre o Brasil. Um lugar cuja existência tinha apenas 50 anos entre os Europeus ditos civilizados e da qual se tinha uma vaga ideia do que ali existia.Na época muito dinheiro foi gasto na feitura de 50 xilogravuras que compõem a obra, produzidas conforme as descrições do autor.Isso certamente fez com que o livro ficasse mais atraente para leitores inseguros com a incrível história.independente disto, o sucesso da publicação dos relatos de Staden foi imediato. Tanto que ainda em 1557, Kolbe colocou a venda uma segunda edição, que segundo o historiador berlinense Wolfgang Neuber é estimado em 3.000 exemplares. Um número considerável para a época. O título original era Wahrhaftige Historia und Beschreibung einer Landschaft der wilden, nackten, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen (História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América). Nas edições posteriores as xilogravuras de Staden seriam reproduzidas pelo belga Theodore de Bry a partir de uma técnica mais sofisticada e dispendiosa que a anterior. Embora no século XVI a impressão de um livro pudesse gerar uma renda decente, aparentemente para Hans Staden o que ele não viu foi o dinheiro dos direitos autorais. E para piorar a situação, no mesmo ano do lançamento oficial foram publicadas em Frankfurt duas cópias não autorizadas da sua obra.Ou seja, piratearam descaradamente o livro do mercenário alemão! Entretanto historiadores germânicos apontam que o sucesso do livro ajudou a melhorar a situação do antigo prisioneiro dos tupinambás, pois o prestígio conseguido abriu as portas para um emprego na corte de um conde local.Estudos a partir de notas da época sugerem que ele se casou em Wolfhagen e desta união veio duas filhas e um filho, que morreu em decorrência de uma praga no ano de 1576.Ao longo dos séculos a obra de Hans Staden se firmou como um importante relato da realidade dos primeiros anos de ocupação europeia do território brasileiro. Hans Staden nunca mais escreveu nenhum livro.Mas sua única experiência literária é comentada há quase 460 anos, onde foram publicadas mais de 80 edições, em oito idiomas diferentes. A primeira tradução em português foi publicada em 1892. (HANS STADEN E A HISTÓRIA DE UM DOS PRIMEIROS LIVROS SOBRE O BRAS rostand medeiros). Theodor de BryJohann Theodore de Bry (1561 - 1623) foi um mestre pintor botânico alemão.Ele exibiu um realismo excepcional e detalhava em magníficos livros florais ilustrados, dois dos quais eram considerados os mais belos de sua era.De Bry dedicou um livro completamente a uma nova importação exótica da Turquia, a tulipa.De Bry também ajudou seu pai a ilustrar "Great Voyages", narrativas de viagens famosas que eram essenciais para a Era da Descoberta.

