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No verão de 1924 o Conde Francesco Matarazzo, recém-chegado do Brasil para passar férias em Nápoles, visitou o atelier de seu alfaiate favorito e lhe fez a encomenda de um terno de tecido inglês. O alfaiate inconformado com a parcimônia da encomenda indagou: Mas Senhor Conde, só encomenda um terno? Seu filho encomendou-me seis ainda nesta manhã! O Conde Matarazzo então respondeu: É que meu filho tem o pai rico. Já eu não tenho! Essa passagem registrada da vida de Francesco Antonio Matarazzo, contada como pilhéria na época, demonstra um pouco da personalidade do homem que de mascate imigrante fundou um império que viria a ser o motor da industrialização do Brasil. Na opinião desse leiloeiro, o Conde Matarazzo é o grande patrono da indústria brasileira. Seu mote nos negócios era buscar a emancipação industrial do Brasil. A partir de um pequeno capital inicial, ele acumulou um patrimônio que em valores atuais passaria de 20 bilhões de dólares e o colocaria confortavelmente entre os dez homens mais ricos do mundo. As Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, as IRFM, chegaram a empregar mais de 30 mil pessoas, número que pouquíssimas empresas privadas atingem no Brasil de hoje. Além de diversificar e fazer crescer a indústria nacional, o legado de Matarazzo para o Brasil incluiu a conquista de um enorme mercado consumidor, fundamental para o desenvolvimento de nosso capitalismo. Muitos brasileiros aprenderam o que era fazer compras adquirindo produtos das IRFM. Como escreveu Ronaldo Costa Couto, o mais importante biógrafo do conde, ele era um fabricante de fábricas. Há quem diga que chegou a ter 365 fábricas uma para cada dia do ano. Sua riqueza era tão célebre no Brasil de sua época, que originou até uma expressão que os pais usavam para admoestar os filhos quando desperdiçavam, esbanjavam ou queriam ostentar muito : Você está pensando que eu sou o Matarazzo?. Francesco Antonio Matarazzo nasceu em Castellabate, a cerca de 200 quilômetros de Nápoles em 9 de março de 1854, primogênito de nove irmãos. Era filho do médico e comerciante Costabile (falecido em 1873) com Mariangela. Ao chegar ao Brasil, aos 27 anos, acompanhado de sua companheira Filomena e de dois filhos, ele já tinha uma década de experiência no comércio. Mas o jovem comerciante perdeu boa parte de seu patrimônio logo ao aportar aqui, em dezembro de 1881. No Rio de Janeiro, por um descuido no desembarque, ele viu naufragar duas toneladas de banha de porco que havia trazido da Itália para vender aqui. O refugiado escolheu se estabelecer em Sorocaba, então com 13 mil habitantes, no interior paulista. No início, abriu um armazém de secos e molhados. Em 1883, nascia na casa de Matarazzo o que pode ser considerada sua primeira fábrica, que consistia de uma prensa de madeira e um tacho de metal, usados para extrair e derreter banha de porco (essencial para a cozinha naquela época). Em pouco tempo, a principal atividade do comerciante passou a ser percorrer o interior paulista em lombo de mula, negociando a compra de porcos e a venda da banha. O sucesso inicial permitiu que a mãe e alguns dos irmãos de Matarazzo também viessem viver no Brasil. A banha vendia cada vez mais e, já razoavelmente rico, Matarazzo pensou em voltar para a Itália. Conversando com outros imigrantes, ele mudou de idéia e resolveu ir para São Paulo. Afinal, a capital era o centro para onde estavam indo os enormes lucros da cafeicultura paulista. Na capital, Matarazzo optou, no início, por investir no comércio, impulsionado pela venda de farinha de trigo importada dos Estados Unidos. Em pouco tempo, tornou-se o maior do ramo, mas sem negar as origens: manteve consigo duas fábricas de banha na região de Sorocaba e uma em Porto Alegre. Em três anos, a família se mudou para um enorme palacete, a segunda casa a ficar pronta na recém-inaugurada avenida Paulista. Sua importadora não parava de crescer. Em meados de 1899, um movimento ousado faz com que Matarazzo finque para sempre o pé na grande indústria. Em vez de importar, ele decide fazer farinha de trigo no Brasil, e resolve construir um moinho de grande capacidade. Nem o emergente Matarazzo tinha capital para tamanho investimento. Graças à sua credibilidade, conseguiu empréstimo com um banco inglês e, em dez meses, estava pronto o Moinho Matarazzo, o maior e mais moderno da América Latina. Ocupando dois quarteirões do bairro industrial do Brás, era a maior fábrica de São Paulo. O sucesso com a venda da farinha permite quitar em pouco tempo a dívida com os ingleses. Em torno do Moinho, que duplicaria