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Tipo: Prata de Lei

THEODOR DE BRY PARA HANS STADEN - A PARTIR DESSE MOMENTO PASSAREMOS A APREGOAR UMA IMPORTANTE COLEÇAO COM PRODUÇÃO DOS ARTISTAS VIAJANTES DOS SECULOS XVI A XIX. MUITAS DAS QUAIS SÓ ENCONTRAM SIMILARES EM GRANDES COLEÇÕES DE MUSEUS MUNDIAIS E NO BRASIL NA COLEÇÃO BRASILIANA DA FUNDAÇÃO ITAÚ CULTURAL. SÃO PEÇAS RARAS, GARIMPADAS PRINCIPALMENTE NO EXTERIOR DURANTE MUITOS ANOS. INICIAREMOS COM O LOTE QUE SEGUE: TUPINAMBA CHIEF AND FAMILY FALL ILL WHILE HANS STADEN IS HELD CAPTIVE (CHEFE TUPINAMBÁ E FAMÍLIA CAEM DOENTES ENQUANTO HANS STADEN É SEU CATIVO). ESSA GRAVURA ILUSTRA A DOENÇA DO CHEFE DA ALDEIA QUE STUDEN CHAMA DE REI, MOSTRA O DESESPERO DE SUAS MULHERES ANTE A DOENÇA QUE SE ALASTROU NA ALDEIA E LEVOU A MORTE OS FILHOS, A MÃE E OS IRMÃOS DO CACIQUE. FOI NESSE MOMENTO QUE STADEN ARDILOSAMENTE ARGUMENTOU JUNTO AO CACIQUE QUE O SEU DEUS ESTAVA IRADO PELO FATO DOS TUPINAMBAS QUEREREM DEVORA-LO E QUE SE O CACIQUE NÃO MORRESSE TAMBÉM STADEM DEVERIA SER POUPADO. O CACIQUE TEMEROSO ACEITOU E ENTÃO STADEN COLOCOU A MÃO SOBRE A CABEÇA DO ENFERMO E OROU POR SUA CURA. OUTROS AINDA MORRERAM NA ALDEIA MAS O CACIQUE NÃO MORREU E STADEN FOI POUPADO. TRATA-SE DA PÁGINA DO LIVRO ORIGINAL DE HANS STADEN NARRANDO SUAS MEMÓRIAS COMO PRISIONEIRO DOS INDIOS TUPINAMBAS NO BRASIL. PUBLICADO NO SEC. XVI. RARÍSSIMA, PROVAVELMENTE A ÚNICA NO BRASIL. 30 X 22 CM (SEM CONSIDERAR O PASTATOUR E MOLDURA) TAMANHO TOTAL 56 X 44 CMNOTA: Após Cristóvão Colombo atravessar o Oceano Atlântico em 1492 algumas informações desta viagem começaram a circular na Europa, atiçando o imaginário dos habitantes do Velho Continente sobre o que havia nestes exóticos locais. Logo, em 1502 e 1504, foram publicadas cartas do explorador e cartógrafo florentino Américo Vespúcio, onde ele apresentou curiosos e fantásticos relatos do Mundus Novus. Vespúcio descreveu tempestades, animais estranhos, mulheres sensuais, sexo indiscriminado e canibalismo. Este último fato presenciado pelo famoso navegador na costa potiguar, em 1501, na atual Praia do Marco. Muito provavelmente o alemão Hans Staden, natural da cidade de Homberg, lutou como um mercenário na Guerra de Schmalkaldischen, uma das primeiras guerras religiosas entre protestantes e católicos. Ele era um Büchsenschütze, um atirador de arma de fogo longa, e, portanto, um especialista muito requisitado naquela época em que as armas de fogo ainda eram uma novidade. Consta que mercenários com esta função faziam um bom dinheiro, quase o dobro dos soldados comuns de infantaria. Staden combateu por seus senhores protestantes, que derrotaram o imperador católico, mas não tinham dinheiro para pagar suas tropas.Além disso, na sequência destes acontecimentos, a região de Hesse foi ocupada pelos católicos, com tropas onde havia mercenários portugueses. Talvez nesta hora Staden tenha escutado pela primeira vez algo sobre o Brasil. Provavelmente animado por relatos dos lusos, Staden deixou sua região e foi até a cidade de Bremen, de lá seguiu para o porto holandês de Kampen onde subiu a bordo de um cargueiro que seguia para Península Ibérica em busca de sal. Em 29 de abril de 1547 chegou a Setúbal e depois foi para Lisboa.Na capital de Portugal existia uma colônia alemã de tamanho considerável. Staden encontrou hospedagem junto a um anfitrião chamado Leuhr, que mediou sua entrada para uma expedição que seguia para as Índias. Embarcou em uma nau lusa para Pernambuco no dia 28 de janeiro de 1548, cujo capitão chamava-se Penteado. Colocaram Staden como artilheiro do navio e ele não era o único alemão a bordo, havia ainda Hans Hausen, de Westerwald, e Heinrich Prant, de Bremen. O futuro escritor e seus companheiros foram envolvidos no sequestro de navios mouros, viu peixes voando para dentro do convés próximo a costa marroquina. Chegou ao Brasil com a missão de transportar degredados portugueses remetidos para povoar a colônia,recolher pau-brasile atacar corsários franceses que exploravam as nossas costas.Aparentemente Staden lutou contra corsários franceses na Paraíba Após um ano e meio ele retornou para Lisboa, aonde chegou em 8 de outubro de 1548.O que ele viu no Brasil já seria suficiente para um livro, entretanto estes primeiros momentos em terras tropicais ocuparam apenas cinco capítulos, de 53, do seu futuro trabalho literário. Talvez decepcionado com a falta de perspectivas de um Brasil que só tinha os produtos das suas florestas a oferecer aos aventureiros europeus, Staden foi para a Espanha para depois seguir em busca de ouro na América Espanhola. Em abril 1549 partiu em uma nave da armada de Diogo de Sanábria, que pretendia fundar um povoado na costa da Ilha de Santa Catarina e outro na embocadura do Rio de la Plata. Mas nesta segunda ocasião em terras tropicais ele não teve sorte, pois seu navio naufragou na costa catarinense. Os integrantes da expedição, depois de passarem dois anos na região, decidiram rumar para a cidade de Assunção, atual capital do Paraguai. Staden se juntou a um grupo que rumou para a cidade deSão Vicente, no litoral paulista, onde tentaria fretar um navio capaz de chegar a Assunção. Existem informações que deste último ponto os europeus pretendiam alcançar a Bolívia e o Peru em busca de ouro. Antes de chegar a São Vicente o navio de Staden naufragou nas imediações de Itanhaém, no litoral paulista, mas seus ocupantes conseguiram nadar até a praia. De lá, foram a pé até São Vicente,onde Staden foi contratado, inicialmente por quatro meses, como artilheiro do Forte de São Felipe da Bertioga. Em 1553, ao realizar uma caçada sozinho, foi capturado por indígenas. Ele contou depois que os índios usavam pequenos gravetos no lábio inferior e nas bochechas, discos de conchas brancas no pescoço e estavam cobertos com penas. Tinham seus corpos nus e estavam com os braços pintados em vermelho e preto. Os seus captores lhe jogaram violentamente no chão, rasgaram suas roupas, lhe espancaram e o esfaquearam.Nu e sangrando, Staden foi levado para a aldeia de Ubatuba (Uwattibi, no texto original do relato de Staden), dos índios tupinambás, do chefe Cunhambebe. Segundo o historiador Capistrano de Abreu, este chefe guerreiro se encontrou com Staden na Serra de Ocaraçu, atual conjunto de morros do Cairuçu, ao Sul de Paraty, na região de Trindade, Rio de Janeiro.Ele seria pai de outro chefe chamado Cunhambebe, líder de maior autoridade dentro da coalizão indígena conhecida como Confederação dos Tamoios, que lutou bravamente contra os portugueses. Após a captura, Staden percebeu que a intenção dos indígenas era devorá-lo. Certas fontes apontam que, passado algum tempo, índios tupiniquins atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Obrigado pelos tupinambás, Staden lutou ao lado destes. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas, estes, vendo que a resistência dos defensores era muito forte, desistiram da luta e se retiraram.O alemão testemunhou o ritual do canibalismo praticado contra indígenas capturados e o descreveu com riqueza de detalhes no seu relato. Outras fontes apontam que o alemão não foi vítima de canibalismo dos tupinambás pelo fato dele não ser português, já que seus captores haviam se aliado aos franceses. Independente desta questão o certo é que o alemão passou nove meses junto aos seus captores. Chegou a aprender a língua deles e seu livro contém 150 de suas expressões.Staden acompanhou os indígenas em suas campanhas guerreiras e chegou até mesmo a ter esposas, como era comum entre os brancos que tinha amizades com os índios. Mas Staden silenciou sobre isso mais tarde, provavelmente para não manchar a sua reputação como um cristão. Um dos costumes que o alemão vivenciou foi a participação nas festas em que bebera o cauim, uma bebida alucinógena produzida pelas mulheres da tribo para grandes rituais. Durante seu cativeiro o alemão chegou pedir ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios.Um dia, em 1554, chegou à aldeia de Cunhambebe a tripulação do barco francêsCatherine de Vatteville, comandado por Guillaume Moner, que manteve contato com o alemão. Consta que para libertar Staden o francês enganou os tupinambás, afirmando que seus irmãos tinham vindo busca-lo e ele foi trocado por facas, machados, espelhos e pentes de pouco valor. Essa troca talvez tenha sido apenas um ato de pura piedade e fé cristã, pois o tempo em que Staden passou ao lado dos tupinambás parece que pouco interessou aos marinheiros gauleses. Staden viajou para Europa via o porto francês de Le