sua capacidade em menos de dois anos, novas fábricas surgem. Em 1901, a fábrica de sacos para embalagem da farinha daria origem à Tecelagem Mariangela onde 60 mil fusos começaram a fazer tecidos leves e sofisticados. Logo depois, é a oficina de manutenção que se transforma: vira indústria de embalagens. O algodão da tecelagem começa a ser aproveitado integralmente quando, de seu caroço, Matarazzo extrai a matéria-prima para óleos e sabões. Nasceria daí, em breve, a maior fábrica brasileira de saponáceos. Matarazzo fundou e presidiu o Centro e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (o Ciesp e a Fiesp), na passagem dos anos 20 para os 30. No fim da primeira década do século 20, Matarazzo havia consolidado sua atuação nos ramos de alimentos, tecidos e óleos e derivados. Em 1911, nascem as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, sediadas em São Paulo e com filiais em Santos e na Argentina. E a marcha de inaugurações seguia: uma usina de açúcar em 1911, uma fábrica de pregos em 1912... As IRFM já movimentavam milhões de dólares. Matarazzo, em vez de só gozar da fortuna, seguia reinvestindo seus lucros.As IRFM também serviam como banco. Recebiam investimentos que eram registrados em cadernetas. No fim de 1914, Matarazzo parte para a Itália com a esposa e os filhos mais novos. A viagem era para ser um período de repouso, mas o patriarca é surpreendido pela entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial. Em vez de voltar, Matarazzo decide ficar e ajudar seu país, cuidando da distribuição de alimentos na região de Nápoles. Essa atuação lhe renderia, além do reconhecimento de seus conterrâneos, o título de Conde do Reino, outorgado em 1917. Enquanto a Europa é destruída pelo conflito, as IRFM continuam avançando no Brasil. A súbita dificuldade de se importarem produtos europeus faz com que, para dar conta da demanda interna, a indústria brasileira cresça muito. Com o fim da guerra, Matarazzo retorna a São Paulo. Em 1920, ele adquire um terreno de mais de 100 mil metros quadrados, no bairro da Água Branca. À beira das ferrovias, permitiu realizar o sonho do conde: concentrar muitas de suas fábricas num lugar só. Naquele ano, chegou ao local a produção de itens como sabão, velas e pregos. Durante a década de 20, as IRFM ainda incorporariam frigoríficos, indústria química, destilaria e até uma distribuidora cinematográfica. E aí veio a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, seguida pela Grande Depressão, que afeta o comércio exterior no mundo todo. Enquanto os barões do café vêem suas exportações caírem 40% num ano, Matarazzo nem liga. Apoiado em matérias-primas nacionais e em seu grande capital, ele aproveita a crise para comprar concorrentes e consolidar seu domínio. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se revoltou contra Vargas, grandes industriais paulistas entraram no movimento (inclusive Ciccillo, sobrinho do conde, que fez capacetes para as tropas). Aos 82 anos, enxergava mal, mas ainda visitava suas fábricas apoiado em uma bengala. Certo dia, depois de trabalhar normalmente, o conde chegou em casa e começou a ter violentas convulsões. Ficou dois dias de cama, quase inerte. Os rins não suportaram, e ele morreu às 15h de 10 de fevereiro de 1937. Foi enterrado em São Paulo, cerca de 100 mil pessoas saíram às ruas para acompanhar o préstito e se despedir do Conde Matarazzo. No dia seguinte, o Jornal do Comércio publicava no seu necrológio: Deixa, em pleno grau de florescimento, uma vasta organização que se estende por todo o país, dispondo de vagões e navios próprios e abrangendo inúmeros ramos da indústria e comércio, possuindo dezenas de estabelecimentos fabris e mais de duzentas propriedades imobiliárias, inclusive fazendas, todas elas cedidas às suas indústrias. Nos meios financeiros calcula-se que o patrimônio total de suas indústrias ascende a setecentos mil contos. A DARGENT LEILÕES ORGULHA-SE EM APRESENTAR A PRIMEIRA PARTE DO PREGÃO DO ACERVO DE DESCENDENTES DO CONDE FRANCISCO MATARAZZO E DO GOVERNADOR (PRESINDENTE) DE SÃO PAULO, FRANCISCO DE ASSIS PEIXOTO GOMIDE. PELA IMPORTÂNCIA DO ACERVO E PELO TEMPO EXIGUO PARA ORGANIZAÇÃO, OPTAMOS POR DIVIDIR O LEILÃO EM DUAS ETAPAS (DEZEMBRO DE 2019 E FEVEREIRO DE 2020).
Leilão 13480 LEILÃO ACERVO DE DESCENDENTES DO CONDE FRANCESCO MATARAZZO E DO GOV. PEIXOTO GOMIDE
Leilão Finalizado
Exposição
Dia 28 de Novembro a 3 de Dezembro de 2019
Quinta a Terça-feira das 10h às 19h
Leilão
Dias 4 e 5 de Dezembro de 2019
Quarta e Quinta-feira às 20h
Leiloeiro
Local
Em nossas instalações à Rua Barreto Leme 1789, Bairro Cambuí, Campinas, SP