Havre, depois esteve em Londres, logo após desembarcou na Antuérpia e finalmente chegou à região de Hesse. Ele estabeleceu-se na cidade de Wolfhagen e começou a trabalhar numa fábrica de pólvora. Dois anos depois o alemão Hans Staden estava financeiramente quebrado, mas ele tinha visto coisas verdadeiramente inusitadas. Mais do que qualquer outra pessoa de sua região e tinha algo para vender; uma história para um livro. Para sua época o que ele tinha para contar era algo tão inacreditável que poderia ser um problema para fazer os seus leitores acreditarem no que estava escrito. Mas era tudo verdade e ele tinha experimentado tudo sozinho.Já em 1556 ele teria terminado o manuscrito de seu livro. O homem que aceitou produzir a sua obra foi Andreas Kolbe (ou Andres Colben), um respeitado gráfico que preparava principalmente folhetos religiosos. Kolbe trabalhava no ramo desde 1546, na cidade de Marburg, mas seu negócio não era particularmente lucrativo e ele precisava de um sucesso em seu programa. Como corresponsável pelo livro de Staden, Kolbe chamou Johann Eichmann, conhecido como Dr. Dryander, professor de matemática e anatomia da universidade de Marburg, considerado um dos principais médicos de seu tempo.O Dr. Dryander representava a reputação acadêmica, escreveu o prefácio, e explicou ao público alemão por que a história de Staden era verdade. O Dr. Dryander também afirmou que conhecia o pai de Hans Staden e atestou a reputação do escritor e aventureiro. E assim foi publicado em março 1557, em Marburg, um livro sobre o Brasil. Um lugar cuja existência tinha apenas 50 anos entre os Europeus ditos civilizados e da qual se tinha uma vaga ideia do que ali existia.Na época muito dinheiro foi gasto na feitura de 50 xilogravuras que compõem a obra, produzidas conforme as descrições do autor.Isso certamente fez com que o livro ficasse mais atraente para leitores inseguros com a incrível história.independente disto, o sucesso da publicação dos relatos de Staden foi imediato. Tanto que ainda em 1557, Kolbe colocou a venda uma segunda edição, que segundo o historiador berlinense Wolfgang Neuber é estimado em 3.000 exemplares. Um número considerável para a época. O título original era Wahrhaftige Historia und Beschreibung einer Landschaft der wilden, nackten, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen (História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América). Nas edições posteriores as xilogravuras de Staden seriam reproduzidas pelo belga Theodore de Bry a partir de uma técnica mais sofisticada e dispendiosa que a anterior. Embora no século XVI a impressão de um livro pudesse gerar uma renda decente, aparentemente para Hans Staden o que ele não viu foi o dinheiro dos direitos autorais. E para piorar a situação, no mesmo ano do lançamento oficial foram publicadas em Frankfurt duas cópias não autorizadas da sua obra.Ou seja, piratearam descaradamente o livro do mercenário alemão! Entretanto historiadores germânicos apontam que o sucesso do livro ajudou a melhorar a situação do antigo prisioneiro dos tupinambás, pois o prestígio conseguido abriu as portas para um emprego na corte de um conde local.Estudos a partir de notas da época sugerem que ele se casou em Wolfhagen e desta união veio duas filhas e um filho, que morreu em decorrência de uma praga no ano de 1576.Ao longo dos séculos a obra de Hans Staden se firmou como um importante relato da realidade dos primeiros anos de ocupação europeia do território brasileiro. Hans Staden nunca mais escreveu nenhum livro.Mas sua única experiência literária é comentada há quase 460 anos, onde foram publicadas mais de 80 edições, em oito idiomas diferentes. A primeira tradução em português foi publicada em 1892. (HANS STADEN E A HISTÓRIA DE UM DOS PRIMEIROS LIVROS SOBRE O BRAS rostand medeiros). Theodor de BryJohann Theodore de Bry (1561 - 1623) foi um mestre pintor botânico alemão.Ele exibiu um realismo excepcional e detalhava em magníficos livros florais ilustrados, dois dos quais eram considerados os mais belos de sua era.De Bry dedicou um livro completamente a uma nova importação exótica da Turquia, a tulipa.De Bry também ajudou seu pai a ilustrar "Great Voyages", narrativas de viagens famosas que eram essenciais para a Era da Descoberta.

Informações

Lance

Termos e Condições
Condições de Pagamento
Frete e Envio
  • TERMOS E CONDIÇÕES

    1ª. As peças que compõem o presente LEILÃO, foram cuidadosamente examinadas pelos organizadores que, solidários com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.

    2ª. Em caso eventual de engano na autenticidade de peças, comprovado por peritos idôneos, e mediante laudo assinado, ficará desfeita a venda, desde que a reclamação seja feita em até 5 dias após o término do leilão. Findo o prazo, não será mais admitidas quaisquer reclamação, considerando-se definitiva a venda.

    3ª. As peças estrangeiras serão sempre vendidas como Atribuídas.

    4ª. O Leiloeiro não é proprietário dos lotes, mas o faz em nome de terceiros, que são responsáveis pela licitude e desembaraço dos mesmos.

    5ª. Elaborou-se com esmero o catálogo, cujos lotes se acham descritos de modo objetivo. As peças serão vendidas NO ESTADO em que foram recebidas e expostas. Descrição de estado ou vícios decorrentes do uso será descrito dentro do possível, mas sem obrigação. Pelo que se solicita aos interessados ou seus peritos, prévio e detalhado exame até o dia do pregão. Depois da venda realizada não serão aceitas reclamações quanto ao estado das mesmas nem servirá de alegação para descumprir compromisso firmado.

    6ª. Os leilões obedecem rigorosamente à ordem do catalogo.

    7ª. Ofertas por escrito podem ser feitas antes dos leilões, ou autorizar a lançar em seu nome; o que será feito por funcionário autorizado.

    8ª. Os Organizadores colocarão a título de CORTESIA, de forma gratuita e confidencial, serviço de arrematação pelo telefone e Internet, sem que isto o obrigue legalmente perante falhas de terceiros.

    8.1. LANCES PELA INTERNET: O arrematante poderá efetuar lances automáticos, de tal maneira que, se outro arrematante cobrir sua oferta, o sistema automaticamente gerará um novo lance para aquele arrematante, acrescido do incremento mínimo, até o limite máximo estabelecido pelo arrematante. Os lances automáticos ficarão registrados no sistema com a data em que forem feitos. Os lances ofertados são IRREVOGÁVEIS e IRRETRATÁVEIS. O arrematante é responsável por todos os lances feitos em seu nome, pelo que os lances não podem ser anulados e/ou cancelados em nenhuma hipótese.

    8.2. Em caso de empate entre arrematantes que efetivaram lances no mesmo lote e de mesmo valor, prevalecerá vencedor aquele que lançou primeiro (data e hora do registro do lance no site), devendo ser considerado inclusive que o lance automático fica registrado na data em que foi feito. Para desempate, o lance automático prevalecerá sobre o lance manual.

    9ª. O Organizador se reserva o direito de não aceitar lances de licitante com obrigações pendentes.

    10ª. Adquiridas as peças e assinado pelo arrematante o compromisso de compra, NÃO MAIS SERÃO ADMITIDAS DESISTÊNCIAS sob qualquer alegação.

    11ª. O arremate será sempre em moeda nacional. A progressão dos lances, nunca inferior a 5% do anterior, e sempre em múltiplo de dez. Outro procedimento será sempre por licença do Leiloeiro; o que não cria novação.

    12ª. Em caso de litígio prevalece a palavra do Leiloeiro.

    13ª. As peças adquiridas deverão ser pagas e retiradas IMPRETERIVELMENTE em até 48 horas após o término do leilão, e serão acrescidas da comissão do Leiloeiro, (5%). Não sendo obedecido o prazo previsto, o Leiloeiro poderá dar por desfeita a venda e, por via de EXECUÇÃO JUDICIAL, cobrar sua comissão e a dos organizadores.

    14ª. As despesas com as remessas dos lotes adquiridos, caso estes não possam ser retirados, serão de inteira responsabilidade dos arrematantes. O cálculo de frete, serviços de embalagem e despacho das mercadorias deverão ser considerados como Cortesia e serão efetuados pelas Galerias e/ou Organizadores mediante prévia indicação da empresa responsável pelo transporte e respectivo pagamento dos custos de envio.

    15ª. Qualquer litígio referente ao presente leilão está subordinado à legislação brasileira e a jurisdição dos tribunais da cidade de Campinas - SP. Os casos omissos regem-se pela legislação pertinente, e em especial pelo Decreto 21.981, de 19 de outubro de 1932, Capítulo III, Arts. 19 a 43, com as alterações introduzidas pelo Decreto 22.427., de 1º. de fevereiro de 1933.

  • CONDIÇÕES DE PAGAMENTO

    A vista com acréscimo da taxa do leiloeiro de 5%.
    Através de depósito ou transferência bancária em conta a ser enviada por e-mail após o último dia do leilão.
    Não aceitamos cartões de crédito ou débito.
    O pagamento deverá ser efetuado até 72 horas após o término do leilão sob risco da venda ser desfeita.

  • FRETE E ENVIO

    As despesas com retirada e remessa dos lotes, são de responsabilidade dos arrematantes. Veja nas Condições de Venda do Leilão.
    Despachamos para todos os estados. A titulo de cortesia a casa poderá embrulhar as peças arrematadas e providenciar transportadora adequada